ABRUPTO

21.11.05


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES:
"TOUT VA TRÈS BIEN MADAME LA MARQUISE"


Não é todos os dias que tenho o prazer de ler notícias sobre Lisboa ao pequeno-almoço, quando abro o meu jornal, o Göteborgs Posten. Mas hoje tive essa sorte. É certo que não era uma notícia enorme, nem estava nas rubricas mais sérias e honrosas do jornal. Estava no quadradinho “God morgon”, onde cada manhã somos brindados com um “fait divers” que nos faça sorrir (um dia destes li aí que em Roma foram agora proibidos, por decreto municipal, os aquários redondos, por serem traumatizantes para os peixes, e que o mesmo decreto assegura o direito dos cães a exercício diário).

Hoje a notícia era esta:

A capital de Portugal, Lisboa, vai este ano ser iluminada pelo que se afirma ser a mais alta árvore de Natal artificial da Europa. Levou 44 dias a montar esta alegria para os olhos de 72 metros de altura, na Praça do Comércio.”

É fantástico! Lisboa a destacar-se com um record tão honroso! E como calculo que esta monumental glória custa dinheiro, só pode ser sinal de que a crise do país não é assim tão grave quanto dizem as más-línguas... Afinal, como se dizia numa famosa canção francesa dos anos trinta, “tout va très bien, Madame la Marquise”!

(Madalena Ferreira Åhman)

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Não sei se tem conhecimento que a dita árvore, que por sinal é uma beleza de efeito de Natal, e uma forma de alegrar as hostes portuguesas,é de patrocinio de algumas empresas portuguesas, tais como a SIC, BCP MILLENIUM,etc, o que é de louvar.Por outro lado, como já mencionei é uma forma de alegrar as hostes portuguesas(que andam muito por baixo) e faz alguma publicidade da nossa cidade para ser visitado por estrangeiros, que por consequência é bom para a nossa economia(que anda tão pobre). Sejam mais positivos para com as iniciativas que se processam no nosso País e que o valorizem.

(Manuel Beirão)

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O texto versando a atenção escandinava à majestosa árvore de Natal “plantada” na Praça do Comércio, sugere-me outro comentário. E ele vai no sentido de manifestar o incómodo (irritação?) com que assisto à chegada cada vez mais precoce dos fiéricos enfeites natalícios às ruas das nossas cidades. É o banalizar por dilatação de um tempo que dantes se resumia a quinze dias antes da festa. Perde-se aquela expectativa que se sentia quando eu era pequeno. Aquela coisa do “já falta pouco!”, do “nunca mais chega!”, até que um dia, já com Dezembro adiantado, finalmente as ruas se enchiam de luzes, desenhando velas, Pais Natais, trenós e renas. E havia até aquele quase ritual das famílias que, como a minha, não moravam na Baixa do Porto, de ir até lá para ver as iluminações. Mas esse também era o tempo em que durante meses se namorava um brinquedo, um só, que nos desafiava da montra do Bazar Paris, do Londres ou dos Três Vinténs. Passávamos e pensávamos: no Natal talvez sejas meu. Não perdes pela demora: quando chegar a hora, hei de namorar-te com outro empenho. Espera e verás. E essa altura chegará quando for o tempo mágico, tão ansiado, das luzes a cruzarem as ruas de passeio a passeio. Agora, coisa estranha, o Natal chega no dia a seguir ao último saldo de calções de banho e camisas de manga curta. Suspeito que ainda havemos de consoar na praia.

(Artur Carvalho)

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© José Pacheco Pereira
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