ABRUPTO

9.3.05


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: PARA TERMINAR COM A LÍNGUA ALEMÃ E EDUARDO PRADO COELHO

Esta indicação de José Carlos Santos do texto The Awful German Language de Mark Twain.

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Hoje deparei com um conjunto de comentários glosando o mérito e o demérito das observações de EPC a propósito da língua alemã. Sem desprimor pela qualidade opinativa dos leitores interrogo-me sobre o interesse do tema e sobre o que a ele se pode acrescentar. Talvez lembrar que sendo a coerência e a permanência da opinião geralmente saudada como traço de carácter, em não menor medida o deve ser a flexibilidade e a capacidade regeneradora daqueles que conservam coragem e fulgor para mudar de opinião quando o erro ou a precariedade se tornam evidentes.

(GC)

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A língua alemã - que EPC não conhece - não produziu apenas cânticos militares ou vozes de comando. Aliás, quem provar Zarah Leander, não voltará mais às"lamechisses" cançoneteiras das Piaf, dos Aznavour ou dos Lama. A língua francesa é pleno artifício, sacrificando a inteligência e o raciocínio à forma.
O francês compraz-se com a sonoridade, o embelezamento e a graça. É, decididamente, uma excelente língua para salões literários ou convívios de senhoras.
Continuamos ainda a pagar pesada factura da absoluta rendição de sucessivas gerações portuguesas às letras francesas. Um dos mais persistentes problemas da inautencidade e inutilidade da universidade portuguesa será uma das muitas sequelas dessa hegemonia que a cultura francesa deteve. Quem ouve hoje a música francesa, quem conhece os autores franceses vivos, quem vê cinema francês.
Encurralados num autismo lancinante, os francófilos esbracejam pateticamente num mundo dominado pelo inglês e pelo castelhano. Quanto ao alemão, transformou-se em língua incontornável para os estudos filosóficos e politológicos. Longe vai o "século de Sartre", muito mais longe ainda os séculos de Voltaire e Hugo.

(Mig ACBF)

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© José Pacheco Pereira
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