ABRUPTO |
semper idem Ano XIII ...M'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO ... (Sá de Miranda) _________________ correio para jppereira@gmail.com _________________
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31.8.05
PAISAGEM ELECTRIFICADA Num arco de visão de 60º, cobrindo um horizonte de cerca de vinte quilómetros, à vista, não contando o que está escondido pela ondulação dos montes: catorze candeeiros de iluminação pública, banhando parte de um aldeia com luz que dá para se ver em Marte; nove ou dez postes de retransmissores de telemóveis, colina sim, colina sim; centenas de postes para as linhas eléctricas e telefónicas; e, ao longe, quase cinquenta ventoinhas eólicas em fila. Cada vez menos árvores, um ou dois campos de cultivo com tomate, a pouca terra agrícola abandonada às ervas, restos do que foram vinhas, e marcas de terrenos esventrados à espera não se sabe de quê, porque estão classificados como terrenos agrícolas, mas sou capaz de jurar que vão produzir casas e armazéns e não tomates, vinho ou frutas. Tudo isto, naquilo que um citadino chamaria “campo”. * É a voragem do "desenvolvimento" para as zonas rurais , desoladoramente um mundo que acaba.Um outro que começa selváticamente fundado na miséria, na destruição , e na ilusão das novas oportunidades de negócio... apenas para alguns...um País a saque , uma Alma que acaba. * Só pode ser cinismo, ou se é brincadeira é de mau gosto. É daquele tipo de mau gosto que faz com que boas ideias como a que soube aqui há tempos de se aproveitar a lenha da limpeza das florestas para gerar energia através da biomassa e assim diminuir-se a factura energética e criar emprego, ou de por exemplo a de convencer os construtores por norma a colocar circuitos duplos de águas nos prédios para aproveitamento das águas de limpeza, que vão logo pelo cano abaixo no cinismo de quem, como você, pode determinar inicitivas e politicas. Então preferia que as aldeias não tivessem iluminação pública, telemóveis ou qualquer tipo de energia eléctrica? Deve estar a brincar. Só pode. Se não está agradecia que pelo menos, como seu leitor, que publicasse esta mensagem. (url)
© José Pacheco Pereira
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