ABRUPTO

7.3.05


BIBLIOFILIA: NÃO HÁ LIVROS PACÍFICOS

Este parece um normal livro sobre campismo, mas as actividades de “ar livre” foram fomentadas e popularizadas em Portugal pelos comunistas e pela oposição que lhe era próxima. Militantes como Joaquim Campino tiveram papel destacado na história associativa do campismo, e os acampamentos eram um local privilegiado para realizar encontros políticos clandestinos.

Este volume da célebre Biblioteca Cosmos, organizada por Bento de Jesus Caraça, é um exemplo dessa influência. Escrito por Mário Mendes de Moura, estudante de agronomia, depois engenheiro, militante do MUDJ, membro da sua Comissão Central, preso em 1948, posteriormente exilado na Venezuela e no Brasil, e actualmente editor, não escondia no seu prefácio a sua preocupação com os “trabalhadores”. O mesmo tipo de interesses era partilhado pelo ilustrador Daniel Morais, ele próprio também membro do MUDJ e preso na mesma altura de Mário Moura, cujas ilustrações “citam” a linguagem gráfica das publicações comunistas.

(Nota mais detalhada sobre o campismo e a oposição está nos ESTUDOS SOBRE O COMUNISMO.)

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© José Pacheco Pereira
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