ABRUPTO

21.7.04


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES (Actualizado)

"Pode ser um preciosismo mas não deixa de ser interessante.
Pedro Santana Lopes afirmou, antes da constituição do Governo que a proporção de pastas ministeriais atribuídas ao CDS/PP se manteria. Ora, tal não se verificou: 3 ministros em 17 no anterior Governo representa 17,6% enquanto que 4 ministros em 19 representa 21,0% do actual Governo. Em termos relativos o CDS/PP viu aumentar em 19,3%, (21-17,6)/17,6, o número de ministérios sob a sua alçada. É um aumento significativo em termos quantitativos.!"
(MJM)

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"Penso que quando se fazem contas com percentagens, deve-se apenas somar e subtrair. É verdade que aumentou o peso do PP, mas apenas 3,4% (21 - 17,6). Imaginemos que o Governo tinha 100 ministros: se 18 eram do PP e passam a ser 21, aumentaram 3 em 100, e não 19 em 100. Em todo o caso, era impossível manter o equilíbrio inalterado com 19 ministros, uma vez que o peso do PP diminuiría para 15,8% se mantivesse três ministros."

(Paulo Almeida)

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"Envio-lhe um poema de Vinicius de Moraes, "Gente Humilde", a que volto agora, nestes tempos em que a gente humilde do nosso país está tão longe ... tão longe de tudo, e em que é mais urgente recordar as palavras que esbofeteiam as consciências adormecidas."

(Pedro Leite Alves)

Gente Humilde

Tem certos dias em que eu penso em minha gente
E sinto assim todo o meu peito se apertar
Porque parece que acontece de repente
Como um desejo de eu viver sem me notar

Igual a como quando eu passo no subúrbio
Eu muito bem, vindo de trem de algum lugar
E aí me dá como uma inveja dessa gente
Que vai em frente sem nem ter com quem contar

São casas simples, com cadeiras na calçada
E na fachada escrito em cima que é um lar
Pela varanda flores tristes e baldias
Como a alegria que não tem onde encostar

E aí me dá uma tristeza no meu peito
Feito um despeito de eu não ter como lutar
E eu que não creio, peço a Deus por minha gente
É gente humilde, que vontade de chorar

(Vinicius de Moraes)

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"Perante o divórcio recente de muitas personalidades do PSD, e porventura da vida politica e social portuguesa, de confrontos ou de alternativas sérias e sensatas a Santana Lopes, recordei-me do texto que envio abaixo, citado do "Il Gattopardo" de Tommasi di Lampedusa (...).
A recordação deste texto não foi sem susto -enfim, daqueles razoavelmente moderados que ocorrem quando constatamos, em alguns livros maiores, um número impressionante de analogias com a realidade - porque, por um lado ,aquele grupo de politicos que, com credibilidade e valores, como Mario Soares, Cavaco Silva, Freitas do Amaral,etc, ou mais recente, António Vitorino, Durão Barroso ou outros, me parece que se assemelham cada vez mais com o Principe de Salina; e por outro lado, dou comigo a pensar que o Principe pode ter razão: que apesar de aqui e ali, parecer vislumbrar-se alguns acenos de sobressalto da sociedade civil, no fundo, a maioria dos Portugueses se acha desde já perfeita, inclusive muitas, demasiadas, das suas ditas 'elites' e 'forças vivas' à esquerda e á direita- e que, revestindo tudo com fútebois (que aliás eu aprecio muito, dentro dos seus limites naturais) e outros fogos-fátuos, aspiram a um grande sono sem serem acordados por exigências de reforma, de mudanc,a, de rigor e de empenho. "

(Artur Frias Rebelo)

(...) Volle fare un ultimo sforzo; si alzó e l'emozione conferiva Pathos alla sua voce: "Principe, ma é proprio sul serio che lei si rifiuta di fare il possibile per alleviare, per tentare di rimediare allo stato di povertà materiale, di cieca miseria morale nelle quali giace questo che é il suo stesso popolo? Il clima si vince, il ricordo dei cattivi governi si cancella, i Siciliani vorranno migliorare; se gli uomini onesti si ritirano, la strada rimarrà libera alla gente senza scrupoli e senza prospettive, ai Sedàra; e tutto sarà di nuovo come prima, per altri secoli. Ascolti la sua coscienza, principe, e non le orgogliose verità che ha detto. Collabori."

Don Fabrizio gli sorrideva, lo prese per la mano, lo fece sedere vicino a lui sul divano: "Lei é un gentiluomo, Chevalley, e stimo una fortuna averlo conosciuto; Lei ha ragione in tutto; si é sbagliato soltanto quando ha detto: 'i Siciliani vorranno migliorare.' Le racconterò un aneddoto personale. Due o tre giorni prima che Garibaldi entrasse a Palermo mi furono presentati alcuni ufficiali di marina inglesi, in servizio su quelle navi che stavano in rada per rendersi conto degli avvenimenti. Essi avevano appreso, non so come, che io posseggo una casa alla Marina, di fronte al mare, con sul tetto una terrazza dalla quale si scorge la cerchia dei monti intorno alla città; mi chiesero di visitare la casa, di venire a guardare quel panorama nel quale si diceva che i Garibaldini si aggiravano e del quale, dalle loro navi non si erano fatti una idea chiara.

Vennero a casa, li accompagnai lassù in cima; erano dei giovanottoni ingenui malgrado i loro scopettoni rossastri. Rimasero estasiati dal panorama, della irruenza della luce; confessarono però che erano stati pietrificati osservando lo squallore, la vetustà, il sudiciume delle strade di accesso. Non spiegai loro che una cosa era derivata dall'altra, come ho tentato di fare a lei. Uno di loro, poi, mi chiese che cosa veramente venissero a fare, qui in Sicilia, quei volontari italiani.'They are coming to teach us good manners' risposi 'but won't succeed, because we are gods.' 'Vengono per insegnarci le buone creanze ma non lo potranno fare, perchè noi siamo dei.' Credo che non comprendessero, ma risero e se ne andarono.

Cosi rispondo anche a Lei; caro Chevalley: i Siciliani non vorranno mai migliorare per la semplice ragione che credono di essere perfetti: la loro vanità é più forte della loro miseria; ogni intromissione di estranei sia per origine sia anche, se si tratti di Siciliani, per indipendenza di spirito, sconvolge il loro vaneggiare di raggiunta compiutezza, rischia di turbare la loro compiaciuta attesa del nulla; calpestati da una diecina di popoli differenti essi credono di avere un passato imperiale che da loro diritto a funerali sontuosi. Crede davvero Lei, Chevalley, di essere il primo a sperare di incanalare la Sicilia nel flusso della storia universale? Chissà quanti imani mussulmani, quanti cavalieri di re Ruggero, quanti scribi degli Svevi, quanti baroni angioini, quanti legisti del Cattolico hanno concepito la stessa bella follia; e quanti viceré spagnoli, quanti funzionali riformatori di Carlo III; e chi sa più chi siano stati? La Sicilia ha voluto dormire, a dispetto delle loro invocazioni; perchè avrebbe dovuto ascoltarli se é ricca, se é saggia, se é onesta, se é da tutti ammirata e invidiata, se é perfetta, in una parola?'

(Il Gattopardo, Giuseppe Tommasi di Lampedusa)



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