ABRUPTO |
semper idem Ano XIII ...M'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO ... (Sá de Miranda) _________________ correio para jppereira@gmail.com _________________
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26.7.03
EARLY MORNING BLOGS 17
A ameaça de execução escrita nesta parede foi fotografada por mim em Gernika numa viagem de solidariedade que fiz com a luta dos bascos contra o terrorismo. Numa das primeiras notas do Abrupto, escrita num momento politicamente importante dessa luta para os bascos, reproduzi um apelo internacional de intelectuais a acções de solidariedade, que tinha subscrito, convencido que haveria resposta pelo menos neste meio. A blogosfera, que não tinha falta de causas entusiastas em tudo que era página, permaneceu indiferente. Foi, se quiserem, a minha primeira desilusão. Não era que não houvesse repúdio do terrorismo basco, era que, quando não há bombas, o aspecto político da luta contra o medo e pela liberdade no País Basco interessa pouco os portugueses, a começar pelos órgãos de comunicação social. Vem tudo isto a propósito do artigo de Helena Matos no Público “Nacionalismo Basco: o Medo Aqui Tão Perto” que analisa este mesmo tipo de silêncio e cujas conclusões subscrevo inteiramente: “Habituados como fomos a associar a luta pelas independências à luta pela liberdade, esquecemos que à visão romântica dos nacionalismos do século XIX há que juntar a experiência dos totalitarismos do século XX: estes usaram o nacionalismo e não raramente a Igreja para reforçarem o ódio ao estrangeiro e o desprezo pelas instituições democráticas. É esta última face do nacionalismo que, dia a dia, se impõe no País Basco. É essa face que viram Savater, Gotzone Mora e López de Lacalle. É essa face que às vezes, em Portugal, fazemos de conta que não existe. Talvez porque seja demasiado perto.” * Leio os Estudos sobre a Ordem dos Pregadores, um blogue discretíssimo, sobre “pregadores” , frades, freiras, ordens religiosas. É um mundo bem longe do nosso olhar e que conheci na minha infância e adolescência por causa de uma minha tia-avó que era freira Doroteia, “madre Pacheco”, e que era uma força da natureza. Começara a sua vida religiosa como enfermeira na I Guerra Mundial na frente belga, e depois, como tinha jeito para o desenho, ensinava nos colégios das Doroteias e pintava “santinhos”. Dela resta a memória e os “santinhos”, delicados e ingénuos, com tons de ouro nas vestes como nos quadros de Fra Angélico. Milhares e milhares de homens viveram assim, numa forma tão estranha para a nossa contemporaneidade que parecem não ter biografia. Fizeram-se frades e freiras e desapareceram do “século”. O que se retrata aqui é que eles têm biografia, não são apenas “enxame”. A segunda observação, lendo a SERIES MAGISTRORUM ORDINIS PRAEDICATORUM, é a confirmação pela longa lista de nomes, do século XIII aos dias de hoje, franceses, italianos, irlandeses, espanhóis, de como qualquer história da Europa sem uma referência ao cristianismo como elemento formador da identidade europeia, não tem qualquer sentido. (url)
© José Pacheco Pereira
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