ABRUPTO |
semper idem Ano XIII ...M'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO ... (Sá de Miranda) _________________ correio para jppereira@gmail.com _________________
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23.12.03
BIBLIOFILIA 6
Li um muito interessante ensaio de Eduardo Pitta que saiu recentemente em opúsculo intitulado A Fractura. A condição homossexual na literatura portuguesa contemporânea, Angelus Novus Editora, 2003. O autor identifica os momentos e os autores, homossexuais ou não, em que a homossexualidade surge na literatura portuguesa. E são bastantes: Pessoa, Sá Carneiro, Botto, Eugénio de Andrade, Gaspar Simões, Cesariny, Luiz Pacheco, Al Berto, António Franco Alexandre, Joaquim Manuel Magalhães, Frederico Lourenço, entre outros. Faltam alguns que teria interesse ver analisar como, por exemplo, Pedro Homem de Mello, um poeta com uma obra irregular mas em que brilham meia dúzia de grandes poemas de clara inspiração homossexual. Escrito numa linguagem mais tensa do que é habitual num ensaio literário, formulando uma tese inicial que depois fica diluída no texto (sobre a dificuldade de aplicar ao caso português o padrão da literatura gay americana), o ensaio enuncia as relações do relato homossexual na literatura com uma “ética da desobediência”, a pretexto de Cesariny. Revela também alguns temas favoritos do desejo homossexual nacional, como o do “magala”, dando primazia à tropa de chão em vez da do mar, tradicionalmente com mais presença na literatura da homossexualidade. Vale a pena ler. (url)
© José Pacheco Pereira
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