ABRUPTO

20.7.05


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES:
EUFORIA EÓLICA

Quando o Eng. Carlos Pimenta e outros falam em acabar com as burocracias da expansão eólica, infelizmente e talvez sem saberem, referem-se à supressão dos pareceres do ICN que à falta de dinheiro não pode ser mais célere, mas que é a única instituição capaz de prever a amplitude do impacto a vários níveis (paisagístico, geológico, ambiental). Há alguns meses atrás estava em reunião com uma pessoa do ICN, que me informa ter acabado de receber um despacho para os pareceres de parques eólicos receberem aprovação imediata, e só depois se estudariam os impactes. Isto quando as empresas que fazem os estudos de impacte ambiental nem sequer verificam se o monte em que vão construir é oco por dentro e desaba com o primeiro camião que por lá passar (como pode acontecer com frequência na Serra de Aire e Candeeiros).

(Jorge Gomes)


Neste último caso (eólica), (post Montes, Cumeadas, Cimo dos Montes), as suas preocupações são também as minhas preocupações. Infelizmente não existe uma cartografia (feita, por exemplo, pelo Instituto de Conservação da Natureza) sobre as áreas non edificandi (chamamos-lhe assim) para a instalação de aerogeradores. Quando estamos a falar de 2500 MW de potência, significa, pelo menos, 1250 ventoinhas e qualquer coisa como 125 parques eólicos (regra geral, cada parque tem 10 aerogeradores). Fácil é imaginar que a maior parte das serranias mais apetecíveis para a energia eólica são área protegidas (não apenas do ponto de vista ecológico, mas sobretudo cénico). Ou seja, adeus paisagem como a conhecemos... E não são apenas os aerogeradores: vamos começar a ter serras rasgadas com caminhos, linhas de alta tensão, etc., etc..

No entanto, nesta euforia (ontem parecia que a crise seria levada qual "e tudo o vento levou") a favor dos parques eólicos, esquece o Governo (e não sabe este país tão pouco atreito à matemática) que o problema energético (e o crescimento das importações de combustíveis fósseis) se deve sobretudo à ineficiência energética.

Sobre qual será o verdadeiro impacte destes 2500 MW de eólica perante o alucinante crescimento do consumo de electricidade em Portugal (quem nos dera que o PIB tivesse igual crescimento...), veja-se o Estrago da Nação, onde abordo num último post esta questão de uma forma que penso ser bastante acessível.

(Pedro Almeida Vieira)

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