ABRUPTO |
semper idem Ano XIII ...M'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO ... (Sá de Miranda) _________________ correio para jppereira@gmail.com _________________
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19.8.03
O quadro que hoje nos ilustra varia do modelo habitual por causa das notas sobre Chekov. É uma parte de uma pintura do norueguês Peder Severin Kroyer um dos pintores de Skagen. Passa-se aliás em Skagen em 1893, uma cena burguesa, de um pequeno-almoço de intelectuais aí veraneantes. A luz de Skagen está também presente reflectindo-se no vestido da mulher e no boião com as flores. Tudo é sólido, tudo parece ser simples e de boa qualidade, nórdico se se quiser. Na mesa está pão, manteiga, ovos, chá, talvez café, água gaseificada. Alguns destes pormenores não se vêm no fragmento, mas apenas no quadro original. Uma reprodução do original está aqui. Na pintura está o casal Kroyer e Otto Benzon, um escritor dinamarquês, autor de alguns dos poemas que Grieg musicou. Todo este mundo é tão nórdico que se procurarem na Internet por estes nomes, quase nada aparece em inglês. A razão porque este quadro me atraiu foi pelo humano exercício (e chekoviano) de divagarmos em imaginação de como é que no futuro nos poderão ver. Como é que daqui a cinquenta anos se olhará para o que somos , o que fazemos, como vivemos? Eu já não generalizo, mas fico-me com os intelectuais, com os litterati, que somos quase todos os que escrevem aqui – os émulos menos talentosos dos veraneantes dourados de Skagen. O quadro responde-nos, porque Benzon, e os Kroyer fizeram certamente a mesma pergunta. Assim. Fomos nós? Somos nós. Sem a pintura. (url)
© José Pacheco Pereira
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