ABRUPTO

12.11.05


UM PORTUGAL QUE NÃO SE VÊ TODOS OS DIAS 2

Um Portugal “orgânico” que responde a velhas palavras. Uma voz que enumera nomes antigos:

Rainha dos Patriarcas
Rainha dos Confessores
Rainha do Santíssimo Rosário
Rainha da Paz
Mãe do Céu

Falando para que mundo? Patriarcas? Confessores? Rosário?

Uma cruz de néon, um Cristo que parece bizantino, escuteiros, muitas crianças, milhares de pessoas por detrás de uma estátua de uma mulher jovem e bela, com um manto branco, de mãos postas. Dois mil anos de cultura europeia, mas nem por isso menos estranho. Realmente estranho. Já não temos um espelho fácil para nos vermos.

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Falando para que mundo? Patriarcas? Confessores? Rosário?

E acredite (...) era tudo tão simples. Desconfio que não encontra ninuém que lhe explique as lágrimas na intimidade daqueles momentos.

Consoladora dos aflitos,
Auxílio dos cristãos

(Isabel G.)
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Não percebi o seu post sobre a procissão ontem em Lisboa. Estranho? Porquê? O que eu vi ontem foi uma manifestação feita por um conjunto enorme de pessoas que têm, pelo menos, uma coisa em comum: a devoção por Nossa Senhora. Como ouvi várias vezes ontem, «o “Tuga” tem destas coisas». E é verdade. Haja coragem para reconhecer que muito poucas coisas para além da Igreja Católica movimentam tanta gente.

Não é estranho. É bonito. E ao mesmo tempo comovente.

(Rui Esperança)

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Agustina Bessa Luís num do seus últimos romances, numa daquelas frases perturbadoras que nos fazem parar a leitura, dizia que o sec. XXI vai ser o século do misticismo. Há vinte anos tínhamos todas as certezas e agora não temos nenhuma.
Será isso?

A minha Mãe há uns tempos disse-me: quando tu eras pequeno, quando a vida era mais doce... Não estaremos todos tomados por uma amargura procurando, por uma via ou outra, o remédio que a adoce? O Mundo perdeu o Espírito? Ou será apenas ausência de Reflexão numa Sociedade em que nos querem dar tudo pronto?

(Miguel Geraldes Cardoso)

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© José Pacheco Pereira
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