ABRUPTO

1.11.06


COISAS DA SÁBADO: ASCENSÃO E QUEDA DA IMPRENSA DIÁRIA

O dicionário Jornais Diários Portugueses do Século XX de Mário Matos e Lemos, editado pela ariadne editora é uma obra que devia estar em todas as redacções para, como o espectro do Manifesto Comunista, “assombrar” todos os jornalistas. Infelizmente, para quem gosta de jornais, “assombra” também os leitores dedicados da imprensa.

Este dicionário é uma espécie de cemitério muito especial, o dos grandes títulos da imprensa, dos jornais mais ambiciosos e com mais recursos para se abalançarem a publicar-se diariamente e que, em diferentes tempos e por diversas razões, acabaram por morrer nem sempre gloriosamente. Ele permite comparar os diferentes períodos da história e ver facilmente a ascensão e queda da imprensa escrita. Fazendo o balanço da sobrevivência de um século, do século XIX para o XXI, apenas quatro jornais do continente em oito jornais, os outros são das ilhas com relevo para os Açores, sobreviveram. Mas mesmo este escasso número é enganador: entretanto o Comércio do Porto, morreu e o Primeiro de Janeiro sobrevive com muitas dificuldades. Na verdade, apenas o Diário de Notícias e o Jornal de Notícias fizeram o salto.

O que se verifica é que mesmo entre o momento em que este dicionário foi escrito e aquele em que foi publicado, a crise da imprensa atingiu mesmo as listas mais selectas, que se pensava poderem ter outra duração. Para além do Comércio do Porto, também já acabou A Capital, e O Dia, que vem na lista, nem sei bem se existe num limbo qualquer. O último diário criado foi o 24 Horas em 1998, porque o dicionário não menciona os gratuitos. O panorama, como se vê, não é brilhante.

Desde 1998 , surgiu pelo menos mais um diário. O Jornal de Negócios que era semanário e que se transformou em diário. Julgo que a transformação foi em 2003.

(João Melo)

(url)

© José Pacheco Pereira
Site Meter [Powered by Blogger]