ABRUPTO

18.11.05


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES:
ATENÇÃO AOS IDOS DE MARÇO (QUE EM PORTUGAL SÃO EM JANEIRO)




Existe algum perigo de um atentado terrorista em Portugal nos próximos tempos? Existe, claro: na véspera das eleições - como foi o assassinato de Gaspar Castelo Branco em 86, como foi o massacre de Madrid em 2004. Ainda mais que os terroristas podem querer evitar a eleição de Cavaco Silva e ajudar Soares como conseguiram em Madrid levar à derrota o Governo do PP, um bom Governo, como dois dias antes todas as sondagens confirmavam largamente.

A Espanha participou na Guerra do Iraque e nós não? Mentira: a Espanha não participou na Guerra, limitou-se a enviar um barco-hospital que chegou ao Golfo mês e meio depois dos combates terem terminado.

Aznar esteve na cimeira dos Açores com Bush e Blair? Também Durão Barroso. A cimeira não declarou a guerra ao Iraque, tratou da moção no Conselho de Segurança que previa o uso da força contra Saddam e acabou por ser retirada antes da votação. Mas Zapatero fez toda a sua campanha a proclamar que era preciso retirar a Espanha da "fotografia dos Açores"? A mesma da "fotografia dos Açores" e a mesma amálgama alimentaram em Portugal a campanha da Bloco de Esquerda com bom proveito.

Ainda assim, que a Espanha fizera a guerra e e isso justificava o massacre de 192 passageiros civis àquela hora da manhã num comboio suburbano (como se houvesse justificações!) - foi a palavra de ordem dos manifestantes socialistas, convocados por SMS ou alertados pela Cadena Ser e pla CNN espanhola, que cercaram as sedes do PP de Aznar até às primeiras horas do dia da votação. E foi também o que afirmaram nesse dia as televisões portuguesas, a maioria das rádios e dos jornais. Prova que em Portugal é neste momento extremamente fácil criar factos políticos ao sabor dos ventos e das ondas: veja-se o arrastão "informativo" que varreu a praia de Carcavelos este Verão.

Mas Cavaco Silva não apoiou a guerra do Iraque, até considerou que os Estados Unidos se precipitaram e não fizeram o que deviam, previamente, nas Nações Unidas e no campo diplomático? Também o Rei Abdullah não apoiou a guerra do Iraque muito pelo contrário, limitou-se mais tarde a apoiar a reconstrução das forças armadas daquele País, segundo a letra e o espírito das mais recentes decisões do Conselho de Segurança.

Nem os terroristas - que são os únicos responsáveis dos seus actos - precisam de pretextos, ou, melhor dizendo, tudo lhes serve. A França, de Chirac e Villepin, liderou a oposição aos Estados Unidos, desmultiplicou-se em iniciativas anti-americanas, arvorou-se em campeã do mundo muçulmano, foi aplaudida pelas massas populares pró-Saddam, de Rabat a Jacarta. Pois quem duvida que haja dedo islamista nas revoltas dos subúrbios parisienses que alastraram e continuam? O odiado (pela esquerda bem pensante!) Sarkozy, criador do conselho muçulmano de França na sua anterior passagem pelo Governo, acaba de lançar um alerta vermelho: "é real"... o risco de atentados em França nos próximos tempos. Villepin confirma.

E do risco de atentados em Portugal ninguém fala? Desde que os terroristas conseguiram alterar o sentido do voto em Espanha com os atentados de 12 de Fevereiro de 2004, todos estamos expostos. Portugal, em primeiro lugar, que tão parecidos somos com os espanhóis, tão permeáveis a qualquer arrastão informativo, como bem se viu. Nem é preciso um grande atentado: ao menor incidente, a qualquer boca foleira de um canidato, e a comunicação social sai para a rua desembestada.

Ninguém gosta de ser profeta de qualquer desgraça. Mas como diria Almeida Santos "por favor preocupem-se".

(José Teles)

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© José Pacheco Pereira
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