ABRUPTO |
semper idem Ano XIII ...M'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO ... (Sá de Miranda) _________________ correio para jppereira@gmail.com _________________
|
1.7.03
ARRUMAÇÃO DA CASA
Muito de interessante para mim e todos os leitores do Abrupto chega-me pelo correio. Nesta secção "arrumo a casa", sem desprimor, bem pelo contrário, para as sugestões e comentários mais avulsos. IMPACTOS DA INTERNET José Carlos Santos chama a atenção para "um aspecto do impacto da Internet na vida das pessoas que me parece que ainda não começou a ser estudado. Refiro-me ao impacto que tem na vida das pessoas que têm algum problema mental que lhes cause sofrimento e que, graças à Internet, descobrem que não são as únicas a tê-lo. Quem fizer uma busca na Internet por Prosopagnosia ou por Síndroma de Asperger, por exemplo, encontrará imensos relatos de pessoas que se sentiram muitíssimo aliviadas por descobrirem que o seu problema não só é partilhado por muitas outras pessoas como, ainda por cima, é algo que já se encontra diagnosticado. " "E EU TAMBÉM TENHO DIREITO A UM MOVIMENTO SOCIAL?" "Luhuna C." transcreve um "panfleto anarquista" que teria sido "distribuído" no FSP. Não sei se é verdadeiro ou falso, pode ser aquilo que antigamente se chamava "provocação", mas tem o tom certo e merece registo. "Os jovens perguntam ao fórum: O que querem os movimentos antiglobalização? A utopia do pós-tardocapitalismo? O capitalismo da utopia? Porque é que agora são alterglobalização e não anti? Porque é que se sujeitam assim aos jogos de linguagem e de conceitos do poder? Porque é que agora o Euromarche se chama Carrefour? O que é a alterglobalização e onde a posso comprar? No palmeiras ou no vitória? E não me estarão a vender gato por lebre? Ou anti por alter e alter por anti? E quem é o director de marketing? É aquele brasileiro? E onde começaram? Num editorial do Ramonet nas selecções do reader’s digest? Num editorial do bibi no Le monde diplomatique? Ou nas ruas escondidas e praças destruídas de outras cidades (muito antes de a SIC noticias vos avisar ou o BE/PC vos autorizar)? A attac detém agora os direitos de autor e de concessão de franchise? Posso arrotar à mesa e comer com as mãos e continuar a ser cidadão? E os movimentos sociais o que são? Existem para lá de histórias que nos contam bardos? Serão um oásis ou S. Sebastião multiculturalizado? E o que querem os movimentos sociais? A sua fatia do tardocapitalismo? A sua tarde ao sol na fatia do capitalismo? Um outro capitalismo é possível? Uma outra possibilidade é capitalizável? E eu também tenho direito a um movimento social? E a um blog? Serão os movimentos sociais anjos da guarda reificados? E aquilo que se faz assim para frente e para trás, pimba pimba, também pode ser considerado um movimento social? Será (seria) o fórum social uma gigantesca orgia? Ou uma passerelle da esquerda gourmet el corte inglês? Há after-hours no Lux? Vai haver t-shirts à venda? E qual é o quociente de paternalismo e de sentimentos de culpa presente nesta cena toda? Dado a sua contribuição ao melhoramento da sociedade deverá o estado começar a subvencionar os sociólogos e historiadores presentes? E poderíamos aplicar uma taxa tobin ás transferências de jogadores de futebol para pagar aos sociólogos e historiadores presentes? O Deco estará presente no FSP? E os “violentos”? Destruirão eles o movimento? Criaram eles o movimento? Qual é mínimo de horas que tenho de estar no FSP para depois me poder assumir enquanto participante nele? Uma tarde chega? Poderá o lugar deixado vago por Carlos Cruz e Herman José ser ocupado pelo Boaventura e pelo Carvalho da Silva? Poderá o Boaventura apresentar a roda da sorte? E quem seria a Rute Rita? (eu sei, vocês sabem?) E quem é que poderia ocupar o lugar do Paulo Pedroso (eu também sei, vocês também sabem?) E se não fosse a ingenuidade dos jovens e a velhaquice dos velhos existiria FSP? E o FSP quer um piquenique ou uma revolução? Poderei dançar o electroclash no FSP? Poderá afinal a revolução aparecer na televisão (no mínimo no “acontece”)? Paremos este mundo, uma outra guerra é possível. Todos os nãos, um único sim. Os filhos de Bragança." DISCORDÂNCIAS VÁRIAS COM NOTAS DO