ABRUPTO

23.11.07


COISAS DA SÁBADO: QUERIA A MINHA INFORMAÇÃO BEM LIMPINHA MAS...
"O acesso à informação está cada vez mais condicionado. Já existem agências profissionalizadas que fazem a ponte com as fontes e que sabem trabalhar pelo seu interesse. (Mais do que pressões, existe) a estratégia da agência de comunicação, que muitas vezes é assegurada por ex-jornalistas que se formaram nas redacções e que sabem como fazer chegar o que pretendem. A fonte é cada vez mais intermediada pelas agências de comunicação. "

(Alcides Vieira, director de informação da SIC , Jornal de Notícias, 18 de Novembro de 2007 citado aqui. )
Tenho agora uma nova desconfiança face aos jornais, rádios e televisões. Antes eu tinha esta guerra com o mundo corporativo dos jornalistas, exactamente porque esse mundo era corporativo, e protegia a politização das notícias, as ideias feitas e arrogantes sobre o “poder” da comunicação social e muita incompetência. Hoje muita gente que subia pelas paredes das palavras acima com o que eu dizia, dá-me razão retrospectivamente. É melhor do que nada. Só que agora, sem ter desaparecido o mundo anterior, começo a ter crescente suspeita das “notícias de agência”, tão direitinhas me aparecem certas “mensagens”, tão apropriadas, tão de encomenda, tão oportunas, que me pergunto como é que o “ninho de víboras” que eu no passado criticava na sua atitude cínica face ao poder, é hoje tão ingénuo e inocente. Só me ocorre a palavra inglesa, gullible, que os dicionários dizem significar “ser facilmente enganado”, “crédulo”, “confiante”, “simples” no sentido bíblico, “verde” no sentido de inexperiente, uma palavra cujo som me dá a sensação de que me querem fazer engolir alguma coisa sem eu saber quem a fez, o que está lá e que efeitos tem.


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© José Pacheco Pereira
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