ABRUPTO

28.2.05
 


AR PURO


Constable
 


A IND�STRIA DO COMENT�RIO

1. H� hoje uma ind�stria de falar / escrever sob a forma de coment�rio que faz parte das novas tecnologias e �, meus caros amigos e inimigos, uma �ind�stria de ponta�. � como essa outra tecnologia dos nossos dias a produ��o do humor, outra �ind�stria de ponta�, florescente em tempos deprimidos como os nossos. Como acontece numa sociedade industrial moderna, h� fluxos entre os diferentes sectores de produ��o: da pol�tica tradicional para o coment�rio, da publicidade tradicional para o humor como publicidade, das artes do espect�culo para a pol�tica, da televis�o para a ind�stria �cor-de-rosa� (outra ind�stria �de ponta�), da escrita blogu�stica para a escrita dos jornais. Em todos estes casos h� tamb�m um vice-versa.

2. Eu fa�o parte da ind�stria de falar. N�o s�, mas tamb�m. Perten�o portanto a uma economia assente num mercado aberto onde os bens s�o escassos. Logo, na minha ind�stria, a competitividade � feroz e ainda bem. � o que ainda a faz de �ponta�, com todas as felizes ambiguidades do termo. A ind�stria agrega acad�micos, empres�rios, pol�ticos no activo (os que esperam ir a votos no quadro de leg�timas ambi��es) e interessados pela pol�tica, jornalistas, escritores, advogados, professores num estatuto de igualdade. Alguns acad�micos pensam que quando opinam t�m regras diferentes dos empres�rios, mas enganam-se. Na ind�stria do coment�rio tudo se mede pela qualidade da opini�o, que � obviamente refor�ada pelas compet�ncias a montante e a jusante, mas n�o � por elas legitimada. O mesmo tipo de ilus�es existe nos pol�ticos e nos jornalistas, mas opini�o mede-se contra opini�o.

3. Sendo uma ind�stria altamente competitiva, ainda tem vindo a tornar-se mais �selva� com o alargamento do espa�o p�blico com os blogues, que democratiza o acesso ao mercado e acentua ainda mais a competitividade. No mercado ela assenta na qualidade do falar que se mede por dois par�metros: a audi�ncia e a influ�ncia, que podem n�o ser coincidentes. H� produtos com audi�ncia que n�o t�m influ�ncia e vice-versa. � interessante analisar a mesma diverg�ncia na blogosfera, onde ela pode ser comparada pela diferen�a entre os �ndices de leitura e as cita��es.

4. Os ludditas querem manter uma closed shop para o coment�rio (quotas, �contradit�rio�, elocu��o apenas partid�ria, vozes oficiosas, l�gica institucional) e reflectem no fundo a sua perda de mercado de audi�ncia e de influ�ncia. H� ludditas no jornalismo, nas universidades, nos partidos pol�ticos, nos empres�rios. T�m a nostalgia de um mundo ordenado, de que eles s�o ou os produtores da ordem ou os pol�cias da desordem. Divulgam a ideia que a ind�stria do coment�rio produz pervers�es, subvers�es e perturba��es, em suma, inutilidades perigosas que nenhuma falta fazem. � falso: a ind�stria do coment�rio produz controv�rsia, racionalidade, e �s vezes, imagina��o e um olhar fresco. N�o � tudo, nem pretende ser tudo, nem se substitui a outras ind�strias e actividades c�vicas, mas � uma parte indissoci�vel do espa�o p�blico da democracia, que sem �opini�o� respiraria com dificuldade.

(Continua)
 


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: CONTA, PESO E MEDIDA

Conta, Peso e Medida: a ordem matem�tica e a descri��o f�sica do mundo � uma exposi��o de obras antigas (dos s�culos XV e XVI) sobre temas de ci�ncias f�sico-matem�ticas e disciplinas afins que inaugura a 2 de Dezembro de 2004, na Biblioteca Nacional, em Lisboa, e estar� patente ao p�blico at� final de Fevereiro de 2005. Com a realiza��o desta exposi��o a Biblioteca Nacional associa-se �s comemora��es de 2005, Ano Internacional da F�sica. �

Fui ver esta exposi��o � Biblioteca Nacional. S�bado, fim da manh�. A porta principal da BN est� toda fechada com um papel branco a indicar a entrada por uma das portinholas laterais. Decifrada primeira parte do labirinto, entramos. � frente v�rios obst�culos (mesas, vasos e depois umas barreiras �tipo metropolitano�), ao fundo � esquerda um balc�o onde, muito a custo e depois de in�meras perguntas para percebermos como � que funciona, se � ali, se paga ou n�o, como � que se entra (todas respondidas com enigm�ticos monoss�labos), nos � aberta a passagem. Avan�amos felizes, chamam-me para me dizerem que tenho que entrar num compartimento ao lado e deixar a minha mala num cacifo onde tenho que introduzir uma moeda de 1 Euro - no fim devolvemos - para fechar o cacifo e guardar a chave.

Conclu�da a opera��o, partimos � procura da exposi��o. Novo chamamento: - Tem que ir pelo elevador que � aqui. O espa�o � claustrof�bico e pouco convidativo. As crian�as t�m que se esticar para ver os livros n�o conseguem ver e � a livraria, aos S�bados est� fechada, por isso n�o pudemos comprar o cat�logo da exposi��o. Aproveitamos para ver a sec��o de peri�dicos mas �os meninos n�o podem entrar�.
- Nem mesmo se n�o fizermos barulho e n�o mexermos em nada? Nope! (A outra sala de peri�dicos, a de acesso livre� est� fechada aos S�bados.)

Dizer mal � f�cil, bem sei. E � melhor haver esta exposi��o do que n�o haver nenhuma. � melhor haver Biblioteca Nacional do que n�o haver. E a exposi��o � obviamente interessante, embora eu n�o conhe�a ningu�m que l� tenha ido. (Ou, se calhar foram mas ainda andam perdidos pelos corredores vazios e bafientos � procura dela.)

Havia um grupo a visitar a exposi��o guiado por um respons�vel, penso que da BN. No fim discutiu-se a nossa falta de interesse pelas �artes� de contar, pesar e medir, pelas ci�ncias em geral. Que exposi��es como esta, para al�m do gosto pelos livros, podem ajudar a ultrapassar. Isto depois de ultrapassarmos teimosamente todos os obst�culos que a pr�pria Biblioteca Nacional coloca ao nosso interesse pela exposi��o. � estranho � tanto trabalho para a organizar e depois parece que n�o querem que l� vamos.
Como sou teimosa, hoje vou l� comprar o cat�logo da exposi��o. (Ah, e a exposi��o foi prolongada at� 5 de Mar�o.)

(R.M.)


*
Congratulando-nos com o relevo dado � exposi��o Conta Peso e Medida, que tem estado patente na Biblioteca Nacional, e ao respectivo cat�logo, permitimo-nos fazer alguns esclarecimentos. Assim:

1 � O guia das v�rias visitas organizadas que se realizaram foi o Prof. Henrique Leit�o, da Faculdade de Ci�ncias de Lisboa, que foi o coordenador cient�fico da exposi��o e do cat�logo.

2 � As crian�as n�o podem entrar na sala de leitura de peri�dicos, ou em qualquer outra das salas de leitura da Biblioteca, pela simples raz�o de que tal n�o � compat�vel com o interesse dos investigadores que l� se encontram a trabalhar.

3 � O espa�o para exposi��es, n�o sendo �claustrof�bico�, est� pensado especificamente para mostras de livros e documentos, muitas vezes raros, o que implica obedi�ncia a normas universais em mat�ria de preserva��o.

4 � � semelhan�a do que acontece em bibliotecas cong�neres de todo o mundo e em institui��es que t�m � sua guarda bens patrimoniais, o acesso � Biblioteca Nacional � expressamente condicionado.

5 � A entrada na Biblioteca faz-se por um dos m�dulos da porta principal, a fim de se resguardar o �trio de entrada, sobretudo durante o Inverno, e n�o por uma qualquer �portinhola� lateral, que, de resto, n�o existe, como qualquer visitante poder� confirmar.

Ressalvados estes aspectos, que fazem, afinal, a diferen�a entre uma biblioteca nacional e uma biblioteca p�blica ou uma ludoteca, todas as cr�ticas s�o bem vindas e todos os visitantes, por maioria de raz�o, bem acolhidos.
(Biblioteca Nacional - �rea de Rela��es P�blicas)

*
Embora trabalhe no �mbito dos museus percebo perfeitamente o ponto de vista do senhor R.M. e surpreende-me deveras a resposta da �rea de Rela��es P�blicas da Biblioteca Nacional. Seguramente n�o est�o a desempenhar correctamente a Vossa tarefa porque sen�o:
Teriam a entrada devidamente sinalizada;
Teriam um balc�o/bilheteira espec�fico;
Teriam uma sala de exposi��es tempor�rias junto � entrada permitindo que o p�blico da exposi��o n�o necessitasse de subir os v�rios pisos da biblioteca (ou circular por outras �reas dela) para chegar � exposi��o (julgo que a sala da �rea de Rela��es P�blicas poderia ser uma excelente escolha, n�o teve j� essa fung�o?);
Teriam um local de venda de cat�logos integrado na zona da exposi��o.
Como nada disso existe, fica a sensa��o de que a Biblioteca Nacional andou a gastar dinheiro dos contribuintes para organizar uma exposi��o que s� serve para distrair os investigadores residentes, nos per�odos em que esperam pelos livros mas, nesse caso, n�o seria mais simples prescindirem de publicitar a iniciativa? De qualquer modo, por favor, n�o tratem de forma sobranceira quem ainda n�o tinha tido oportunidade de ir � Vossa institui��o, afinal n�o � ela de n�s todos?
(P.B.)

*
Neste S�bado 26/Fev. � tarde, ao sair da exposi��o referida considerei enviar-lhe umas notas sobre a experi�ncia. A motiva��o para a escrita seria unicamente o conte�do em si da exposi��o e n�o as conting�ncias do acesso a ela. O impulso para a nota a enviar provinha nessa tarde da emo��o vivida na exposi��o, sobre a qual, com pena, n�o tinha visto qualquer refer�ncia at� essa data. Vi que a exposi��o foi referida, embora o foco de aten��o se tenha desviado para um aspecto, importante, mas que no meu caso foi suplantado pelo prazer da visita.

Para quem cresceu a ler divulga��o cient�fica (obrigado a Guilherme Valente da Gradiva), a exposi��o emociona. Mas n�o s�. Ela lan�a-nos mais informa��es pela simples observa��o dos livros. A informa��o surge nas formas; nas datas de edi��o; nos detalhes e no esfor�o das ilustra��es t�cnicas; nas l�nguas das escritas (Grego, Latim, Castelhano, Italiano - antes de S�bado julgava, erradamente, que Galileu teria sido muito revolucion�rio na escolha da l�ngua; vi que uns 50 anos antes do "Saggiatore" e dos "Di�logos" j� v�rios faziam a divulga��o cient�fica na l�ngua das massas), nas formas das edi��es (impressionaram-me os pequenos volumes para estudantes universit�rios quinhentistas). Em suma, a beleza e a utilidade unidas, geradas pelo interesse de alguns e pela necessidade pr�tica de muitos (destaca a constru��o civil, militar, e a navega��o).

O pr�prio destaque dado na organiza��o do espa�o faz crer que o mais apelativo sejam os v�rios exemplares com as primeiras edi��es dos livros (leia-se cap�tulos, hoje) do "Elementos" de Euclides (abertos em figuras do teorema de Pit�goras, nessa altura j� a caminho dos 2 mil�nios) ou o "Almagesto" de Ptolomeu, ou, uma 2� edi��o do "De Revolutionibus" de Cop�rnico, aberto na figura helioc�ntrica. Por�m, para mim, o que mais funciona � o conjunto e as surpresas. Quando me dirigi para l� pensava que a exposi��o abarcaria o s�c. XVII, ou seja esperava ver alguns "Galileus" ou um "Principia". A exposi��o foca contudo o s�c. XV e, majorit�ria e necessariamente, os quinhentistas. O que para mim ficou foi a sensa��o de como os autores dos livros sentiam a necessidade puls�o de os fazer publicar. Na medida da �poca � certo, mas sente-se a urg�ncia e o desejo da divulga��o, na sucess�o de datas de publica��o, como se a rajada estivesse contida h� muito. Havia quase tudo por fazer. Como sempre. Foi bom ver as primeiras edi��es impressas dum funesto Bo�cio (muito lembrado por si), de Arquimedes (tamb�m assassinado, mas com morte menos brutal - apenas uma espada romana) mas tamb�m de Vitelio ou Tartaglia, nomes menos famosos que t�m o seu lugar na mem�ria de quem gosta da chamada cultura cient�fica.

O que a leitora relatou � poder-se-ia imaginar f�cil de ocorrer, bastando para tal que o seguran�a do momento fosse do tal tipo monossil�bico, uma vez que n�o vi nada escrito. Tem de se perguntar tudo. Na entrada fica a sensa��o de se estar a tentar fazer "algo de esquisito". Tamb�m eu fui nesse S�bado, mas de tarde. Fui na �ltima hora da exposi��o, antes de encerrar. Tamb�m eu me atrapalhei na porta principal de vidro e no percurso que ela imp�e. Logo ap�s a porta de vidro, o que surpreendeu foi a falta de indica��es. "Seria aqui mesmo?", d�vida instant�nea. Tinha pouco tempo para a hora de fecho, sabia, portanto indiquei sem delongas a um senhor solit�rio duma empresa de seguran�a se ainda poderia visitar a tal exposi��o. Foi simp�tico, indicando o pouco tempo que faltava. Vi uma s�rie de controlos de acesso do tipo de entrada de supermercados (a imagem de metropolitano tamb�m serve, embora n�o do de Lisboa) mas afinal seria mais simples: o senhor carregou num bot�o e um acesso lateral abriu-se. "-Entre nesse elevador e prima o 2.", ainda ouvi. Rapidamente estava na exposi��o. O estranho era o vazio de pessoas. Uma exposi��o sem ningu�m. A 20 minutos do suposto fim, mais duas pessoas surgiram. Vi a exposi��o at� l� surgir em cima o mesmo seguran�a, novamente simp�tico, indicando-me que tinha de fechar, j� eram 17h. Mas deu-me a boa novidade: "-Olhe que a Direc��o decidiu prolongar mais uma semana a exposi��o". Retirei a �ltima brochura da exposi��o, folheei o livro de coment�rios de outros visitantes (li quem notasse o mesmo vazio de gente noutros dias) e desci, agora pelas escadas, tendo desta vez uma menina da seguran�a a carregar no bot�o que abriu a portinhola de alum�nio. "Perdi-me" novamente na porta-labirinto da sa�da. Fiz muito bem em ter ido e no fim precisava de mais tempo para ver tudo melhor. Fiquei feliz com o prolongamento da exposi��o e irei l� voltar durante esta semana. Espero poder comprar um cat�logo.

Muito obrigado � organiza��o por terem elaborado esta exposi��o, mas as notas do leitor P.B. t�m sentido. O acesso � invulgar para uma exposi��o aberta a todo o p�blico. Soube da exposi��o numa not�cia de jornal fui ver mais no site na p�gina da BN. N�o esperava ter me sentir um pouco � entrada como um estranho que quer entrar em casa alheia. O que os visitantes sentem n�o � o excesso de vigil�ncia (eu achei que ela � de menos). � certo que em tanto lado da Europa e EUA at� pelo detector de metais passamos, contentes. Mas h� gente, rebuli�o, setas, sorrisos.
Tal como a leitora R.M., tamb�m eu n�o conhe�o mais ningu�m que l� tenha ido. Como � que a Gradiva subsiste por c�, � que algo que desde crian�a me pergunto.
(Francisco Monteiro)

*
N�o pude nem poderei ver a exposi��o, mas o que me chamou a aten��o no post de RM e na resposta da Bilblioteca Nacional foi a extraordin�ria presen�a e for�a do Abrupto. Presumo, pela maneira como est�o redigidos, que os coment�rios de RM apenas tenham sido enviados para o Abrupto, e n�o, por exemplo, como um mail para a BN, com c�pia para o Abruto. Acho fant�stico que quase imediatamente surja uma resposta - boa ou m�, neste caso � irrelevante - das Rela��es P�blicas da BN. Isto confirma, se confirma��es fossem precisas, que o Abrupto tem realmente uma presen�a enorme na comunica��o. Essa presen�a implica, por um lado, que os coment�rios chegam aos "destinat�rios" e, por outro, que os "destinat�rios" se v�m obrigados a reagir. Claro que a fun��o do Abrupto n�o � ser o "muro das lamenta��es" da sociedade portuguesa, mas tenho raz�es para desconfiar que se RM se tivesse limitado a enviar um mail ou uma carta � BN com as cr�ticas que suscitou no Abrupto, ficaria talvez sem resposta. Na Su�cia esta fun��o � preenchida pelos jornais di�rios "s�rios" t�m uma a duas p�ginas de correio de leitores, onde se publicam cartas, ou excertos, sobre os mais variados assuntos. Umas vezes geram-se debates sobre determinadas quest�es, outras vezes apresentam-se cr�ticas e, mais raramente, louvores. O certo � que quando se criticam empresas, institui��es, servi�os p�blicos, por exemplo, os visados s�o praticamente "obrigados" a reagir, e muitas vezes a alterar o seu comportamento. � uma arma fabulosa!
(Madalena Ferreira �hman)

*
Em 12-01-2005 fui � Torre do Tombo ver a B�blia dos Jer�nimos e depois descai e fui ver as exposi��es que estavam presentes na B.N. N�o senti as dificuldades que referiu e fico surpreendido como encarou as medidas de seguran�a,imperiosas num tipo de institui��o que alberga um patrim�nio valioso e insubstitu�vel,que � de todos n�s,e que s�o assumidas em todas as cong�neres,espalhadas pelo Mundo. O �nico pequeno sen�o foi os 30 m.que tive de esperar para ver a ex. sobre Portugal e o Oriente,por na altura o Prof.H.J.Saraiva estar a gravar o programa,que dias depois passou na "2". Efectivamente,�s vezes dizer mal � f�cil!

PS. Durante os 90 m.de presen�a na B.N.,fui o �nico visitante das exposi��es,mas j� estou habituado,pois h� quatro ou cinco anos,quando visitei o Museu da Electricidade,percorri-o absolutamente sozinho,ao longo de 3h.

(A.L.B.Barrinhas)
 


A LER

Tarde e Mal de F�tima Bonif�cio no P�blico, para quem ainda anda em jogos de desculpabiliza��o e n�o quer admitir, perceber, compreender, aquilo que de uma vez por todas, de forma clar�ssima, os portugueses "disseram" numas das elei��es mais transparentes na sua interpreta��o desde o 25 de Abril.

"Chickening Out- Fear and loathing in the academy: Ward Churchill faces the dilemma of the holy whore" por Curtis White no Village Voice.

"Ce mot de "Shoah", par Claude Lanzmann" no Le Monde.
 


EARLY MORNING BLOGS 440

Se�ales del fin del mundo - Primera se�al: pierde el gusto.


En cuanto manjares de grande sabor
se mantiene el mundo de necesidad;
el uno es justicia, el otro verdad,
el otro es la fe, el otro el temor.

Y pues perdi� el gusto de este su dulzor,
y a tales manjares cobr� tal fast�o,
ya os juro, se�ores, neste h�bito m�o,
que nunca jam�s sane su dolor.

�Oh mundo, se�al es de tu perdimiento
perdieres el gusto de tantas dulzuras!
�Oh evangelios, santas scrituras,
c�mo os hacen molinos de viento!

Acud� al mundo, que est� en pasamiento,
no puede vivir, ya no gusta nada.

(Gil Vicente)

*

Bom dia!
 


BIBLIOFILIA: URBS TEMPLUM

Os livros escolares antigos podem ser enganadores porque est�o muitas vezes associados a realidades pedag�gicas que eles ocultam mais do que revelam. T�m tamb�m uma carga de nostalgia identicamente enganadora: os tempos antigos nunca podem ter sido melhores do que os de hoje. Em geral, em regra.

Mas depois suscitam um mal-estar evidente. Os estudantes aprendiam mesmo aquilo? Ou parte daquilo? Ou dez por cento daquilo? Porque se aprendiam sabiam infinitamente mais do que sabem hoje. (Exagero? Talvez n�o. O problema existe mesmo). Veja-se esta Res Romanae, o livro de latim �para a terceira classe� do antigo �secund�rio�, datado de 1923. Livro �nico, �oficialmente aprovado� e escrito por Xavier Rodrigues, professor do Pedro Nunes. N�o � apenas um livro de latim, contendo uma gram�tica, exerc�cios e textos, mas um �livro-m�todo�, com um longo pref�cio metodol�gico. No seu conjunto, � de facto uma introdu��o � �res romanae�, � hist�ria, religi�o, organiza��o social, institui��es, cultura e literatura dos romanos. Muito para al�m do que hoje aprendemos sobre Portugal, quanto mais sobre a Roma antiga.

(No livro um desenho do Senado, com a frase: "Urbs templum, inquit Cineas, Senatus concilium regum mihi esse videbatur")
 


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: WAKING LIFE

Devido aos tempos que correm aconselho vivamente a visualiza��o do filme "Waking Life" de Richard Linklater, do qual apresento um dos di�logos (ou mon�logos) do filme:

(Main character walking down the street with a man who is holding a can of gasoline).

Self-destructive man feels completely alienated, utterly alone. He's an outsider to the human community. He thinks to himself, "I must be insane." What he fails to realize is that society has, just as he does, a vested interest in considerable losses, in catastrophes. These wars, famines, floods and quakes meet well defined needs. Man wants chaos. In fact, he's got to have it. Depressions, strife, riots, murder, all this dread. We're irresistibly drawn to that almost orgiastic state created out of death and destruction. It's in all of us. We revel in it. Sure, the media tries to put a sad face on these things, painting them up as great human tragedies, but we all know the function of the media has never been to eliminate the evils of the world. No! Their job is to persuade us to accept those evils and get used to living with them. The powers that be want us to be passive observers. You got a match? And they haven't given us any other options outside the occasional purely symbolic participatory act of voting. You want the puppet on the right or the puppet on the left? I feel the time has come to project my own inadequacies and dissatisfactions into the socio-political and scientific schemes. Let my own lack of a voice be heard.

(He pours gasoline all over himself and lights himself on fire.)


("WAKING LIFE," Written and Directed by Richard Linklater)

(Paulo Raimundo)
 


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: MAIS A APRENDER DO QUE A ENSINAR

A noticia de que Ant�nio Guterres vai a Bagdad dar uma aula de democracia tr�s � mem�ria a sua frase v�cua de que "� preciso dar uma oportunidade � paz". Por essa altura o seu contributo na guerra contra o terrorismo (um contributo apoiado na descren�a quanto a uma democratiza��o do m�dio oriente). Por sua vez, a esta altura, os Iraquianos j� aprenderam que antes de mais nada a democracia se constroi com coragem e persist�ncia. Bem vistas as coisas Guterres tem mais a aprender do que a ensinar.

(Jo�o Santos Lima)

27.2.05
 


AR PURO


Constable
 


EARLY MORNING BLOGS 439

About Face


Because life's too short to blush,
I keep my blood tucked in.
I won't be mortified
by what I drive or the flaccid
vivacity of my last dinner party.
I take my cue from statues posing only
in their shoulder pads of snow: all January
you can see them working on their granite tans.

That I woke at an ungainly hour,
stripped of the merchandise that clothed me,
distilled to pure suchness,
means not enough to anyone for me
to confess. I do not suffer
from the excess of taste
that spells embarrassment:
mothers who find their kids unseemly
in their condom earrings,
girls cringing to think
they could be frumpish as their mothers.
Though the late nonerotic Elvis
in his studded gut of jumpsuit
made everybody squeamish, I admit.
Rule one: the King must not elicit pity.

Was the audience afraid of being tainted
--this might rub off on me--
or were they--surrendering--
what a femme word--feeling
solicitous--glimpsing their fragility
in his reversible purples
and unwholesome goldish chains?

At least embarrassment is not an imitation.
It's intimacy for beginners,
the orgasm no one cares to fake.
I almost admire it. I almost wrote despise.


(Alice Fulton)

*

Bom dia!

26.2.05
 


BIBLIOFILIA: QUANDO HAVIA AGRICULTURA...







... faziam-se livros destes: Ant�nio Lu�s de Seabra, A Oliveira. Projectos para a sua Cultura Racional. O livro � um pequeno tratado sobre olivicultura publicado em 1935. Duvido que houvesse muitos agricultores com esta capacidade de fazer uma cultura "racional", mas o esfor�o vinha em conjunto com a publicidade. O livro era uma iniciativa publicit�ria da CUF e da Imperial Chemical Industries (ICI), uma multinacional dos adubos, ambas grandes investidoras neste tipo de folhetos. Mas a capa denota a irrealidade, com aquelas camponesas vestidas como num rancho folcl�rico, quase a dan�ar no trabalho, sem qualquer sinal de esfor�o f�sico, como se os seus aventais chegassem para receber as azeitonas. Este mundo irreal � acentuado na contracapa onde um par parece namorar � volta de um cesto de azeitonas. Como se era feliz na agricultura!
 


OUVINDO


Brendel, Schubert, Impromptus.
 


BIBLIOFILIA: O D'ANNUNZIO DAS DACTILOGRAFAS E DAS MANICURAS


Livros encontrados nuns restos que nunca foram arrumados, vindos de uma casa hoje quase em ru�nas. Livros mais que comuns, vulgares, daqueles que se podem comprar por um euro nos alfarrabistas, tamb�m a� em fundos dos fundos, que ningu�m quer. Mas, para mim, livros e tempo s�o a mesma coisa, tempo que demora a l�-los e tempo que eles transportam. E quando se abre a porta a esse tempo, ela nunca se fecha.

Veja-se o romance de Guido da Verona, A Que N�o se Deve Amar, tradu��o de Ant�nio Ferro de Colei che non si deve amare, escrito em 1911. A capa veneziana interessou-me , mas pensei em mais um dos romances cor-de-rosa que eram populares nos anos entre as duas guerras. A edi��o portuguesa da Empresa Liter�ria Fluminense � de 1928. Foi a capa que me chamou a aten��o, com o seu tom fitzgeraldiano, a dama desequilibrada junto de um cavalheiro mais alto, e, nesse desequil�brio, colando-se a ele numa forma que, � �poca, seria certamente �desavergonhada�. O vestido e as transpar�ncias acentuam todo um movimento er�tico. Era literatura para homens ou para mulheres? N�o li o livro, n�o sei, embora suspeite que como a cara do cavalheiro est� da mesma cor da senhora, deve ser �a que n�o se deve amar� que faz perder a cabe�a ao cavalheiro, logo � literatura para senhoras. Digo eu, com certezas a mais. Um resumo do romance diz que � uma hist�ria de ascens�o social � excelente mat�ria cor-de-rosa � ele jogador e ela �mantenuta per lei�.

Quem seria este Guido da Verona para al�m de ser de Verona, e ter ar de pseud�nimo? Nem uma coisa nem outra. Era de Modena, mais propriamente de Saliceto Panaro, onde nasceu em 1881 e n�o era pseud�nimo. O mais interessante � que era futurista, dandy, jogador (autor de um tratado de jogar � roleta Il trattato delle possibilit� impossibili con l'arte di vincere al gioco), e imensamente popular. Classificado como autor de "romanzatura da coltre e da conforto intimo", ou, noutra not�vel classifica��o, de �D'Annunzio delle dattilografe e delle manicure�, o seu livro mais popular tem tamb�m um t�tulo que diz tudo Mim� Bluette, fiore del mio giardino. Valeu-lhe de pouco a fama e a popularidade, porque Guido da Verona teve uma vida agitada e, no fim, tr�gica, passando de amigo dos fascistas a perseguido por eles. Morreu (assassinado? suicida?) esquecido em 1939.

Est�o a ver como funciona o tempo? J� estou no meu momento Pitigrilli, outro c�lebre esquecido. Sic transit...
 


COISAS SIMPLES


Bonnard
 


EARLY MORNING BLOGS 438

Aos amigos


Amo devagar os amigos que s�o tristes com cinco dedos de cada lado.
Os amigos que enlouquecem e est�o sentados, fechando os olhos,
com os livros atr�s a arder para toda a eternidade.
N�o os chamo, e eles voltam-se profundamente
dentro do fogo.

- Temos um talento doloroso e obscuro.
construi�mos um lugar de sil�ncio.
De paix�o.


(Herberto Helder)

*

Bom dia!

