ABRUPTO

9.7.03


POR ONDE COMEÇAR … (Actualizado)

Pelo Companhia de Moçambique outro blogue que tem o mérito de não falar sempre das mesmas coisas.

Pelo mérito do Picuinhices que faz um trabalho precioso de liberal contradição com os lugares comuns e mentiras circulantes.

É por tudo isto que concordo com o Blog de Esquerda, a blogosfera está a melhorar :

"É um sentimento estranho. Volto a casa, após duas semanas noutra cidade (com um acesso mais limitado à internet), e parece que não reconheço a minha própria casa. Leia-se: a blogosfera. Alguém mudou os móveis de sítio, deitou fora a pilha de jornais que estava ali no canto e trocou a ordem dos talheres nas gavetas da cozinha. O corpo da casa é o mesmo, claro, mas está diferente. Foi ampliado. Tem mais caves, mais sótãos, inúmeros acrescentos, projecções, anexos no quintal. Alguém deitou paredes abaixo, construiu novos corredores e mobilou quartos vazios que nunca tinha visto antes. Há muito mais portas que apetece abrir todos os dias, essa é que é essa. E eu vou precisar de um porta-chaves maior. Além de uma bússula."

Pela crise do primeiro mês: vários blogues têm uma crise do primeiro mês. Começam com grande entusiasmo e, ao fim de um mês, interrogam-se. É natural que uns acabem e outros mudem. Mas é interessante saber se os blogues mais antigos também tinham essa crise ao fim de um mês ou se era mais tarde. Ou se não tinham. Saber se a data em que se entra para a blogosfera conta para a duração do blogue ou para a sua "crise existêncial".

O que é que aconteceu à Piolheira ? Pelos escassos dias em que existiu percebia-se que sabia o que estava a fazer.

Pela censura. Um aspecto interessante de algumas reacções ao que escrevi sobre os incidentes com Berlusconi é a clara, evidente, quase explicita, sugerida vontade de censura. Aquilo que escrevi irritou muita gente que preferia que o incidente Berlusconi não fosse conhecido no contexto, mesmo quando eu nunca o justifiquei pelo contexto. Que bom que seria, que cómodo, se eu não tivesse escrito o que escrevi, ainda por cima citado pelo Público.

Há um aspecto sinistro de algum debate em Portugal que é a vontade de censura do outro. Não se trata de critica-lo, de discordar, de até irritar-se com o que ele diz, trata-se de ter uma vontade indisfarçável de que ele não fale, de que ele não possa falar. Há gente que muito mais do que irritar-se com o que eu digo, irrita-se por eu o poder dizer. Há muita gente, demasiada gente, que não gosta mesmo da liberdade, que se dá mal com a liberdade.


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© José Pacheco Pereira
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