ABRUPTO |
semper idem Ano XIII ...M'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO ... (Sá de Miranda) _________________ correio para jppereira@gmail.com _________________
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5.12.03
EARLY MORNING BLOGS 91
Ainda, pela manhã, o vento negro da noite. No Abrupto, aberta a porta do “Nec spe, nec metu”, alguns poemas sobre aquela que é talvez a mais importante lição dos clássicos que não se transmitiu aos dias de hoje: a ideia da aurea mediocritas, a força da ataraxia. E não se transmitiu porque a barreira poderosa do romantismo a impediu de passar. Vamos pois para o grande clássico moderno destas coisas do tempo, da duração, da finitude, da permanência, do modo de viver, da esperança, da contenção na felicidade possível, Ricardo Reis (cortesia de Manuel Matos): "Antes de nós nos mesmos arvoredos Passou o vento, quando havia vento, E as folhas não falavam De outro modo do que hoje. Passamos e agitamo-nos debalde. Não fazemos mais ruído no que existe Do que as folhas das árvores Ou os passos do vento. Tentemos pois com abandono assíduo Entregar nosso esforço à Natureza E não querer mais vida Que a das árvores verdes. Inutilmente parecemos grandes. Salvo nós nada pelo mundo fora Nos saúda a grandeza Nem sem querer nos serve. Se aqui, à beira-mar, o meu indício Na areia o mar com ondas três o apaga Que fará na alta praia Em que o mar é o Tempo?" (Ricardo Reis) * Boa noite, eternidade! Bom dia, finitude! (url)
© José Pacheco Pereira
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