ABRUPTO

20.5.07


COISAS DA SÁBADO:“VENHO AQUI PAGAR AS COTAS DA MINHA SECÇÃO...”



O Diário de Notícias noticia que a “oposição a Mendes recorre para o Tribunal Constitucional “ do pagamento individualizado das cotas através do Multibanco. Como eu os percebo demasiado bem! Esta questão do pagamento das cotas é central na capacidade num partido político de controlar a veracidade das suas filiações e os processos eleitorais internos. No PSD e no PS são mais que conhecidas múltiplas histórias e testemunhos de como o pagamento colectivo das cotas, seja pelos presidentes de secção, seja por um militante por conta do seu grupo ou da sua lista, são um instrumento de controlo interno. Quando Rui Rio quis, no processo de refiliação, introduzir um processo de pagamento individualizado das cotas, a reacção do aparelho partidário foi tão violenta que Marcelo recuou e Rio acabou por se demitir do lugar de secretário-geral. Desde essa altura até aos dias de hoje, a mesma feroz oposição ao pagamento individualizado de cotas continua a existir e este recurso é mais uma peça dessa resistência.

Que vantagens existem nesse pagamento colectivo de cotas em grupo, ou, o que vem a dar ao mesmo, num controlo apenas pelas secções e pelo seu cobrador, do pagamento de cotas? Para um cacique no aparelho partidário é uma questão central. Por exemplo, um presidente de secção ou um cacique local paga centenas de quotizações de militantes filiados por si próprio, de pessoas que dão o nome, familiares, amigos, companheiros de emprego, etc, etc, com moradas fictícias muitas vezes, e assim inflaciona artificialmente a sua secção. Ou seja, mais delegados em assembleias distritais ou no Congresso, logo mais força como sindicato de voto e mais lugares potenciais. O mesmo se passa antes dos processos eleitorais internos, levando para dentro das secções dezenas de votos de pseudo-militantes que nunca o seriam se tivessem que pagar as cotas e que servem para garantir uma vitória eleitoral. Estes exemplos são mais a regra do que a excepção, infelizmente. Os signatários do recurso ao Tribunal Constitucional conhecem muito bem todos estes truques por experiência própria e estão preocupados por ter que concorrer às eleições de 2008, sem os bons velhos métodos de sempre.

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© José Pacheco Pereira
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