ABRUPTO

4.1.08


NUNCA É TARDE PARA APRENDER: A LIDERANÇA AMERICANA NA GUERRA DO IRAQUE (3)

Onde desde há muito existe uma evidência sobre os erros americanos na ocupação do Iraque é na inexistência de um plano efectivo para a administração do país, a partir do momento em que a vitória militar estivesse adquirida. Os EUA tinham um precedente, o Japão governado pelo general MacArthur, mas não o queriam seguir. Nem a esse precedente, nem a precedente nenhum, porque, como Woodward mostra, uma consideração séria do destino a dar à administração iraquiana só começou a ser feita quando o caos já estava instalado. O destino nacional do Iraque nunca foi questão porque os americanos não o queriam ocupar, mas sim entregar rapidamente a soberania aos iraquianos. Só que não sabiam como e, com o passar do tempo, cada vez tinham menos condições para o fazer sem o risco de uma guerra civil ou de criar uma República Islâmica igual ao Irão.

No livro referem-se as discussões de autoridade e território, entre o Departamento de Estado, o Departamento da Defesa e o Conselho Nacional de Segurança, que bloquearam as decisões fundamentais e que permitiram outras que se vieram a revelar trágicas, como a da dissolução do exército iraquiano e a de impedir os antigos militantes do Baath de manter os lugares que possuíam em todo o aparelho de Estado iraquiano. Ambas as decisões foram tomadas com a maior das ingenuidades ideológicas, por pressão do grupo de exilados iraquianos, e revelaram-se o ponto de viragem ao alimentar a revolta sunita. Com base nos relatos de Woodward, a tentativa inicial do grupo à volta de Jay Garner surge a melhor luz do que a de Paul Bremer, um dos responsáveis pelas decisões sobre o exército e o partido de Saddam. Ambas falharam mas a aproximação de Garner parecia mais realista do que a de Brenner.

Caídos do nada, numa cidade que desconheciam, deslocando-se usando mapas turísticos, sem saber onde eram os ministérios que tinham que administrar, sem verdadeiro apoio quer dos militares, que não chegavam para as encomendas, quer dos diplomatas do Departamento de Estado, que incluiam arabistas com experiência do Médio Oriente, mas que Rumsfeld e outros como Wolfowitz, não queriam ver imiscuidos na gestão iraquiana, os homens de Garner tentaram repor alguma normalidade falando com os antigos responsáveis dos ministérios. Depois das decisões de Bremer todos estes homens desapareceram e o vazio, que já era gravíssimo, tornou-se insustentável.

Um livro que vale a pena ler em complemento do de Woodward é o de Rajiv Chandrasekaran, Imperial Life in the Emerald City: Inside Iraq's Green Zone, escrito também por um jornalista e que retrata a vida na "zona verde" de Bagdad, a área de máxima segurança, onde se concentra a administração americana, a Embaixada e um conjunto de serviços muito sensíveis ligados à ocupação. A história de como se formou a "zona verde" no meio das atribulações dos últimos quatro anos e a vida estranha que se vive dentro dessa espécie de bunker são um retrato dos erros, ilusões e ingenuidades, mas também da força, convicção, dedicação e coragem dos americanos . É uma zona de Bagdad que conheço, a partir do Hotel Al-Rasheed até aos antigos palácios presidenciais, e sobre a qual talvez venha a escrever a pretexto do livro de Chandrasekaran.


(Continua.)

*
Não tive a oportunidade de ler o Estado de Negação do Bob Woodward se bem que tivesse lido o Bush Em Guerra do mesmo jornalista, por sinal um fraco livro. Pelo que tenho lido nalguma imprensa estrangeira e nalguns blogs de iraquianos e militares, o ultimo ano constituiu um emendar de erros passados, pelos estrategas politico-militares que estão no Iraque, nomeadamente pela forte pressão exercida pelo Gen. Petraus sobre os terroristas e um maior apoio dos cidadãos iraquianos e milícias das diversas facções no combate à Alqaeda. O resultado parece ter sido a diminuição e desmantelamento dos principais grupos da Alqaeda ...coisa certamente desagradável para aquela imprensa que apenas noticia o Iraque quando se regista mais um atentado.Será que é desta que a situação se vai inverter ? não sei, mas a imprensa mundial não parece fazer muito para noticiar qualquer progresso, por mais pequeno que seja.Que contraste com a situação em Timor, que praticamente saiu do mapa, certamente porque os timorenses devem ter encontrado o paraiso.

(Jorge Bento)

*

Sinceramente o JPP parece-me um comunista do PCP, a tentar explicar o
falhanço da URSS, mas sem nunca por em causa o comunismo em si, no melhor
estilo "os ideais eram bons, mas os erros cometidos desvirtuaram-nos e o
resultado não foi lá muito bom".

Parece-me incrivel que alguem com a inteligência do JPP venha comentar
este livro agora e não se tenha interrogado na altura própria, isto é
antes da invasão, sobre quais as hipoteses de uma aventura deste tipo
correr bem.

No caso da invasão do Iraque os seus conhecimentos em história deveriam
ter-lhe lembrado que ocupar paises que estão "quietos" (mesmo apesar de
governados por facinoras como o Sadam H), nunca deu bom resultado. As
evidentes incapacidades intelectuais do presidente Bush e a inqualificavel
quadrilha que o apoiava liderada por Donald R não lhe fizeram acender
luzes vermelhas?

Um comunista pode ter sido iludido pela nobreza dos ideias, mas depois
depois do pacto germano soviético acreditou quem quis.

Admito que o JPP possa ter sido enganado numa primeira fase e ter
acreditado na opção do presidente Bush, mas partir das descoberta das
mentiras sobre armas de destruição em massa e o caos que se seguiu a
invasão, acreditou no que quis.

Agora vem com a analise de um livro que mais não faz do que contar o
obvio, o que o livro relata só teria sido diferente em caso de milagre e
eu não acredito em milagres.

Ha assuntos em que o JPP parece o MST a falar co FCP ou da lei antitabaco.

(nuno granja)

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