ABRUPTO

6.12.03


BIBLIOFILIA 3


Morreu Stefan Wul, escritor desconhecido fora dos círculos da ficção científica (ver necrologia no Le Monde). Autor francês, dentista, profissão que exerceu toda a vida, destacava-se num mundo predominantemente anglo-saxónico, retratado nos primeiros e míticos cem números iniciais da Colecção Argonauta. Aí publicou vários livros que li nos anos sessenta e de que não me recordo nada. Ou melhor, recordo-me do conjunto da Colecção Argonauta, como se as histórias se sucedessem umas às outras, num contínuo de aventura e fascínio pelo desconhecido. Só me recordo de distinguir Ray Bradbury, Asimov, Simak e o livro de Rosny Aîné, A Morte da Terra, talvez o primeiro que li na Argonauta e de que me ficou uma memória quase integral e intacta. Mas o nome de Stefan Wul, e a imagem das capas, ficou individualizado, talvez porque o nome, neste caso um pseudónimo, na sua estranheza, também me parecesse de ficção.

A Argonauta, depois dos primeiros cem números, acompanhou a tendência psicologista da ficção cientifica americana e tornou-se menos interessante, menos imprevisível, menos fantástica. Pouco a pouco, fui deixando de a ler com a mesma intensidade e, quando os livros a azul e prateado se tornaram regra, até as capas, magníficas na primeira série, deixaram de ter interesse. Sic transit gloria mundi.

O Mundo dos Draags, aqui em cima, tem capa de Lima de Freitas e tradução de Mário Henrique Leiria.

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