ABRUPTO

7.1.08


NUNCA É TARDE PARA APRENDER: A LIDERANÇA AMERICANA NA GUERRA DO IRAQUE (5)

Forças e fraquezas do livro:

- Woodward narra os acontecimentos com quase completa ausência do papel dos iraquianos no processo de decisão, quando se sabe que em determinados momentos, fosse por via dos seus protectores americanos, fosse pela sua força própria, a tiveram. É o caso do grupo de Chalabi, no qual se personificaram as divisões da administração americana, com altos responsáveis a querem entregar-lhe o controlo do Iraque e outros a oporem-se terminantemente, considerando-o uma fraude. É o caso também, noutro sentido, do ayatollah Sistani, figura crucial do xiismo iraquiano e cujas fatwa condicionaram o processo político. Esta omissão torna pouco credíveis alguns relatos de decisões que aparecem no livro como exclusivamente americanas.

- Woodward parece estabelecer a menorização da CIA e do Vice-Presidente em todo o processo, o que, para o caso deste último, é uma relativa novidade. Cheney parecia ter mais poder do que realmente transparece neste livro. Quanto à CIA, é sem dúvida uma das vítimas do processo iraquiano, pelas sucessivas hesitações na questão das armas de destruição massiva.

- No relato de Woodward mostra-se o esforço frenético para encontrar as armas químicas, biológicas e nucleares que era suposto Saddam ter, o que mostra como os principais responsáveis americanos (e não só) estavam plenamente convencidos da sua existência.

- Uma das mais interessantes descrições do livro é a noite eleitoral de 2004 em que Bush é reeleito, com o seu drama à partida (as sondagens à boca das urnas eram-lhe francamente desfavoráveis) e à chegada (a hesitação em proclamar a vitória com receio que Kerry suscitasse a questão dos votos do Ohio, abrindo uma polémica sobre as votações, embora neste caso a diferença não pudesse alterar os resultados finais como acontecera na Florida na eleição anterior).

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© José Pacheco Pereira
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