ABRUPTO

26.11.07


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OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 26 de Novembro de 2007


Cada vez mais os jornalistas tem a informação que lhes dão e não a que procuram. Isto faz uma diferença abissal.

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"A menina (...) estava a comer na cozinha, quando a TV lhe deu a nova. Começou a dar murros na cabeça, na mesa, até acalmar no colo da 'mãe'."

(Destaque da página 20 do caderno principal do Expresso desta semana, com conteúdo semelhante no corpo do texto.)

Gostaria de saber como é que o Expresso garante a fiabilidade desta informação. Foi-lhe dada por quem, e com que credibilidade? Caso tenha sido apenas informação da família que actualmente mantém consigo a menor em causa, considero isto um insulto ao leitor, mais até do que uma enorme manifestação de incompetência. Mas pode ser que haja uma boa justificação... Aguardo desenvolvimentos.

(Tiago Azevedo Fernandes)

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Parece que chegou o momento, a propósito da nossa comunicação social, a adicionar à caracteristica que já identificou, de deixar de relatar factos apurados para passar a ser mero transmissor de informação que outros proporcionam (preferencialmente já com o texto integral, que é ainda mais simples, nomeadamente com as notas oficiais). Concretamente, o que está (também) em causa é a qualidade dos referidos jornais e jornalistas. E entre muitos casos, abordamos apenas dois.

Um é a palavra que, depois do primeiro, todos os jornalistas passaram a noticiar: os remédios (nas OPA´s já se vê). Mas porquê este nome e não o mais apropriado: condições (ou termos). É que ainda por cima os dois conceitos não têm nada que ver um com o outro, dado que remédio é algo para erradicar um problema (mas acabando com ele) e condição é um requisito para algo se concetizar (continuando o seu substrato). E, depois, já todos falam de "remédio" para cá, "remédio" para lá e quem não consegue entender o porquê de tal designação só pode deduzir que "o rei vai nú".

O segundo caso é o da proposta (falhada) de fusão do BPI com o BCP (por incorporação deste naquele, diga-se aliás). Salvo erro, todos os jornais e jornalistas, mesmo os que supostamente são "especializados" na área, indicaram logo no inicio que a proposta era de "troca de 2 acções do BCP por 1 do BPI", o que deixa logo muito desconfiado qualquer ser racional. Então a entidade maior troca 2 acções suas por 1 da menor! Mas ainda assim, os referidos especialistas não foram capazes de detectar que estavam a ver tudo "ao contrário", sendo que teria sido suficiente, e fácil, ler, por exemplo no site do BPI, qual a proposta que estava em causa: "2. Relação de troca: a cada acção do Banco Comercial Português, SA corresponderão 0,5 acções do Banco BPI, S.A". Ou seja, se 2 acções do BCP correspondem a 1 do BPI, então o termo de troca é precisamente o inverso: 1 acção do BCP por cada 2 do BPI.

Em conclusão, e o que está em causa, é o seguinte: se quem, supostamente, divulga informação, mais ainda especializada, comunica o contrário do real, não existe dúvida que também aqui se confirma que o problema nacional é o amadorismo sob a capa do "jeitoso". E também se verifica que, além do problema da matemática, também o do português é determinante na actual situação nacional.

(Luis Cupertino)

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© José Pacheco Pereira
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