ABRUPTO |
semper idem Ano XIII ...M'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO ... (Sá de Miranda) _________________ correio para jppereira@gmail.com _________________
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14.3.05
ESTRANHO
O momento e o lugar e o livro e a música. Junto a um cemitério de aldeia, alto, escuro do granito, espraiado por um pequeno planalto, sem casas perto. O livro ocasional, o Post Office do Bukowski. A música ocasional, Charles Ives. Nada que especialmente me interessasse, comprados por excesso: o livro por curiosidade, porque não gosto muito do autor; a música por curiosidade, porque o disco recebera um prémio da Grammophon e eu não conhecia a peça (engano, afinal já a tinha ouvido, um pouco Promm…). Quem juntou esta improvável mistura, por si só bizarra, excessivamente intelectual, foi a Grande Ceifeira, a que cria o inesperado, e que me apanhou entre um morto, um disco adiado e um livro improvável. Tudo o que tinha , na altura, por acaso, no momento que não se espera. Não soprava vento nenhum. Nada batia certo e na cabeça sempre este Eliot, também improvável: LET us go then, you and I, When the evening is spread out against the sky Like a patient etherised upon a table; Let us go, through certain half-deserted streets, The muttering retreats Of restless nights in one-night cheap hotels And sawdust restaurants with oyster-shells: Streets that follow like a tedious argument Of insidious intent To lead you to an overwhelming question … Oh, do not ask, “What is it?” Let us go and make our visit. Os intelectuais são insuportáveis. Não têm inocência, arrastam coisas a mais. (url)
© José Pacheco Pereira
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