ABRUPTO

1.8.03


EARLY MORNING BLOGS 22

Mário Filipe Pires do Retorta escreveu-me sobre as horas de actualização dos blogues nocturnos:

Acerca da entrada que fez com a imagem dos anjos, queria dizer-lhe que as aparências podem iludir.
Embora pense que a maioria dos sistemas não o permite, no meu caso o Typepad permite definir a data de publicação de uma entrada, quer no futuro, quer no passado.
No meu weblog visual Lumen, deixo as entradas programadas para serem publicadas por volta da uma e um quarto da manhã, quando eu já estiver fora do computador.
É esse sistema que me vai permitir deixar entradas definidas quando for para férias. No meu weblog principal não conto fazer isso, mas tanto no Estética-metrica como no Lumen assim farei.”


Esta e outras questões sobre a manipulação do real no virtual têm uma dimensão crescente pela cada vez maior importância do mundo virtual, e pela maior eficácia das ferramentas de manipulação do real. Horas, lugares, fotografias, textos, identidades, autorias, personae, tudo pode ser manipulado no mundo virtual para parecer o que não é. Mas será que já era aquilo que parecia? E como é que o nosso desejo se liga, “se linka” entre o real e o virtual? Só com perda? Talvez com ganho? Onde, em cada linha electrónica, feita do “azul eléctrico” de que falam os Reflexos está escondida a “Hot babe” da Carta Roubada?

Exactamente porque esta fronteira ficcional é cada vez mais débil e entra cada vez mais para dentro do mundo dos átomos, é que no mundo virtual se vai poder “escrever” (”ver”,”viver”) as mais absolutas das ficções. A arte do futuro vai viver ali, naquelas dimensões imateriais tornadas carne visível pela fragilidade dos nossos sentidos. Para a arte não é novidade, para o homem que vive entre os signos também não, mas para as massas é a nova forma da Catedral. Razão tinha o sr. Naphta na Montanha Mágica – o mundo vai ser colectivo para os pobres, individual para os ricos. Cada vez mais.

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© José Pacheco Pereira
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