ABRUPTO

13.1.07


LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 13 de Janeiro de 2007


A acrescentar às boas coisas da comunicação social: começa a existir, pela primeira vez na história recente da comunicação social portuguesa, um ambiente favorável à verificação da qualidade do trabalho jornalístico. Durante anos a fio, sem grandes resultados, insisti na ideia de que não tinha sentido existir um controlo rigoroso de qualidade para os iogurtes e as salsichas e nenhum controlo da qualidade de jornais, rádios e televisões. Durante os mesmo anos fui também claro na ideia de que esse controlo deveria vir dos pares e dos leitores, do debate público e do trabalho científico e não de qualquer regulação imposta pelo Estado. Combati Leis de Imprensa, Altas Autoridades e Entidades Reguladoras, confiante de que uma combinação da lei geral com o debate público, é que eram a solução. Felizmente os tempos mudaram e hoje começam, ainda que de modo ténue, a ver-se os resultados e acima de tudo as vantagens.

No caso português dois factores foram fundamentais: o trabalho de alguns Provedores dos Leitores e os blogues. O Provedor dos Leitores do Público não caiu nem na complacência corporativa nem no receio de ser mal visto pelos jornalistas da casa. A Direcção do Público, como se vê no recente e exemplar caso de plágio (ver a documentação publicada), não deixou também morrer o assunto, mostrando como o jornal não é apenas de "referência" por se auto-nomear como tal.

Por seu lado, os blogues mudaram tudo e tornaram o escrutínio da comunicação social em tempo quase real um ponto sem retorno. Blogues como o Bloguitica fazem muita gente subir pelas paredes da sua redacção acima, exactamente porque o estilo seco e objectivo do seu autor não deixa muita margem para esconder os erros e as manipulações evidentes. Outros blogues, em muitas áreas tem trazido o mesmo tipo de análise, comentário, debate aos produtos da comunicação social. Claro que há exageros e, às vezes, injustiças, mas há hoje na blogosfera a "coluna" que nunca nenhum jornal quis ter: havia crítica de televisão, não havia crítica de jornais. Agora há.

Alguns jornalistas reagem com uma imensa irritação ao verem o seu trabalho escrutinado. Não adianta, os tempos já mudaram mesmo e não voltam atrás.

Etiquetas:


(url)

© José Pacheco Pereira
Site Meter [Powered by Blogger]