ABRUPTO |
semper idem Ano XIII ...M'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO ... (Sá de Miranda) _________________ correio para jppereira@gmail.com _________________
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30.7.05
DOIS SUPLEMENTOS LITERÁRIOS
À memória de O Comércio do Porto Os materiais preciosos que estão dispersos, esquecidos e ignorados nos Suplementos Culturais dos jornais diários, dariam uma luz nova à nossa tão ignorada história cultural do século XX. Eu cresci com eles e é hoje difícil perceber a ansiedade com que se esperava em cada número a continuação de uma polémica, ou um outro artigo de uma série, ou uma crítica de um autor que se lia sempre. Nas características de um mundo dominado pela censura, eram uma das raras formas vivas de acompanhar o que se passava e ter uma actualização quanto a ideias, livros, autores e pintores. Esses suplementos eram exigentes quanto às colaborações e os textos publicados eram de grande qualidade. Um verdadeiro “quem é quem” da nossa cultura por lá passou. Eu lia regularmente (e coleccionava, ainda os tenho) os Suplementos do Diário de Lisboa, do Diário Popular, e no Porto, os de O Comércio do Porto e do Primeiro de Janeiro. No dia em que acaba O Comércio do Porto, recordo o seu suplemento cultural, parcialmente editado em vários volumes sob o título de Estrada Larga, dirigido por Costa Barreto, uma daquelas personagens que não merecia o esquecimento. Nele colaborei em parceria com Óscar Lopes, uma semana um, uma semana outro, fazendo “crítica” fugaz a vários ensaios de história, filosofia, e “ideias”. Depois, a censura e a vida atribulada levaram-me a romper essa colaboração, como também a do Jornal de Notícias. O que eu queria dizer, era impossível já escrevê-lo. Sem O Comércio do Porto, o Porto é menos Porto. * (Para se ter uma ideia do que foi o jornal vejam-se estas fotos no Vilacondense,) (url)
© José Pacheco Pereira
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