ABRUPTO

10.7.03


DE NOVO DE VOLTA A CAMUS (Actualizado)

Contrariamente àqueles que pensam que me distraio muito com os blogues, que “perco tempo” , ou até que não cumprirei as minhas obrigações por causa dos blogues, nada disso acontece. Escrever (e ler) é uma parte tão constante do que faço que não me custa nada manter o Abrupto. O único preço que “pago” é o tempo que ganho por não achar muito interessante a vida social, nem o exercício da má língua colectiva, actividades que passam por “diversão” nos nossos dias . Eles não sabem, nem sonham como me divirto.

Mas hoje distrai-me. Não fiz o que queria e a culpa é do blogue, do blogue de Camus. Peguei nos Cadernos, que tinha lido, segundo uma nota a lápis que lá estava num deles, bem dentro do século passado , em Fevereiro de 1968 em Braga, e não os consegui largar. Não há página que não seja fascinante, que não tenha mil ideias para andar para a frente, umas que Camus desenvolveu, por exemplo no Mito de Sísifo e no Estrangeiro , outras que ficaram pelo caminho como seu projecto de escrever um D. Juan . A minha tentação era criar um novo blogue e pôr os Cadernos em linha.

Depois lembrei-me de melhor. Que eu saiba, os Cadernos estão esgotados há muitos anos e não há versão portuguesa acessível. Não sei como é com os direitos de autor. Não quererá o nosso editor fazer uma nova edição com os textos integrais ou uma antologia, ou excertos seguidos de comentários por gente dos blogues literários, filosóficos, religiosos, políticos , que poderiam escolher determinadas partes e fazer uma espécie de hiper texto? O tipo de escrita de Camus e dos blogues é comunicante. Dava um grande livro e até podia ser feito em linha, com um responsável, ou uma equipa e um blogue dedicado e moderado e depois ser publicado em papel.Penso que seria uma experiência inédita.

*

Nelson de Matos já respondeu nos Textos de Contracapa.
Jose Carlos Santos que me descobre as gralhas ( e os erros) todas, verificou que faltava um ponto de interrogação (já lá está) e lembrou um texto de Woody Allen chamado «Reminiscences: Places and People» que termina com esta passagem:

"Maugham then offers the greatest advice anyone could give to a young author: "At the end of an interrogatory sentence, place a question mark. You'd be surprised how effective it can be."

Obrigado.


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© José Pacheco Pereira
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