25.2.05
 


SCRITTI VENETI

Quando as criadas se chamavam Colombina e Corallina, e os criados Tiritofolo, se escrevia para o Carnaval de 1751 - ah! o mundo a fermentar para a grande revolu��o ...� e se come�ava assim, staccato, ligeiro e r�pido, com Rosaura �vestita pomposamente, a sedere ad un tavolino collo specchio in mano�,

COL. Eccomi, signora.
ROS. Guarda, Colombina, questa scuffia mi sta male, non � egli vero?
COL. Mi par che stia bene.
ROS. Oib�, non mi posso vedere.
COL. E pure � quella che vi piaceva tanto. Ieri diceste che non avete mai avuto una scuffia meglio fatta.
ROS. Ieri mi pareva che andasse bene, e oggi no.
COL. Compatitemi, signora padrona, siete un poco volubile.
ROS. Impertinente, cos� parli di me?
COL. Via, compatitemi, l'ho detto senza intenzione di offendervi.
ROS. Va via di qua.
COL. Non credeva che l'aveste per male. So che mi volete bene, e che da me soffrite qualche barzelletta.
ROS. Non voglio barzellette. Corallina, dove sei? (chiama)
COL. Come, signora, chiamerete la sottocameriera? Farete a me questo torto?
ROS. Mi voglio far servire da chi voglio io, e tu va via di qui.
COL. Vi aveva da dire una cosa per parte del signor Lelio.
ROS. Non voglio sentir parlare di Lelio.
COL. Mi diceste pure ieri, che lo salutassi per parte vostra.
ROS. So che � stato in casa della signora Eleonora, non lo voglio pi� per nulla.
COL. La signora Eleonora � pur vostra amica.
ROS. S�, s�, � mia amica! Se verr� da me, ci avr� poco gusto.
COL. Ma, cara signora padrona, io vi voglio bene e vi parlo per vostro bene. Ieri avete fatto tante finezze alla signora Eleonora, avete dette tante belle parole al signor Lelio, e oggi non lo volete sentir nominare. Che concetto volete che si faccia di voi?
ROS. Va via di qua.
COL. S�, s�, vado. (Vi vuol pazienza, e bisogna compatire il temperamento). (da s�, e parte)


s� pode ser Goldoni, La Donna Volubile, e s� se pode estar em Veneza.
 


NATUREZA MORTA DE PR�NCIPIO DE TARDE

Da direita para a esquerda: um n�mero das Faces de Eva, quatro comandos (de televis�o, DVD, cabo por sat�lite, e um que devia resumir os outros todos, comprado numa loja chinesa e que, por incompet�ncia, se recusa a cumprir a fun��o), uma agenda de 1959, das Caves Alian�a, cheia de pap�is dentro. Dentro: uma carta antiga da Juventude Musical Portuguesa, um desenho que ficar� para outras naturezas. um folheto de W. Ribeiro da Silva, New York, Andorra e Rio de Janeiro, Com�dia Sat�rica e Quase Realista em tr�s actos. Andorra? Pormenores das personagens, incluindo uma "quite a dish" e um "moralista" com dois cursos superiores:



Uma m�o, uma pilha de zips, uma lupa, um l�pis do Sofitel, uma reprodu��o de Warhol, Dance Diagram-Tango, um peda�o de lava, um ecr�, dois olhos, um radi�metro quase parado, uma SonicTape para medir as dist�ncias, uma esta��o meteorol�gica � dezanove graus aqui, dezasseis l� tr�s, doze l� fora - , um telhado, um gato preto no telhado ao sol, azul do c�u sem nuvens, tempo, uma ampulheta invis�vel, um dado, um peda�o de lava, um azulejo, �gua, duas canetas, uma m�o, um rato, um telefone desligado, um ru�do longe, nenhum ru�do perto, ar, um Schubert por Brendel. Impromptus. Impromptus.
 


BIBLIOFILIA: MICRO-ACTOS MACRO-DIGNIDADE

Jos� Pereira Tavares, Exame de Consci�ncia, Aveiro, Labor, 1999

Este livro, que ningu�m quis, quando saiu, distribuir pelas livrarias, e permanece esquecido, � um exemplo not�vel de como ignoramos e , ao ignorar desprezamos, o melhor que temos. Trata-se das humildes mem�rias de um professor do Liceu, quando Liceu se escrevia com letra grande e era o local de elite do ensino secund�rio, onde uma elite de professores ensinava uma elite de alunos, escolhidos obviamente pela sua condi��o social, que permite um retrato de um tempo que nunca mais voltar�. Em muitos aspectos ainda bem. O que convinha era n�o deitar o menino com a �gua do banho, ou seja a qualidade do ensino com a sua democratiza��o. Para perceber o que se passou, o estudo do �mundo� dos professores do Liceu, quando esta era uma profiss�o altamente prestigiada devia ser obrigat�rio para os professores de hoje. Este livro mostra o mundo cultural, pedag�gico e c�vico de um t�pico professor do Liceu, Jos� Pereira Tavares, reitor do Liceu de Aveiro, que vai dos anos vinte at� � d�cada de sessenta nas suas recorda��es. Depois percebe-se a diferen�a. Pura arqueologia.

Mas h� mais. Jos� Pereira Tavares era um republicano conservador, o �ltimo homem a que se podia chamar um subversivo, detendo ali�s um lugar de reitor que implicava um m�dico de confian�a pol�tica do regime salazarista. Mas os homens s�o como s�o, e este tinha a dignidade simples e intacta. Nestas mem�rias conta um epis�dio de 1951, um ano de grande radicalismo da ditadura, no princ�pio da guerra-fria. Eis como este pequeno acto, quase an�nimo, � tudo isto se passa conv�m lembrar para os dias de hoje, sem ningu�m saber - , nos mostra a respira��o da dignidade.
" Ora em 13 de Janeiro de 1951, recebi eu, como entidade oficial, um "Manifesto" da Comiss�o Executiva da Uni�o Nacional, acompanhado da seguinte circular da Comiss�o Distrital de Aveiro:

"Junto se remetem a V. Exa alguns exemplares do "Manifesto" elaborado pela Comiss�o Executiva da U. Nacional, agradecendo o favor de lhe dar a maior difus�o poss�vel entre o pessoal que se encontra sobre (sic) as ordens de V. Ex. Esta Comiss�o Distrital muito grata ficaria se se dignasse enviar-lhe uma lista "com indica��o do nome, ano de nascimento, profiss�o e morada" dos indiv�duos que desejarem inscrever-se na U.N., para em seguida enviar a V. Exa os respectivos boletins de inscri��o. Etc, etc. - Gaspar Ferreira, Francisco Jos� Matias, Arm�nio Martins".

Na "Lista de inscri��o" lia-se o seguinte: "Os cidad�os abaixo assinados declaram por sua honra, sem que a isso hajam sido coagidos, que apoiam leal e desinteressadamente a situa��o criada pelo 28 de Maio de 1926, concordando com as ideias e intuitos com que se organizou esse movimento e com a orienta��o indicada pelo Governo no manifesto � Na��o publicado no primeiro anivers�rio do mesmo. Mais declaram que, quaisquer que tenham sido os seus ideais pol�ticos, os p�em de parte, olhando apenas ao progresso e engrandecimento da P�tria, que exige, neste momento critico da nossa Hist�ria, a uni�o e o esfor�o desinteressado e leal de todos os seus filhos, para o que oferecem o seu apoio e colabora��o".

Os professores do Liceu ficaram alarmados, supondo que era obrigat�ria a sua filia��o. Acalmei-os e prometi indagar dos prop�sitos dos indiv�duos que subscreviam a circular. No dia 18 de Janeiro, escrevi ao Cor. Gaspar Ferreira, nos seguintes termos:

"Exmo Sr. Cor. Gaspar Ferreira, meu mt. prezado Amigo:

Recebi a circular da Comiss�o Distrital da U. Nacional de Aveiro, convidando-me a enviar a lista dos meus subordinados que desejem nela inscrever-se.

Respondendo par mim, venho pedir a V. Exa se digne informar-me sobre se, n�o me inscrevendo, seriam postos em d�vida o meu nacionalismo e o meu patriotismo.

Sabe V. Ex. mt. bem os motivos por que me recusei a ingressar na U.N., quando ela, sendo V. Exa Governador Civil, foi criada; e tamb�m n�o ignora que esses motivos ainda subsistem. A minha posi��o de cidad�o portugu�s sem partido n�o obstou a que, sem eu o desejar, me convidasse pessoalmente, em Outubro de 1940,0 Sr. Ministro da Educa��o Nacional (Dr. M�rio de Figueiredo) para de novo assumir o cargo de reitor do Liceu, que � lugar em que s� s�o investidos indiv�duos da confian�a do Governo. Venho desempenhando essas fun��es h� dez anos completos, sinal de que se reconhece que � frente do Liceu est� um portugu�s incapaz de trair a sua P�tria, ou de insuflar no esp�rito da Mocidade, cuja educa��o c�vica superiormente dirige, sentimentos que n�o sejam de puro nacionalismo.

No Manifesto, apela-se para o meu patriotismo. Ora a mim repugna-me ter de o afirmar com a inscri��o num partido em que Mon�rquicos e Integralistas, em vez de se limitarem a colabora��o com o Governo, aproveitam a ensejo para fazerem propaganda das suas ideias politicas, a sombra de institui��es cuja exist�ncia n�o est� em causa.

Desejaria, portanto, continuar a ser portugu�s tal qual o tenho sido sempre, isto �, sem subordina��o a qualquer partido. Nem por isso deixarei de aplaudir abertamente, como sempre tenho feito, tudo quanto de bom ou de �ptimo os Governos de Salazar fa�am e nem por isso deixarei de continuar a orgulhar-me da minha qualidade de portugu�s e de patriota.

Se por�m, a minha escusa em inscrever-me na U.N. pudesse ser interpretada par algu�m com a confiss�o t�cita de que n�o sou nacionalista, inscrever-me-ia; mas a U.N. nada lucraria com isso, visto que a minha inscri��o equivaleria somente a uma declara��o anticomunista, como as que, por mais de uma vez, por for�a de leis do meu Pa�s, tive de fazer, como funcion�rio p�blico, perante o Governo".

Como o portador da carta n�o tivesse encontrado o Cor. Gaspar Ferreira, no dia seguinte lha li, para que me esclarecesse.

A resposta foi a de que a filia��o dos funcion�rios na U. Nacional n�o era obrigat�ria e pediu-nos considerasse a circular como n�o recebida.

Ficaram satisfeit�ssimos os meus colaboradores. Na lista das inscri��es s� veio a figurar uma assinatura."
 


COISAS COMPLICADAS


Corot
 


EARLY MORNING BLOGS 237

The Half-People


A man can wander out by himself,
far away from the others and, if he has
enough room, grow into a giant.
Dwarfs live in crowded places
making tools so small human hands fumble
when they try to use them.
Then there are the half-people,
those with whole heads and whole genitals,
but with only one leg and one arm.
They hop around, longing for the twins
of themselves. They hop around like stripes
peeled from the hides of majestic animals.


(Denise Duhamel)

*

Bom dia!

24.2.05
 


OS NOVOS DESCOBRIMENTOS: ENCELADUS, ESPELHO MEU



- Porque brilha tanto Enceladus?

- Porque parece ter neve, brilha como a neve.

- Pode-se "ir � neve" em Enceladus?

- Pode, mas com muito cuidado e daqui a alguns anos. Ainda n�o est� nos folhetos das ag�ncias, mas l� chegar� o tempo.

- E h� festas, e pode-se escorregar?

- H� e pode-se escorregar, mas devem-se evitar os vulc�es de �gua.

- O que � um "vulc�o de �gua"?

- A �gua nasce do ch�o como a lava num vulc�o.

- E � mau?

- N�o. � bom. os vulc�es s�o bons, s� s�o �s vezes muito perigosos.

- Acho que vou marcar a viagem...

- ...para daqui a muito tempo. Mas reserve, reserve. S� tem que deixar o sinal.

- Eu deixo o sinal.
 


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: DOIS POETAS



Acabei de ler, no ABRUPTO, um soneto de Frei Agostinho da Cruz. Dado que os irm�os poetas - Frei Agostinho da Cruz e Diogo Bernardes - nasceram em Ponte da Barca, envio uma fotografia do monumento existente no denominado Jardim dos Poetas e onde se podem ler duas quadras, datas e locais de nascimento e morte.

(A.Oliveira)
 


A LER

no Jornalismo e Comunica��o A venda da Lusomundo Media: mais do que um neg�cio,
 


JORNALISMO CUIDADO

No Jornal de Not�cias desta Segunda-Feira, na �ltima p�gina eram apresentadas quatro ou cinco cita��es de blogues, entre os quais o Abrupto, o Barnab�, a Causa Nossa e outros que n�o me recordo. Tinha o nome do blog, em formato URL, e por baixo a cita��o.

A cita��o do Abrupto era a seguinte :

O PS est� � altura deste resultado?
Eu acho que o resultado � em si mesmo gerador de responsabilidade.Que absurdo seria face a t�o grande capital de esperan�a falhar...o golo.O inimigo era a absten��o e foi vencido.A campanha suja veio a seguir e podia ter liquidado humana e politicamente S�crates.Foi derrotada. A responsabilidade � acrescida, mas foi forjada neste quadro dif�cil. Por isso
confio e acredito.

Como V. sabe melhor do que eu, estas palavras s�o do Jos� Magalh�es. Acontece que o jornal n�o identificou o autor, levando por isso a pensar que o autor das mesmas era o autor do blog.

Na minha opini�o, isto n�o foi inocente. O "jornalista" que seleccionou os textos, de certeza que leu o nome de Jos� Magalh�es no fim do texto e at� o motivo porque estava ele ali a escrever, mas optou por n�o o identificar. As raz�es deste "lapso" para mim s�o claras: As pessoas que n�o l�em os blogues, e que s�o a esmagadora maioria, muitas delas pelo menos j� ouviram falar do Abrupto como sendo o "blog do Pacheco Pereira". Assim o objectivo escondido era atribuir-lhe a si o "confio e acredito" que o "PS est� � altura do resultado".
Obviamente que a seguir n�o v�o confirmar se � verdade ou n�o. Primeiro porque � suposto ser uma cita��o, segundo, como � conhecida a sua discord�ncia face a Santana Lopes, s�o levadas a pensar que at� pode ser verdade o que est�o a ler e que de facto at� acredita no S�crates.

Como n�o vi qualquer refer�ncia no Abrupto a isto, s� posso presumir que, ou n�o tomou conhecimento ou n�o deu import�ncia. Se � o segundo caso, pelo menos fica registada a minha indigna��o perante este "jornalismo".

(M�rio Almeida)

N�o vi. Obrigado por me ter informado.
 


COISAS SIMPLES


Zurbar�n
 


EARLY MORNING BLOGS 436

For Once, Then, Something


Others taunt me with having knelt at well-curbs
Always wrong to the light, so never seeing
Deeper down in the well than where the water
Gives me back in a shining surface picture
My myself in the summer heaven, godlike
Looking out of a wreath of fern and cloud puffs.
Once, when trying with chin against a well-curb,
I discerned, as I thought, beyond the picture,
Through the picture, a something white, uncertain,
Something more of the depths�and then I lost it.
Water came to rebuke the too clear water.
One drop fell from a fern, and lo, a ripple
Shook whatever it was lay there at bottom,
Blurred it, blotted it out. What was that whiteness?
Truth? A pebble of quartz? For once, then, something.


(Robert Frost)

*

Bom dia!

22.2.05
 


COISAS SIMPLES


A. Zorn
 


EARLY MORNING BLOGS 435

Da Ora��o


Doce quieta��o de quem vos ama,
Em servi�os, Senhor, que tanto quanto
Amado sois, t�o longe o fim de tanto,
Subindo mais, e mais, mais se derrama:

Ardendo por arder em viva chama
De amor do vosso amor, a voz levanto;
Sinto, suspiro, choro, colho, e planto
Ao som doutra suave que me chama.

Onde se vai, Senhor, quem vos ofende?
Donde levais, Deus meu, a quem vos segue?
Onde fugir se pode uma de duas?

Morto por quem o mata que pretende,
Ou que extremos de amor h� que nos negue
Quem culpas nossas chama ofensas suas?


(Frei Agostinho da Cruz)

*

Bom dia, com chuva!
 


JORNALISMO DE BULLDOZER

Mais uma vez o P�blico n�o diz a verdade. Nunca afirmei numa entrevista na Antena 1 que apoiava qualquer candidato � lideran�a do PSD, embora tenha elogiado a iniciativa de Marques Mendes que considero "corajosa". Mas fiz a distin��o clara entre os dois actos - apoiar o candidato e apoiar a iniciativa - o que pelos vistos os jornalistas do P�blico n�o entendem porque n�o lhes facilita a not�cia. Parece que n�o vale a pena fazer distin��es, porque o jornalismo de bulldozer apaga tudo para nos dar o maravilhoso mundo a preto e branco. Como qualquer pessoa avisada espero para ver quais v�o ser os candidatos que se v�o apresentar para depois escolher, sem com isso deixar de valorizar o m�rito de eles aparecerem. Felizmente o Abrupto ainda me permite ser dono da minha palavra a v�rias cores e n�o a preto e branco.

21.2.05
 


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: SOBRE OS VOTOS EM BRANCO

Os votos em branco, que Ricardo Carvalho (21:23 VOTOS EM BRANCO) incorrecta e abusivamente associa a um virtual "Partido de Saramago", merecem, efectivamente, uma leitura pol�tica. Que lamentavelmente ningu�m parece interessado em fazer neste rescaldo de clubite partid�ria. Muitos ter�o encontrado no voto branco a �nica sa�da para o protesto contra o partido que deixou chegar � sua presid�ncia e aceder ao (des)governo de Portugal um homem como Santana Lopes, que, na verdade, j� todos "sab�amos quem era".

(Helena Rodrigues)

*

O voto em branco � um direito, e n�o foge ao cumprimento da obriga��o c�vica de votar. � a 6� "for�a pol�tica", e a 1� sem assento parlamentar. Muito diferente da absten��o e do voto nulo, o voto em branco � a aut�ntica express�o de quem est� totalmente desiludido com as op��es que lhe s�o apresentadas.

De entre os v�rios argumentos que tenho ouvido contra o voto em branco, h� apenas um que subscrevo: os boletins de voto em branco podem ser usados fraudulentamente, sendo convertidos f�cilmente em votos em um qualquer partido.

Sugest�o: acrescentar uma op��o de voto em branco nos buletins de voto.

(Luis Vaz de Carvalho)
 


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: FALAR

Por tudo aquilo que foi dito durante esta campanha (e outras) e por tudo aquilo que ainda vai ser dito -

"Talking and eloquence are not the same: to speak and to speak well are two things. A fool may talk, but a wise man speaks." - Ben Jonson

(Abel Gomes)
 


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: O "MODELO N�RDICO" (2� s�rie)

Na Dinamarca o Partido que o leitor Nuno Furtado chamou de centro-direita �-o apenas na conjuntura dinamarquesa, que � muito mais "� esquerda" que em Portugal. Este partido prop�s-se a n�o aumentar os impostos (IRS m�dio por habitante :42% excluindo a Seguran�a Social, 25% de IVA em todos os produtos, 180% de Imposto Autom�vel).
Este erro de olhar direita vs esquerda, independentemente de onde est� o "centro" est� a ser cometido tamb�m pelos meios de comunica��o, quando comparam os resultados eleitorais com os de 1974, dando a impress�o que o pa�s � agora mais "de esquerda". Ao menos o Dr. Paulo Portas n�o cometeu este erro: explicitou que em nenhum pa�s civilizado um partido democrata-crist�o era menos votado que um partido trotskista. Enganou-se, ou tentou-nos enganar: O equivalente dinamarqu�s do CDS-PP � o Partido Democrata-Crist�o (que ainda assim nao defende a penaliza��o do aborto) que desta feita perdeu todos os deputados que ainda tinha. O equivalente dinamarqu�s do Bloco de Esquerda (Ehendslisten) tem agora 4% dos votos.

(Rodrigo Gouveia Oliveira, Copenhaga)
 


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: O MEU ACTO C�VICO

Paro uns segundos � porta da sala 2 e olho l� para dentro. O suficiente para os membros da mesa de voto olharem para mim com ar expectante. Vai entrar ou fica a ver? Continuo pelo corredor, a minha sec��o � a n� 13, na sala 4, mas foi na sala 2 que fiz a prim�ria, da 1� � 4� classe. � porta da sala 4 - 13� sec��o de voto, volto a parar, verifico o cart�o, sim � aqui, mas paro a olhar devagar para o poster que representa o boletim de voto que vou preencher daqui a uns momentos. Percorro a lista, com a pequena esperan�a de uma surpresa, no boletim ou em mim... que n�o acontece.
Entro, cumprimento a mesa, entrego BI e cart�o eleitor, pego no boletim, dirijo-me para a c�mara de voto. Olho para baixo, uma natureza morta!
Uma m�o, um boletim, uma caneta bic cristal, presa por um cordel...
Dobro o boletim em quatro, insiro-o na urna, pego nos cart�es e vou-me embora. Esque�o-me de olhar para dentro da sala 2.

(Ricardo Resende)
 


UMA PARTE MUITO SIGNIFICATIVA

das quase duzentas mensagens que hoje recebi vem de militantes do PSD que perguntam o que podem fazer face ao descalabro do seu partido e muitas de pessoas que pretendem inscrever-se no PSD para ajudarem ao mesmo objectivo. Nada lhes posso dizer de imediato, a n�o ser que sim, que se inscrevam, e que sim, que se mobilizem. Aos que me pedem para subscrever a sua proposta, fa-lo-ei certamente.

Mas, o Abrupto n�o � mais do que uma p�gina pessoal, em que a discuss�o pol�tica tem tido um papel maior do que o seu autor desejaria. Tenho, no entanto, em conta que a conjuntura � especial e acentua a necessidade de uma discuss�o pol�tica numa �rea em que ela tem estado afastada pelo praticismo eleitoralista e pelo populismo grosseiro, que conduziram o PSD ao desastre de ontem. Isso explica os n�meros excepcionais de "pageviews" que o Abrupto tem vindo a ter, aproximando-se hoje das 20000.

Penso que , em breve, todos poder�o ter o papel que desejam com o aparecimento de candidaturas ao Congresso extraordin�rio e dentro das estruturas do partido e no debate dentro e fora, dar a sua contribui��o. Uns votando, os que j� c� est�o, outros ajudando na campanha eleitoral interna, os que agora se inscrevem. A democratiza��o do PSD passa tamb�m por aqui.

(Nestas circunst�ncias compreenda-se a minha completa impossibilidade de responder individualmente a todas essas cartas. Tenho neste momento, desde a funda��o do Abrupto, 7461 mensagens por responder�)
 


O TEMPO MUDOU

j� choveu, um vento agreste bate na janela, as �rvores n�o param, um ru�do novo acrescenta-se aos habituais. Est� na hora de partir ou de chegar?
 


COISAS COMPLICADAS


Grosz
 


PROPOSTAS: DIRECTAS J�

Seria saud�vel que o maior n�mero de militantes fosse chamado a decidir, porque s� assim se pode minimizar (e apenas minimizar) o peso das estruturas que se v�o enquistar na escassez dos recursos e nos compromissos recentes que os garantiram. � c�modo pensar que haver� uma sequ�ncia sem ruptura de unanimismos: os que apoiaram Marcelo, depois apoiaram Barroso, e depois Santana e agora apoiar�o quem vier. N�o penso que v� ser assim t�o simples, porque a maleabilidade interna � cada vez menor e a fraqueza alimenta a rigidez.

Neste contexto, e caminhando-se para a oposi��o, as autarquias s�o mais seguras, da� o peso e influ�ncia dos autarcas, sendo as estruturas locais s�o cada vez mais dependentes do poder aut�rquico e modeladas por ele. Resultado do desprezo pelo partido em si que, desde Cavaco, � norma nos dirigentes nacionais, com a fugaz tentativa da �refilia��o� de Marcelo / Rio como excep��o, a depaupera��o da qualidade pol�tica do aparelho partid�rio foi-se degradando. Desde meados dos anos noventa, o partido perdeu o contacto com as for�as vivas do seu eleitorado natural e nacional, os self made man de hoje, nas universidades, nas empresas, na vida p�blica, a favor de uma �autarciza��o� de todas as suas estruturas.

Por tudo isto, um qualquer sistema de directas era hoje vantajoso para a democracia da escolha e para garantir que partido e sociedade civil n�o v�o cada um para o seu canto, como aconteceu nos �ltimos seis meses. Eu fui o primeiro dirigente do PSD a ser eleito por elei��es directas, � j� ningu�m se lembra mas a Distrital de Lisboa foi a primeira a fazer directas ap�s altera��es estatut�rias com uma participa��o excepcional dos militantes, acabando com o sistema de elei��o por delegados em assembleia �, e tinha ent�o algumas reservas quanto ao alargamento do m�todo a n�vel da direc��o nacional do partido. A raz�o estava na mediatiza��o das escolhas que inevitavelmente decorria das directas, que me parecia favorecer apenas os candidatos com mais televis�o. Essa objec��o permanece, mas, depois da �ltima experi�ncia do PS entre S�crates e Alegre, parece-me a �nica maneira de fazer entrar algum debate de ideias e propostas no ambiente muito claustrof�bico das estruturas partid�rias e mobilizar muitos militantes afastados da vida do partido.

Se se pretende renovar o PSD, depois de 20 de Fevereiro, dever-se-ia lutar n�o apenas por um congresso extraordin�rio mas por um processo que implicasse uma demiss�o colectiva de todas as estruturas distritais e elei��es simult�neas para essas estruturas pelo m�todo das directas em conjun��o com a escolha de delegados para o Congresso. N�o � imposs�vel de fazer com os actuais estatutos, e daria um aban�o a todo o partido, fazendo participar o maior n�mero de militantes numa escolha que ir� ser decisiva para a sobreviv�ncia do PSD como grande partido nacional.

(de um artigo do P�blico)
 


FALAS

Num dos tradicionais modelos socialistas europeus - a Dinamarca - foi recentemente reconduzido um governo de centro direita, com reiterado apoio popular. A Dinarmaca � actualmente a economia mais saud�vel do mundo, a sociedade mais justa do mundo - uma li��o. E n�s ainda andamos a brincar �s "revolu��es" e �s esquerdas ditas modernas. Que triste complexo de esquerda que nunca mais morre.

(Nuno Furtado)

*

L�grima no canto do olho
� o que sinto quando vou votar.
Sinto uma enorme alegria ao ver dezenas e dezenas de pessoas voltar � escola, para participar na vida de todos, para decidir do seu destino comum.

Espero que o voto electr�nico venha um dia ajudar a reduzir a absten��o, permitindo que se vote em qualquer local onde se instale um �cran t�ctil, recolhendo o voto dos acamados, facilitando a vida c�vica a quem tem defici�ncias.
Mas espero tamb�m que n�o se chegue a votar maioritariamente por telem�vel ou pela internet, afastando os cidad�os destes momentos (raros) de reuni�o, de reuni�o f�sica, em que todos se movem por todos e se olham nesse processo.

Depois, no regresso do voto, come�a normalmente a sobressair em mim o sentimento inc�modo do sentido da decis�o. Mas isso s�o outras hist�rias, com outras l�grimas.

(Artur Furtado)

*

O facto da esquerda ter ganho n�o foi um objectivo mas sim uma consequ�ncia.
A consequ�ncia dos portugueses quererem uma mudan�a. N�o pensem os partidos de esquerda que os portugueses voltaram a acreditar em ideologias, que os portugueses voltaram a perceber os valores que separam as cores na assembleia.

As �nicas cores que os portugueses conhecem s�o as cores dos cart�es dos �rbitros e foi esse o papel que ontem, nas elei��es, desempenharam. N�o hesitar�o por isso em dar um vermelho directo e expulsar o PS se neste mandato que se vai iniciar n�o se atingirem o que agora a moda pol�tica chama de objectivos.

A esquerda que n�o se iluda. Que n�o se perca em brindes � simpatia de quem � t�o humano que at� perde a voz, ou de quem � t�o moderno que at� promete empregos em economias de mercado com a credibilidade de quem promete chuva no deserto.

(Jo�o Diogo)

*

A matem�tica � uma ferramenta que nos indica valores concretos para diversas coisas. Transforma em n�meros aquilo que constatamos com a observa��o formal dos diversos sentidos.



Em tempos de elei��es ela nos ajuda a medir, com frieza, elementos sensoriais t�o abstractos quanto a esperan�a, a aprova��o, a desaprova��o, a mudan�a, a legitimidade, a responsabilidade e, sobretudo, a vit�ria e a derrota.



Dos n�meros retirados dos resultados eleitorais nas legislativas que ontem se realizaram, poderemos concluir muitas coisas e formular muitas quest�es. Mas uma quest�o, em particular, me faz pensar: se, para o PP (Paulo Portas), uma diminui��o de 14,29% no n�mero de deputados eleitos, em rela��o �s �ltimas legislativas, � o suficiente para sair do cargo de l�der do seu partido, porque para Santana Lopes uma diminui��o de 28,43%, portanto um n�mero duas vezes superior do que o atingido pelo l�der do PP (Partido Popular), n�o significa necessariamente a mesma tomada de atitude?

*

Mas ainda existem outras quest�es que se podem formular: Por que para um, a falha de 100% dos objectivos leva a uma determinada atitude, enquanto para outro n�o? Ser� que para o outro a derrota, com uma diminui��o significativa da for�a pol�tica de seu partido, n�o significa 100% de falha dos seus objectivos que, pelo que me lembro, era s� o da vit�ria? Se n�o, quais seriam estes objectivos que se prolongam para al�m elei��es?

Mais caricato do que o defunto discutir com os �amigos� sobre seu destino pol�tico carregando a al�a do pr�prio caix�o, seria um �zumbi� pol�tico buscando vingan�a contra aqueles que n�o quiseram posar para a fotografia.

Uma �ltima quest�o, embora especulativa: quereria agora o Pedro criar instabilidade dentro do PSD o suficiente para inviabilizar a candidatura de Cavaco Silva �s presidenciais? Pelo menos seria uma atitude coerente com a meninice guerreira. A democracia deste pa�s precisa de um PSD forte.

