ABRUPTO

19.7.07


DIÁRIO DA CRISE NO PSD ESCRITO EM RONGORONGO (4)


A crise no PP não é da mesma natureza da do PSD. A crise do PP é grupuscular, atinge um pequeno partido assente hoje num grupo homogéneo, após a operação de defenestração do velho CDS. Esse grupo é, num certo sentido, estável, e agita-se apenas pela instabilidade da sua liderança unipessoal. No PSD, a crise é de desagregação, menos grave no sentido em que o partido tem dimensão suficiente para lhe sobreviver, mas muito mais instável e explosiva no seu modus operandi.

Nada nesta crise tem a ver com a ideia feita circulante de um "crise da direita", uma construção comunicacional desatenta ao facto de, caso se tratasse duma crise de natureza ideológica e política, então afectaria também o PS. O PS na sua versão actual partilha muito do universo político da "direita" em Portugal, o centralismo, o autoritarismo, o estatismo, etc. Não, a crise é de outra natureza e é um aspecto da crise política mais geral dos partidos portugueses criados depois do 25 de Abril (e nesse sentido existe também no PS com manifestações distintas), que é mais nua e crua à "direita" porque o PSD e o PP são sensíveis à perda do poder.

Partidos feitos para o poder, quando não têm poder estão sempre em crise.

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© José Pacheco Pereira
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