ABRUPTO

16.7.03


UMM KULTHUM

Vi, pelo Portugal dos Pequeninos, que passou na pátria um documentário sobre Umm Kulthum (os franceses chamavam-lhe Oum Kolsoum ), uma das vozes mais extraordinárias do século passado. Escrevi sobre ela um dos textos que era de facto pré-blogue, como outro sobre Mohamed Abdelwahad, al Mousiqar quando ele morreu, há uns anos atrás. É natural que nas secções de “world music” encontrem discos de ambos. Mas não é folclore, é grande, grande música.

Encontram aqui uma página sobre Inte Omri, uma das mais belas canções da dupla Kulthum, a cantar, e Abdelwahab a compor.

São quarenta minutos de emoção pura, com toda a representação quase operática, que este tipo de música pressupunha. Kulthum, de pé, com um lenço na mão, à frente de uma orquestra de cabaret ( depois de concerto), tudo trajado a rigor, abrindo com a longa introdução orquestral, precedendo o momento culminante da primeira linha do poema, “Ragaa’ouni a’einaik el Ayam illi rahou” , “os teus olhos levam-me para os dias que já não voltam” .

Nestas canções este tem que ser o momento perfeito, a entrada da voz, às vezes precedida de pequenos sons anunciadores. A voz tem que se abrir na sala como um profundo lamento, vinda , no caso de um poema como este, de uma dor muito intensa, magoada. O poema é importante, linha a linha repetido, uma longa lamentação triste e nostálgica.

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© José Pacheco Pereira
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