(Edgard Costa)

*

O PSD mereceu esta derrota. O PS n�o fez nada por merecer a vit�ria.

O moral da hist�ria destes resultados � simples: Nestes 2 anos e meio, a coliga��o apresentou um projecto global s�rio e ambicioso. Mas houve tr�s �reas centrais em que falhou por incompet�ncia: economia, educa��o e justi�a. Muitos do quadros do PSD recusaram-se a colaborar com o governo, porque iam ser tempos dif�ceis. No momento mais complicado, atiraram Santana Lopes para o meio da arena e desapareceram de cena. � certo que Santana Lopes tamb�m ajudou � festa. O resultado � justo por duas raz�es: o PSD mereceu a derrota; o PS, que nos colocou nesta crise, merece agora ter a responsabilidade absoluta de nos tirar dela.

(Jos�)

*

Uma nota � margem das elei��es. Ontem quando fui votar no Liceu Filipa de Lencastre fiquei impressionando com a quntidade de velhos (com todo o respeito...). A minha mulher votou mais tarde e comentou o mesmo. Jantei em casa de uns amigos que fizeram o mesmo coment�rio (um votou no pal�cio Galveias outro no Liceu Cam�es). � dram�tico assistir ao envelhecimento de Lisboa, numa zona dita "nobre", mas mais estranho � cicular por estas zonas e verificar a quantidade de edif�cios devolutos, entaipados, a cair ou que � noite t�m apenas uma luz solit�rio perdida numa qualquer janela suja. Talvez ainda seja estranho falar hoje de autarquicas, mas n�o encontro paralelo em nenhuma cidade importante europeia, muito menos numa capital, e tamb�m n�o vejo ideias no horizonte...

(Jo�o Gundersen)

*

Cita��o de Pierre Desproges, humorista franc�s:
L'enfant croit au P�re No�l.
L'adulte n'y croit pas, il vote.

(Jo�o A. de Carvalho)

*

Abram as janelas e olhem para as ruas. N�o h� uma caravana, n�o h� uma buzina e nem sequer uma bandeira.

N�o h� sequer contentamento, quanto mais alegria.

� a vit�ria de um mal menor. � esse Governo que temos, o de um mal menor.

Se calhar � o que merecemos.

(M. Gouveia)

*

N�o pela maioria do PS - j� se esperava
N�o pela subida da esquerda - era inevit�vel
N�o pela derrota do PSD - contribu� para ela
N�o por ningu�m nos ligar a n�s, que exercemos o dever c�vico em "branco" e que duplicamos - j� � habitual
Mas porque nem com o custo de ter entregue o "ouro ao bandido" ao votar como votei, o l�der do partido com que eu me identifico continua "cego" e n�o � capaz de assumir que n�o t�m condi��es nem qualidades para ocupar o cargo que ocupa!

(Alexandre Feio)

*

Parece incrivel que estas palavras de Alfredo de Magalh�es abaixo transcritas sejam de uma actualidade preocupante, parece que nada mudou nestes ultimos 85 anos.

Chegou a altura de deixar o recato dos nossos sof�s e passar � ac��o, o futuro constro�-se com o contributo de muitos e nunca de um s�. Por minha parte e pela primeira vez, decidi-me a filiar-me no PSD.
E necess�rio refundar o Partido.
� necess�rio correr com aqueles que rebaixaram o Partido "aos ultimos degraus da abjec��o".
� necess�rio deixar de brincar aos partidos e aos paises.
Posso estar a ser l�rico, mas n�o vejo outra alternativa.

Alfredo de Magalh�es (Numa carta ao general Simas Machado sobre a morte de Basilio Teles em 1923.

"Esta gente portuguesa, toda ela, de alto a baixo, vai descendo vertiginosamente os �ltimos degraus da abjec��o. Nada me surpreende. � a mis�ria integral. Algumas das individualidades que ainda ofuscam os olhos da nossa parvol�ndia com o esplendor da sua celebridade, tenho-as na conta de malandros da pior est�pa. Com suas falas e maneiras graves, e o competente pigarro da respeitabilidade convencional, elas s�o o modelo vivo da hipocrisia e da velhacaria triunfante, j� se v� - bem comidos e bem bebidos - Modelos que este bom povo, corrompido at� ao tutano da alma, vai seguindo e imitando fielmente, com tal ou qual nota de esc�ndalo.[...] Tudo lama!
Esperan�a? S� a tenho no Dil�vio Universal.[...] Em Pol�tica s� triunfam os homens de ac��o, N�o basta ter caco. Em Portugal � mesmo preferivel ter cascos ....
"

(Lu�s Bonif�cio)
 


S� CARNEIRO

S� houve um coment�rio que ontem n�o pude fazer, que ontem pensei e hoje escrevo: Santana Lopes, mais do que ningu�m, usa o nome de S� Carneiro para se apresentar como seu herdeiro. A atitude que tomou ontem de n�o se demitir e insistir em aumentar o fogo e as cinzas em que deixou o partido, � o exacto oposto daquela que S� Carneiro tomaria. � nestas alturas que se v� a dimens�o dos homens.
 


SOBRAS

com sentido. No meio do esfor�o para manter o blogue "aberto" no meio da mesa dos comentadores da SIC, escaparam-me muitas cartas e coment�rios que agora vou ler, escolher e publicar. Depois passar-se-� � frente.
 


DE REGRESSO

num mundo que n�o � muito diferente. Mudou para j� a conjuntura, e essa mudou muito. Falta aproveitar a mudan�a da conjuntura para criar condi��es para intervir na estrutura.

20.2.05
 


TENHAM MEDO, TENHAM MUITO MEDO

pelo PSD nas aut�rquicas e nas presidenciais.
 


A �NICA COISA

que n�o mudou nesta noite: Santana Lopes.
 


GUERRA CIVIL

� o que Santana Lopes deseja e para a qual se vai preparar com o gosto pela politiquice interna que o caracteriza.
 


COME�ARAM

os truques. Nenhuma responsabilidade real.
 


GOVERNO SOMBRA

� certo que � tempo de reconstruir a oposi��o. Mas uma oposi��o centrada num governo sombra competente e que acompanhe e fiscalize as pol�ticas do PS. � tempo de acabar com investidas avulso e inconsequentes de guerreiros (sejam eles meninos ou n�o).

(Fernando )
 


AMANH�

Portugal virou demasiado � esquerda. A minha maior tristeza nao � a maioria do
PS, sao os milhares de jovens que votaram BE e PCP. Venho de uma area muito de
esquerda em Portugal, a ciencia. Para que daqui a quatro anos seja diferente �
tamb�m aqui que o PSD deve entrar. Tenho 24 anos e amanha inscrevo-me no PSD.

(A.Antunes)
 


FUTURO

Este resultado pode ter o cond�o de evitar uma guerra civil ou um cisma no PSD. � mau de mais para que a actual lideran�a se procure manter contra "ventos e mar�s".

A falta de entusiasmo nas ruas (pelo menos na cidade em que resido) prova, mais uma vez, que foi mais uma derrota do PSD do que uma vit�ria do PS. Este, tem todas as condi��es para se reorganizar, rever aspectos da sua organiza��o que funcionam menos bem, que permitiram a subida a cargos de responsabilidade de gente med�ocre, eleger uma lideran�a � altura da hist�ria e tradi��o deste partido e voltar a ser a voz reformista de que este pa�s tanto necessita.

Para j�, as elei��es presidenciais dever�o ser encaradas com a m�xima seriedade. Porque o pa�s precisar� de um presidente competente e com sentido de estado. E porque o poder alcan�ado pelo PS poder� encurralar o PSD para uma situa��o de irrelev�ncia se perder as elei��es presidenciais e aut�rquicas que se avizinham.

(Ricardo Prata)
 


AGORA

� tempo de reconstruir a oposi��o.
 


A SUCESS�O IMPOSS�VEL

Leio esta not�cia: O economista Ant�nio Borges rejeitou este domingo a
possibilidade de avan�ar com uma candidatura � lideran�a do PSD, afirmando
que Manuela Ferreira Leite � a "candidata ideal" para disputar a Pedro
Santana Lopes a presid�ncia do partido.

Entrevistado pela r�dio TSF, o ex-vice-governador do Banco de Portugal
afastou a possibilidade de vir a candidatar-se � lideran�a do PSD, afirmando
n�o ter "nem curriculum, nem experi�ncia" para conduzir o partido.

"O PSD j� sofreu muito por ter [na sua lideran�a] pessoas mal preparadas e
sem experi�ncia", disse Ant�nio Borges, que falava ap�s terem sido
divulgadas as projec��es das televis�es que d�o maioria absoluta ao PS nas
legislativas antecipadas."

Muito curioso: significa impot�ncia para remover Santana. O partido que
perdeu 30 deputados tinha perdido j� as condi��es de sa�de pol�tica
necess�rias para governar e ser o que era.Foi objecto de um take-over
santanista.E agora PSL est� grudado ao casulo que constru�u - o seu bunker,
onde se toca o guerreiro-menino para as horas em que o l�der est� infeliz

Jos� Magalh�es
 


DERROTA DO PP

N�o tenho nenhum problema em reconhecer que o CDS falhou alguns dos seus
objectivos. Ainda � cedo, contudo, para saber exactamente quais.
ALX
 


NO FIM

resultados devem ser comparados com resultados e n�o com sondagens.
 


VIT�RIA?

Vit�ria? Que vit�ria?

O BE rejubila, mas percebe-se mal por que raz�o. Cresceu, mas tornou-se
irrelevante para o PS, n�o vai condicionar nada, vai continuar a pregar com
aquele �dio a tudo o que funciona, disfar�ado de nova moral.
ALX
 


PENA

N�o sei porqu�, mas de quem sinto mais pena neste momento � dos melhores
ministros que este governo conseguiu ter. N�o merecem ficarem associados
a esta derrota estrondosa.

(Jos� Carlos Santos)
 


VOTOS EM BRANCO

N�o esquecer os votos em branco, o �Partido de Saramago�.

Com a absten��o a descer tornam-se at� mais importantes.
Pelo que vejo nos resultados at� agora apurados quase que dobram! Um resultado hist�rico aqui tamb�m.

� ao fim ao cabo o 6� partido, o maior dos pequenos partidos.

(Ricardo Carvalho)
 


OBJECTIVOS DO PP

Gostaria de relembrar aqui, aquilo que foram os objectivos do PP, e que
foram sorrateiramente alterando ao longo do tempo de campanha:

1) Ficar � frente dos votos PCP+BE juntos. Resultado: DERROTA TOTAL.

2) Ficar como terceiro partido. Resultado: DERROTA TOTAL.

3) Ficar acima dos 10%. Resultado. DERROTA TOTAL.

Na realidade o que sobra? Muito prov�velmente ficar com os mesmo votos do
BE. Nos 6-7 %.
N�o deveriam antes tirar ila��es sobre a lideran�a e o futuro de Paulo
Portas � frente do PP?
N�o � este facto uma evidente derrota do PP ? Ou a derrota � s� do PSD !?

(V. Ramos)
 


RESPONSABILIDADE

O PS est� � altura deste resultado?
Eu acho que o resultado � em si mesmo gerador de responsabilidade.Que
absurdo seria face a t�o grande capital de esperan�a falhar...o golo.O
inimigo era a absten��o e foi vencido.A campanha suja veio a seguir e podia
ter liquidado humana e politicamente S�crates.Foi derrotada. A
responsabilidade � acrescida, mas foi forjada neste quadro dif�cil. Por isso
confio e acredito.

Jos� Magalh�es
 


CONTRADI��ES

O PS ganha estas elei��es no momento em que precisa de aplicar solu��es
drasticamente contr�rias � sua �ndole. Vamos ver o que isto d� mais depressa
do que parece.

ALX
 


ADJECTIVOS

Das elei��es: Um problema de adjectivos.

A Ana Drago diz que o BE tem uma vit�ria esmagadora.
S� falta descobrir o esmagado.

(Ana Melo Baptista)
 


O ABRUPTO OU A VOZ DO "TREINADOR DE BANCADA"

e se experimentassem discutir os problemas de pol�tica em vez de continuar a olhar para a rama?
 


TANB�M O JOS� MAGALH�ES NO ABRUPTO

A vit�ria do PS foi contra muita coisa: in�rcia, depress�o, lixo, campanhas
negras, d�fice de informa��o, medo de existir (Gil dixit!).Se n�o foi algo
foi...de m�o beijada!-
Pacheco Pereira apenas acha que o PSD foi fraco de mais e que a luta foi
uma vergonha.
E foi. Mas podia ter surtido efeito se o PS tivesse reagido mal....E podia
ter posto as pessoas enojadas a ponto de n�o ir �s urnas.E assim ocorreu,
mas ...junto de gente do PSD e da direita que recusa jogo sujo (isso tb
existe, deo gratias!).

Jos� Magalh�es
 


ANT�NIO LOBO XAVIER: PENSAR NAS PRESIDENCIAIS

a dimens�o da derrota da direita � de tal ordem que j� n�o estou realmente aqui, estou a pensar nas presidenciais.
(ALX)
 


ANT�NIO LOBO XAVIER

que est� ao meu lado e n�o tem blogue vai escrever no Abrupto
 


A DESCIDA

do PP n�o � para mim surpresa. A campanha do PP e o seu "sucesso" � um exemplo t�pico de "pack journalism" (exprimi reservas no Abrupto em tempo devido), esquecendo que uma coisa s�o as elites outra o eleitorado. O eleitorado do "Paulinho das feiras" n�o � o do "Ministro" absoluto. Para al�m do mais o que � que significa colocar um cartaz dizendo "classe m�dia"?
 


A CONFIRMAREM-SE

estas sondagens, verifica-se que as elei��es foram um plebiscito sobre o Primeiro-ministro. N�o h� volta a dar a esta realidade. S�crates recebeu uma vit�ria de m�o beijada, que n�o era dif�cil de antever a n�o ser pela cegueira de muitos dos apoiantes de Santana Lopes que, no seu culto da personalidade, nunca admitiram os erros evidentes e a crise para que conduziram o PSD.
 


E AGORA

Jos�?
 


VEM A�

a hecatombe.
 


NESTA SITUA��O

� que se percebe o anacronismo da legisla��o sobre o "sil�ncio" eleitoral, completamente alheia � realidade da comunica��o dos dias de hoje.
 


TALVEZ

possa colocar em linha algumas opini�es dos leitores do Abrupto, com as regras do costume e sem compromisso.
 


OS DADOS FORAM LAN�ADOS

e cairam como os domin�s.
 


PODE SER

pode ser, pode ser, que dumas elei��es inesperadas, perplexas, inc�modas, resultem muito mais mudan�as do que as que eram esperadas. Deus escreve direito(?) com linhas tortas, ou, para incr�us, a toupeira da hist�ria aparece onde n�o se espera.
 


NOVAS

haver�.
 


O MAIS BIZARRO DOS LUGARES

para fazer o Abrupto: a mesa dos comentadores da SIC. Vamos ver se consigo, por entre a chuva, escrever alguma coisa nesta noite de pequenas revolu��es partid�rias. Vai ser muito animado.
 


COISAS COMPLICADAS


"Tom�s duvidando", �cone do s�culo XV da escola de Novgorod.
 


INTEND�NCIA 2

N�o sei como ficou o resultado final da conversa que, ontem, eu e Eduardo Louren�o tivemos, para o n�mero da Capital de hoje. Mas o Abrupto tem muita honra de o ter tido, aqui, sentado, entre os objectos da natureza morta de fim de manh�, a ver um ecr� onde, ent�o, a �indol�ncia� de Bonnard ocupava todo o espa�o.
 


NATUREZA MORTA DE FIM DE MANH�

Da esquerda para a direita. Uma pequena pilha de revistas e jornais para fazer uma bibliografia, um cat�logo de uma exposi��o de 2003 de quadros de Avelino Cunhal, um disco com os quartetos para flauta de Mozart, uma m�o, um cart�o de eleitor, uma lupa, um molho de chaves, uma l�mpada de 60 w, um livro de Adorno com ensaios sobre m�sica, a biografia de Graham Greene, volumes II e III, o II paperback, o III hardback, uma tesoura, um bloco do Porto Pal�cio Hotel, um postal de Anders Zorn, uma pilha de zips, uma caneta, um l�pis do Sofitel, um telem�vel ligado, uma esta��o meteorol�gica � dezassete graus aqui, um pouco frio, dezasseis l� tr�s, nove l� fora, - um papel do Clube do Mato, uma jarra com �gua, dois olhos, um ecr�, Der erste Blick aus dem Fenster am Morgen, um peda�o de lava recente, um radi�metro andando muito devagar, uma ma��, um papel com anota��es de sondagens, um agrafador, um telefone desligado, um esquecimento, um azulejo da Paula Rego, uma m�o, um rato, meia d�zia de palavras, ar, uma sombra vaga, mais nada.
 


INTEND�NCIA

O poema de Brecht "Vergn�gungen/ Prazeres", publicado ontem no Abrupto, com tradu��o original de Madalena Ferreira �hman em O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: COISAS SIMPLES ... OU PRAZERES.
 


COISAS COMPLICADAS


Repin
 


EARLY MORNING BLOGS 434

There once was a woman named Bright
Who travelled much faster than light:
She set out one day
In a relative way,
And returned on the previous night.


(Limerick an�nimo)

*

O nosso risco de hoje. Bom dia!

19.2.05
 


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: COISAS SIMPLES ... OU PRAZERES

Vergn�gungen Prazeres

Der erste Blick aus dem Fenster am Morgen O primeiro olhar pela janela de manh�
Das wiedergefundene alte Buch O velho livro reencontrado
Begeisterte Gesichter Caras entusiasmadas
Schnee, der Wechsel der Jahreszeiten Neve, a mudan�a das esta��es
Die Zeitung O jornal
Der Hund O c�o
Die Dialektik A dial�ctica
Duschen, Schwimmen Tomar duche, nadar
Alte Musik M�sica antiga
Bequeme Schuhe Sapatos confort�veis
Begreifen Compreender
Neue Musik M�sica nova
Schreiben, pflanzen Escrever, plantar
reisen, singen Viajar, cantar
Freundlich sein Ser am�vel


(Bertold Brecht, lembran�a de Maria Em�lia Malta, e tradu��o para o Abrupto de Madalena Ferreira �hman)
 


COISAS SIMPLES


Bonnard, Indolence
 


EARLY MORNING BLOGS 433

Sagesse


Le ciel est, par-dessus le toit,
Si bleu, si calme!
Un arbre, par-dessus le toit,
Berce sa palme.

La cloche dans le ciel qu�on voit
Doucement tinte.
Un oiseau sur l�arbre qu�on voit
Chante sa plainte.

Mon Dieu, mon Dieu, la vie est l�,
Simple et tranquille.
Cette paisible rumeur-ia
Vient de la ville.

�Qu�as-tu fait, � toi que voil�
Pleurant sans cesse,
Dis, qu�as-tu fait, toi que voil�,
De ta jeunesse?


(Paul Verlaine)

*

Bom dia!

18.2.05
 


COME�OU

o sil�ncio.
 


APRENDENDO COM O PADRE ANT�NIO VIEIRA SOBRE O ARREPENDIMENTO DE DEUS

Muito honrastes, Senhor, ao homem na cria��o do mundo, formando-o com vossas pr�prias m�os, informando-o e animando-o com vosso pr�prio alento, e imprimindo nele o car�ter de vossa imagem e semelhan�a. Mas parece que logo, desde aquele mesmo dia, vos n�o contentastes dele, porque de todas as outras coisas que criastes, diz a Escritura que vos pareceram bem: Vidit Deus quod esset bonum � e s� do homem o n�o diz. Na admira��o desta misteriosa retic�ncia andou desde ent�o suspenso e vacilando o ju�zo humano, n�o podendo penetrar qual fosse a causa por que, agradando-vos com t�o p�blica demonstra��o todas as vossas obras, s� do homem, que era a mais perfeita de todas, n�o mostr�sseis agrado. Finalmente, passados mais de mil e setecentos anos, a mesma Escritura, que tinha calado aquele mist�rio, nos declarou que v�s est�veis arrependido de ter criado o homem: Poenituit eum quod hominem fecisset in terra � e que v�s mesmo dissestes que vos pesava: Poenitet me fecisse eos � e ent�o ficou patente e manifesto a todos o segredo que tantos tempos t�nheis ocultado. E v�s, Senhor, dizeis que vos pesa e que estais arrependido de ter criado o homem, pois essa � a causa por que logo, desde o princ�pio de sua cria��o vos n�o agradastes dele nem quisestes que se dissesse que vos parecera bem, julgando, como era raz�o, por coisa muito alheia de vossa Sabedoria e Provid�ncia, que em nenhum tempo vos agradasse nem parecesse bem aquilo de que depois vos hav�eis de arrepender e ter pesar de ter feito: Poenitet me fecisse.
 


INTEND�NCIA

Actualizadas as bibliografias de 2003 e 2004 nos ESTUDOS SOBRE O COMUNISMO.
 


BIBLIOFILIA








N�o sei se a tradu��o do russo � boa, embora pense que � a primeira feita directamente do original, a capa � p�ssima, mas o livro � uma obra-prima do Tolstoi tardio, num registo po�tico pouco comum. � tamb�m um livro fundamental para se perceber a guerra da Chech�nia.
 


NOTAS CHEKOVIANAS

Uma boa pergunta: "devem actores negros representar Chekov?" e uma boa resposta.
 


OUVINDO BRAHMS


O Quinteto para Piano e Cordas Op. 34 com Pollini ao piano.
 


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: O "MODELO N�RDICO"

Outra coisa que me assustou, aqui a 3500km de dist�ncia, foi a declara��o de S�crates numa confer�ncia do DE h� uns dias, defendendo o chamado "modelo n�rdico" de Estado-social. Eu ainda admito que o portugu�s comum, menos avisado, ainda acredite que se vive nos pa�ses n�rdicos como h� 30 anos, mas quem (ao que tudo indica) vai ser o pr�ximo primeiro ministro de Portugal tem obriga��o de estar melhor informado e de j� ter percebido que os pa�ses n�rdicos (sobretudo o maior deles, a Su�cia) andam h� dez ou vinte anos a tentar livrar-se do famoso modelo que, como se diz em bom portugu�s, foi "ch�o que j� deu uvas" (e nem sei se deu muitas...). Comprovou-se que era insustent�vel, e se tornava cada vez mais insustent�vel. Ser agora defendido para Portugal � prova de que se mant�m o desfasamento do pa�s relativamente � Europa, ou da mais completa hipocrisia por parte do futuro primeiro ministro. Qualquer das hip�teses � preocupante.

(Madalena Ferreira �hman)

*
Subscrevo as preocupa��es da leitora Madalena Ferreira Ahman relativamente ao denominado "modelo n�rdico" de Jos� S�crates. Apesar de nunca ter vivido na Su�cia, conhe�o bem a Holanda (pa�s que chegou a ter um "estado social" compar�vel) onde vivi cerca de trinta anos. No entanto, e da mesma forma do que na Su�cia, a sua sustentabilidade come�ou a ser posta em causa na d�cada de oitenta. O problema � que Portugal (os portugueses) nunca chegaram a conhecer um sistema social (welfare state) compar�vel a qualquer dos pa�ses n�rdicos, pesem algumas das medidas introduzidas no p�s 25 de Abril. Ou seja, o que os pa�ses n�rdicos fizeram e j� come�aram a "desmantelar", ainda hoje � infinitamente superior ao t�mido sistema social portugu�s. Donde, os portugueses, n�o podem sequer acabar com algo que mal come�ou...resta acrescentar que, para al�m do modelo econ�mico, os paises n�rdicos tem ainda uma coisa chamada "�tica protestante", que n�o explicando tudo, ajuda bastante...basta ler o Max Weber e a "�tica protestante do capitalismo" para percebermos a raz�o de avan�o de uns e o atraso de outros...
(Rui Mota)

*
A raz�o de evoca��o do referido modelo por J. S�crates ter� origem num livro denominado "O Futuro da Europa Social"( 1� ed. Set 2000, Celta Editora ), da autoria de Maurizio Ferrara, Anton Hemerijck e Marin Rhodes, livro que nasce de uma solicita��o do Minist�rio do Trabalho e Solidariedade Social, sendo ao tempo ministro Eduardo ferro Rodrigues, enquadrado na presid�ncia da Uni�o Europeia, no �mbito do Trabalho e Assuntos Sociais.
Naquele s�o referidos os quatro modelos de estado-provid�ncia considerados pelos autores, a saber: n�rdico, anglo-sax�nico, continental e de sul.
� particularmente constatado que o elevado n�vel de apoio �s pol�ticas sociais - na tradi��o e cultura "folkhemmet": o Estado-provid�ncia � a "casa do povo" - t�m sido objecto de reformas, direccionadas para a resolu��o de problemas concretos , sem controv�rsias de fundo em torno de perspectivas e cen�rios alternativos.
Acrescenta que as reformas dos anos 90 conduziram a uma retrac��o do modelo escandinavo e a uma reorganiza��o do sistema de incentivos. mas logo refere que a arquitectura que lhe est� subjacente permaneceu em larga medida intacta, mostrando que um Estado-provid�ncia avan�ado e universalista n�o � uma desvantagem quando surge uma crise econ�mica repentina e inesperada. O problema essencial que apresentam ser� de "flexibilidade", ou seja, poucas condi��es para uma expans�o de servi�os privados no extremo inferior do mercado de trabalho.
As despesas sociais em 1995, para Su�cia, Dinamarca e Finl�ndia eram ,respectivamente: 33%; 32,1%; 32%. A tributa��o, em % do PIB era de: 53%; 52%; 47%. No mesmo per�odo , os indicadores m�dios para a UE a 15 eram, respectivamente, 26% e 43%.
Os n�veis de apoio social do Estado-provid�ncia escandinavo continuam elevados, mesmo sofrendo alguns cortes desde as primeiras reformas em 1991-92, mas as raz�es que na generalidade s�o aceites como boas para justificar a capacidade interventiva do estado na diminui��o da exclus�o social e reintegra��o do cidad�o na vida activa e em sociedade s�o as seguintes: elevado n�vel de igualitarismo econ�mico na popula��o; baix�ssimos n�veis de clientelismo e corrup��o; predomin�ncia de programas "welfare" de aplica��o geral, n�o descriminat�rios.
A principal fonte de receita dos pa�ses escandinavos s�o os impostos. Estamos a falar de economias de elevada capacidade industrial e, mais importante, de produ��o e exporta��o de produtos com componente tecnol�gica avan�ad�ssima. Em suma, ind�stria de ponta.
Estaremos acaso em condi��es, em Portugal, de preconizar a aplica��o de um modelo semelhante, quando nem a vizinha Espanha tem condi��es para o fazer? (para n�o falar na Fran�a ou Alemanha).
(Jo�o Fernandes)
 


COISAS SIMPLES


Matisse
 


EARLY MORNING BLOGS 432

C�o


C�o passageiro, c�o estrito
C�o rasteiro cor de luva amarela,
Apara l�pis, fraldiqueiro,
C�o liquefeito, c�o estafado
C�o de gravata pendente,
C�o de orelhas engomadas,
de remexido rabo ausente,
C�o ululante, c�o coruscante,
C�o magro, t�trico, maldito,
a desfazer-se num ganido,
a refazer-se num latido,
c�o disparado: c�o aqui,
c�o ali, e sempre c�o.
C�o marrado, preso a um fio de cheiro,
c�o a esburgar o osso
essencial do dia a dia,
c�o estouvado de alegria,
c�o formal de poesia,
c�o-soneto de �o-�o bem martelado,
c�o moido de pancada
e condo�do do dono,
c�o: esfera do sono,
c�o de pura inven��o,
c�o pr� fabricado,
c�o espelho, c�o cinzeiro, c�o botija,
c�o de olhos que afligem,
c�o problema...
Sai depressa, � c�o, deste poema!


(Alexandre O'Neill)

*

Bom dia!
 


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: O CORREIO DO �DIO

1.Por acaso at� reparei nessa sua bacorada.� mais um dos casos em que a sua mente 'abrupta'se tem empenhado,com vista a favorecer a Rosinha dos olhos verdes,tentando vilipendiar o CDS,com reflexo no seu �dio de estima��o:Dr.PEDRO SANTANA LOPES!
2.J� aqui o tenho intimado a definir-se:n�o se assuma como militante mas como 'infiltrado'no PSD que tantas mordomias lhe deu,a ponto de o ter ido buscar a uma triste figura de professor de filosofia de Boticas para deputado n�o s� na AR como na Europa,com todas as mordomias que lhe acarretaram!
3.No que respeita ao outro 'submarino',o tal Cavaco ou Silva como queiram,est� tudo dito:ele s� olha para o seu umbigo!Espero que os verdadeiros militantes e simpatizantes do PSD saibam dar-lhe a resposta adequada!
Por �ltimo:tenha vergonha!Demita-se!N�o se atreva mais a dizer que � do PSD!Traidores como voc� j� temos que baste!Traidores armados em pensadores e intelectuais!Veja se consegue fazer algo mais importante do que comer � custa do partido e de quem trabalha!Porque voc� � um parasita!

