ABRUPTO

15.9.07


A IDENTIDADE PELOS PALHAÇOS

Uma das tendências mais interessantes e mais previsíveis (se se estivesse atento) nas democracias ocidentais de hoje é a identidade pelos comediantes, a identidade pelos palhaços, sem ofensa aos ditos. É verdade que uns são mais comediantes e outros mais palhaços, mas este fenómeno atravessa várias democracias. Aconteceu em França com Coluche e chegou a Itália com Beppe Grillo, que arrasta multidões para propor legislação contra o sistema político italiano. As propostas são simples e tocam uma campainha que nós portugueses também já ouvimos: a impossibilidade de um político condenado se candidatar, um limite obrigatório de dois mandatos para os cargos electivos, votação nos candidatos e não nos partidos políticos.

Em países em que os comediantes tendem a ser mais influentes do que os políticos, que cada vez mais se parecem com os comediantes, em mau esclareça-se, realidades como o Daily Show de Jon Stewart ou os nossos Gatos Fedorentos, aparecem como locais de fixação de identidade, para um público crescentemente céptico e hostil à representação política. Se tudo na política é um espectáculo, por que razão não ir aos profissionais e ficar-se pelos amadores?

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© José Pacheco Pereira
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