ABRUPTO JBC sobre o "Horror ao vazio" "Atrevo-me a escrever-lhe para lhe lembrar que os seus amigos liberais norte-americanos não são menos "regulamentadores" que os legisladores europeus e quando fala de controle de comportamentos penso imediatamente nas disposições legais da Administração, seja local, estadual ou federal, sobre o controle do tabagismo." João Correia discorda do que escrevi sobre futebol: "A sua luta contra o futebol é antiga mas será infrutífera, porque o lazer é um bem que os humanos sabem desfrutar. A sua campanha contra o Euro 2004, assim como a do governo, não convence e tem como base uma falácia, o custo que o orçamento do Estado suporta. Devo-lhe dizer que não sou nenhum entendido na matéria, nem especialista em contas do estado, mas acompanho a actualidade e gosto de assistir a um bom jogo de futebol. Pelo que tenho sido informado dos cerca 600 milhões de contos que foram assinados nos contractos-progama dos 10 estádios para o Euro 2004 só cerca de 130 milhões é que serão comparticipados pelo governo. Como os empreiteiros vão pagar ao governo só dos contratos-programa cerca de 115 milhões de contos à cabeça de IVA, restam cerca de 20 milhões de contos que serão cobertos pelos cerca de 95 milhões que o governo (70%) irá receber da comparticipação dos fundos da União Europeia. Pelo que me parece o negócio é para o governo e não para os Clubes. Isto sem contar com efeito alavanca que a economia sofre com o desenvolvimento destes investimentos assim como o efeito do evento quando este tiver lugar com os milhões de pessoas que se deslocarão pelo país. Quanto aos desvios aos contratos-programas parte deles já estavam previstos, porque estes foram calculados com base no número de lugares dos respectivos estádios, mas de qualquer forma serão suportados pelos Clubes. " Filipe Figueiredo escreve sobre a "presença (ou ausência) da história" : "Lá diz que: "Os nossos jornais e a restante comunicação social também não reflecte sobre a história, sobretudo porque a desconhece ou porque possui delas ideias gerais". Posso concordar em parte mas não na totalidade. É que existe uma revista na imprensa dedicada apenas à história e que tem esse mesmo nome: História. De seguida existe todos os dias no jornal de noticias( e noutros) um pagina/meia pagina dedicada a alguém ou algum acontecimento Histórico importante. Na revista do Expresso e do Público (ao Domingo) há também sempre uma folha/duas dedicadas ao mesmo. Inclusivé na revista máxima é colocada um biografia em todas as revistas. Além disso, existe um canal na TV Cabo ( e cada vez mais a população portuguesa adere à TV Cabo) sobre História. Na TV2 passam excelentes documentários Históricos (Sinais do Tempo e o Lugar da História) mais o programa semanalmente transmitido pelo Professor Hermano Saraiva. Muitos destes artigos e programas não são de ideias gerais mas de estudos por vezes profundos, o que prova que eles conhecem. E mais exemplos poderia dar mas penso principalmente que quem mais deve reflectir sobre história são as pessoas e não a comunicação social, especialmente no seguinte sentido: Em certas situações que aconteceram no passado e que às vezes nos confrontamos novamente, ela (comunicação social), deve fazer esse exercício de recordar o que fizemos e as acções que tomamos "da outra vez" , para agora reflectirmos e voltar a decidir. Em muitos casos deve mostrar mas nunca deve determinar o caminho. Quando diz: "Pensar a história implica conhecê-la bem e, para isso, precisamos de tempo, disciplina, vontade, gosto, precisamos de compreender a sua importância" , penso que a "vontade" e o "gosto" partem quase sempre de cada um e não é a escola (pelo menos esta) que consegue impor ou despertar a vontade. Ela pode despertar para aprendermos mais sobre ela. Mas se não desperta......acontece o debitar nos exames aquilo que se ouviu e os alunos tiram uma boa nota. E mesmo quando desperta, não é esse despertar que faz tirar uma boa nota." A Maria José Vasconcelos acha que no "Estado do Abrupto (Junho 2003)" o "pico" asiático é de Timor e não de Macau, e deve ter razão. ESTRADAS, PEDREIRAS E BLOGUES suscitaram muito correio que será tratado à parte. (url)
© José Pacheco Pereira
|