ABRUPTO

8.5.07


LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 8 de Maio de 2007


Duplicidades: tivesse a extrema-direita em qualquer país europeu, ou em todos juntos, incendiado centenas de carros e provocado motins políticos anti-democráticos contra um resultado eleitoral, e havia um clamor gigantesco. Onde está sequer um pequeno clamor, um fiozinho de clamor, um esboço de indignação, uma pequena preocupação? Em lado nenhum. Repito o que já disse: o discurso do "políticamente correcto" não pode incorporar a violência da extrema-esquerda, mesmo quando ela é absolutamente evidente.

E de passagem, de novo a RTP: no noticiário das 13.00, Sarkozy que foi descansar para Malta, aparece como se tendo "refugiado" (sic) em Malta na sequência dos motins...

*

http://antwrp.gsfc.nasa.gov/apod/image/0705/deathvalleysky_nps_big.jpg

A foto do Astronomy Picture of Today é absolutamente a não perder, já que a escuridão está a acabar.
E um poema sobre a escuridão que li hoje: Navigating in the Dark de Erik Campbell escrito na Papua indonésia:

In this mining town in Papua the electricity
Has a habit of giving up at night, and this
Is a miracle of modern stasis, a secular Shabbat,
Reminding us of what is expendable, of how so few
Of us ever truly experience the dark. We are amazed,
My wife and I, with the heavy darkness
Of the no moon jungle, insect sounds lacerating
All illusions of silent places. “It’s so absolute,”
My wife says, and I like to think she means
More than the darkness; the naked places
Of ourselves we dress in sunlight, lamps,
And recorded music like antithetical
Blanche DeBois’s fearing a different sort
Of scrutiny. “We could pretend it’s 1940,”
I say, “put a Jack Benny tape on the short wave
And drink coffee, light candles.” She suggests
A walk outside instead, where there are dozens
Of others already out on paths bounded by jungle,
Stepping small and laughing loudly through various
Uncertainties; flashlights as eyes, ears like animals’.
Soon we are trying only to remember not to disappear
Altogether; everything is so absolutely, so darkly possible.
*

Fotos de livros no Flickr (informação de Luhuna Carvalho): por ler, e livros, livros, livros.

*

Dos leitores sobre o jornalismo a que temos direito:
Como todos os doentes terminais postos perante as más novas, a esquerda, nela incluído grande número de editores e jornalistas, está em negação. Só isso pode explicar a maneira como a eleição de Nicolas Sarkozy para Presidente da França foi tratada nas televisões e jornais portugueses. Completa ausência de hierarquia da relevância, grave desonestidade intelectual, grau zero de profissionalismo. Eu, que sou jornalista, metade me indigno, metade me envergonho.

(J.C.)

Alguns dados que contrariam o reporting da RTP e mostram de que "ideias feitas" ele era "feito":

Eis alguns número sobre as eleições em França:

- Nicolas Sarkozy venceu no coração industrial da França que não votava num Presidente de direita desde Charles de Gaulle em 1965.

- Apesar de ter chamado "escumalha" aos que protestavam em 2005 em Saint-Denis, obteve 44% dos votos nesta região a norte de Paris.

- Consegui 52% do voto feminino contra 48% de Ségolène Royal.

- Sarkozy manteve o seu eleitorado: 82% dos pequenos e médios empresários, 67% dos agricultores e 61% dos franceses com mais de 61 anos votaram nele.

- Consegui 57% dos votos do eleitorado entre os 25 e 34 anos.

(Daniel Nunes)

*

Escrevo-lhe por ter tido hoje a possibilidade de ter visto um pouco do telejornal da RTP1 à noite 20.00, 7/5/2007) . Vi no seu blogue o que escreveu acerca das escolhas da RTP nos seus telejornais, e hoje enquanto ouvia o telejornal pareceu-me ter ouvido "bombo da festa" na reportagem relativa aos 33 anos do PSD.

Revi na internet a reportagem e fiquei um bocado "enjoado" pela maneira como foi noticiada a peça. Começa aos 33m10s e acaba nos 34m44s (1m34s de reportagem).

Todo o tom, nuances na voz e forma como coloca as palavras, parece ter um tom de gozo. Aliás, a jornalista não noticia o acontecimento, limita-se a fazer comentários e apartes, entrecortados com o discurso de Marques Mendes, o qual se faz num tom completamente diferente do tom em que fala a jornalista (o que a mim ainda me deu mais a noção de gozo, pelo contraste existente).

Mas o que me fez escrever-lhe foram as pérolas que a jornalista nos deu: Após a mensagem de Alberto João Jardim, a jornalista comenta que "...a partir daqui só houve um bombo da festa..." introduzindo o discurso "irado" de Marques Mendes. Ora a frase que não faz o mínimo sentido, é de péssimo gosto e nem retrata o que se segue. Depois temos "...e até já faz promessas eleitorais." relativo a Marques Mendes ter dito que iria ter no seu governo um ministro para as pequenas empresas.

Extraordinário, como em apenas 1m34s se consegue transmitir uma ideia de trivialidade e de descrédito na mensagem e na pessoa de Marques Mendes. Parabéns RTP.

(Hugo Filipe)

*

Na RTP , uma reportagem pós – eleições na Madeira, no Jornal da Noite de 07/05 ( provavelmente disponível na parte Multimédia da RTP) , tentando " perceber" o porque das vitórias de Alberto João Jardim . Segundo a jornalista , uma das razões estava no modelo de desenvolvimento , que assentava nas grande obras Públicas , no investimento publico , e num governo regional que é o maior empregador da Madeira.

A jornalista depois lá dizia que o modelo de desenvolvimento estava esgotado e que o investimento Público devia dar lugar ao Investimento Privado . Como os defensores de Hayek haviam de gostar de ver esta reportagem...

Esta reportagem é surreal . De facto , " o modelo de desenvolvimento" ( expressão que por si só , remete Portugal para o patamar dos Países de Terceiro Mundo ) da Madeira é o mesmo que qualquer autarquia do Continente e do Governo da Republica.

O Serviço Público no seu melhor..

(João Melo)

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