ABRUPTO

3.11.05


LENDO / VENDO BLOGUES, JORNAIS, TELEVISÃO E OUTROS MEDIA



Uma análise "automática" da imprensa, imediatamente antes e durante o período eleitoral de Fevereiro de 2005, feita pela Cyberlex "uma empresa editora que se dedica à Gestão da Informação e do Conhecimento e à Gestão Electrónica de Documentos e Pastas".

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Democracia por editorial, uma nota sensata no Retórica e Persuasão.

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A entrevista de Mário Soares à TVI foi muito interessante, porque revela o melhor e o pior de Soares. O melhor é a naturalidade, com os ódios à flor da pele, o movimento todo de uma pessoa sem censura, que impulsionado pelo que realmente pensa, chama a Sócrates o "anti-Guterres", trata Cavaco de ignorante e preparava-se para continuar a fazer aquilo que faz muito bem, a contar histórias. Foi pena que a entrevista terminasse no momento em que Soares ia por si dentro, pelas suas memórias, pelos seus gostos e antipatias. Soares não pode hoje ser entrevistado a correr, precisa de tempo, e nele o tempo gasto vale a pena. Não há muitos políticos assim, a falar próximo do que pensam. Expondo-se.

O reverso é o que Soares pensa, a sua agressividade de castelão que vê o rendeiro comprar as terras que teve que vender porque esbanjou os seus bens, a sua superioridade cultural face aos parvenus que não sabem comer à mesa, ou distinguir Pomar de uma Menez (aqui engana-se porque Cavaco tem um belo quadro da Menez) um quase direito natural a ser superior, a mandar, a classificar o mundo, que, tenho insistido nisso, é tipicamente uma marca social. Na sua vida turbulenta e corajosa, ele ficou sempre o menino bem e mimado, que entende ter um direito natural a mandar, que trata Portugal e os portugueses como se lhe pertencessem. O drama que o atravessa nestes dias é perceber que, afinal, já não são dele, são doutro. E, humanamente, responde sendo agressivo e subindo a parada e perdendo ainda mais o "ar do tempo" que já não compreende.

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© José Pacheco Pereira
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