(Alberico Lopes)
 


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: POEIRA DE 18 DE FEVEREIRO

Eram 4 da tarde do dia 18 de Fevereiro de 1930. No observat�rio de Lowell em Flagstaff, no Arizona, um jovem astr�nomo chamado Clyde William Tombaugh, descobriu numa placa fotogr�fica um objecto de magnitude 14,9 que parecia ter-se movido ligeiramente em rela��o ao fundo estelar. Desconfiado que pudesse ser o novo planeta que tanto procurava, pesquisou em placas anteriores a ver se encontrava o objecto em quest�o. Sabendo o que procurava n�o teve problemas em descobri-lo e em tra�ar o seu trajecto por entre as estrelas. Acabava de descobrir Plut�o.

(Jos� Matos)
 


PEDIDO DE DESCULPAS

ao meu amigo Lobo Xavier e ao pol�tico Paulo Portas pelo erro cometido na Quadratura do C�rculo ao suscitar a quest�o do documento do Minist�rio da Defesa como sendo uma viola��o da confidencialidade quando se tratava de um despacho publicado no Di�rio da Rep�blica.

(O mesmo pedido de desculpas foi publicado no blogue do programa e ser� feito de viva voz no pr�ximo programa.)

17.2.05
 


�LTIMAS NOTAS ELEITORAIS

1.
Numa rara unanimidade no que diz respeito aos principais partidos todas as sondagens finais (divulgadas hoje ou a divulgar amanh�) s�o muito consistentes.

2.
Mas que p�ssima entrevista a feita ao l�der do PSD no Diga L� Excel�ncia, acabada de passar na Dois! Santana Lopes responde com nonchalance e desprezo, imerso num mundo muito pr�prio que j� dificilmente comunica com os outros mortais. Mas a entrevista foi muito m� devido aos jornalistas que n�o a prepararam como deviam e nada mais fizeram que repetir meia d�zia de perguntas sem imagina��o e interesse. Muito abaixo da qualidade normal do programa.

3.
A �nica verdadeira informa��o que resultou da entrevista foi desleixada pelos jornalistas, que insistiram uma vez e passaram adiante, como se n�o lhes tivesse sido dito nada de importante. A recusa de Santana Lopes em reafirmar Cavaco Silva como o candidato do PSD, remetendo uma posi��o sobre essa mat�ria (que parece j� estar pensada e preparada) para depois de 20 de Fevereiro � uma novidade e um sinal dos enormes problemas que o PSD vai defrontar depois dessa data.

4.
As ac��es de rua s�o t�o enganadoras como as enchentes de com�cios quando se trata do PS e do PSD, j� aqui o escrevi. Ambos os partidos t�m toda a capacidade de encher com�cios em locais fechados e pequenas �reas ao ar livre. Neste �ltimo caso, o que interessa � chamar a aten��o para a diminui��o dessas �reas nesta campanha: o PS no Porto abandonou a Pra�a e a Avenida dos Aliados, o PSD n�o se atreveu a encerrar a campanha no local habitual em Lisboa, a marcha na Avenida de Roma.

(Continua)
 


OS NOVOS DESCOBRIMENTOS: AO ROMPER DA BELA AURORA



Ao romper da bela aurora
Sai o pastor da choupana
Vem cantando em altas vozes
Muito padece quem ama.

Muito padece quem ama
Mais padece quem namora
Sai o pastor da choupana
Ao romper da bela aurora.

Gosto de quem canta bem
� uma prenda bonita
N�o empobrece ningu�m
Assim como n�o enrica.

Hei-de cantar, hei-de rir
E hei de ser muito alegre
Hei-de mandar a tristeza
P'r� diabo que a leve

16.2.05
 


VOLTO

em breve.

15.2.05
 


A LER

e a sentir a alegria muito especial que atravessa o Blogue de Esquerda.
 


COISAS SIMPLES


G. Morandi
 


EARLY MORNING BLOGS 431

La Cour du Lion

Sa Majest� Lionne un jour voulut conna�tre
De quelles nations le Ciel l�avait fait ma�tre.
Il manda donc par d�put�s
Ses vassaux de toute nature,
Envoyant de tous les c�t�s
Une circulaire �criture,
Avec son sceau. L��crit portait
Qu�un mois durant le roi tiendrait
Cour pl�ni�re dont l�ouverture
Devait �tre un fort grand festin,
Suivi des tours de Fagotin.
Par ce trait de magnificence
Le prince � ses sujets �talait sa puissance.
En son Louvre il les invita.
Quel Louvre! un vrai charnier, dont l�odeur se porta
D�abord au nez des gens. L�ours boucha sa narine:
Il se f�t bien pass� de faire cette mine.
Sa grimace d�plut. Le monarque irrit�
L�envoya chez Pluton faire le d�go�t�.
Le singe approuva fort cette s�v�rit�,
Et, flatteur excessif, il loua la col�re
Et la griffe du prince, et l�antre, et cette odeur:
Il n��tait ambre, il n��tait fleur,
Qui ne f�t ail au prix. Sa sotte flatterie
Eut un mauvais succ�s, et fut encor punie.
Ce monseigneur du Lion l�
Fut parent de Caligula.
Le renard �tant proche: �Or ��, lui dit le sire,
Que sens-tu? dis-le-moi. Parle sans d�guiser.�
L�autre aussit�t de s�excuser,
All�guant un grand rhume: il ne pouvait que dire
Sans odorat; bref il s�en tire.
Ceci vous sert d�enseignement.
Ne soyez � la cour, si vous voulez y plaire,
Ni fade adulateur, ni parleur trop sinc�re,
Et t�chez quelquefois de r�pondre en Normand.

(Jean de La Fontaine)

*

Bom dia "en Normand"!

14.2.05
 


CAMPANHA ELEITORAL NO PORTUGAL PROFUNDO

e nem por isso o mais profundo, at�, a bem dizer, bem pouco profundo. Numa aldeia ribatejana, a uma hora de Lisboa. Por ordem de apari��o: tr�s cartazes de pl�stico da CDU, reciclados de uma campanha anterior, colocados por um militante comunista local nos postes de ilumina��o, um cartaz de dimens�es m�dias do PP com fotografia do candidato pelo distrito de Santar�m � entrada da aldeia, acompanhado pela distribui��o nas caixas do correio de panfletos do PP, actividade que parece ter sido profissionalizada � uma equipa passou e deixou esta propaganda. Depois, uns panfletos do BE, com a candidata pelo distrito, deixados num caf� local. Nas caixas do correio, panfletos da CDU e do PP, sendo que um deles, o da CDU, � um comunicado sobre quest�es aut�rquicas locais e associa o voto nas legislativas com cr�ticas � ac��o da Junta de Freguesia local. Nada mais. Nada do PS, nada do PSD, nada de nenhum outro partido.

(Tradicionalmente o voto nas elei��es anteriores favoreceu o PS em geral. Houve excep��es nas aut�rquicas, onde a CDU j� ganhou e nas europeias, em que o PSD tamb�m j� ganhou, em ambos os casos n�o nas �ltimas elei��es. )
 


INTEND�NCIA

Actualizadas v�rias notas dos �ltimos dias: A MORTE DA IRM� L�CIA, OUVINDO HEINRICH IGNAZ FRANZ BIBER e ISTO N�O � JORNALISMO S�RIO (2).
 


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: DOIS MODOS DE HONRAR E DE LEMBRAR



Sei que nesta ocasi�o estar�o muito ocupados com not�cias mais relevantes, no entanto quando h� por a� quem tanto se gabe do que fez, envio esta vergonha. Vejam como se honram os mortos. Localidade Pemba - Mo�ambique
Cen�rio I - Cemit�rio Militar da Commonwalth I Guerra Mundial
Cen�rio II - Talh�o militar portugu�s
Quando enviam cartas para os ex-combatentes deveriam ir acompanhadas destas fotografias para que se possa ver como s�o respeitados os que morreram ao servi�o da P�tria. Que � feito dos adidos militares, dos embaixadores; ningu�m sabe? D� que pensar.

(Fitas Cust�dio, citando como fonte Maschamba)
 


PENOSO

ver S�crates a meter os p�s pelas m�os para explicar o �choque tecnol�gico�, que afinal n�o � �choque� nenhum, mantendo-se a um n�vel de generalidades superficiais e preocupantes.
 


A MELHOR

maneira de fazer perder um notici�rio o seu conte�do informativo � ter um not�cia que d� audi�ncias. Ent�o o tempo, o bem mais precioso em televis�o, � esticado at� ao limite da exaust�o. Foi assim com a ponte que caiu, com os inc�ndios no Ver�o, com a morte de Sousa Franco, com o maremoto asi�tico e � assim com a morte da Irm� L�cia. Se observarmos o mecanismo da cobertura televisiva ele � muito semelhante: longos directos sobre nada, entrevistas aos �populares�, separadores com imagens, m�sicas e efeitos especiais, discursos apolog�ticos ou indignados, conforme o caso, excita��o sem distancia��o. N�o � jornalismo s�o imagens sem espessura para entreter os sentidos.
 


VEM VENTO


e varre tudo isto com for�a. Bom Jean-Fran�ois Millet ajuda-nos com mil golpes de vento destes.
 


OUVINDO HAYDN E BRAHMS


Os quartetos de cordas de Haydn e o Duplo Concerto de Brahms com Perlman e Rostropovich.
 


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: A PALAVRA QUE FALTA

N�o seria bonito o Estado na figura de Jorge Sampaio (...) ter uma palavra para com os homens e mulheres da GNR que estiveram no Iraque representando Portugal?

(Isabel Moreira)
 


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: QUERER ESTAR PERTO LONGE

Somos um casal de Portugueses a residir em Glasgow (Esc�cia, Reino Unido). Apesar de estamos a viver longe do nosso Portugal nunca nos demarcamos das nossas origens, muito pelo contr�rio. Como devem compreender a comunica��o social desempenha um actividade important�ssima neste aspecto, mas infelizmente, aqui na Esc�cia, � muito dif�cil manter esse contacto uma vez que n�o temos acesso aos canais portugueses, nomeadamente RTPi ou SIC internacional, muito menos a jornais, revistas etc. Um meio barato, r�pido que poderia colmatar essa laguna seria a Internet. J� existem centenas de canais que transmitem em directo on-line, mas se formos ver em rela��o aos canais portugueses a hist�ria � bem diferente e chega a ser mesmo caricata. Comecemos pela RTPi: A RTPi disponibiliza em directo o seu conte�do online apenas atrav�s de um site estrangeiro. www.jumptv.com onde temos que desembolsar uma quantia por m�s equivalente aquilo que muita gente paga para ter TV cabo, com v�rios canais, mas aqui para al�m de ter que pagar uma pequena fortuna para ter acesso apenas a um canal, que incondicionalmente devia ser servi�o p�blico, a qualidade de imagem e som � super reduzida, mesmo tendo uma boa liga��o pela net. Quanto aos Canais da SIC, estes est�o disponibilizados no site xl.sapo.pt, sem custos para o consumidor inclusive o Sic not�cias, que seria o canal que n�s ter�amos mais interesse. Mas infelizmente, e de uma maneira que n�o conseguimos entender, estes canais s� est�o dispon�veis para clientes que t�m liga��o � internet fornecida por uma das empresas da PT. Como devem compreender � um pouco dif�cil aqui em Glasgow a PT disponibilizar qualquer servi�o de liga��o � internet.

J� envi�mos cartas � PT, RTP e SIC mas passados v�rios meses ainda n�o tivemos qualquer resposta.

(Nuno e C�tia)

*
Ao casal de portugueses em Glasgow gostaria de dizer que tamb�m eu fiquei sem resposta da SIC e da RTP quando, j� l� v�o uns anos, lhes pedi informa��es sobre a possbilidade de receber as emiss�es por cabo, na Su�cia. Entretanto mudei de casa, tenho uma antena parab�lica, e tenho acesso gratuito � RTP Internacional. Para consolo dos nossos compatriotas em Glasgow, posso inform�-los de que n�o perdem muito. A programa��o da RTP Internacional consegue ser ainda mais pobre que a da RTP nacional, e nem sempre corresponde, ali�s, ao que acaba por ir "para o ar". Os notici�rios s�o normalmente os da RTP 1, ou seja, essencialmente, faits-divers e futebol durante mais de uma hora. Al�m disso h� novelas, mais futebol, uns programas "para emigrante" que d�o logo imensa vontade de emigrar para mais longe ainda, onde a RTP n�o chegue, e pouco mais.

Acompanho a actualidade nacional atrav�s das vers�es on-line de jornais e revistas e atrav�s da blogosfera, que tem uma dimens�o enorme em Portugal (os blogues de coment�rio pol�tico s�o praticamente inexistentes na Su�cia - na minha opini�o porque, felizmente, n�o s�o precisos). Chega-me perfeitamente.
(Madalena Ferreira �hman, Su�cia)
 


COISAS SIMPLES


Vuillard
 


A LER

As cr�ticas de Eduardo Cintra Torres � cobertura desequilibrada e m� da campanha eleitoral.

Na Slate "A Little Anthology of Love Poems. What to read your sweetheart on Valentine's Day" por Robert Pinsky.
 


A MORTE DA IRM� L�CIA

foi tratada pela Igreja com reserva e comedimento, atitudes que correspondem certamente � vontade da pr�pria L�cia. Esta posi��o est� em contraste com os pol�ticos como Santana Lopes e Portas, mais o primeiro que o segundo, que a est�o a transformar indirectamente num acto de campanha � � um completo contra-senso suspender a campanha por �luto� de dois dias, como ser� a proclama��o, cada vez mais banalizada, de luto nacional. A separa��o institucional entre o Estado e a Igreja implica alguma modera��o, e n�o � l�quido que � Igreja agradem muito estas manifesta��es de dramatiza��o alheia de oportunidade.

Nota: vim agora a saber que o PS tamb�m vai a reboque. Est� tudo a voar baixinho, sem o m�nimo de solidez de pensamento e ... vergonha.

*
Espanta-me um pouco a teoria de que por separa��o entre Igreja e Estado se entenda que tudo o que vem da Igreja seja para combater e contrariar porque sen�o n�o temos uma verdadeira separa��o. Dou um exemplo: parece que o estado defender a fam�lia � simplesmente conden�vel porque a Igreja defende a fam�lia. Como tal o estado tem que se preocupar com os direitos dos homossexuais, com a liberaliza��o das drogas, com os div�rcios, com o aborto mas nunca com a fam�lia. Recordo aqui uns amigos investigadores universit�rios que tiveram o apoio a um trabalho recusado por um instituto estatal por ser "tendencioso". Isto porque pretendia analisar em que ponto a fam�lia � importante para o equilibrio psicol�gico dos individuos... O mesmo instituto financia estudos sobre a homossexualidade...
Digo-lhe mais. A irm� L�cia � provavelmente a figura mais importante portuguesa do S�c XX. Ficar� sempre para a hist�ria do nosso pais. � preciso olhar para a hist�ria e perceber o que fica para o futuro. Se estivessemos a falar de Eus�bio, Am�lia, M�rio Soares ent�o o pa�s deveria parar tudo, o luto nacional seria completamente justificado e at� se exigiria as maiores homenagens. Quanto � irm� L�cia essa faz parte da Igreja e por isso h� que esquec�-la e apagar a sua imagem em nome da c�lebre separa��o. N�o ser� por atitudes dessas que as pessoas se sentem t�o "separadas" do Estado?
(Pedro Alvito)

*
Como seu leitor e apreciador lamento os infelizes comentarios � morte duma pessoa que � mais conhecida no mundo que Portugal O Snr. Quando morrer ninguem o conhece a na� ser meia duzia de escribas seguidistas .A sua morte n�o figurar� na historia .

O seu pedestal caiu e dum ilustre pensador mergulhou nas hostes que apedrejam quem tem fe e acredita no sobrenatural .

Para o Snr � dia de luto nacional a morte duma fadista ou por um qualquer corrupto mundano que morra algures e seja um idolo para o Snr.

Veja as televis�es de todo o mundo ..Noticiam com respeito e n�o brejeirices em ambiente gastronomico de porco preto.

Infelizmente igual a tantos que n�o respeitam credos nem convic��es .Igual a si proprio ,na sua cren�a e nos comentarios .

Menos um a ler o seu jornal de parede... Triste figura no declinio irreversivel em que se lan�ou Passe bem e continue a falar para o seu ego.
(Jo�o Moreno)
 


EARLY MORNING BLOGS 430

Don Juan aux Enfers


Quand don Juan descendit vers l�onde souterraine
Et lorsqu�il eut donn� son obole � Charon,
Un sombre mendiant, l��il fier comme Antisth�ne,
D�un bras vengeur et fort saisit chaque aviron.

Montrant leurs seins pendants et leurs robes ouvertes,
Des femmes se tordaient sous le noir firmament,
Et comme un grand troupeau de victimes offertes
Derri�re lui tra�naient un long mugissement.

Sganarelle en riant lui r�clamait ses gages,
Tandis que don Luis avec un doigt tremblant
Montrait � tous les morts errant sur les rivages
Le fils audacieux qui railla son front blanc.

Frissonnant sous son deuil, la chaste et maigre Elvire,
Pr�s de l��poux perfide et qui fut son amant,
Semblait lui r�clamer un supr�me sourire
O� brill�t la douceur de son premier serment.

Tout droit dans son armure, un grand homme de pierre
Se tenait � la barre et coupait le flot noir;
Mais le calme h�ros, courb� sur sa rapi�re,
Regardait le sillage et ne daignait rien voir.


(Charles Baudelaire)

*

Bom dia!

13.2.05
 


AR PURO


Whistler
 


NATUREZA MORTA MATINAL

Da esquerda para a direita: uma pilha de jornais e revistas para fazer uma bibliografia, em cima os Itiner�rios Hist�rico-Naturais de Jos� Correia da Serra, uma p�gina marcada no �Journal d�une course en Avril 1774 , avec Mr. Demestre�:

"Nous sommes partis de Rome dans une chaise port�e par deux mulets de bien differente genealogie, un etoit fils d'un ane, et d'une jumente, l'autre fils d'un cheval et d'une anesse, il etoit fort difficile de trouver des mulets qui eussent les caracteres de leur naissance plus reconnoisables pour les Naturalistes.
La saison etoit fort peu avanc�e, et il n'y avoit que peu de plantes en fleur, hormis l' Asphodelus ramosus, dont toutes les campagnes des provinces meridionales du Pape sont infect�es,........"


Um comando de televis�o, um rel�gio de dupla hora, uma caneta, um l�pis do Sofitel, uma tesoura, uma lupa, uma pilha de zips, uma m�o, uma esta��o meteorol�gica � dezanove graus e meio aqui, dezasseis ao fundo, dez l� fora,- dois olhos, uma janela rasgada, dois gatos ao sol no telhado, um loureiro, colinas, um fragmento de nuvem, azul, um radi�metro girando devagar, um ecr�, um disco de Biber, um peda�o de lava recente, um dado que n�o � dado mas que foi dado, uma jarra com �gua, uma ma�� vermelha, um telefone sem som, um papel com um n�mero, outra m�o, um rato, mem�rias, mol�culas, vagu�ssima poeira, finas oscila��es do ar: m�sica, um ponto final.
 


OUVINDO HEINRICH IGNAZ FRANZ BIBER


Biber, Rosary Sonatas, por Andrew Manze (violino), Richard Egarr (org�o), da Harmonia Mundi. A Harmonia do Mundo, tudo no seu s�tio.

*

Reparei que a interpreta��o (recente) das sonatas do ros�rio pelo Andrew Manze faz parte das suas escutas recentes. A leitura de Manze �, na minha opini�o (desculpe-me a frontalidade), banal. "Obrigat�rias" (embora muito diferentes entre elas) s�o as seguintes interpreta��es:

A primeira (do Patrick Bismuth) � um prod�gio de contraste e visceralidade; a segunda (da Alice Pierlot) � mais "femenina", doce. Qualquer uma delas � profunda. Humana.
J� agora, convido-o a explorar mais a m�sica antiga. N�o apenas o barroco, mas tamb�m a m�sica da renascen�a, a Ars Nova, a Ars Subtilior. A originalidade e frescura que nela encontramos n�o cessa de me surpreender. Comparado com este per�odo, o classicismo e romantismo parece pobre e previs�vel (na minha opini�o)

(Jo�o Jarego)
 


CAMPANHA DA MEM�RIA

H� um fantasma que assola esta campanha: a mem�ria. Felizmente os m�dia ainda n�o conseguiram elimina-la de todo. O PS vive assolado pela mem�ria do que fez h� dois anos � da� a efic�cia de alguma propaganda negativa do PSD � e Santana Lopes pelo facto dos portugueses o �conhecerem bem�.
 


EARLY MORNING BLOGS 429

� preciso dizer rosa em vez de dizer ideia


� preciso dizer rosa em vez de dizer ideia
� preciso dizer azul em vez de dizer pantera
� preciso dizer febre em vez de dizer inoc�ncia
� preciso dizer o mundo em vez de dizer um homem

� preciso dizer candelabro em vez de dizer arcano
� preciso dizer Para Sempre em vez de dizer Agora
� preciso dizer O Dia em vez de dizer Um Ano
� preciso dizer Maria em vez de dizer aurora

(M�rio Cesariny)

*

� preciso dizer bom dia em vez de dizer bom dia!

12.2.05
 


ISTO N�O � JORNALISMO S�RIO (2)

As "not�cias" da capa do Expresso s�o outro exemplo do p�ssimo jornalismo pol�tico que se faz em Portugal, j� descontando o servi�o que esta desinforma��o presta a uns e prejudica a outros. Ou seja, o Expresso est� em campanha, na campanha, mentindo como os jornalistas acusam os pol�ticos de fazer.

T�tulo: Armadilha a Cavaco, ou seja, uma realidade factual pressuposta, um acontecimento. Na "not�cia" apenas isto: "A NOT�CIA do �P�blico� segundo a qual Cavaco Silva apostava na vit�ria do PS com maioria absoluta como rampa de lan�amento de uma candidatura a Bel�m ter� tido origem na �entourage� de Santana Lopes. � esta a convic��o de v�rias pessoas pr�ximas de Cavaco, como o EXPRESSO apurou." Uma "convic��o de v�rias pessoas pr�ximos de Cavaco", � isto que justifica uma "not�cia" destas. Adivinha��o pura porque "convic��es" n�o s�o factos.

T�tulo: Cadilhe desmente Santana. A fonte � Jos� Lello que nega na pr�pria "not�cia" ser a fonte. Ou isto � um jogo de espelhos m�tuo e negociado e nesse caso seria para desconfiar dado que existe uma parte interessada, ou � mentira pura: "Amigo de longa data de Miguel Cadilhe, o socialista Jos� Lello foi incumbido pelo PS de avaliar o seu sentimento acerca das declara��es p�blicas de Santana. Na informa��o que transmitiu ao PS, Lello deu conta de que o ex-ministro de Cavaco Silva se mantinha alheado da campanha, estranhara a an�ncio do seu nome e que n�o estava dispon�vel para integrar um eventual Governo liderado por Santana Lopes. Contactado pelo EXPRESSO, Lello respondeu nunca �abordar em p�blico conversas de �mbito privado�. Reconhecendo que troca impress�es, com alguma frequ�ncia, com Cadilhe, Lello disse ser incapaz de �meter o ru�do de fundo da pol�tica na conversa com um amigo pessoal�.

*

Em 1973,frequentava eu o curso de Administra��o e Gest�o de Empresas em Lisboa,e nessa altura quotizava-me com outros colegas para comprarmos diariamente dois jornais:"A Rep�blica" e o "Di�rio de Lisboa".Eram os �nicos,no tempo da ditadura,que mantinham uma informa��o digna e independente.Pouco tempo depois sai o "Expresso",e l� tiv�mos que fazer mais um esfor�o semanal.Infelizmente "A Rep�blica" acabou por ser devorada nos excessos da revolu��o,e o "Di�rio de Lisboa" acabou por falir por motivos ainda hoje pouco claros.Assistimos hoje, mais de tr�s d�cadas ap�s o 25 de Abril, � maior campanha de intoxica��o a favor de um partido,de que h� mem�ria.E quem aparece como o campe�o da mentira e da falta de �tica?Precisamente o seman�rio"Expresso".

(Henrique Cabral Garcia)
 


A LER

Soy um perro callejero, um grande nome e um blogue diferente, outros mundos, outros conte�dos.
 


AR PURO


Nikolay Gay, No Mar de Livorno
 


EARLY MORNING BLOGS 428

Em pris�es baixas fui um tempo atado



Em pris�es baixas fui um tempo atado,
vergonhoso castigo de meus erros;
inda agora arrojando levo os ferros
que a Morte, a meu pesar, tem j� quebrado.

Sacrifiquei a vida a meu cuidado,
que Amor n�o quer cordeiros, nem bezerros;
vi m�goas, vi mis�rias, vi desterros:
parece-me qu'estava assi ordenado.

Contentei-me com pouco, conhecendo
que era o contentamento vergonhoso,
s� por ver que cousa era viver ledo.

Mas minha estrela, que eu j�'gora entendo,
a Morte cega, e o Caso duvidoso,
me fizeram de gostos haver medo.



(Lu�s de Cam�es)

*

Bom dia!

11.2.05
 


PARA LAVAR A ALMA

com a pura beleza. A gal�xia do Sombrero.
 


SE O RID�CULO MATASSE

cairiam meia d�zia de raios certeiros nas institui��es europeias. Ent�o n�o � que se lembraram de mandar para o espa�o, no bolso dos astronautas europeus que v�o � boleia de um foguet�o russo no pr�ximo Abril, um exemplar da Constitui��o europeia� Esqueceram-se foi de uma regra fundamental: tudo o que sobe torna a cair.

*
De facto, astronautas com a Constitui��o Europeia no bolso tem o seu qu� de rid�culo. Mas permita-me um reparo : n�o � sempre verdade que "tudo o que sobe torna a cair".

Se um objecto voador for lan�ado para "cima" (esta no��o � relativa, como se sabe) com uma velocidade superior � chamada velocidade de escape j� n�o torna a cair. Afasta-se indefinidamente.

Estamos a falar, naturalmente, de um objecto voador que se afasta da superf�cie de um corpo celeste, no caso presente da superf�cie do nosso planeta. Como a for�a de atrac��o gravitacional diminui com a dist�ncia, � aceit�vel supor que para uma velocidade de "subida" suficientemente elevada, o objecto voador consiga passar o ponto em que a for�a de atrac��o que tende a traz�-lo de volta j� n�o seja suficiente para o fazer "cair". E assim acontece, de facto.

A velocidade de escape varia com a massa do planeta. Quanto maior a massa do planeta, maior ser� a respectiva velocidade de escape. No caso da Terra, "bastam" cerca de 11 quil�metros por segundo nos momentos iniciais da partida para que o objecto j� n�o regresse. Ou seja, se queremos que a Constitui��o Europeia n�o nos incomode mais, basta lan��-la para o espa�o com uma velocidade superior a 11 km/s. Mas sem astronautas a bordo ....
(Jorge Oliveira)
 


EARLY MORNING BLOGS 427

I plunge deep within this frozen lake
whose mirrored fastnesses fill up my heart,
where tears drift from frivolity to art
all white and slobbering, and by mistake
are the sky. I'm no whale to cruise apart
in fields impassive of my stench, my sake,
my sign to crushing seas that fall like fake
pillars to crash! to sow as wake my heart
and don't be niggardly. The snow drifts low
and yet neglects to cover me, and I
dance just ahead to keep my heart in sight.
How like a queen, to seek with jealous eye
the face that flees you, hidden city, white
swan. There's no art to free me, blinded so.

(Frank O'Hara)

*

Bom dia!
 


DOIS MUNDOS

Num dos raros momentos de verdade da campanha eleitoral, um duplo retrato de tudo, de Portugal, dos pol�ticos, da televis�o, da imagem, da palavra: Portas, outra vez de �Paulinho das feiras�, visitando o �povo� do alto do seu h�bito de pequeno lorde, e Jer�nimo de Sousa, comovido com os velhos resistentes de Alpiar�a. No PCP, o nome e a coisa coincidem; no PP, uma representa��o gera um mundo esquizofr�nico.

Num caso, populismo for�ado, com a hipocrisia estrutural de um mundo pequeno-burgu�s yuppie, urbano e c�nico, a �descer� ao �povo� sob a forma dos feirantes para gerar imagens �sociais� de televis�o; no outro, um Portugal em extin��o, pesado de mem�ria e abandono, encurralado por tudo e todos, menos pela sua identidade antiga.

A cena de Alpiar�a tem qualquer coisa de trag�dia cl�ssica, um percurso de sofrimento profundo demais para se bastar apenas nas palavras de revolta. No fundo, ter que dormir uma noite numa oliveira para fugir � PIDE, parece hoje coisa de pouca monta para quem l� sobre todas as desgra�as do s�culo num livro. Mas, naquela sala, n�o se leu, viveu-se, o que faz toda a diferen�a. E, naquela sala, h� uma forma especial de dignidade, que vem de todas as esperan�as perdidas, da pobreza, do mundo duro do trabalho, da perplexidade face ao futuro. Aquela gente vem de um mundo que morreu, mas a sua voz faz parte do coro da polis, que j� ningu�m ouve. Nem n�s.

