ABRUPTO

14.3.05


ESTRANHO

O momento e o lugar e o livro e a música. Junto a um cemitério de aldeia, alto, escuro do granito, espraiado por um pequeno planalto, sem casas perto. O livro ocasional, o Post Office do Bukowski. A música ocasional, Charles Ives. Nada que especialmente me interessasse, comprados por excesso: o livro por curiosidade, porque não gosto muito do autor; a música por curiosidade, porque o disco recebera um prémio da Grammophon e eu não conhecia a peça (engano, afinal já a tinha ouvido, um pouco Promm…). Quem juntou esta improvável mistura, por si só bizarra, excessivamente intelectual, foi a Grande Ceifeira, a que cria o inesperado, e que me apanhou entre um morto, um disco adiado e um livro improvável. Tudo o que tinha , na altura, por acaso, no momento que não se espera. Não soprava vento nenhum. Nada batia certo e na cabeça sempre este Eliot, também improvável:

LET us go then, you and I,
When the evening is spread out against the sky
Like a patient etherised upon a table;
Let us go, through certain half-deserted streets,
The muttering retreats
Of restless nights in one-night cheap hotels
And sawdust restaurants with oyster-shells:
Streets that follow like a tedious argument
Of insidious intent
To lead you to an overwhelming question …
Oh, do not ask, “What is it?”
Let us go and make our visit.


Os intelectuais são insuportáveis. Não têm inocência, arrastam coisas a mais.

(url)

© José Pacheco Pereira
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