ABRUPTO |
semper idem Ano XIII ...M'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO ... (Sá de Miranda) _________________ correio para jppereira@gmail.com _________________
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1.11.06
DEZ MILHÕES, IRRELEVÂNCIA E BENS ESCASSOS Somos, mais ou menos, dez milhões de pessoas, num canto da Europa, entregues à nossa sorte. Pouca gente se importa connosco fora de Portugal, contamos muito pouco para quase nada fora do nosso cantinho. A língua, que é maior que nós, é cada vez mais definida pelo Brasil, e é natural que seja lá que esteja o Museu da Língua. Temos alguma poesia e literatura de primeira água, mas muito pouca. Temos a história que temos, menos trágica do que a da maioria da Europa. Não temos economia que conte para nada no mundo globalizado e, a que temos, vive muito dependente de tudo o que está fora e de alguns subsídios europeus. Temos muito pouca noção do que verdadeiramente somos e do que valemos. Não somos nacionalistas porque já não há Império e mesmo a sua ficção póstuma já não entusiasma ninguém. Não somos patriotas a não ser sob forma futebolística, ou seja nem sequer sabemos o que isso é. Nem sequer o último luxo cínico de nos vermos ao espelho temos, porque esse espelho está sempre perturbado pelo efeito contraditório, por um lado da mania das grandezas (Descobrimentos, & etc.), e por outro pela imensa manha camponesa de um povo que ainda tem a pobreza muito perto para se dar ao luxo de fazer experiências. Todos os bens são escassos, há sempre mais gente do que empregos, prebendas, cargos, dinheiro e fama. A inveja, naturalmente, é uma doença nacional profunda. Este é o pano de fundo de muita coisa. * Nem menos. Mas há mais para se apontar. (url)
© José Pacheco Pereira
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