10.2.05
 


NATUREZA MORTA NOCTURNA

Da esquerda para a direita: uma pilha de jornais e revistas para actualizar uma bibliografia, em cima Digressions on Some Poems by Frank O'Hara, uma carta da Associa��o de Professors de Filosofia, um comando do cabo por sat�lite (� assim na prov�ncia) , um n�mero antigo de A Comuna, uma m�o, tr�s canetas, um l�pis, um rel�gio do ex�rcito su��o com duas horas, Lisboa e Bruxelas, um saco com moedas de marco esquecidas, uma nota de cem euros para ver como �, uma lupa, um penny para comprar pensamentos, uma pilha de zips, uma esta��o meteorol�gica � vinte e cinco graus, c� dentro, quente de mais mas vai arrefecer, dezanove l� atr�s, nove l� fora � um dado redondo viciad�ssimo, uma tesoura, dois olhos, um teclado, um ecr�, uma janela escura, uma luz ao longe, um radi�metro, um fragmento de lava, uma garrafa de �gua, sobre um azulejo antigo, outra m�o, um telefone desligado, um CD com Pollini a tocar Debussy, um rato, um fio que n�o leva a parte nenhuma, pequenos ru�dos da madeira, ar.
 


BIBLIOFILIA: FRANK O'HARA



Collected Poems of Frank O'Hara, Allen Donald (Editor), John Ashberry (Introduction), University of California Press, 1995

Joe Lesueur, Digressions on Some Poems by Frank O'Hara , Farrar Straus Giroux, 2004

Majorie Perloff, Frank O'Hara: Poet among Painters, University of Chicago Press, 1997

Um habitual visitante dos "early morning", que tem esta Autobiographia Literaria

When I was a child
I played by myself in a
corner of the schoolyard
all alone.

I hated dolls and I
hated games, animals were
not friendly and birds
flew away.

If anyone was looking
for me I hid behind a
tree and cried out "I am
an orphan."

And here I am, the
center of all beauty!
writing these poems!
Imagine!
 


GRANDES NOMES: PARTIDO REVOLUCION�RIO INSTITUCIONAL

Sugest�o mexicana de Jos� Carlos Santos. Partido fundado por Plutarco El�as Calles, em 1929, com o objectivo de absorver os milhares de revolucion�rios que tinham participado na guerra civil mexicana e dar-lhes um instrumento pol�tico "institucional". Um problema que t�m todos os partidos ou grupos armados, como os republicanos portugueses com os seus "revolucion�rios civis", a FRETILIN com as FALINTIL, a FRELIMO e o PAIGC com os seus antigos combatentes, que esperam da chegada ao poder uma s�rie de privil�gios. O PRI � ainda hoje o mais importante partido mexicano.

*
O Partido fundado por Plutarco El�as Calles designava-se Partido Nacional Revolucion�rio, mas �, efectivamente o antecessor do PRI.Cerca de dez anos mais tarde (1938) L�zaro C�rdenas mudou o nome para Partdo de la Revoluci�n Mexicana. S� em 1946 adoptar� o nome de Partido Revolucion�rio Institucional. O partido � o mesmo, mas a mudan�a de nomes reflecte, por�m, mudan�as na sua orienta��o pol�tica.
(Edmundo Moreira Tavares)
 


GRANDES NOMES: EXTRAORDINARY POPULAR DELUSIONS AND THE MADNESS OF CROWDS

Livro do poeta, jornalista e escritor escoc�s Charles Mackay, publicado em 1841 (com uma segunda edi��o em 1852).

(Jos� Carlos Santos)
 


H� VIDA DEPOIS DE 20 DE FEVEREIRO (3) MEM�RIA CURTA - "TUDO NA VIDA SE RENOVA"

Para os que agora criticam quem critica Santana Lopes conv�m n�o ter mem�ria curta. Em Abril de 2000, bem dentro deste ciclo pol�tico p�s-Cavaco, Santana Lopes dava uma entrevista ao Expresso em que afirmava, preto no branco, a necessidade de criar outro partido e fazia um ultimatum ao PSD: ou mudava o PSD ou ele pr�prio mudava de partido. Nunca nenhum dos seus opositores actuais afirmou que iria criar outro partido contra o PSD. Toda a entrevista, lembrada pelo Pula, Pula Pulga, � t�pica do estilo egocentrista, err�tico e confuso de Santana Lopes, que sempre se p�de perceber, mas a que muitos foram cegos. Esta entrevista n�o � a �nica em que o tema da cria��o de um novo partido � nomeado. Fica aqui como documento a lembrar em 20 de Fevereiro a prop�sito das "facadas" nas costas.


op��o inadi�vel de Santana


(...)
PEDRO Santana Lopes considera chegado o momento da �clarifica��o definitiva� no PSD e lan�a um ultimato: ou o partido muda ou muda ele de partido. Numa extensa entrevista ao EXPRESSO, que ser� publicada na Revista da pr�xima semana, o presidente da C�mara da Figueira da Foz volta a agitar as pantanosas �guas do maior partido da oposi��o, n�o escondendo a impaci�ncia com a situa��o que resultou do Congresso de Viseu e exigindo que se acabe �com a hipocrisia: todos falam baixo na mudan�a da lideran�a do PPD/PSD e, depois, ningu�m, ou poucos, fala alto�.
Garantindo que n�o est� a defender a demiss�o de Dur�o Barroso, admite, no entanto, que n�o acredita no seu partido com o actual l�der: �Conhe�o-o h� muitos anos e n�o esperava que as coisas corressem t�o mal como correram�, confessa, remetendo Barroso para o pret�rito e assestando as suas baterias em Marcelo Rebelo de Sousa - a quem atribui inten��es de voltar a candidatar-se � lideran�a do PSD e, por isso, n�o lhe poupa cr�ticas.

Contra a frente �anti-santanista�
Confessando-se estupefacto perante os rumores que referem a constitui��o de uma �frente-anti-santanista� destinada a evitar que ele chegue � presid�ncia do partido - �Isto atinge as raias do rid�culo!�, comenta - Santana Lopes tranquiliza os seus advers�rios: �Quero dizer-lhes que n�o se preocupem, porque n�o vou fazer nada por isso�. O seu plano, assegura, n�o tem nada de conspirativo: �A direc��o do partido e o partido � que t�m de promover, se quiserem, as medidas necess�rias para mudar de vida. Se o fizerem, muito bem. Se entenderem que querem continuar com uma lideran�a do tipo da de Dur�o Barroso, eu discordo, mas respeito�.

O primeiro passo, prop�e, � um referendo interno sobre as elei��es directas que o congresso de Viseu n�o aprovou: �Agora � o tempo certo para, com calma e serenidade, fazer o referendo sobre as directas�, � o convite que endere�a aos dirigentes do partido, garantindo-lhes: �N�o fa�o campanha nem a favor nem contra, s� quero saber se o partido quer ou n�o essas elei��es directas, quer ou n�o mudar de vida, quer ou n�o deixar de funcionar em circuito fechado�. O seu pr�prio destino, afian�a, ficar� de uma vez clarificado a partir da�: �Se o partido se come�ar a encaminhar no sentido das teses que defendo, ter�o de ser outros a escolher o novo caminho�. Se assim n�o suceder, n�o hesitar�: �Partirei � procura de uma alternativa por caminhos diferentes�.

Um novo partido �� inevit�vel�
O autarca da Figueira considera inadi�vel a reorganiza��o do centro-direita e est� convencido de que esse processo conduzir� inevitavelmente a um novo partido. Se ser� ele ou n�o a liderar essa nova forma��o pol�tica, � uma quest�o cuja resposta deixa nas m�os dos seus companheiros sociais-democratas. O eterno candidato � lideran�a do PSD explica em detalhe as raz�es que o levam a rejeitar liminarmente tal estatuto e afirma-se �saturado�: �O PPD/PSD tem de mudar de vida�, exige, num tom definitivo que manteve ao longo das mais de tr�s horas de conversa e que s� abrandou por uma ou duas vezes ao admitir que a sua indisponibilidade para voltar a candidatar-se � lideran�a cederia a um s�rio apelo dos militantes do seu partido em que, todavia, diz n�o acreditar.

Impaciente, o presidente da C�mara da Figueira da Foz esclarece que �chegou o momento de fazer a reorganiza��o do centro-direita em Portugal�. No seu entender, � necess�rio �construir uma alternativa�, dado que �o centro-direita est� bloqueado, objectiva e subjectivamente. Objectivamente, porque n�o h� nenhum ponto de converg�ncia entre os v�rios partidos desse espa�o. Subjectivamente, porque, com as lideran�as do PPD/PSD e do CDS-PP, essa converg�ncia n�o � poss�vel�. Tal reorganiza��o, admite, acabar� por dar um s� efeito: �Estou convencido de que � inevit�vel um novo partido. Resta saber quem o vai fazer�.

Recusando que as suas palavras sejam interpretadas como �uma heterodoxia lesa-p�tria ou lesa-partido�, desdramatiza: �Tudo na vida se renova - as c�lulas do organismo humano est�o em renova��o permanente. E, no centro-direita, chegou a hora de mudar�.

Pronto para uma alternativa
Reconhecendo que a pol�tica faz parte da sua vida, e que n�o saberia viver sem ela, recusa ficar de bra�os cruzados: �Sei que irei contribuir para a constru��o da alternativa ao PS. A quest�o est� em saber se, de facto, ser� no meu partido ou n�o�. Uma pergunta que quer ver respondida quanto antes: �Acho que � bom para o partido e para mim esclarecer isto�. Por ele, n�o tem d�vidas: �Quero construir essa alternativa de centro-direita. Acredito que tenho condi��es para o fazer�.

Uma alternativa que n�o significa necessariamente uma alian�a com o CDS/PP para as legislativas - at� porque, no seu entendimento, �se o PPD/PSD for pelo caminho que idealizo, pode ambicionar ganhar sozinho� -, mas que come�a por v�rios acordos nas aut�rquicas que possibilitem uma mudan�a da realidade pol�tica. � aqui, sublinha, que �h� uma necessidade de desbloquear caminhos que est�o tapados�, porque o que acontece hoje �� que o PPD/PSD e o CDS/PP s�o oposi��o um ao outro�.

�Este relacionamento entre Dur�o e Portas � absolutamente inconceb�vel�, condena, acrescentando que �um l�der dum partido, por muitos problemas pessoais que tenha com outro, n�o pode dizer que nunca se sentar� � mesa com ele, porque isso � bloquear solu��es de futuro que podem ser necess�rias�. Uma rela��o diametralmente oposta � sua, que � f�cil de perceber pelo que diz de Portas: �N�o precisamos de conversar para nos entendermos ou desentendermos. Conhecemo-nos h� muitos anos�.


CRISTINA FIGUEIREDO e M�RIO RAMIRES
 


O P�BLICO

procedeu bem ao terceiro dia. Mas o mal est� feito e conseguido um efeito sem retorno.
 


INTEND�NCIA

Actualizadas as notas BIBLIOFILIA: HOMEM DE UMA S� �RVORE e APRENDENDO COM S. TOM�S DE AQUINO ACERCA DA CONSULTA AOS ASTROS.

Actualizados os ESTUDOS SOBRE O COMUNISMO.
 


COISAS SIMPLES


Repin, Tolstoy a trabalhar
 


EARLY MORNING BLOGS 426

Envoy


Go, little book, and wish to all
Flowers in the garden, meat in the hall,
A bin of wine, a spice of wit,
A house with lawns enclosing it,
A living river by the door,
A nightingale in the sycamore!


(Robert Louis Stevenson, A Child�s Garden of Verses and Underwoods)

*

Bom dia!

9.2.05
 


ISTO N�O � JORNALISMO S�RIO

Lamento muito porque o P�blico � o meu jornal, mas esta pe�a de hoje auto-justificativa da de ontem (hoje assinada apenas por Eunice Louren�o e Helena Pereira) n�o � jornalismo s�rio e viola todas as regras deontol�gicas do Livro de Estilo do jornal. Vejam como � fabricada uma "not�cia" que hoje se reduz a uma "interpreta��o" dos jornalistas a partir de uma opini�o antiga conhecida transformada numa not�cia actual de apoio eleitoral ao PS (que Cavaco prefere maiorias absolutas tenho-o citado v�rias vezes recentemente na Quadratura do C�rculo, no seu contexto e inten��o e nunca como uma tomada de posi��o pessoal a favor do PS, o que � completamente desonesto). Fica aqui integralmente este exemplo de jornalismo inventado que chega ao ponto de citar uma fonte sobre "o que � que Cavaco pensa":

Ex-primeiro Ministro Incomodado com Not�cia do P�BLICO / Cavaco vai manter sil�ncio at� 20 de Fevereiro

An�bal Cavaco Silva vai manter sil�ncio at� dia 20, data das elei��es, mas ontem mostrou-se incomodado com a not�cia do P�BLICO que tinha por t�tulo "Cavaco aposta em maioria absoluta de S�crates".

O ex-primeiro-ministro n�o gostou que fosse recordado, nesta altura, que defende que o melhor para o pa�s s�o executivos de maioria absoluta e que prev� que o PS possa vir a conseguir governar nessas condi��es. N�o gostou tamb�m da leitura de que esse cen�rio ser� o mais favor�vel � sua candidatura presidencial, al�m do facto de o termo "aposta", que era usado no sentido de previs�o, estar a ser interpretado como um apoio ao l�der socialista.

O ex-l�der do PSD considerou que a not�cia podia servir para Santana se vitimizar e preocupou-se em que as r�dios e a ag�ncia noticiosa passassem o "desmentido" antes do que estava anunciado como sendo a "comunica��o do primeiro-ministro", marcada para as 15 horas. Como reconheceu ao P�BLICO um colaborador do ex-primeiro-ministro aquilo � o que Cavaco pensa, mas n�o pode dizer porque o PSD n�o entenderia a sua posi��o. "Ele n�o � o Freitas", diz o mesmo colaborador, salientando que Cavaco tem as suas convic��es, ou seja, que n�o muda de partido.

Quanto � actual campanha, Cavaco tem mantido o sil�ncio e "quer continuar a mant�-lo", afirma o mesmo colaborador do antigo primeiro-ministro e eventual candidato �s presidenciais de Janeiro de 2006.

8.2.05
 


UMA NOTA SUPLEMENTAR PARA OS C�NICOS

O problema da ins�dia � que parte da sua efic�cia vem do cinismo e cinismo � algo de muito abundante nos meios da comunica��o social e na blogosfera. No caso da not�cia do P�blico, que uma leitura atenta revela ser uma constru��o abusiva e de fraqu�ssima fundamenta��o, o mecanismo do cinismo funciona assim: n�o disse, mas podia ter dito.

Pois �. Eu se fosse c�nico, c�nico contra c�nico, responderia: se disse, n�o deveria ter dito, porque � uma asneira. Se pensarem bem, e ningu�m melhor do que Cavaco Silva o percebe como quem respira, o melhor cen�rio para uma presid�ncia forte � n�o haver qualquer maioria absoluta mono-partid�ria que sustente um governo. Est� escrito nos anais da realpolitik que os c�nicos costumam perceber.
 


OS NOVOS DESCOBRIMENTOS: UM DESLUMBRAMENTO FAZ BEM NESTES TEMPOS DE CINZA


Mimas e Saturno com as verdadeiras cores.

 


TEMPO DE ANTENA DE SANTANA LOPES PASSADO COMO NOT�CIA

em todos os telejornais, gravado na resid�ncia oficial, e na qualidade do Primeiro-ministro. Estamos em plena Am�rica Latina.
 


COMO ISTO EST�

Contra S�crates, boatos; contra Cavaco, a ins�dia. Como acontece com os boatos, tamb�m a ins�dia fica. N�o h� retorno.
 


BIBLIOFILIA: "� MEM�RIA DO MEU FILHO"



Outro livro que me foi oferecido tem um significado muito especial. O livro, completamente esquecido, de A. Ferreira Soares, Casa Abatida, reeditado pela Guimar�es nos anos cinquenta (?), tem uma dedicat�ria "� mem�ria do meu filho o m�dico A. Carlos Ferreira Soares". N�o � comum um pai dedicar um livro a um seu filho adulto, nem que este o seja � "mem�ria", ou seja a um morto. Mas Ant�nio Carlos Ferreira Soares n�o morreu de morte natural, mas sim assassinado pela PIDE em Julho de 1942.

Com o mesmo amigo que me ofereceu o livro, visitei h� muitos anos, antes do 25 de Abril, a sua casa em Nogueira da Regedoura, onde foi morto com uma rajada de metralhadora, uma casa baixa,pouco vis�vel, modesta, onde se mantinha um arm�rio com os seus livros, e onde falei com familiares que o tinham conhecido bem. Um livro especial.
 


AS DECLARA��ES DE ALBERTO JO�O JARDIM CONTRA O �SR. SILVA�

revelam o risco real de divis�o do PSD que Santana Lopes trouxe para o partido. Isto de h� muito me parece um perigo evidente mas que se tem menosprezado. Marques Mendes, Marcelo, Rui Rio, Aguiar Branco, Manuela Ferreira Leite, Ant�nio Borges, Miguel Cadilhe, Morais Sarmento, e muitos outros, devem-no perceber com clareza e tirar da� as conclus�es. A actual direc��o do PSD ligada a Santana Lopes incendiar� tudo e todos para sobreviver. Cuidado com os idos de Mar�o!
 


A CAMINHO DE UM ESTADO PALESTINIANO

e a caminho da paz, prec�ria que seja. Um bom caminho. N�o queria deixar de o registar, no meio das turbul�ncias menores que h� por c�. Pode ser, pode ser, com todas as reservas o digo, que este possa ser o primeiro fruto positivo da pol�tica americana no M�dio Oriente, cujo eixo central foi a derrota de Saddam. Porque o "road map" � o outro lado da invas�o e ocupa��o do Iraque.
 


MAS QUE FALTA DE SENTIDO DE ESTADO�

Santana Lopes comenta quest�es eleitorais (nem sequer grandes quest�es, mas questi�nculas de campanha, manipula��es orientadas a prop�sito de Cavaco Silva, ataques a Freitas do Amaral e Jos� S�crates, etc.) como Primeiro-ministro em S. Bento, numa confer�ncia usando os meios do Estado e o lugar do Estado, num dia em que disse n�o ir fazer campanha por causa do Carnaval. Estar� assim presente, em mat�ria estritamente eleitoral e partid�ria, em todos os notici�rios, falando como Primeiro-ministro. J� n�o falo da ilegalidade de tudo isto, mas da falta de dignidade e de sentido de estado�J� n�o h� Comiss�o Nacional de Elei��es, nem Presidente da Rep�blica, nem leis, nem tribunais? Pode-se fazer o que se quer? Se calhar pode.
 


BIBLIOFILIA: HOMEM DE UMA S� �RVORE


Uns amigos do Abrupto ofereceram-lhe livros, o Presente de Ouro. Um, familiar do Gen. Jo�o de Almeida, militar colonial, governador do Sul da Angola, a� activo nas campanhas de "pacifica��o" e defini��o da fronteira, autor de alguma da melhor bibliografia sobre Angola, o "imp�rio" e sobre a hist�ria das edifica��es militares portuguesas, ofereceu-me dezenas de obras do general, algumas verdadeiras preciosidades. Um aspecto interessante � a marca pessoal, esp�cie de ex-libris, com que o general marcava as suas obras na frente e verso: uma �rvore solit�ria junto de um rio. Era o que ele nos queria dizer sobre ele e a sua atribulada vida. Era um homem de uma s� �rvore, o rio � que mudava.

*
(...)bibliofilia sobre os livros do meu av�.
Na altura n�o se prorporcionou,mas � laia de esclarecimento,esta marca funcionava mesmo como ex-libris,associado � frase "Ao servi�o do Imp�rio".Para ele o seu ex-libris,representava atrav�s da arvore,um carvalho lusitano,a p�tria,Portugal,solidamente enraizada;atrav�s da �gua,assim como o rio que corre para o mar,tamb�m a nossa expans�o ultramarina que correria para todo o mundo,num sentido universalista;a �guia,teria um outro significado,que eu j� n�o sei qual seria.
Assim a sua interpreta��o do ex-libris n�o ser� a da inten��o original do autor,mas aos nossos olhos de hoje,acho que a sua leitura ,mesmo sendo um pouco "rom�ntica",tamb�m � poss�vel,situando-nos na �poca e na ideologia do autor,que para al�m de militar e colonialista foi um mon�rquico convicto ao longo de toda a sua vida,vindo mesmo a sofrer directa,pessoal e familiarmente,por tal,sublinhando aquilo que menciona "a sua atribulada vida",(por duas vezes exilado,demitido por julgamento militar do Ex�rcito,com o que isso significou de perda de rendimentos,que o levou para fazer pela vida a andar por Marrocos,Brasil,Inglaterra e Fran�a),sendo assim um homen de uma s� �rvore,uma s� convic��o...por muito re�cion�ria que tenha sido,e que tenha sido no sentido contr�rio da evolu��o do seu/nosso tempo.
(Alexandre Almeida)
 


OUVINDO OLIVIER MESSIAEN


Quatuor Pour la Fin du Temps tocado pelo Ensemble Walter Boeykens.

Ao meu lado direito, na igreja da aldeia, tocam os sinos para mais um funeral. Um a um, este Inverno belo e frio mata os velhos. Anteontem um, ontem outro, hoje outro. Algumas figuras que passavam pelas ruas, com a regularidade do vazio dos �ltimos dias, desaparecem para o lado das sombras. A V. da M. do lado de l� est� cada vez mais habitada. Passar�o eles, o sr. C., a sra. M., pela mesma rua, onde eu ainda n�o estou para lhes dar os "bons dias"? Ter�o eles agora os "bons dias" que nunca tiveram na vida?
 


INTEND�NCIA

Actualizadas as notas APRENDENDO COM S. TOM�S DE AQUINO ACERCA DA CONSULTA AOS ASTROS e A LER sobre o blogue colectivo dos jornalistas da SIC.
 


AR PURO / SCRITTI VENETI


Turner
 


EARLY MORNING BLOGS 425

John Horace Burleson


I won the prize essay at school
Here in the village,
And published a novel before I was twenty-five.
I went to the city for themes and to enrich my art;
There married the banker�s daughter,
And later became president of the bank�
Always looking forward to some leisure
To write an epic novel of the war.
Meanwhile friend of the great, and lover of letters,
And host to Matthew Arnold and to Emerson.
An after dinner speaker, writing essays
For local clubs. At last brought here�
My boyhood home, you know�
Not even a little tablet in Chicago
To keep my name alive.
How great it is to write the single line:
�Roll on, thou deep and dark blue Ocean, roll!�


(Edgar Lee Masters)

*

Bom dia, de Spoon River!

7.2.05
 


APRENDENDO COM S. TOM�S DE AQUINO ACERCA DA CONSULTA AOS ASTROS

Antes de tudo, � necess�rio que saibas que a virtude dos corpos celestes se estende � mo��o dos corpos inferiores. Com efeito, disse Santo Agostinho no livro quinto d�A Cidade de Deus: �Definitivamente, nem sempre � absurdo dizer que determinados astros podem ocasionar mudan�as nos corpos�. E assim, se algu�m recorre aos julgamentos dos astros para conhecer de antem�o certos efeitos corporais, como a tempestade ou a serenidade do tempo, o vigor ou a fraqueza de um corpo, a fecundidade ou infecundidade das colheitas, e coisas similares, que dependam de causas corporais e naturais, n�o parece haver pecado. Pois, todos os homens recorrem a alguma observa��o dos corpos celestes em vista de conhecer efeitos deste tipo: os agricultores semeiam e colhem em per�odos exatos ap�s a observa��o do movimento do sol; os marinheiros evitam navegar quando a lua est� cheia ou nas noites sem lua; os m�dicos examinam as doen�as em dias espec�ficos, determinados pelo curso do sol e da lua. Donde n�o h� inconveniente na consulta aos astros com rela��o a efeitos corporais, fundada na observa��o de estrelas menos evidentes.

Mas � preciso absolutamente compreender que a vontade do homem n�o est� sujeita � necessidade dos astros; de outro modo, pereceria o livre arb�trio, e sem este, n�o se poderiam atribuir as boas a��es ao m�rito do homem, nem as m�s � sua culpa. E, por esta raz�o, todo crist�o deve ter por certo que o que depende da vontade do homem � todas as obras humanas s�o desta esp�cie � n�o est� submetido � vontade dos astros. Por isso lemos nas Escrituras (Jr. 10, 2): N�o vos espanteis com os sinais dos c�us; porque com eles os gentios se atemorizam.


*
O meu nome � Ricardo Fidalgo, tenho 31 anos e exer�o a profiss�o de Astr�logo, cumulativamente com a de Advogado.

Gostaria de lhe deixar uma frase que, de uma maneira geral, � aceite pela comunidade astrol�gica quando se debate a quest�o das previs�es astrais: o que se prev� n�o � o resultado. � o desafio a enfrentar. Pelo que o livre arbitrio n�o �, em nenhum momento, posto em causa. Agora, o que pode, e muitas vezes assim sucede, acontecer � que face a determinado tipo de desafio o ser humano reaja de uma determinada maneira padronizada, sem que tal queira significar que em todos os casos tenhamos a mesma reac��o.

Li alguns posts seus relacionados com Astrologia, e gostava de lhe dizer que a comunidade astrol�gica a nivel mundial cresce, n�o s� em numero, mas tambem em profissionalismo e em capacidade de testar criticamente qualquer m�todo (e existem muitos) astrol�gico de modo exaustivo. Claro que isso n�o resolve a quest�o de �acreditar� ou n�o na Astrologia enquanto m�todo eficiente. Para isso, s� h� uma solu��o, para quem nisso tiver interesse: pegar em livros. L�-los. Testar ao m�ximo o que se leu. E assim continuar durante um bom par de anos. Caso contr�rio vamos continuar com o tipo de atitude que vejo, por exemplo, numa televis�o como a TVI, que num dia leva um Astr�logo ao Jornal da noite, e no seguinte transmite uma reportagem a desacreditar a Astrologia.

E j� agora, nunca � demais real�ar, que Astrologia � uma coisa, Bruxaria, Tarot, Reiki, Quirom�ncia, e por a� fora, coisas totalmente distintas. Sem menosprezar qualquer das outras �reas em causa, meter tudo no mesmo saco s� serve para confundir ainda mais quem n�o faz a minima ideia do que � Astrologia, e de como funciona.
(Ricardo Fidalgo)

*
Perante textos como aquele que o seu leitor Ricardo Fidalgo lhe enviou, referente � Astrologia, fico sempre com a mesma d�vida: ter� ele porventura lido livros sobre Bruxaria, Tarot, Reiki, Quirom�ncia e por a� fora, testado ao m�ximo o que leu e assim continuado durante um bom par de anos para concluir que s�o �coisas totalmente distintas� da Astrologia? Caso contr�rio, como � que ele sabe?
(Jos� Carlos Santos)

*
Li o suficiente para ter a certeza de que o(s) m�todo(s) astrol�gico(s) �(s�o) totalmente distinto(s). N�o � necess�rio ler muitos livros para tirar essa conclus�o. E reafirmo o que j� disse: n�o pretendo, de forma nenhuma, menorizar qualquer das outras �reas mencionadas, sobre elas n�o me pronunciando dado faltar-me o conhecimento aprofundado, te�rico e pr�tico, que tal exigiria. N�o faz mal nenhum termos opini�es abstractas sobre o que quer que seja. Mas �s vezes convinha descer � terra, meter m�os � obra, e Conhecer aquilo de que se quer falar. Conhecer, mesmo! E a informa��o est� disponivel, n�o h� nada de oculto.
(Ricardo Fidalgo)

*
No seu coment�rio ao texto de S. Tom�s de Aquino, o Sr. Ricardo Fidalgo (...) come�a bem quando nos adverte que o n�mero crescente de ignorantes que aderem � comunidade astrol�gica n�o serve de crit�rio para a credibilizar, mas acaba mal, ao insinuar que o estudo da astrologia e o teste das suas previs�es nos convenceriam da sua real natureza de ci�ncia. Erro puro.

Comecemos pelas previs�es:

Um dos ensinamentos elementares da estat�stica � o de que � extraordinariamente prov�vel a ocorr�ncia conjunta de dois factos improv�veis. E se a associa��o entre os dois factos � estabelecida a posteriori, ent�o deixa de ser uma probabilidade, para passar a ser uma certeza.

Ilustremos o que pretendo dizer. Logo a seguir ao 11 de Setembro, circularam pela net mails que salientavam as impressionantes coincid�ncias registadas. T�o impressionantes, que n�o poderiam ser meras coincid�ncias. Lembro-me que se dizia nesses mails, entre outros disparates, que o atentado tinha ocorrido no dia 11, precisamente o n�mero formado pelo desenho das Torres e o n�mero de letras contido na express�o �New York City�. O que n�o poderia deixar de envolver uma esp�cie de enorme sinal dos c�us.

Obviamente que se o atentado tivesse ocorrido no dia 2, se diria que as Torres formavam o n�mero 2 romano e se fosse no dia 7, quem passava a ter 7 letras era a simples express�o �New York�.

Quando se quer associar, pode-se associar qualquer coisa.

Aquando do atentado de que foi v�tima Ronald Reagan, li na altura um artigo qualquer que salientava a tr�gica fatalidade de todos os presidentes dos EUA eleitos em ano zero (Reagan tinha sido eleito em 1960) estarem condenados a n�o completar o mandato. No artigo dizia-se �todos� e citava-se Kennedy (eleito em 1960). N�o sei se aquela afirma��o era verdadeira. Com o pr�prio Reagan e com Bush deixou de o ser*. Mas mesmo que o fosse isso n�o tinha nada de extraordin�rio. Em duzentos anos de Hist�ria, ter� havido uma dezena de presidentes dos EUA eleitos em ano zero. Esses presidentes, de certeza absoluta, t�m milhares de coisas em comum. Que uma delas seja terem morrido antes de conclu�do o mandato � apenas mais uma. Tanto mais quanto � certo ser a morte segura e que todos eles dispuseram de 4 anos para cumprir o destino.

