ABRUPTO

9.2.07


NOTAS SOBRE A "CULTURA DE BLOGUE" 5

http://gatorlog.com/images/googlebrowsing.jpgStudents using wireless laptop facilities in the Library
No copy-paste a facilidade de o fazer pode tornar-se num empobrecimento, associando-se como é comum, o copy-paste ao browsing. Quase que não é preciso ler, ou não é preciso ler até ao fim. O excesso de facilidade, que se alia à rapidez e ao número gigantesco de possibilidades, impede uma hierarquização e uma escolha forte. Quod abundant nocet. A hierarquização é feita pelos motores de busca, e raras vezes se procura depois da primeira página, ou do artigo da Wikipedia, que a abre. A procura própria é muito pouca, não se caminha nunca no labirinto da informação, como se faz numa biblioteca na estante de referência, ou browsing na estante da poesia, abrindo um livro ou outro. Perde-se a experiência do caminho, a procura espacial, a imersão no meio, o dilema entre escolhas sedutoras, que só tempo lento (ou menos rápido) dá. A escolha tende a acompanhar a facilidade da procura e é por isso mais débil, menos resultado de um pensamento ou de uma leitura e mais da primeira coisa que se encontra e que "serve".

(Continua)

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A minha filha, que é uma vivaça espertalhona, faz um trabalho sobre qualquer coisa, todo bonito e enfeitado, quer em Word, quer em Power Point (geração Sócrates) cheio de efeitos especiais, cores, textos e youtubes só sentada ao computador. Muitos destes trabalhos são impressos, mas muitos vão na pen do MP3 para serem apresentados no computador da escola. Eu sinto-me impotente para controlar ou encarrilar tanta eficiência em frente de um ecrã. A minha memória de fazer trabalhos é certamente muito diferente e muito mais morosa do que a realidade de hoje. No outro dia insistiu que queria imprimir um mapa da Grécia antiga que tinha visto num site qualquer, para estudar para o teste de História. Eu disse que não, que em casa há excelentes Atlas Históricos e que deveria consultá-los pois tinha a certeza de que são bons e bem feitos. Ah, mas eu queria riscá-los, ok, então fazes uma cópia e riscas. Enfim foi um interessante diálogo em que tentei que os textos e os dados em linha não fossem as únicas fontes para os seus trabalhos.

(J.)

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