ABRUPTO |
semper idem Ano XIII ...M'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO ... (Sá de Miranda) _________________ correio para jppereira@gmail.com _________________
|
1.3.05
BIBLIOFILIA: O CAIXEIRO FELIZ
Voltamos ao nosso tema bibliófilo: o tempo encerrado nos livros velhos. O tempo não no conteúdo, mas em tudo, no “ar” do livro. Este é um bom exemplo e custou-me 50 cêntimos num alfarrabista do Porto. Foi escrito por Diogo de Sequeira e Costa e tem dois títulos, um na capa - Um Caixeiro Feliz – Romance Histórico da Vida d’um Rapaz Pobre (Como Thiago Chegou a Ser Rico) – e outro no rosto Como se Chega a Ser Rico – Romance popular, Instrutivo e Recreativo. Fazia parte da Biblioteca Interessante – Números Soltos e foi editado por João dos Santos Ferreira, em 1916. Era dedicado "aos proprietários do comércio e seus empregados em geral” e fazia parte de um literatura produzida e dirigida a uma classe profissional de elite, aqui os empregados do comércio. Há também literatura semelhante oriunda de tipógrafos, ferroviários e barbeiros, grupos profissionais que tinham um número razoável de alfabetizados e com tradição de literatura amadora. Na contracapa, dizia-se que o livro tinha fins beneficentes e ,quem o comprava, ajudava um tipógrafo doente e uma sua filha paralítica. Retratos do mundo antes da segurança social. A história, passada em Paris, é o menos importante neste “ar” do tempo. É uma típica versão do sempre atractivo tema da ascensão social a partir da pobreza, dos “lances triviais da pobreza e desvalimento”, pelo trabalho e pela “perseverança”. Trazia esperança, sonho e pedagogia moral. Valia os 200 reis que custava. (url)
© José Pacheco Pereira
|