Todo este discurso, para concluir que n�o s�o meia d�zia de pseudo-previs�es correctas (no meio de milhares de outras falhadas e habilmente esquecidas) que fazem da astrologia uma ci�ncia. Sobretudo quando nessas previs�es cabe tudo. Dizer-se que o Papa vai morrer em 2005 n�o � l� grande previs�o (embora tamb�m o n�o fosse desde h� uma boa meia d�zia de anos). Mas a maioria dos astr�logos limita-se a anunciar que vai morrer uma importante personalidade da Igreja Cat�lica, o que n�o passa de uma banalidade.

Mesmo que um astr�logo tivesse acertado na previs�o do dia, hora e dimens�o do tsunami que varreu o oriente no fim do ano passado (um facto com a dimens�o tr�gica daquele n�o podia deixar de estar inscrito nos astros com toda a clareza e visibilidade, para quem o soubesse ler), isso n�o bastaria para fazer da astrologia uma ci�ncia.

Em primeiro lugar, era necess�rio que todos os astr�logos o tivessem previsto ou que, pelo menos, tivessem sabido reconhecer a sua inevitabilidade quando algum deles o anunciasse. � assim que se passa na verdadeira ci�ncia. Um eclipse que � previsto por um astr�nomo pode ser previsto e confirmado por todos. Ora, cada astr�logo faz as suas previs�es e raramente (nunca, quando se desce ao n�vel do concreto) elas s�o coincidentes.

Em segundo lugar, n�o basta uma previs�o certa. Todas as previs�es t�m que ser certas. Se uma s� observa��o astron�mica puser em causa as previs�es decorrentes da teoria da relatividade de Einstein, esta ser� imediatamente posta em causa, como o foi a teoria da gravidade de Newton.

Contudo, a astrologia farta-se de falhar, sem que nenhum astr�logo a ponha em causa as suas bases.

� certo � como se apressar�o a observar-me alguns � que a meteorologia tamb�m falha as suas previs�es e eu n�o ponho em causa a sua natureza de ci�ncia. Simplesmente, a meteorologia � (ao contr�rio da astrologia) a primeira a reconhecer a sua incapacidade para fazer previs�es fi�veis. Por outro lado, os seus m�todos s�o p�blicos e transmiss�veis. Sabe-se quais as bases em que se fundam as previs�es e a natureza incompleta dessas bases, que torna aquelas fal�veis. Mas dois especialistas em meteorologia, partindo das mesmas observa��es, chegam �s mesmas previs�es. N�o assim na astrologia, onde, com base nos mesmo dados, cada um chega �s mais variadas conclus�es.

Finalmente, a acabar, uma nota sobre o �nus da prova: � comum ouvir-se por a�, a prop�sito da astrologia, que n�o devemos desprezar uma ci�ncia que n�o conhecemos e que ningu�m provou que ela era falsa.

O �nus da prova cabe � astrologia, n�o � ci�ncia. � a astrologia que tem que provar que � verdadeira, n�o a ci�ncia, que ela � falsa. Eu posso sustentar a tese que cada um de n�s � permanentemente seguido por um gnomo verde que s� o pr�prio pode ver, mas que desaparece assim que tentamos voltar-nos, para o observar. Ningu�m jamais demonstrar� a falsidade desta tese.

* Os astr�logos dir�o que, crente na astrologia, Reagan tomou as provid�ncias adequadas para quebrar o engui�o, n�o conseguindo evitar o atentado contra si mesmo, mas conseguindo evitar nele a pr�pria morte e quebrando por essa via definitivamente o dito engui�o.
(Ant�nio Cardoso da Concei��o)
 


A LER

o blogue colectivo do Di�rio de Campanha da SIC.

H� v�rias raz�es pelas quais � interessante seguir o blogue dos jornalistas da SIC que cobrem a campanha, uma iniciativa pioneira em Portugal. Uma, � que no blogue h� informa��o suplementar interessante (por exemplo, no com�cio do PSD, o facto de Santana Lopes n�o ouvir os que o precedem e o momento c�nico da sua entrada, o retrato f�sico dos apoiantes transmontanos do PP, a descri��o da debandada p�s-com�cio para as camionetas e a banda que o sr. Presidente da C�mara arranjou para o PS); a outra � perceber o papel das opini�es dos jornalistas por detr�s no seu relato dos eventos.

Os jornalistas, ao falarem na primeira pessoa, exp�em-se assim mais humanamente, mas at� que ponto isso condiciona a nossa interpreta��o que n�o testemunhamos os eventos e esperamos deles que nos informem? Por exemplo, j� se percebeu que Ricardo Costa tem em alta considera��o a campanha do PP (no que n�o � �nico). Mas ser� ele capaz de �ver� se ela � eficaz, ser� ele capaz de registar e relatar tudo aquilo que contraria a sua opini�o, como se aferir�o os relatos que nos faz com os resultados eleitorais, se estes forem contradit�rios? Por exemplo, nenhum partido mais que o PP tem utilizado o governo para fazer campanha eleitoral, o que parece que ningu�m v� com o mesmo "esc�ndalo" f�cil das tentativas bisonhas do PSD. Dualidade de crit�rios.

O meu receio n�o � tanto a opini�o pessoal, que prezo e leio com aten��o, � o bias que ela pode dar ao relato, assim como o papel de �cegueira� que tem uma teoria, ou uma ideia forte � partida, face ao que acontece depois. Recordo-me que, numa �ltima campanha eleitoral, os comentadores do P�blico deram sempre mais notas negativas � campanha dos vencedores, e mais positivas � dos derrotados e, embora uma boa campanha n�o possa ser medida apenas pela sua efic�cia, esse elemento tem que ser tido em conta.

Eu preferiria que os jornalistas n�o tivessem teses � partida, mas que todos os dias flutuassem a sua aprecia��o em fun��o do que acontece. Eu sei que n�o � f�cil, mas � isso que distingue um jornalista de um comentador, embora cada vez mais os jornalistas se comportem como comentadores. As campanhas eleitorais anteriores est�o cheias disso � e n�o me refiro apenas �s simpatias pol�ticas, mas tamb�m �s simpatias pessoais, �s amizades, � empatia e ao conhecimento desigual dos assuntos e das terras, etc. - e, como n�o se faz nenhuma aferi��o a posteriori entre o relato (o reporting) e os eventos, e n�o h� tradi��o de fact checking, depois esquece-se tudo.

*
N�o acho interessante o Diario de campanha da Sic. Tudo "velho". Basta ver a pr�pria reportagem. Durante o comicio de Castelo Branco do PSD Anabela Neves, d�-se ao luxo de comentar o que se est� ouvindo fazendo gracejos! N�o � l�quido dizer que Santana Lopes n�o ouve o que os seus antecedores dizeram. EStava certamente vendo e ouvindo a SIC. Tanto assim que durante o discurso se referiu ao que Ricardo Costa tinha acabado de dizer sobre os autocarros e sobre a interpreta��o que Ricardo Costa tinha dado. Ver a SIC, ler a VIS�O, ou ler o EXPRESSO � completamente igual. N�o � necess�rio ir ler o blogue dos jornalistas da SIC. A unanimidade � t�o grande que me pergunto: ser� que pensam? Ou como S�crates decoram o discurso?
(Isabel Moreira)

*
Algumas notas que me parecem pertinentes a prop�sito do seu texto sobre o blogue dos jornalistas da SIC:

1 - "O meu receio n�o � tanto a opini�o pessoal, que prezo e leio com aten��o, � o bias que ela pode dar ao relato, assim como o papel de �cegueira� que tem uma teoria, ou uma ideia forte � partida, face ao que acontece depois".
Creio perceber aqui alguma incongru�ncia entre o que diz agora e o que disse j� vezes sem fim - � ali�s um dos seus rituais favoritos - sobre a transpar�ncia do jornalismo portugu�s. Ser� que uma ac��o destas (a cria��o do blog) n�o apresenta aos leitores/ouvintes/telespectadores uma imagem mais complexa e (eventualmente) mais pr�xima do real sobre a actividade? E ser� que isso n�o contribui, de forma significativa, para humanizar o exerc�cio da profiss�o, com todas as limita��es, pre-concep��es e tamb�m vantagens e perspic�cia-nascida-da-experi�ncia que isso encerra? E ser� que n�o � por algo em torno destas linhas que o Sr. se tem batido de forma t�o persistente nos �ltimos tempos?

2 - "Eu preferiria que os jornalistas n�o tivessem teses � partida, mas que todos os dias flutuassem a sua aprecia��o em fun��o do que acontece".
O que JPP prefere n�o � disput�vel. Eu tamb�m preferiria pol�ticos, m�dicos, ju�zes, militares, pol�cias, arquitectos, historiadores e at� mesmo en�logos e cozinheiros que n�o as tivessem. Mas isso n�o se passa c�, no mundo real. � portanto, um argumento pouco honesto.

"Eu sei que n�o � f�cil, mas � isso que distingue um jornalista de um comentador" - nem isto � verdade nem a anexa��o de uma fal�cia a outra dignificam o texto final. JPP tem - desculpe-me a franqueza - muitas ideias feitas sobre o jornalismo e n�o se ter� ainda concedido o espa�o necess�rio para o encarar (pelo menos) com o distanciamento que para ele deseja. Precisar� de ler mais, de ouvir com mais aten��o e de conceber a possibilidade do engano (seja por exagero fruto de desconhecimento, como acontece no mais das vezes, seja mesmo por deliberada mal�cia). O jornalista � - at� efectiva��o das ideias mais vanguardistas de Dan Gillmor - um profissional que apresenta aos seus leitores/ouvintes/telespectadores uma vis�o dos factos que testemunhou. Sobre mim, leitor/ouvinte/telespectador, tem a vantagem de algumas compet�ncias acrescidas, de um c�digo deontol�gico rigoroso e da experi�ncia em situa��es semelhantes. � por isso que confio no seu trabalho. Al�m disso, o jornalista tem a no��o clara de que tudo o que faz � e pode ser permanentemente escrutinado. Este �, como muitos outros, um terreno de confian�a simultaneamente em causa e partilhada.

3 - H� simpatias pessoais. Haver�, certamente. Que sejam denunciadas por quem n�o se rev� nelas e que sejam apontadas as infrac��es. Se o processo for honesto, acredito que sai beneficiado o jornalismo e a tal rela��o de confian�a com quem justifica a sua exist�ncia. N�o se tente, por�m, simplificar o que n�o �. N�o se caia no erro de pensar que o jornalismo deve ser apenas recurso tecnol�gico facilitador do fluxo de informa��o. Que ele seja muitas vozes, de sinal contr�rio, sempre e cada vez mais. � sinal de pluralidade e de interesse acrescido no que � comum.

4 - N�o conhe�o pessoalmente nenhum dos jornalistas da SIC envolvidos na cobertura desta campanha eleitoral.
(luis ant�nio santos)
 


NATUREZA MORTA CREPUSCULAR

Da esquerda para a direita: a mesma pilha de jornais e revistas, em cima a Revista de Hist�ria das Ideias, sobre a pilha um disco de Haydn j� ouvido, um jogo de computador antigo Command and Conquer Generals, um bilhete do metro do Porto que diz Andante, a m�o esquerda, uma lupa, uma caneta, uma tesoura, um l�pis, zips, uma reprodu��o de um quadro de Corot para colocar no Abrupto, um texto de um autor antigo que come�a assim �Deixei de ter confian�a, da� o sil�ncio�, outro texto com um fragmento de uma carta de Helo�sa a Abelardo

Se efectivamente tenho de confessar a fraqueza do meu cora��o, em mim n�o encontro arrependimento que possa apaziguar Deus e sempre O acuso de grande crueldade para contigo. Rebelde � Sua vontade, n�o fa�o mais que ofend�-l'O com o murm�rio da minha indigna��o, em vez de tentar seren�-l'O pela minha penit�ncia. Pode falar-se de penit�ncia, seja qual for o tratamento infligido ao corpo, quando a alma ainda mant�m a vontade de pecar e arde nos mesmos e antigos desejos? � f�cil, sem d�vida, confessar as suas faltas e acusar-se ou submeter at� ao seu corpo a macera��es externas; mas bem dif�cil � arrancar a sua alma aos desejos das mais doces vol�pias.

, um �leitor� com um livro aberto de pedra, �gua, um telefone sem som, um dado viciado, uma pequena esta��o meteorol�gica com rel�gio �dezasseis e doze, dezoito graus dentro da sala, perto de mim, quinze graus l� ao fundo, l� fora oito � azul e branco do c�u em frente, um c�mulo-nimbo amea�ador que se vai dissipando, verde das �rvores mais escuro, o vermelho dos telhados mais tijolo, um ecr� com texto, os mesmos dois olhos, um rato, uma liga��o Bluetooth desligada, a m�o direita, algumas mol�culas de laranja no ar.
   


OUVINDO HAYDN POR BRENDEL

 


NATUREZA MORTA MATINAL

Da esquerda para a direita: uma pilha de jornais e revistas com artigos marcados para fazer uma bibliografia, em cima um comando para uma televis�o apagada, a m�o esquerda, uma lupa, uma caneta, uma tesoura, um l�pis, cinco ou seis zips, postais, um papel com uma password escrita � pressa, uma carta, um �leitor� com um livro aberto de pedra, �gua, um telefone silencioso, sem som, um dado viciado, uma pequena esta��o meteorol�gica com rel�gio � dez e cinquenta e cinco, dezanove graus dentro da sala, perto de mim, quinze graus l� ao fundo, l� fora seis ou sete � azul do c�u em frente, verde das �rvores, vermelho dos telhados, um ecr� com texto, dois olhos, um rato, uma liga��o Bluetooth desligada, a m�o direita.
 


GRANDES NOMES: "GEMIDOS DA ALMA PENITENTE PARA OS PRINCIPIANTES"

uma das (outro grande nome) "Ora��es Jaculat�rias, Ou Setas Espirituais para Atirar ao C�u e Ferir o Cora��o de Deus" do Padre Manuel Bernardes. Aqui est� uma dessas "setas":

"N�o entreis, Senhor, em ju�zo com vosso servo; porque nenhum vivente se justificar� diante de v�s. De mil cargos que me fizerdes, n�o poderei responder a um s�. Todo me entrego nos bra�os de vossa miseric�rdia.

Que maldade h� no mundo t�o execr�vel, que eu n�o esteja pronto para a cometer? Senhor, amarrai com as cadeias de vosso santo temor as f�rias de minha liberdade; porque sou capaz de tornar a crucificar-vos.

Isto me pasma, Senhor: como n�o respeitei vossa presen�a! Como n�o temi vossa indigna��o! Como me n�o compadeci de vossas dores! Como pisei vosso Sangue! Como n�o correspondi a tanto amor! N�o pode haver maior cegueira.

Pecaste, alma minha: diz-me, agora, que fruto tiraste do teu pecado? Amaste as criaturas mais que ao Criador: que te ficou rendendo esta desordem? Perda da amizade de Deus, e do direito � sua gl�ria, remorso de consci�ncia, costume de tornar a pecar, escravid�o ao dem�nio, reato da culpa, d�vida da pena eterna. Oh, quem dera rios de l�grimas a meus olhos, para lamentar t�o grave desgra�a!

Vinde, vinde, Senhor, ao meu cora��o; formai um azorrague das cordas de vosso amor e temor, e lan�ai daqui todos os maus afetos que profanam a vossa casa.

Rogo-vos, meu Jesus, por aquele primeiro leite que bebeste nos peitos virginais de vossa M�e Sant�ssima; e por aquelas sagradas prim�cias de vosso Sangue, que derramastes na Circuncis�o, que n�o permitais que jamais caia de vossa gra�a nem esteja um ponto fora dela.

Pequei mais que o n�mero das areias do mar. Por�m, Senhor, as vossas miseric�rdias n�o t�m n�mero. Em v�s ponho toda a minha esperan�a: n�o padecerei confus�o eterna.

Eu a pecar; v�s, Senhor, a perdoar-me. Eu a fazer-vos inj�rias; v�s a fazer-me benef�cios. O certo �, Senhor, que cada um obra como quem �. Bendita seja vossa paci�ncia, que tanto me esperou.

Muito agravado estais de mim, e vos sobra raz�o. Oh, quem para aplacar-vos tivera as l�grimas de uma Madalena, as penit�ncias de uma Egipc�aca, os gemidos de um Agostinho, a compun��o de um S. Pedro!

Ah, pecador atrevido e infame! Tu foste o que a�outaste a Jesus, tu o que o coroaste de espinhos; o que lhe lan�aste salivas no rosto, o que o pregaste na Cruz. Como te n�o confundes?
"

Como te n�o confundes?
 


COISAS SIMPLES


Kuzma Petrov-Vodkin
 


EARLY MORNING BLOGS 424

Chinoiserie


Ce n�est pas vous, non, madame, que j�aime,
Ni vous non plus, Juliette, ni vous,
Oph�lia, ni B�atrix, ni m�me
Laure la blonde, avec ses grands yeux doux.

Celle que j�aime, � pr�sent, est en Chine;
Elle demeure avec ses vieux parents,
Dans une tour de porcelaine fine,
Au fleuve Jaune, o� sont les cormorans.

Elle a des yeux retrouss�s vers les tempes,
Un pied petit agrave; tenir dans la main,
Le teint plus clair que le cuivre des lampes,
Les ongles longs et rougis de carmin.

Par son treillis elle passe sa t�te,
Que l�hirondelle, en volant, vient toucher;
Et, chaque soir, aussi bien qu�un po�te,
Chante le saule et la fleur du p�cher.


(Th�ophile Gautier)

*

Bom dia!
 


NUMA CAMPANHA ELEITORAL

n�o s�o os com�cios que revelam alguma coisa, que n�o seja o dinheiro que se est� disposto a gastar, e a capacidade e o profissionalismo da organiza��o. S�, e s� duas coisas s�o reveladoras: o comportamento da rua urbana, a mais de cinco metros do candidato, e as janelas e varandas das casas nas grandes cidades. Quem j� fez campanhas sabe que � a� que se encontra a outra face das sondagens.
 


O MAR, A CHUVA AO LONGE,HOJE


(R.)
 


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES / SCRITTI VENETI

"Romance de viagens, de retornos, de atmosferas ex�ticas: o M�dio Oriente, a Palestina e o Egipto, Jerusal�m e Mil�o. Livro de factos e aventuras singulares seguindo sempre a isotopia ou, se se quiser, as andan�as de uma Maria oriental vinda a Veneza a partir de Alexandria onde ainda a aguarda, em frustrada espera, o amor cong�nito de um Ahmed que, na noite anterior, com ela dormira, enquanto o fantasma do m�tico Alexandre representava, em sonho, hist�rias de conquistas orientais. Tudo isto se passa quase na v�spera da chegada de Maria a Veneza, onde agora ela se encontra � beira do Canale della Giudecca para obedecer ao chamamento amb�guo, mortal e er�tico de uma Flora que a espera no predestinado Hotel des Bains do Lido e que, por ela, procurar� a morte nas �guas da laguna.
Mitos de Veneza e mitos de mortes em Veneza revisitada em nome de um inconsciente e amb�guo Tadzio e de um envelhecido Gustav Von Aschenbach, perseguidos nas ruas douradas, crepusculares e j� atingidas pela c�lera, por um escritor que ama Veneza, at� mesmo por este liter�rio e refinado odor de morte. E � assim que o �ltimo desencontro de Antonioni e Maria, ele num quarto de hotel, em Mil�o, e ela numa cama distante, em Tel Aviv, parece simular a uni�o ideal dos dois, embora agora a bordo de um sonho de olhos abertos, como se estivessem de novo juntos "sem sab�-lo, numa navega��o ao sabor de uma miragem comum". � talvez a met�fora da consci�ncia aqui atingida por Lu�s Carmelo, nesta sua recorda��o-homenagem feita de palavras � cidade da sua saudade. Talvez por Veneza ser, como a vida, apenas e sempre um sonho."

(Luciana Stegagno Picchio sobre No Princ�pio Era Veneza (1990), enviado pelo autor)

6.2.05
 


CAMPANHA ELEITORAL ANTIGA


Hogarth (enviado por Artur Magalh�es)
 


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: O VOTO DIF�CIL (2� s�rie)

Aproveito, ainda que algo desactualizado, para chamar a sua aten��o para outra situa��o relativa ao voto emigrante.

Resido em Mo�ambique e aqui n�o temos direito a votar nas elei��es para o Parlamento Europeu. Confesso o meu desconhecimento das causas. Ser� isso devido a legisla��o espec�fica e proibitiva? Ou a mero esquecimento? Noto que os emigrantes portugueses em pa�ses da UE podem votar nos pa�ses residentes. E que cidad�os nacionais de outros Estados-membros (ex. Espanha) o podem fazer fora da UE.

Tamb�m quanto aos referendos ser� poss�vel votar? Por exemplo, ser� pol�tica e legalmente leg�timo impedir um emigrado de votar no referendo sobre a Constitui��o Europeia?

(Jos� Pimentel Teixeira)

*

No meu blogue tenho publicado uma s�rie de artigos sobre o voto dos emigrantes e o tratamento reservado aos idad�os nas embaixadas como aquele que publicou no seu blogue da autoria da Cl�udia Monteiro. Emigrante em Hels�nquia, n�o tenho, felizmente, muitas raz�es de queixa da minha embaixada - e eu n�o tenho por h�bito queixar-me daquilo com que vou a contar, um servi�o burocr�tico e lento, ao sabor dos humores dos funcion�rios. Outros n�o tiveram tanta sorte e contaram as suas experi�ncias no na mailing list da comunidade, como a minha amiga que esteve � espera, dentro da embaixada durante duas horas para ser atendida. Da� telefonou duas vezes para lhes recordar que ela estava l� dentro � espera. E diz, "no fim apareceu-me um senhor que me disse que n�o fazia a menor ideia que eu ali estava � espera."

Sobre as elei��es, gostaria de ter sido informado sobre a necessidade de recenseamento eleitoral - um acto necess�rio e que, ao contr�rio do que eu pensava n�o � feito redundante pelo registo no consulado. Nas v�rias visitas que fiz nunca para tal foi alertado, nenhuma das comunica��es da embaixada enviadas para minha casa continha tal informa��o e o website n�o existe.
Mais, nos 9 dias ut�is de que disponha entre a convoca��o de elei��es e o fim do prazo para inscri��o para estas elei��es (60 dias antes da elei��o) era-me impossivel obter toda a documenta��o necess�ria para me poder recensear, nomeadamente um novo Bilhete de Identidade deonde constasse a minha morada no estrangeiro. O processo leva meses, quando n�o anos para concluir.

Ant�nio Dias


*

Gostaria de poder votar. Infelizmente n�o posso.
Vivo no estrangeiro e n�o estou recenseado no posto consular mais pr�ximo.
Bem, at� aqui � aceit�vel, correcto?
O facto � que n�o estou recenseado porque n�o me consigo recensear pura e simplesmente...
A embaixada s� permite que me registe se me apresentar, presencialmente, com o meu bilhete de identidade, que obviamente tenho (BI, passaporte, carta de condu��o, etc...), junto com um atestado oficial de resid�ncia, passado pelas entidades do pa�s em que me encontro.
O problema � que eles s� passar�o esse atestado caso eu me registe na seguran�a social de c�, o que n�o posso, pois estou a fazer doutoramento e n�o consigo por ser um cidad�o estrangeiro estudante, como tal, "passageiro".
Em virtude disso n�o me fornecem um atestado de resid�ncia.

E, apesar de eu ir fisicamente apresentar-me para me recensear no consulado, tal como fiz h� uns anos atr�s na junta de freguesia onde residia em Portugal, por alguma raz�o, os servi�os consulares portugueses querem uma prova em como resido na cidade do pa�s onde digo residir, coisa que nunca me foi exigida em Portugal.
N�o sei, ter�o medo, que eu me registe aqui e, de alguma forma, o meu registo em Portugal se mantenha activo, n�o seja anulado e eu aproveite para votar aqui, apanhar um avi�o para Portugal, sair do aeroporto e ir a correr muito at� � cidade onde residia em Portugal e chegar l� a tempo de votar uma segunda vez?
Ser� isso? Francamente n�o sei...
S� sei que gostaria de exercer o meu DIREITO DE VOTO COMO PORTUGU�S QUE SOU!
E que esse direito me � negado por estar fora de Portugal.
� essa a realidade.

Um amigo meu, espanhol, chegou c� h� 3 semanas, registou-se e recenseou-se e j� pode votar. Tamb�m � estudante. De Erasmus, n�o de doutoramento, mais passageiro ainda do que eu. N�o lhe foi pedido nada mais que a identifica��o e, obviamente, o direito de votar foi-lhe dado (e, claro, anulado na localidade dele em Espanha).
E, adicionalmente, est� devidamente registado na Embaixada Espanhola.
Eu, estou aqui h� quase ano e meio e ainda nem sequer me consegui registar na embaixada portuguesa. Se for assaltado e ficar sem documentos, n�o fa�o ideia sequer de como provar que sou eu, pois nem registado na embaixada estou... n�o consigo!
Isto at� se poderia olhar com outros olhos, se acontecesse num pa�s remoto tipo Bangladesh ou Mong�lia. Mas n�o.

Eu vivo em Bruxelas, "capital" da Uni�o Europeia, h� ano e meio, basicamente em situa��o ilegal (n�o registado no pa�s de acolhimento, n�o registado na embaixada portuguesa... quem sou eu sen�o um ilegal?!).

E sou um estrangeiro para a B�lgica e, pior, um estrangeiro para Portugal (pelo menos no que toca a direitos constitucionais). Esse meu amigo espanhol, porque � que ele � tratado como um Espanhol pleno pelo pa�s dele? Porque eu n�o tenho o mesmo direito que ele? Porque � que nem sequer sou um Europeu como ele �, j� que nem em elei��es europeias posso votar? N�o devia estar na "Europa"? N�o deveria ser facilitado o registo e recenseamento dos Europeus na Europa?

Querem mobilidade por parte dos Europeus mas imp�em todos os entraves burocr�ticos imagin�veis � mesma... Querem que os Portugueses n�o se abstenham de votar, o voto � um dever democr�tico, dizem os pol�ticos, mas impedem-me de votar. Porque � que o meu amigo Espanhol tem direito a voto e eu n�o? Porque � que ele s� precisa de mostar a cara e o BI, como faria em Espanha, e eu n�o?

(Ivo Martins)
 


INTEND�NCIA

Continua a actualiza��o dos ESTUDOS SOBRE O COMUNISMO. Est�o a ser completadas as bibliografias de 2003 (tinham escapado alguns artigos) e de 2004, assim como as listas biogr�ficas. Algum material fotogr�fico in�dito (ou pouco conhecido) sobre o 18 de Janeiro de 1934 ser� inserido a seguir.
 


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: VERIFICA��ES, FACTOS E DEBATE

Hugo Filipe aceitou a sugest�o de verificar os factos e n�meros citados no debate. Aqui v�o duas das verifica��es:
Estou a ler a transcri��o e comecei pelos n�meros das receitas que Santana Lopes citou. Devo dizer-lhe que s�o verdadeiros. Ver (p�g.4, 5...)

Santana: IRC sobe 21% ; IRS sobe 5% ; IVA sobe 6% ; Impostos TOTAL : 33 mil milh�es de euros

Facto: IRC sobe 20,7% ; IRS sobe 5% ; IVA sobe 6,3% ; Impostos TOTAL : 33 mil 115 milh�es de euros.
*
Santana Lopes afirma que as despesas correntes cresciam ao ritmo de 10% ao ano. Ap�s consultar as contas gerais do estado desde 1995 at� 2001, s� por uma vez isso aconteceu 1999-2000 onde as despesas cresceram 10,2%, nos outros anos foram semelhantes ou mais baixas do que actualmente.
 


AR PURO


H. Thoma
 


EARLY MORNING BLOGS 423

Nous n�irons plus au bois

Nous n�irons plus au bois, les lauriers sont coup�s.
Les Amours des bassins, les Na�ades en groupe
Voient reluire au soleil en cristaux d�coup�s
Les flots silencieux qui coulaient de leur coupe.
Les lauriers sont coup�s, et le cerf aux abois
Tressaille au son du cor; nous n�irons plus au bois,
O� des enfants charmants riait la folle troupe
Sous les regards des lys aux pleurs du ciel tremp�s.
Voici l�herbe qu�on fauche et les lauriers qu�on coupe.
Nous n�irons plus au bois, les lauriers sont coup�s.


(Th�odore de Banville)

*

Bom dia!

5.2.05
 


OUVINDO GIRL CRAZY

 


UMA SUGEST�O

que infelizmente n�o posso seguir por falta de tempo, mas pode haver quem esteja interessado: como o debate S�crates - Santana tem o texto dispon�vel podia-se colocar o texto numa coluna e fazer o fact checking na outra para ver se n�meros, afirma��es, etc. est�o exactos. � talvez o mais �til que sobra fazer depois do debate: saber quem foi rigoroso e honesto no que disse.

Ver META-DEBATE 42.
 


INTEND�NCIA

Em actualiza��o os ESTUDOS SOBRE COMUNISMO.

