ABRUPTO

9.3.07


COISAS DA SÁBADO: QUERER “FAZER OPOSIÇÃO” COMO RETÓRICA

Uma coisa curiosa, que só pode ser dita pela amnesia habitual da comunicação social, é a proclamação de ambos (Portas e Lopes) de que só eles sabem fazer oposição a Sócrates. Não é preciso ir mais longe para verificar que desde 2005 ambos tem falado quase ininterruptamente semana sim, semana sim, auto-elogiando-se nessa capacidade de oposição, sem qualquer resultado vísivel. Portas tem um programa de televisão quinzenal a solo, que foi lançado com grandes parangonas com a motivação de “fazer a diferença” e os resultados são nulos. Nunca se viu Sócrates a recear nada vindo dali e nem sequer os jornais, que gostam muito do estilo de frase assassina de Portas, lhe dão importância, como aliás os telespectadores que não o vêem. Portas é deputado e também, que se saiba, nenhuma intervenção parlamentar de “oposição” marcante se lhe ouviu. Santana Lopes dá sucessivas entrevistas “de vida”, publicou um livro, tem colunas na comunicação social, é parlamentar embora não exerça, e, apesar de várias vezes ter proclamado a sua eficácia na oposição, nunca se viu qualquer resultado dos seus ataques ao governo. É o vilipendiado e ineficaz Marques Mendes que Sócrates (e Jorge Coelho) atacam.

Não foi por falta de voz que ambos não puderam “fazer oposição”, foi porque para se poder fazer oposição a Sócrates tem que se ter, em primeiro lugar, credibilidade e nenhum dos dois a tem. É que os principais responsáveis da colocação de Sócrates e do PS no sítio onde estão, são os dois. E o que eram ontem são-no ainda mais hoje. Por isso não há retórica que dê a volta a esta situação.

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© José Pacheco Pereira
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