ABRUPTO

18.10.07


A FUGA EM FRENTE DA EUROPA 6

Não posso estar mais de acordo consigo sobre o que chama "A Fuga em Frente da Europa". A sondagem que o "Financial Times" divulga hoje mostra bem como a classe política, um pouco por toda os países europeus, está a tentar iludir ao eleitorado, evitando um referendo a um novo texto que, ao que tudo indica, vai ter um teor cerca de 90% idêntico ao da rejeitada Constituição Europeia.Sou pró-europeu mas sinto-me cada vez mais diludido com este caminho da UE e, sobretudo, com a falta de transparência do processo de decisão política e negociação e aprovação dos Tratado.

Em Portugal a situação é particularmente confrangedora. Recentemente tivemos um referendo sobre o aborto, assunto que, supostamente, tinha importância e "dignidade" para ser submetido a referendo. Agora, o novo Tratado é apresentado como sendo um assunto "menor", uma questão técnica para especialistas, que não precisa de ser referendado?!...
Sabemos, pela imprensa, que nestas negociações a Itália tem objectivos ao nível dos deputados do Parlamento Europeu, que a Polónia tem objectivos ao nível da votação por maioria qualificada no Conselho, etc. E Portugal, quais são os objectivos? O único que é conhecido dos eleitores parece ser ficar com o nome de Lisboa no Tratado. Muito bem. Isto mosta de facto a nossa magnânimidade e como devemos ser os europeístas mais convictos da UE.

Naturalmente somos superiores aos "mesquinhos" italianos (por acaso um dos países fundadores) e à insignificância de ter mais um deputado no Parlamento Europeu ... Quanto à votação por maioria qualificada, apesar do sistema de votação no Conselho defendido pela Polónia também nos favorecer reflexamente (aumentando o nosso peso político na decisão), mostramos, mais um vez vez, a nossa magnimidade, ao aceitarmos ficar reduzidos a um peso de 2, 14% na votação (o peso relativo da nossa população no conjunto dos actuais 493 milhões da UE...).

Naturalmente que há eleitorados menos "magânimos" e apáticos que o nosso, que não gostam tanto de passar cheques em branco aos seus governos sobre assuntos desta importância, como mostra a sondagem do Financial Times feita na Alemanha França, Reino Unido, Itália e Espanha. Ao contrário do que se diz em Portugal, o sentimento britânico não é muito diferente desses países, nem necessariamente menos europeista por questionar o processo e discutir os assuntos, como se vê por jornais tão díspares como o pro-trabalhista "Guardian", o pro-conservador "Telegraph" ou tablóide "The Sun".

Para terminar este desabafo, deixo-lhe um repto: porque não lançar uma campanha na NET, a pedir um referendo, também em Portugal e efectuar uma petição na NET? Por mim, estou pronto a colaborar nela.

(José Pedro Teixeira Fernandes)

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