Actualizadas as notas O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: O VOTO DIF�CIL, BIBLIOFILIA / SCRITTI VENETI e EARLY MORNING BLOGS 422.
 


A LER

O melhor do Expresso por estes dias: as biografias que Jos� Cutileiro faz de gente que � gente. A de hoje � de Jacques Villeret, actor.
 


H� VIDA DEPOIS DE 20 DE FEVEREIRO (2): ESTRAT�GIAS DE SOBREVIV�NCIA

"Se tiver acima disto [dos resultados das europeias], com tudo o que se passou, dizerem que � uma derrota, acho que � interessante."

A coloca��o como meta eleitoral do PSD de um resultado acima do que � presumido ter sido o das europeias � um absurdo que n�o pode ser tomado a s�rio. Ali�s foi apresentado contraditoriamente com o objectivo de ganhar as elei��es de 2005, na mesma entrevista. Esta maneira de falar que d� para tudo, � habitual. S� daquela voz � que podia vir ao mesmo tempo a inten��o de ter mais de 40% e mais de 29% dos votos ao mesmo tempo.Plano pessoal A e plano pessoal B. O que conta verdadeiramente � o B.

A desonestidade intelectual e pol�tica � que todos os dirigentes do PSD em Junho de 2004, incluindo Santana Lopes e Dur�o Barroso, recusaram liminarmente uma interpreta��o nacional dos resultados das europeias. N�o � verdade que Santana Lopes tenha recebido o partido com os resultados das europeias, recebeu-o e ter� que prestar contas pelo resultado das legislativas de 2002, um partido no poder a governar, que ele alegremente destruiu em quatro meses. Barroso tem responsabilidades no que aconteceu, mas com ele nunca aconteceria o mesmo.

Acresce que o objectivo que foi prometido e reiteradamente prometido ao partido por Santana Lopes, afirmado no Conselho Nacional, na Comiss�o Pol�tica, em p�blico e em privado, foi sempre uma vit�ria e uma vit�ria era (e �) o PSD ganhar as elei��es. E tamb�m n�o � ficar o PS sem maioria absoluta, porque isso tamb�m � desculpa de mau pagador. Com Santana Lopes e a sua jact�ncia eleitoral, ou ganha ou perde. O resto s�o j� estrat�gias de sobreviv�ncia de quem se prepara para n�o assumir qualquer responsabilidade do que se passou e quer enterrar o PSD ainda mais fundo.
 


EARLY MORNING BLOGS 422

Nesta viagem e ida,
o que nela navegar
bem se deve contentar
co'a vida.
N�s tomemos bom castigo
co mal que vemos alheo,
e tenhamos gram receio
o mar de tanto perigo.
Nom fa�amos tal partida!
Antes cavar e ro�ar,
de conselho contentar
co'a vida.

Por passar tanta tormenta,
tempo, e vida tam forte,
e tam perto ser da morte,
antes nom quero pimenta.
C� farei minha guarida
em escrever e notar,
e me quero contentar
co'a vida

Br�s da Costa, Cancioneiro Geral

*

Bons dias!


*

Poema do "contradit�rio" desta aurea mediocritas, enviado por S., que me cuida como "n�o querendo pimenta":
�Qui�n muere?

Muere lentamente
quien se transforma en esclavo del h�bito, repitiendo todos los d�as los mismos trayectos, quien no cambia de marca.
No arriesga vestir un color nuevo y no le habla a quien no conoce.
Muere lentamente
quien hace de la televisi�n su gur�.
Muere lentamente
quien evita una pasi�n,
quien prefiere el negro sobre blanco
y los puntos sobre las "�es" a un remolino de emociones, justamente las que rescatan el brillo de los ojos, sonrisas de los bostezos, corazones a los tropiezos y sentimientos.
Muere lentamente
quien no voltea la mesa cuando est� infeliz en el trabajo, quien no arriesga lo cierto por lo incierto para ir detr�s de un sue�o, quien no se permite por lo menos una vez en la vida, huir de los consejos sensatos.
Muere lentamente
quien no viaja,
quien no lee,
quien no oye m�sica,
quien no encuentra gracia en si mismo.
Muere lentamente
quien destruye su amor propio,
quien no se deja ayudar.
Muere lentamente,
quien pasa los d�as quej�ndose de su mala suerte o de la lluvia incesante.
Muere lentamente,
quien abandona un proyecto antes de iniciarlo, no preguntando de un asunto que desconoce o no respondiendo cuando le indagan sobre algo que sabe.

Evitemos la muerte en suaves cuotas,
recordando siempre que estar vivo exige un esfuerzo mucho mayor que el simple hecho de respirar.
Solamente la ardiente paciencia har� que conquistemos una espl�ndida felicidad.
(Pablo Neruda)
 


VER A NOITE



A n�voa reduz as estrelas ao essencial: Sirius, a vermelha Betelgeuse, a azul Rigel no sop� de Orion, as Ursas Maiores todas, as Tr�s-marias de Orion. Depois a variedade de luzeiros dispersos.
 


A LER

De David Justino O que tem que ser dito na Quarta Rep�blica
 


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: RETORNO AO C�NTIMO E CENTAVO

N�o � totalmente correcta a afirma��o do seu leitor Antonio, referindo n�o existirem denomina��es populares para o Euro. Aqui pela minha aldeia, sobretudo entre as camadas mais idosas � vulgar a denomina��o "oiros" em vez de "euros". Curiosamente, tamb�m alguns emigrantes falam em "oiros", o que me leva a pensar sobre a forma como se far�o entender no pa�s onde trabalham.
Provavelmente n�o ser� uma denomina��o com futuro, mas outras surgir�o.
E os "contos" continuam na boca do povo, tal como antes. A �nica diferen�a � que 1 conto s�o 5 euros, em vez de 1000 escudos.

(Carlos Franquinho)
 


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: RETORNO AO ASSESSOR E AO COVEIRO

Penso que existe alguma distor��o e algumas incorrec��es nas descri��es e coment�rios publicados. Deixo ficar o meu contributo na forma de alguns factos e opini�es.

1�- "N�o se trata de um concurso para assessor, mas sim para t�cnico de 1� classe" (Jean)

H� aqui um engano. O concurso (interno) � mesmo para assessor (s�o abertos v�rios concursos na mesma data).

--- ver DR de 2004-12-06 s�rie II pp. 18250 e segs.
(http://www.dre.pt/pdfgratis2s/2004/12/2S285A0000S00.pdf)

2� - "cujo vencimento anda � roda de 2500 EUR (500 contos)." (Jos� P� Vinho)

No final da carreira poder� chegar l� perto. O vencimento bruto de assessor, pela tabela de 2005, situa-se entre os �1.934,68, para o in�cio de carreira, e os �2.315,27 para o final de carreira. O vencimento l�quido (na maior parte dos casos) ficar� abaixo de 300 e 350 contos, respectivamente.

--- ver Portaria 42-A/2005 do DR de 2005-01-17 suplemento I-B
(http://www.dre.pt/pdfgratis/2005/01/011B01.PDF)

3� - "ser� interessante ver quem � o assessor escolhido" (JPP)

O provimento de assessores s� � poss�vel de entre os t�cnicos superiores principais com pelo menos tr�s anos de servi�o com classifica��o de Bom ou cinco anos de servi�o com classifica��o de Muito Bom. Os detentores de mestrado ou doutoramento (na �rea
funcional) usufruem de uma redu��o de 12 meses nos requisitos temporais anteriores. Assim sendo (notar que o concurso � interno), s� poder� ser algu�m que j� esteja na A.P.

--- ver Lei 44/99 no DR 1999-06-11 I-A (que altera do Decreto-Lei
404-A/98 de 18 de Dezembro)

4� - "s� precisa de uma cunha e de uma breve conversa...!!" (Jos� P� Vinho)

Quanto � cunha, fica para o ponto seguinte. J� quanto � conversa: � p�blica (provas p�blicas). E assim sendo, quem estiver interessado poder� (e dever�) assistir. O que na pr�tica se verifica � que poder� ser necess�rio algum trabalho para saber onde e quando ocorrer� essa conversa. Mas quem estiver realmente interessado chegar� l�, concerteza. N�o se poder� admitir outra coisa.

5� - " Como se pode ver, o crit�rio de selec��o est� definido e pode ser visto pelos candidatos ao lugar."

Por aqui � que que "a porca torce o rabo". Est�o os crit�rios claramente definidos a priori (antes da candidatura)? Geralmente n�o.
Alguma engenharia nos crit�rios (pondera��es), protegida por uma cortina de subjectividade de uma discuss�o / aprecia��o curricular, pode ser (�) utilizada para afinar o lugar a um candidato.

(Pedro Moreira)


4.2.05
 


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES


Rio Mira / Vila Nova de Milfontes/Atl�ntico/P�r do Sol (Ant�nio Lopes)
 


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: O VOTO DIF�CIL

Eu at� gostava de votar, mas n�o me deixam
Os portugueses residentes no estrangeiro precisam de estar registados com o consulado para votarem. At� aqui tudo bem. O problema � que o registo precisa de ser feito presencialmente, um acto burocr�tico que est� em extin��o no resto da Europa. At� aqui tudo mais ou menos. A dist�ncia entre mim e o consulado portugu�s no Reino Unido s�o 1000 quil�metros de dist�ncia, 10 horas de carro ou pelo menos 30 contos de avi�o (num dia favor�vel). Agora isto j� come�a a soar a uma pol�tica de tratamento desigual dos cidad�os. E eu at� nem me importava de pagar pelos meus direitos, porque me lembro de ouvir muitas hist�rias l� em casa sobre como se vivia no tempo em que n�o havia elei��es democr�ticas.

Mas acontece que o consulado brit�nico em Londres s� atende pessoas que �tiverem marcado entrevistas por fax�. Isto seria de rir se n�o fosse t�o deprimente. O consulado envia depois um fax de volta a comunicar ao cidad�o o dia em que conceder� a real honra de perder tempo com um portugu�s. O consulado portugu�s em Londres fica no bairro mais caro da cidade, mesmo em frente ao Harrods, mas n�o tem fundos para contratar funcion�rios. O rei vai, portanto, nu. A frustra��o popular j� causou desacatos e interven��o policial � porta do edif�cio. Eu gostava muito de votar, mas o Estado n�o est� para a� virado. Mais experi�ncias de eleitores expatriados, aqui.

(Claudia Monteiro)

*

Outro caso: Uma familiar proxima ganhou uma bolsa de estudo em Pequim, paga pelo Governo da R.P.C., portanto sem custas para Portugal que se limitou a custear a viagem.
Para votar, a dificuldade na Embaixada de Portugal e tanta que ao contrario dos estudantes de todas as nacionalidades, apenas os portugueses quase nao votam.
Compreende-se!, e muito trabalho: quase 20 cidadaos nacionais, e obra !

o meu pc perdeu os acentos... sera por dizer verdades que caiem os acentos? nas mentiras, creio que eram os dentinhos...

(Ant�nio Belchior)
 


H� VIDA DEPOIS DE 20 DE FEVEREIRO (1) : A HONRA PERDIDA DO PSD

Depois de 20 de Fevereiro o �nico patrim�nio do PSD, para al�m da sua hist�ria, programa, tradi��es e militantes, ser� o facto de ser n�tido para os portugueses que muitos evitaram, e alguns denunciaram, qualquer compromisso com as reiteradas incompet�ncias, prepot�ncias, confus�es, culto de personalidade, que acabaram por culminar na primeira campanha negativa de um grande partido nacional com pretens�es governativas. S�o conhecidas algumas dessas vozes com relevo no PSD, mas muitas vozes an�nimas de militantes de base partilham desse sentimento.

Uma coisa � o PSD, outra esta experi�ncia desastrosa que de social-democr�tica n�o tem nada. Tem passado despercebido que Santana Lopes violou a letra e o esp�rito do programa do PSD, em dois aspectos fundamentais: o culto de personalidade pessoal quase obsessivo (os hinos e os filmes da campanha nada tem a ver com a mensagem social-democr�tica porque desprovidos de significado num projecto colectivo) e na actual campanha negativa que ultrapassa a natural cr�tica pol�tica a uma governa��o, para atingir pessoalmente pol�ticos do PS (o que viola o car�cter personalista do programa, e a sua afirma��o do valor meta-pol�tico da dignidade humana).

Foram os militantes que se indignaram, que mantiveram a honra quase perdida de um grande partido portugu�s, mostrando que uma coisa � o partido a que pertencem e ajudaram a fazer, outra o curso infeliz da direc��o Santana Lopes. � verdade que a sua voz parecia perdida no unanimismo do Congresso, e � verdade que por muitas raz�es, boas e m�s, muitos outros consentiram e apoiaram. Mas mesmo esses j� come�aram a compreender que houve um erro e um erro grave e que o partido se afastou do patrim�nio pol�tico de S� Carneiro. � verdade que o partido est� doente e lhe faltou a for�a para perceber que Portugal est� primeiro e n�o a manuten��o desesperada de meia d�zia de lugares de deputados e de secret�rios de estado para os dirigentes regionais e nacionais. Depois de 20 de Fevereiro, pouco nos sobrar� e haver� quem tente levar o partido a uma divis�o que foi sempre desejada por alguns, como o PP.

A ruptura na opini�o p�blica entre o partido, ou pelo menos, parte do partido, e o seu actual Presidente, � a escassa riqueza que vai sobrar depois de 20 de Fevereiro: os portugueses distinguem entre o PSD e Santana Lopes. O PSD pode por isso levantar-se de novo.

(Continua)
 


META-DEBATE - CONCLUS�O

No debate de ontem entre Santana e S�crates ficou bem patente o vazio que se instalou na pol�tica portuguesa. Se era isto que Santana queria, ainda bem que s� houve um, sendo de agradecer o gesto de S�crates, talvez ainda lembrado do desinteresse do Telejornal de Domingo, h� n�o muito tempo atr�s.
Depois de um primeiro quarto de hora deprimente, em que os dois candidatos fizeram um concurso sobre quem era o mais atacado na sua vida particular, mostrando-nos a verdadeira via sacra que tem sido o seu percurso, levando aos limites do inaceit�vel a estrat�gia da vitimiza��o que � pr�pria de ambos, restou uma discuss�o pobre, sem ideias, nem convic��es.
E a verdade � essa mesma. Como o que os moveu sempre foi a auto promo��o e os seus pr�prios interesses, apoiados na sua imagem, tanto Santana, como S�crates, s� se sentem verdadeiramente motivados e dominadores quando falam do dossier que mais os ocupou na sua vida e percurso pol�tico: eles mesmos.
Chegou a ser confrangedor a falta de verdadeiras distin��es entre eles. S�o demasiado iguais, sendo que as fraquezas de um, s�o as fraquezas de outro, pelo que nunca p�de haver grande contund�ncia nas afirma��es.
Valha a verdade que o pr�prio formato do debate n�o ajudou, sempre muito r�gido, com as perguntas excessivamente formatadas e um ambiente demasiado ass�ptico. Os entrevistadores pareciam que n�o estavam l�, demasiado distantes da discuss�o e pouco interventivos. Pareceu mais uma prova oral entre dois maus alunos, que apenas estudaram para passar e em que o professor deu uma ajudinha, nunca levando as quest�es muito longe, evitando assuntos que pudessem n�o ter sido estudados ou que n�o estivessem nas c�bulas.
O debate de ontem mostrou porque � que a RTP decidiu acabar com o programa entre ambos aos Domingos e porque � que Marcelo os batia aos pontos, no mesmo hor�rio, na TVI.

(Pedro Costa Azevedo )

Que grande confus�o. E as propostas que aparecem t�m um incr�vel impacto no aumento da despesa. T�o irrealistas, tal como a sua aplicabilidade. Multiplicar-se-�o os est�gios sem o reconhecido valor pelas empresas s� pelo facto de serem de gra�a? E o que acontece depois desses est�gios? Voltam para o desemprego?

(Luis Couto)

Se n�o me engano come�ou com o Dr. Bag�o F�lix, e pelo menos mais duas pessoas comentaram o seguinte no seu blog:
"...um funcion�rio p�blico reformado, com tempo completo, custa tanto ao Estado como um no activo..."
"...saem 2 entra 1, que s� significa que o Estado deixa de ter encargos com
2 funcion�rios para passar a ter com 3..."
Gostava s� de apontar para um pequeno defeito de racioc�nio que leva v�rias pessoas a pensar que descobriram a p�lvora e mais uma proposta demag�gica de um candidato:
� que, as pessoas tamb�m morrem!
At� pode ser que, com o aumento da longevidade, dos dois que se reformam morrem menos de dois reformados (talvez 1,9 ?), mas dai at� pensar que mesmo que se bloqueasse a entrada por completo �amos ter despesa para sempre...

(Pedro Nogueira)
 


SCRITTI VENETI: VASCO GRA�A MOURA

can��o de veneza � chuva

minha musa em veneza, � vaporetta,
cortando a luz de n�car na aqua alta
ondulante dos sonhos, n�o te falta
um voo de gaivotas que arremeta,
entalado entre a ponte e as fachadas
do rialto, a pousar
nas g�ndolas paradas,
nem um ventinho frio a arrepiar
o bando anil dos pombos indolentes,
nem a gente compacta a atravessar
as pranchas, devagar,
como nas prociss�es de penitentes.

tudo a oscilar aqui. o rosa foi
vermelho, o verde j� se esboroou,
no ocre havia amarelo, desbotou
o azul que era mais forte. tudo r�i
a humidade dos tempos e trespassa
mem�rias, inscri��es,
o v�o de cada pra�a,
as loggie dos pal�cios, as pris�es,
as torres, os tijolos, as empenas,
as arcadas, os �dios, as paix�es,
toadas e can��es,
todalas almas grandes e pequenas.

s� fica o arco-�ris que se vidra
entre quinquilharias e murano,
a abastardar o cora��o urbano
que a multid�o invade como a hidra.
afunda mais veneza a piolheira
a percorrer as ruas
que o tempo que se esgueira
ao sabor das correntes e das luas,
sedimentando em mito o esplendor
da cidade a nascer por entre as puas,
ao r�s da espuma, em nuas
geometrias t�pidas de cor.

mas as pedras que ao sol prendem a luz,
feitas agora m�scaras cinzentas
por onde escorre a pel� das �guas lentas,
diluem-se na tarde que as reduz
ao fr�gil tremular do fim do dia.
s�o um espelho gasto
que em sombras embacia
um tempo que devora o pr�prio rasto.
talvez a noite ao vir depois re�na
ao seu h�lito negro esse nefasto
sil�ncio que � o pasto
dos renques de luzeiros na laguna.

tu, quando as nuvens carregadas v�s
na tempestade, e o raio e as casas juntas
que giorgione l� p�s, porque perguntas
quem era essa mulher cuja nudez
segura um filho ao colo e lhe d� leite
aqu�m da trovoada
e da cidade? eu sei-te
dizer apenas: n�o se sabe nada
do como, onde e porqu� dessas figuras
de uma estranha presen�a indecifrada.
a chave n�o � dada
e apenas se pressentem desventuras.

can��o, que a vaporetta a mim me leve
em seu contentamento.
veneza, � chuva, ao vento,
para j� a afundar-se n�o se atreve.
o sol h�-de voltar. por isso escreve.
 


BIBLIOFILIA / SCRITTI VENETI

Venises de Paul Morand, um dos mais belos livros sobre Veneza. A ler em tempos de temperatura rigida.

Dois fragmentos:

Je repris le chemin de Venise. Venise n'est que le fil d'un discours interrompu par de longs silences, o�, de temps a autre, divers pays l'emportent, comme ils m'ont emport� : vingt-cinq ann�es en Suisse, dix ann�es a Tanger ou en Espagne, huit ann�es en Angleterre; sans parler de Paris.
Barr�s �crivait : "Cette image de mon �tre et cette image de l'�tre de Venise concordent en de nombreux points." Pour exprimer cela, mes titres sont moins grands, mais le temps que j'ai donn� a Venise me permet de reprendre la phrase a mon compte. C'est surtout a travers mon pass� que Venise, ainsi que Paris, fluctue sans couler.


*

1969

Venise d'automne, �pouill�e des touristes (sauf des hippies, bouddhas incurieux, indelogeables), avec ses monuments houss�s de coton, grillag�s de pluie; c'est la moins frivole. Venise de printemps, quand son pavement commence a suer et que le Campanile se refl�te dans le lac de la place Saint-Marc. Venise d'hiver, celle de la temperatura rigida, du congelamento, lorsque les vigiles du feu surveillent les feux de chemin�e, du haut des clochers, et que les loups descendent des Dolomites. Quant � la Venise d'�t�, c'est la pire...


*
H� trinta e quatro anos foi uma das minhas b�ias nas matas de Cabinda. A edi��o era a da nrf e comprei-o em Luanda antes de seguir para a 'guerra'; mas nunca pensei que P. Morand o entusiasmasse tendo sido quem foi. E os taxis de Roger Nimier ser� que vir�o a seguir ?
(J. Mineiro)
 


OS NOVOS DESCOBRIMENTOS: SATURNO QUENTINHO



- M�e por que � que Saturno est� t�o quentinho?

- Mas Saturno � muito frio.

- Mas porque raz�o tem o p�lo sul t�o quentinho?

- E por que � que tu falas com tantos diminutivos?

- Gente pequena fala pequenino. E Saturno tem aquele polo sul a brilhar de quente...� o Yang e o Yin? O Yang no Yin ou ao contr�rio?

- O qu�? J� te disse para n�o leres esses livros. N�o s�o para meninos. Vai � Internet. Est� l� tudo.

- Diz-me tu.

- N�o digo para n�o ficares pregui�oso.

- Assim digo mais diminutivos...

- ... e eu n�o ou�o diminutivos.
 


OS NOVOS DESCOBRIMENTOS: BANG! EM MARTE OU T. S. ELIOT AO CONTR�RIO



This is the way the world ends
This is the way the world ends
This is the way the world ends
Not with a whimper but a bang.
 


META-DEBATE 52

Ainda est�o a chegar mais contribui��es dos leitores comentando o debate. Uma recolha das que levantam aspectos novos ser�o colocadas ainda hoje. Depois passa-se � frente.
 


EARLY MORNING BLOGS 421

Halc�n que se atreve
con garza guerrera,
peligros espera.

Halc�n que se vuela
con garza a porf�a
cazarla quer�a
y no la recela.
Mas quien no se vela
de garza guerrera,
peligros espera.

La caza de amor
es de altaner�a:
trabajos de d�a,
de noche dolor.
Halc�n cazador
con garza tan fiera,
peligros espera.


(Gil Vicente)

*

Bom dia!

3.2.05
 


AR PURO


Gainsborough
 


META-DEBATE 51

Por agora chega.

Agora s� vale a pena voltar ao debate para acrescentar alguma coisa.
 


META-DEBATE 50

Quem sente que perde (n�o estou a dizer que perde) investe nos telefonemas para estas falsas sondagens cujo �nico objectivo � a cadeia televisiva que os patrocina ganhar dinheiro. O estado de necessidade agu�a o engenho.
 


META-DEBATE 49

O Abrupto vai a caminho de mais de 18000 "pageviews", com um pico durante o debate, chegando a ter quase trezentas pessoas ao mesmo tempo em linha e quase 4000 numa hora. Muitos leitores fora de Portugal acompanharam o debate pelo Abrupto. Fico contente por este resultado, porque a experi�ncia era in�dita na blogosfera portuguesa (com a tentativa anterior da chegada da Huygens a Tit�). Resultou por m�rito dos leitores do Abrupto e da sua colabora��o.

Agrade�o a todos as felicita��es enviadas.
 


META-DEBATE 48

Ser� que algu�m se d� conta de que a avalia��o dos estados de esp�rito feita a partir de ind�cios posturais e faciais � t�o fal�vel e que � o terreno mais f�rtil para a express�o de afilia��es (j� convencidos), para a baz�fia (excesso de confian�a) e o enviesamento do falso consenso (pensar que a maioria pensa como pensa o pr�prio que enuncia a avalia��o), ambas distor��es da capacidade de avalia��o? Exemplos? Vide o debate que decorre no p�s-debate na Sic Not�cias: os pontos extremos s�o Lu�s Delgado e Ant�nio Jos� Teixeira, os restantes correspondem a posi��es degrag�es que se colocam no meio curso e que, assim, parecem mais imparciais.

(Miguel Oliveira)
 


META-DEBATE 47 - BALAN�OS (2� S�RIE)

O debate foi fraco, muito fraco. Que coisa mais artificial (formato inclu�do). Novidade zero, chama nenhuma.Refiro-me ao espect�culo, claro. Porque quanto � avalia��o dos candidatos, estamos conversados.
Se bastasse saber argumentar para governar bem, o Eng.� Guterres nunca teria abandonado o barco. Ainda assim, diga-se que S�crates, foi apenas igual a si pr�prio. Santana, nem isso...

(Am�rico de Sousa)

*

Depois de ver o debate, e na sequ�ncia de alguma coisa que escrevi em outro espa�o (blog Alhos Vedros ao Poder) acerca da pol�mica em torno do papel da Igreja e outros grupos de press�o na sociedade, vi S�crates e Santana a uma outra luz, que j� entrevira mas n�o de forma t�o n�tida.
S�crates � claramente o testa-de-ferro de uma importante federa��o de interesses e grupos de press�o que se viram amea�ados por um Santana que � notoriamente um atirador furtivo, sem tropas de qualidade suficientes para o secundar e sem a almofada de nenhum dos mais fortes daqueles grupos a proteger-lhe a rectaguarda.
Batido como Primeiro-Ministro, batido no pr�prio debate, Santana vai acabar mais s� do que nunca quando o PSD n�o encontrar nada nele, nem o potencial l�der carism�tico capaz de ultrapassar o desalinhamento em rela��o aos interesses, mobilizando o eleitorado.
Santana j� sabe que vai perder e que, desta vez, nada o vai salvar. Do outro lado, n�o est� um sobranceiro e mal-preparado Jo�o Soares como nas elei��es para a C�mara de Lisboa.
S�crates n�o � um outro Santana, como o acusaram. � um pol�tico cerebral e mec�nico, que soube tocar em pontos sens�veis ao centro e esquerda (como sublinhou Lu�s Os�rio ao intervalo na Dois) ao longo do debate, com o objectivo de n�o alienar nenhuma franja do seu eleitorado potencial.
Paulo Portas tamb�m j� sabe que Santana vai perder e tenta, a todo o custo, ganhar com isso deslocando indecisos do centro para a direita, sublinhando com clareza a diferen�a do seu comportamento em rela��o aos �ltimos l�deres do PSD - um Dur�o que foi � sua vida e um Santana que n�o sabe da dele. Toda a sua campanha, incluindo um piscar de olho aos socialistas em quest�es "estruturantes", destina-se a sublinhar uma postura merecedora de algum poder.
Por tudo isto e por momentos, tive pena de Santana.
Pensou que pudesse escapar sem o benepl�cito dos "poderosos".
Se � verdade que ele se mostrou claramente incompetente como Primeiro-Ministro, incapaz de mobilizar no seu partido uma massa cr�tica capaz, tamb�m n�o deixa de ser verdade que todos os ajudaram a mostrar o pior de si mesmo: a imprepara��o, acren�a no golpe de asa � �ltima da hora. O �ltimo prego no seu caix�o foi a tenta��o de se mostrar moderno ao abrir a porta ao debate de quest�es como a eutan�sia e a clonagem. A desorienta��o que demonstra � natural em quem v� o ch�o fugir-lhe debaixo dos p�s e n�o v� qualquer hip�tese de futuro.
Por estranho que pare�a, ou talvez n�o, poder� ter sido efectivamente a sua n�o depend�ncia em rela��o a alguns "poderes" que o condenou.
Mas, n�o sei se percebeu que esses poderes n�o foram propriamente os da Banca, dos Senhorios ou outros que vislumbramos a olho nu.
Se calhar, bem no fundo, ele acabou por n�o ser condenado pelas raz�es justas, nem por aquelas que � primeira vista parecem.
Ser� que ele j� o percebeu ?

(Paulo G.)

*

Dois candidatos na defensiva s� poderiam proporcionar um debate, no m�nimo, desinteressante. Mesmo quando, aparentemente, atacavam, foi n�tido que o objectivo era a defesa daquilo que j� sabiam que o oponente iria dizer na primeira oportunidade. Tudo muito previs�vel. Ambos sabiam que o outro sabia que eles sabiam a quest�o que se seguia. N�o foi umdebate: foi revis�o de mat�ria dada!

(Jorge Santos)

*

Ao analisar apenas do ponto vista eleitoral quem apresentou propostas que mais seduzem, no geral acho que houve um empate, porque ningu�m aprofundou os temas sens�veis, embora tenham dado pistas.Jos� S�crates arrancou melhor. Tinha tudo a seu favor. A forma como est� a ser feita a campanha do PSD, os boatos que em nada dignificam a vida pol�tica e uma confort�vel vantagem nas sondagens. Mas cedo come�ou a perder terreno. Teve constantemente a vincar a ideia do crescimento econ�mico, do emprego, das finan�as p�blicas e do plano tecnol�gico, mas como s�o �reas em que a responsabilidade socialista do fracasso � deveras superior � da coliga��o foi perdendo confian�a ao longo do debate e transmitiu muita irrita��o quando foram sucessivamente refutadas e apontados caminhos de futuro. Santana Lopes desmontou o plano tecnol�gico ao dizer o que j� est� a ser feito actualmente e n�o como uma miragem de futuro, assim como, o conhecimento que demonstrou ter das diversas pastas, como a imagem calma e segura que transmitiu, surpreendeu-me pela positiva, porque n�o tinha sido assim at� aqui. At� as chamadas quest�es da modernidade, embora o seu nome seja discut�vel, que normalmente s�o caras � esquerda, foram abordadas com muito maior naturalidade e frontalidade por Santana Lopes.

