ABRUPTO

29.8.03


MAIS E MAIS SOBRE OS FALARES , DOS LEITORES DO ABRUPTO

Vários leitores do Abrupto acrescentam novas informações e correcções às notas publicadas.

A. Marques acrescenta à nota sobre o galego:

A propósito do seu «post», permito-me dizer que a falta de entendimento que, a final, se verificou entre o «labrego» (sem sentido pejorativo, para além do Rio Minho, como se sabe) e a locutora, é devido ao facto de aquele falar português (simplesmente!) e esta falar «castrapo».
A locutora tem a sua TV Galicia; o «labrego» merecia uma TV-Galiza.


Bruno Toledo comenta o “inglês” do texto que transcrevi do Parlamento Europeu

As conclusões são muito interessantes, só tenho pena que o estudo realizado no parlamento europeu pelo Eurobarometer contenha tantos erros de escrita e de sintaxe. Como professor de Inglês e cidadão europeu, não percebo como é que um documento oficial consegue ter tantos erros! No que concerne à informação sobre Portugal o primeiro parágrafo é um tiro no pé! "There is marked the interest for television, the 98.7% of citizens in Portugal watch TV and only the 1.3% declare to doesn't watch it. (...)" Isto continua ao longo do capitulo com pérolas do tipo: "For the other hand there are more citizen female who follow the series and soaps than men are (60.9% & 12.)% respectively), but there isn´t difference from the sex"!”

Serão transmitidas as reclamações, aliás muito comuns, quanto à qualidade da tradução dos textos.

TORRE DE BABEL

O ambiente de Torre de Babel do Parlamento Europeu é um dos seus aspectos mais interessantes e atinge níveis sem paralelo com qualquer instituição deste tipo. A comparação com outras instituições internacionais mostra que elas são bem menos multi - linguísticas do que o PE , dado que o inglês é a língua franca. Também no PE o inglês, e, em menor grau, o francês, tem esse papel, mas como se pode usar a língua nacional em todos os debates há uma muito maior presença da variabilidade das línguas. Por seu lado, também os deputados, por deferência uns com os outros e porque o contacto permanente o induz, fazem um esforço de falar nas respectivas línguas. Num pequeno trajecto entre a sala das sessões e o gabinete, é possível começar em inglês, passar pelo francês e, no elevador, falar em espanhol ou italiano. E funciona, é de facto possível, ter uma instituição genuinamente multi –língua , sem perda quer da identidade cultural das línguas, quer da vivacidade dos contactos.

É, no entanto, muito caro. Uma parte importante do orçamento do PE é para tradução e interpretação e, com a entrada de novas línguas, levantam-se problemas gigantescos. Gigantescos é ainda aqui um eufemismo, porque imaginem o que é traduzir do maltês para o letão e do turco (língua oficial de Chipre junto com o grego) para húngaro, etc. , etc. Imaginem como é que uma sala fica para ter cabinas de interpretação para todas estas línguas, e a dificuldade de arranjar, por exemplo, juristas - linguistas para tratar os textos legislativos, ou de fazer uma delegação internacional em que os interpretes são mais que os deputados. Tudo isto serve de pretexto para um permanente pressão para reduzir o número de línguas de trabalho, mas, quando se chega à definição de quais são, entra o inglês, vem o francês, e logo a seguir espanhóis e alemães começam ao barulho e depois entram todos os outros.

Tenho sempre defendido que, numa instituição parlamentar deste tipo, o argumento da “eficácia” orçamental não tem sentido face à igualdade das nações nela representadas e que essa igualdade fica ferida se a sua identidade cultural, traduzida na língua nacional, fica subalternizada. Esta é também uma posição partilhada pela maioria dos deputados, mas há um permanente atrito, em pequenas decisões, sobre esta matéria. Mas eu acho que vale a pena pagar para que o meu colega checo fale a língua do bom soldado Svejk e ouça a de Camões.

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© José Pacheco Pereira
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