ABRUPTO |
semper idem Ano XIII ...M'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO ... (Sá de Miranda) _________________ correio para jppereira@gmail.com _________________
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4.1.08
NUNCA É TARDE PARA APRENDER: A LIDERANÇA AMERICANA NA GUERRA DO IRAQUE (3)
Onde desde há muito existe uma evidência sobre os erros americanos na ocupação do Iraque é na inexistência de um plano efectivo para a administração do país, a partir do momento em que a vitória militar estivesse adquirida. Os EUA tinham um precedente, o Japão governado pelo general MacArthur, mas não o queriam seguir. Nem a esse precedente, nem a precedente nenhum, porque, como Woodward mostra, uma consideração séria do destino a dar à administração iraquiana só começou a ser feita quando o caos já estava instalado. O destino nacional do Iraque nunca foi questão porque os americanos não o queriam ocupar, mas sim entregar rapidamente a soberania aos iraquianos. Só que não sabiam como e, com o passar do tempo, cada vez tinham menos condições para o fazer sem o risco de uma guerra civil ou de criar uma República Islâmica igual ao Irão. No livro referem-se as discussões de autoridade e território, entre o Departamento de Estado, o Departamento da Defesa e o Conselho Nacional de Segurança, que bloquearam as decisões fundamentais e que permitiram outras que se vieram a revelar trágicas, como a da dissolução do exército iraquiano e a de impedir os antigos militantes do Baath de manter os lugares que possuíam em todo o aparelho de Estado iraquiano. Ambas as decisões foram tomadas com a maior das ingenuidades ideológicas, por pressão do grupo de exilados iraquianos, e revelaram-se o ponto de viragem ao alimentar a revolta sunita. Com base nos relatos de Woodward, a tentativa inicial do grupo à volta de Jay Garner surge a melhor luz do que a de Paul Bremer, um dos responsáveis pelas decisões sobre o exército e o partido de Saddam. Ambas falharam mas a aproximação de Garner parecia mais realista do que a de Brenner. Caídos do nada, numa cidade que desconheciam, deslocando-se usando mapas turísticos, sem saber onde eram os ministérios que tinham que administrar, sem verdadeiro apoio quer dos militares, que não chegavam para as encomendas, quer dos diplomatas do Departamento de Estado, que incluiam arabistas com experiência do Médio Oriente, mas que Rumsfeld e outros como Wolfowitz, não queriam ver imiscuidos na gestão iraquiana, os homens de Garner tentaram repor alguma normalidade falando com os antigos responsáveis dos ministérios. Depois das decisões de Bremer todos estes homens desapareceram e o vazio, que já era gravíssimo, tornou-se insustentável.
(Continua.) * Não tive a oportunidade de ler o Estado de Negação do Bob Woodward se bem que tivesse lido o Bush Em Guerra do mesmo jornalista, por sinal um fraco livro. Pelo que tenho lido nalguma imprensa estrangeira e nalguns blogs de iraquianos e militares, o ultimo ano constituiu um emendar de erros passados, pelos estrategas politico-militares que estão no Iraque, nomeadamente pela forte pressão exercida pelo Gen. Petraus sobre os terroristas e um maior apoio dos cidadãos iraquianos e milícias das diversas facções no combate à Alqaeda. O resultado parece ter sido a diminuição e desmantelamento dos principais grupos da Alqaeda ...coisa certamente desagradável para aquela imprensa que apenas noticia o Iraque quando se regista mais um atentado.Será que é desta que a situação se vai inverter ? não sei, mas a imprensa mundial não parece fazer muito para noticiar qualquer progresso, por mais pequeno que seja.Que contraste com a situação em Timor, que praticamente saiu do mapa, certamente porque os timorenses devem ter encontrado o paraiso. Etiquetas: Iraque (url)
© José Pacheco Pereira
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