ABRUPTO

10.11.06


PARA SE PERCEBEREM OS MECANISMOS PARTIDÁRIOS
E OS HOMENS QUE NELES MANDAM



Um homem chamado Miguel Coelho ataca um homem chamado Nuno Gaioso, num clássico da acusação aparelhística: culpado de excesso de protagonismo.

A concelhia socialista de Lisboa anunciou hoje a retirada da confiança política ao vereador Nuno Gaioso Ribeiro, a quem convida a demitir-se, depois das críticas feitas a Manuel Maria Carrilho. A decisão do secretariado do PS-Lisboa surge na sequência da publicação, na edição de ontem do “Diário de Notícias”, de uma entrevista na qual Nuno Gaioso Ribeiro acusa o líder da vereação socialista de ter na autarquia um comportamento político "irresponsável, ausente e displicente".

"Embora reconhecendo o direito à crítica, quando ela for construtiva e apresentada nos órgãos próprios, o que não aconteceu, não podemos permitir que um manifesto caso de vaidade pessoal se transforme num facto criado sem nenhuma correspondência com a realidade", lê-se num comunicado emitido pela concelhia.

No comunicado, o secretariado do PS-Lisboa adianta ter decidido, por unanimidade, retirar a confiança política ao vereador Nuno Gaioso Ribeiro e, em consequência, "convidá-lo a demitir-se do cargo que exerce em nome do PS". Também por unanimidade, a concelhia reiterou a sua confiança em Manuel Maria Carrilho, manifestando-se solidária com o vereador.

(...) "O Secretariado do PS-Lisboa só pode entender estas declarações do vereador Gaioso Ribeiro como fazendo parte de uma estratégia pessoal de afirmação – à custa de quem o escolheu e defendeu como candidato – mesmo que para tal prejudique deliberadamente a eficácia das decisões e deliberações dos órgãos legítimos e condutores da afirmação política do PS em Lisboa".
Sublinhados meus. Depois disso, tiraram-lhe o gabinete.

*

É um homem que se chama Pedro Duarte que decide sobre um homem que se chama Rui Rio. Hoje não o recandidataria:

- Se hoje houvesse eleições, e teria de ser feita essa avaliação, Rio seria candidato?

- Objectivamente, hoje não. (Entrevista ao Jornal de Notícias.)

*

Um dos mais graves problemas dos partidos está aqui retratado: as pessoas que os aparelhos produzem e que só têm vida no espaço público pelo seu poder dentro deles. Sócrates e Marques Mendes só ganhariam se dissessem preto no branco que nos partidos que dirigem não há lugar para estas atitudes, até porque ambos são suspeitos de virem desta massa. Faço a ambos a justiça de considerar que já perceberam que não é com estas pessoas nem com estas atitudes que se credibilizam os partidos.

(url)

© José Pacheco Pereira
Site Meter [Powered by Blogger]