Pela irrita��o e inc�modo que sentiu, pela falta de credibilidade que tem para apontar solu��es nos temas que colocou no centro da sua agenda, por n�o ter conseguido discutir o passado, por se comprometer muito pouco, Jos� S�crates perdeu o debate mais por dem�rito pr�prio do que por m�rito de Santana Lopes.

(Roberto Reis)

*

O que os coment�rios mostram � que ningu�m vai mudar o seu voto depois de ouvir o debate de hoje entre um socialista convicto JS e um socialista envergonhado PSL. E j� agora o que dizer da promessa de colocar 1.000 jovens licenciados nas PME ? Se os patr�es os quisessem n�o os teriam j� ido buscar ? O PS sabe mais de empresas que os pr�prios donos ? Nem o BE se lembraria de tamanha aldrabice.PSL n�o soube aproveitar os erros do advers�rio " escutas telef�nicas �s mulheres que abortam !!!" e o "saem 2 entra 1" que s� significa que o Estado deixa de ter encargos com 2 funcion�rios para passar a ter com 3. Estamos todos anestesiados, at� o Dr Pacheco Pereira que s� real�a os erros de PSL.

(Jorge Bento)
 


META-DEBATE 46 - BALAN�OS

PSL esteve melhor na primeira parte. JS mais calmo na segunda, mas sem dominar. No "final statement", JS pareceu melhor que PSL. Durante o debate os dois tiveram tendencia a resvalar para o populismo, mas estou em crer que o formato favoreceu JS, mantendo o PSL com "redea curta". Teria sido melhor se os candidatos tivessem mais tempo para expor as suas ideias e debater entre eles. Nao me parece que tenha havido um vencedor.

Andre Faria

*

Muito pouco. Educa��o nada, forma��o nada, sa�de nada.
As perguntas formuladas n�o ajudaram, foram todas evidentes, permitindo aos intervenientes "debitar" as li��es relativamente bem estudadas.
N�o sei se h� perdedor. Na minha opini�o, vencedor n�o h�.

(Maria Manuel)

*

A �nica eleva��o do debate foi o d�cor do est�dio e a solenidade dos jornalistas da SIC. Est� tudo criado para o debate mas faltam as regras da disputatio e sobretudo os antagonistas (ainda assim, menos mal PSL do JS). Ser� que salvando a pros�dia t�o m�, t�o m� de S�crates ganh�vamos um advers�rio?! Parecia t�o simples "dominar" PSL, e no entanto..... Mas que penoso o tom popularucho de PSL "falando pro povo"!!

(Paula Lopes)

*

PSL n�o se safou da falta de credibilidade e foi mais ret�rico, parece mesmo viver noutro pa�s quando afirmou que o pais est� muito bem, que est� melhor, diz que tem um sonho mas para o pa�s � um pesadelo, insiste que ningu�m p�e em causa as decis�es deste governo JS n�o aproveitou as fragilidades da coliga��o PSD/CDS, foi em geral mais positivo e construtivo

(antonio)

*

O argumento de que s�o os mesmos do PS a voltarem ao Governo � muito forte.
Penso que as pessoas se lembram dos �ltimos anos do Governo Guterreres.
O argumento dos �ltimos meses de Governo tamb�m � muito forte. Ningu�m gostaria de voltar a ver coisas que se passaram no XVI Governo Constitucional.
Empate? Penso que n�o. Vantagem, ainda que ligeira (e com efeitos
discut�veis) de PSL.

(Rui Esperan�a)

*

Em rela��o ao debate acho que quem ganha � Paulo Portas, por incr�vel que pare�a.

Fica-se com a sensa��o que se ele l� estivesse tinha dizimado dois candidatos a Primeiro-Ministro que com condi��es similares ao modelo de debates das elei��es americanas nada conseguiram explicar com um m�nimo de profundidade e clareza.

Demonstra que o deficit de produtividade abrange igual e claramente os actuais lideres pol�ticos, at� um simples debate serve para observar a diferen�a de capacidade e prepara��o dos pol�ticos portugueses, em compara��o com a performance de pseudo inculto-mentecaptos como George Bush.

Um abra�o da Irlanda,

(Ricardo Carvalho)

*

Sobre o formato do debate:

- muitas quest�es importantes ficaram por abordar (a pol�tica Europeia, o real significado dos choques "tecnol�gico" e de gest�o), enquanto uma import�ncia despropositada foi atribu�da a aspectos relativamente secund�rios (a campanha e os boatos e as "quest�es fracturantes")

- h� uma tend�ncia por parte dos candidatos para "debitar a li��o", dando pouca visbilidade � capacidade argumentativa e ao efectivo dom�nio dos "dossiers" por parte dos candidatos

- embora as quest�es formuladas pelos jornalistas fossem relativamente concretas, contribuiram para isolar artificialmente a quest�o do contexto mais geral (crise or�amental e pacto de estabilidade, emprego e sustentabilidade do modelo econ�mico, etc.)

- este formato tem a virtude de delimitar as derivas ret�ricas garantindo uma cobertura mais homog�nea dos v�rios temas, mas �s vezes fica-se com a sensa��o de que as quest�es s�o apenas afloradas (os jornalistas nem sempre aprofundaram suficientemente as quest�es durante o contradit�rio)

- seria �til disp�r entre o painel de jornalistas de algu�m que estivesse mais atento �s imprecis�es, erros e omiss�es (deliberadas ou acidentais) dos candidatos.

H� virtudes que merecem ser desenvolvidas e melhorias que podem / devem ser introduzidas. Todavia, considero que as vantagens superam os inconvenientes.

Uma nota final para dizer que felizmente existe a TSF, de outra forma teria sido imposs�vel seguir (oralmente o debate). Pergunto-me se a RTP vai colocar a vers�o v�deo no site. Lament�velmente os v�deos da SIC s� est�o dispon�veis aos assinantes do SAPO (localizados for�osamente em Portugal). Mais uma demonstra��o da real aus�ncia de regula��o independente em Portugal (ref�ns dos dos interresses instalados e em particular da PT)

(Carlos Oliveira, Londres)
 


META-DEBATE 45

A maior desilus�o foram os entrevistadores. De PSL e JS n�o se esperaria mais do que isto, mas de comentadores/entrevistadores como JGF, MFP e, principalmente, RC seria de esperar mto mais. Penso que foram v�timas do formato que constituiu um colete de for�as, mais para eles do que para a dupla JS/PSL, onde se sentiam manifestamente pouco � vontade.

(JC)
 


META-DEBATE 44

Est�o a chegar ao Abrupto dezenas de mensagens, e centenas de leitores est�o em linha, de v�rios pa�ses da Europa, das Am�ricas e de Macau. Vou reler o correio, ver o que � relevante e colocar alguns balan�os enviados.
 


META-DEBATE 43

Boa resposta de JS ao tentar afastar do debate as chamadas "quest�es fracturantes" e denunciar a estrat�gia de PSL. Al�s a contra-r�plica de PSL � mal estruturada. Todavia, de modo geral PSL apresenta um discurso mais fluente. JS tem um discurso demasiado pl�stico ("debita a li��o") denunciando algumas dificuldades n�o s� na organiza��o do discurso (falta de espontaniedade, excesso de repeti��es) como na articula��o vocal.

(Carlos Oliveira)
 


META-DEBATE 42

A verdade est� � vista: um debate envergonhado, talvez propositadamente escurecido e ba�o no que respeita a cen�rio, para combinar com os dois "l�deres", frases feitas e decoradas com afinco para perguntas previs�veis e repetitivas, solu��es sol�veis e vagas para problemas s�lidos e reais, o reflexo de uma campanha amorfa de conte�do e "rica" de teatralidade. A dura realidade de dois partidos, cujas faces vis�veis convergem na falta de carisma, ideias e capacidades.

(Jos� Barata)
 


META-DEBATE 42

Precisamos muito de uma coisa como o FactCheck.org.
N�o s� era �til ter uma organiza��o independente que verificasse e, sendo caso disso, desmentisse os factos alegados pelos candidatos, como talvez fosse uma maneira de fazer a universidade prestar um servi�o ao p�blico e deixar de contemplar o umbigo.

(PVS)
 


META-DEBATE 41

A declara��o final de PSL foi um desastre. A de JS melhor preparada, menos dispersa e reactiva.

*
Pelo contr�rio, a interven��o final de JS foi completamente de pl�stico!
A de PSL foi mais bem preparada e propositadamente dispersa, para aparentar expontaneidade...
(Jorge Nuno Silva)
 


META-DEBATE 40

O Primeiro Ministro Jos� S�crates parece muito mais � vontade do que o L�der da oposi��o Pedro Santana Lopes...

(Alvaro Martins)
 


META-DEBATE 39

Penso que fica a ideia de que, com outros protagonistas, o PSD poderia ganhar estas elei��es por KO. Ou ent�o com os mesmos protagonistas mas com mais (muitos mais) debates televisivos.
Mas este modelo de debate, verdadeiramente, n�o d� para atestar nada. Nem sequer para fazer ju�zos posteriores sobre as promessas feitas. Fica pouco na mem�ria das pessoas por causa do pouco tempo e do ritmo de "parada-resposta".

(Rui Esperan�a)

 


META-DEBATE 38

J. Socrates apesar de hirto a dominar os dossiers. Em rela��o � Seguran�a Social n�o teve tempo de explicar que o plafond n�o � uma certeza. � uma hip�tese de trabalho j� muito contestada. Estes debates pecam por ser curtos e n�o deixarem explicar as quest�es ao fundo para as pessoas perceberenm qu�o complexas s�o os temas dos quais dependem a sua qualiudade de vida.

Acabo com um coment�rio aos comentaristas. S�o demasiado sup�rfulos e dizem fait-divers.

� pena, compete-lhes tamb�m a eles estudar mais.

(Maria das dores ribeiro)
 


META-DEBATE 37

Com a oportunidade do debate ser televisionado em dois canais simultaneamente, como � que ningu�m se lembrou de em pelo menos um, se fazer uma tradu��o para deficientes auditivos?

(Jo�o Nabais Antunes)

*

O debate est� a ser traduzido em linguagem gestual na 2:

(SARA Caixinhas)
 


META-DEBATE 36

At� agora s� concluo que s�o ambos bons oradores.

Quanto ao conte�do s� me apercebo que ambos fogem a questionar as promessas do outro, tendem a "aumentar" a parada. Indo por outro caminho... �bvio, mas � pena que nenhum encare a verdadeira situa��o do pa�s.

(Luis Vaz de Carvalho)
 


META-DEBATE 35

O Eng� S�crates "esquece-se" de esclarecer um "pormenor": um funcion�rio p�blico reformado, com tempo completo, custa tanto ao Estado como um no activo.

(Maria Manuel)
 


META-DEBATE 34

Os simpatizantes do PPD/PSD comentam que PSL � bom e os do PS acham que JS � o melhor: Como no Sporting e no Benfica.
Viva as cabe�as em formato de bola.

(Manuel Ferreira)
 


META-DEBATE 33

Parece um jogo de t�nis entre amadores, a ver se o advers�rio falha a bola primeiro, para marcar pontos. Lento, lento, lento...
PSL sa�u-se mal na fiscalidade. A economia n�o permite boas perspectivas de receita. O jogo dos n�meros dos impostos cobrados n�o convence.
Falta de r�plica de JS.
Esperava melhor. Dos dois.

(Jo�o Paulo Martins)
 


META-DEBATE 32

PSL esforca-se por citar numeros e passar uma imagem de competencia; parece calmo. Se nao conhecessemos os ultimos quatro meses, talvez nos deixassemos enganar... Socrates parece tenso e pouco a vontade, por vezes soando agressivo. Nem parece que leva mais de dez pontos de avanco nas sondagens.

Andre Faria (debate seguido via radio online)
 


META-DEBATE 31

JS saltou logo da cadeira e afastou-se de Santana.

(Jos� Alegre)
 


META-DEBATE 30

PSL sobre as mat�rias "morais" revela como elas foram coladas � �ltima hora para justificar a quest�o do "casamento dos homossexuais". Ignora o muito que j� est� decidido e o trabalho j� realizado na Assembleia.

 


META-DEBATE 29

O que est� a acontecer com o seu blog � fant�stico, os portugueses mostram um grande pessimismo em rela��o ao futuro, mas este baseia-se em inova��o e boas ideias, e nesta �rea n�o temos de ter complexos, � na realidade impressionante o que est� a acontecer "online" mundialmente com cerca de 180 utilizadores espalhados pelos Estados Unidos, Canad�, Brasil, Mo�ambique (!), Macau, e pela Europa quase toda, � �nico !

Creio que temos de ter grande confian�a relativamente ao futuro.

O debate tem sido elevado e n�o fica atr�s dos debates Presidenciais nos Estados Unidos, os 2 candidatos a PM mostram um bom conhecimento dos assuntos o que revela tb uma evolu��o significativa em rela��o ao passado.

(Rui Martins)
 


META-DEBATE 28

A �entourage� do PSD tinha raz�o numa coisa: Eram precisos mais debates.

(Jos� Mesquita)
 


META-DEBATE 27

JS tem um discurso mais claro, directo, frontal, combativo. Negativo: a tens�o da voz e no discurso

PSL mais defensivo, com um discurso menos linear. Alguns apartes para destabilizar o advers�rio e mais � vontade com as c�maras.

(Jos� Mesquita)
 


META-DEBATE 25

Pormenor FULCRAL relativamente � quest�o do princ�pio gen�rico "por cada dois funcion�rios p�blicos que se reformam, s� entra um": as necess�rias reestrutura��es implicitas para tornar este princ�pio sustent�vel, poder�o ser feitas em tempo �til?

####

JS escuda-se em mais estudos para n�o ter que anunciar medidas impopulares relativamente � quest�o da (in)sustentabilidade da Seguran�a Social.
PSL assume claramente medidas impopulares relativamente � mesma quest�o...

(Helder Alves)
 


META-DEBATE 26

Tenho a certeza que h� partes do debate, na parte econ�mica, em que nenhum dos dois ouviu o outro.
 


META-DEBATE 23

N�o sei se lhe passou despercebido, mas PSL cometeu um erro ao falar sobre as receitas fiscais e despesa p�blica.

As receitas fiscais de 2004 -- 33000 milh�es de Euros -- n�o s�o ca. 1/3 da despesa p�blica, como disse PSL, mas metade. Segundo estimativa do relat�rio do or�amento de Estado para 2005, a despesa p�blica total � de ca. 67000 milh�es de euros (47,2% do PIB).

Como confiar num Primeiro-Ministro que n�o conhece com precis�o o valor da despesa quando a estabiliza��o das fina�as p�blicas devia ser a prioridade do Governo? E como confiar num candidato a Primeiro Ministro que n�o o corrige de imediato?

(FS)
 


META-DEBATE 23

O debate do stress. O modelo achado para o debate n�o leva a lado nenhum..
N�o sei se ainda haver� muita gente a ver-ouvir

E agora finalmente n�o houve r�plica ...

(JCPereira)
 


META-DEBATE 22

PSL defende o principio de �n�o tocar nos direitos adquiridos�. Fica-lhe bem, mas talvez j� n�o v� a tempo de (re)ganhar os votos dos trabalhadores da Caixa Geral de Dep�sitos.

(Pedro Martins)
 


META-DEBATE 21

PSL n�o se saiu mal da quest�o do aumento das pens�es. JS parece, por vezes, n�o ter argumentos para contrapor o seu advers�rio.
No que diz respeito � fun��o p�blica, o que se esperava: nenhum dos dois, apesar das v�rias teses apresentadas, parece ter uma solu��o ou proposta vi�vel para um ds maiores poblemas do pa�s.

(Helder Beja)
 


META-DEBATE 20

Debate: PSL a surpreender pela positiva: mostra estar melhor preparado e, sobretudo, adaptar-se muito melhor a este tipo de debates. � mais "real".
JS: plastificado. Parece pouco � vontade. Menos experi�ncia.
A ver vamos se ainda muda.

(Rui Esperan�a)

Se PSL se agita mais um bocadinho l� se v�o os auxiliares de mem�ria que lhe prepararam...

(Jo�o Paulo Martins)


 


META-DEBATE 19

A discuss�o sobre a seguran�a social foi boa, e menos adversarial do que parece.
 


META-DEBATE 18

Quem os viu e quem os v�. Na RTP1 a sintonia era mais usual. O quanto divergem agora...

(Fernando Gon�alves)
 


META-DEBATE 17

As perguntas do editor de economia da SIC s�o muito bem formuladas. PSL responde-lhes bem, mostrando ter-se preparado.

*
As perguntas do editor de economia da SIC s�o muito bem formuladas. PSL responde-lhes bem, mostrando ter-se preparado.
este coment�rio � bem a prova de que n�o � nada disso que se espera habitualmente de PSL
(antonio)
 


META-DEBATE 16

Estas "propostas" referentes � pobreza dos "idosos" � uma clara mudan�a relativamente � politica do rendimento minimo, e destinada a ocupar um "nicho" que o dr� Paulo Portas ocupou � una anos atr�s.

(Pedro Jorge)
 


META-DEBATE 28

Crise, Qual crise?
Ambos esperam que a economia cres�a para financiar o aumento do Estado.
Perguntados se cortavam servi�os ou n�o aumentavam a fun��o p�blica, ignoraram a primeira e juraram aumentar a fun��o p�blica. Mas prometem aumentar pens�es aos pobres, pagar est�gios profissionais, etc, etc...
Estes ainda n�o se aperceberam do tsunami.

(Ant�nio Alvim)


 


META-DEBATE 14

JS vai com o discurso demasiado decorado e mostra por vezes dificuldades em adaptar a agulha aos argumentos de PSL. demonstra ser demasiado pl�stico

PSL n�o se conseguiu desenrascar do problema do "colo".

e viva a r�dio online, pois sem ela n�o ouvia o debate.

Abra�os desde Bona,

(Gon�alo)
 


META-DEBATE 15

Nunca tinha reparado nisto at� hoje, mas creio que a voz de Santana Lopes passa mal quando interessa mesmo ouvir o que ele est� a dizer. Fala de uma forma monoc�rdica, sem picos de entoa��o (muito parecido com o do Ant�nio Jos� Seguro - ser� das escolas das juventudes partid�rias?), como se tivesse a boca cheia de berlindes. Parece contentar-se com o tom de voz e esquecer a melodia. S�crates est� um bocadinho melhor nesse aspecto e introduziu um elemento de indigna��o, que se nota mesmo quando o ru�do da sala abafa o que diz.

(Ant�nio Ferreira)

No discurso socr�tico saiem bolhas de ar que lhe roubam as s�labas.

(Paula Lopes)
 


META-DEBATE 12

JS diz que todos ouviram o que PSL disse em Braga.

O problema � que ningu�m (Portugueses) ouviu as alegadas declara��es relativa aos "colos". O que de resto acho estranh�ssimo dada a cobertura medi�tica da campanha.
O que tivemos foi um artigo/novela e a partir da�... Todos os meios de comunica��o social replicam essas palavras.
Parece-me que PSL se defendeu muito bem dos ataques de JS. (muito melhor do que estava � espera)

(Helder Alves)
 


META-DEBATE 13

Come�ou o debate das finan�as e impostos sem grandes novidades. Demagogia de ambos. Ambos fazem propostas que implicam mais despesa.

 


META-DEBATE 11

Ao insistir no "profundo respeito pelas op��es pessoais" de cada l�der partid�rio, e ao pedir logo a seguir um pedido de esclarecimento a S�crates da sua posi��o sobre o casamento homossexual, PSL alimenta indirecta mas eficazmente o boato, desta vez na presen�a do visado.

(Paulo Azevedo)
 


META-DEBATE 10

Quem est� � frente das sondagens ... n�o tem que fazer papel de v�tima...

(Tiago Azevedo Fernandes)
 


META-DEBATE 9

PSL puxou o assunto do boato para dizer que � uma v�tima dos boatos.
E quanto tempo at� (...) apresentar as condol�ncias � fam�lia do Adriano Cerqueira ?

Socrates abandonou a palavra "indigno"

percebeu o erro

e nega o boato : "mentiroso"

(M�rio Almeida)
 


META-DEBATE 8

Mal filmado: n�o se v� o que os debatentes mostram. JS mostra o cartaz da JSD contra ele e n�o se v�.

PSL diz que no cartaz se escreve "sabem quem � o eng. S�crates?" : esqueceu o enf�tico "mesmo".

Sempre que JS acentua a "propaganda negra" revela a fragilidade de PSL.
 


META-DEBATE 7

PSL tem raz�o em queixar-se de que a sua vida privada � usada contra ele, mas tamb�m � verdade que ningu�m a exp�s mais publicamente na imprensa cor-de-rosa.
 


META-DEBATE 12

Como neste novo modelo os candidatos s� t�m 2,5 minutos para responder, os jornalistas repetem vezes sem conta a mesma pergunta!

J� l� v�o 20 minutos sobre o mesmo tema!

(Pedro Martins)





 


META-DEBATE 6

Temas de JS : "ju�zo sobre os �ltimos tr�s anos" e propostas. Palavra-chave: "mudan�a".

Temas de PSL: informa��o "agressiva", d�fice de debates, �economia, finan�as, moral�, boatos: "eu tenho vinte anos de boatos em cima".
 


META-DEBATE 5

Saber quem vem com quem seria mais interessante do que saber a cor das gravatas. A escolha dos conselheiros � reveladora.

Do PS est� o porta-voz.
 


META-DEBATE 4

Santana Lopes (PSL) sugere que o modelo do debate est� feito para que "ningu�m perca ou ganhe", o que talvez possa ser verdade. Vamos ver.
 


META-DEBATE 3

Quando a discuss�o se centrar em �hoje o que eu fa�o, voc�s fizeram ontem�, ou qualquer outra variante de �equil�brio� deste tipo, dando a entender que todos fazem o mesmo, ou ningu�m (o outro) n�o tem autoridade para falar, est�-se na politiquice. Ambos os partidos j� fizeram tudo o que diziam que n�o faziam e vice-versa e n�o � por a� que se avan�a muito na discuss�o.
 


META-DEBATE 2

As perguntas de Jo�o Miranda no Blasf�mias.
 


META-DEBATE 6

Coreografia: PSL cumprimentou primeiro os jornalistas, depois Jos� S�crates (JS).

 


META-DEBATE 1

O modelo do debate parece-me demasiado r�gido para um frente a frente, mas pode ser que resulte. �s luzinhas preferia um modelo como o do rel�gio do xadrez, de modo que cada um pudesse gastar o seu tempo na mat�ria que considerasse mais relevante, o que � tamb�m um indicador eleitoral.
 


META-DEBATE: O ABRUPTO EM DIRECTO DURANTE O DEBATE SANTANA - S�CRATES

A partir das 20.30, ou at� um pouco antes, o Abrupto iniciar� uma s�rie de coment�rios ao debate em tempo (quase) real. N�o se trata de saber quem "ganha", porque n�o � esta a escola da casa, mas de comentar o que vai sendo dito, a pertin�ncia das perguntas, sugerindo perguntas (uma sugest�o ret�rica, mas que pode suscitar a percep��o do que falta), colocando em linha mensagens entretanto recebidas dos leitores.

N�o sei se resulta, porque ver com aten��o n�o � compat�vel com escrever ao mesmo tempo, mas � uma experi�ncia de coment�rio r�pido que vou fazer.

O endere�o de e-mail vai estar em aberto para acrescentar coment�rios, sabendo os leitores que se seguem as regras editoriais habituais no Abrupto.
 


NOVIDADES

no Abrupto a partir da tarde e uma iniciativa in�dita na blogosfera. At� breve.

2.2.05
 


APRENDENDO, PARA UM PA�S EM ESTADO DE NECESSIDADE, AS BOAS MANEIRAS COM O SR. JO�O FELIX (VIA RAMALHO ORTIG�O) - 2

Tratando do modo de proceder � mesa do jantar faz o Sr. Jo�o F�lix Pereira duas observa��es muit�ssimo s�bias.

A primeira � que n�o tomemos pitada de rap� pelo meio das coisas que estivermos comendo.

Compreende-se todo o alcance desta advert�ncia, reparando-se, por um s� momento que seja, nos equ�vocos a que podia dar origem a concorr�ncia do rap� com os acepipes, resultando por exemplo lan�ar-se a pitada sobre a salada e meter-se no nariz beterrabas!

A segunda advert�ncia � que nunca metamos bocado nenhum na boca enquanto n�o tivermos engolido o bocado antecedente. Ningu�m imagina sem o ter experimentado quanto importa ser cauteloso na mat�ria deste cap�tulo! Metendo na boca os bocados sem tomarmos a delibera��o de os irmos sucessivamente engolindo, chegamos por espa�o de tempos a uma indefinida aglomera��o de bocados dentro da nossa boca. As pessoas que insistem, por tenaz grosseria, em n�o engolirem os bocados que v�o metendo consecutivamente na boca caem, ao cabo de alguns dias dessa terr�vel inc�ria, na dura necessidade de depositarem os bocados antigos que tenham entre a maxila superior e a maxila inferior, a fim de receberem bocados novos. Quando isto haja de se fazer conv�m que se tenha em vista o que o Sr. Jo�o F�lix discretamente consigna com respeito aos escarros, isto �: que tais esvaziamentos se fa�am o menos que ser possa sobre os penteados das pessoas que nos cerquem, e muito mais particularmente quando estas tenham tido a precau��o de nos advertir de que tais dep�sitos feitos sobre as suas cabe�as lhes inspirem ideias asquerosas. Neste caso, toda a insist�ncia da nossa parte correria o perigo de ser taxada de menos cort�s.

Depois do que fica exposto nada mais nos resta para aprender do modo como nos devemos apresentar na sociedade, a n�o ser o que o mesmo Sr. Jo�o F�lix nos determina com rela��o ao nosso corpo, e isto importa muito que se saiba de cor. Vem a ser:

"Conservemos direito o nosso corpo, qualquer que seja a sua postura, em p�, sentado, de joelhos: n�o inclinemos a cabe�a, j� para um, j� para outro lado: se nos for preciso faz�-lo, fa�amo-lo com toda a gravidade."

Seria muito para desejar que no gr�mio das sociedades cultas se conhecesse que tal doutrina come�ava a frutificar, ouvindo-se de quando em quando as seguintes vozes:

"Meus senhores e minhas senhoras, permitam-me vossas senhorias ou vossas excel�ncias (segundo o tratamento que lhes convier pelas disposi��es a tal respeito do cap�tulo VII do grande livro do Sr. Jo�o F�lix Pereira sobre a civilidade) que eu lhes exponha um caso. Achando-me desde que entrei nesta sala com a cabe�a voltada a N.N�. - ponto A - e acabando de ser chamado a N - ponto B - pela ilustr�ssima e excelent�ssima senhora D. Joaquina, espero que a sociedade n�o tome por desfeita o excesso aparentemente inexplic�vel em que vou romper inclinando levemente a cabe�a do ponto A para o ponto B."

E s� depois de havida a competente v�nia dos circunstantes, o suplicante se permita inclinar-se levemente a D. Joaquina.

� o que pedem a morigera��o e a dec�ncia.
 


APRENDENDO, PARA UM PA�S EM ESTADO DE NECESSIDADE, AS BOAS MANEIRAS COM O SR. JO�O FELIX (VIA RAMALHO ORTIG�O) - 1

A arte de regular as maneiras por meio de uma combina��o feita entre a nossa organiza��o e a nossa vontade � uma das mais importantes coisas que se devem conhecer. H� homens que, sem plausivelmente sabermos porqu�, alcan�am tudo quanto querem nas pretens�es do Estado, nas transac��es comerciais, nas aten��es das salas. Emerson, o c�lebre escritor americano, observando que os indiv�duos que mais frequentemente obt�m esses triunfos n�o s�o os mais inteligentes, nem os mais belos, nem os mais honrados, averigua com muita l�gica que o sucesso das nossas aspira��es na sociedade depende principalmente do nosso porte. Por tal raz�o, Emerson define as maneiras - talento de dominar.

No modo como n�s nos vestimos, como falamos, como olhamos, como nos movemos, h� efectivamente uma esp�cie de indefinido magnetismo a cuja influ�ncia n�o pode furtar-se quem se lhe sujeita.

Napole�o I aprendia em li��es particulares com Talma o melhor modo de tra�ar o manto e de se sentar no trono.

Madame de Girardin, escrevendo na Presse as cartas do Vicomte de Launay, deu aos seus compatriotas as mais delicadas regras do maintien. Balzac deixou entre os seus trabalhos in�ditos um important�ssimo cap�tulo intitulado A teoria do modo de andar.

Carlos Dickens, por ocasi�o de uma viagem aos Estados Unidos, achou �til explicar aos Americanos, entre outros preceitos de civilidade, que n�o era de bom gosto, quando se est�o vendo est�tuas, bater nos m�rmores com as bengalas.

Em Portugal todas essas coisas se aprendem nas escolas de instru��o prim�ria, e da disciplina formada do conjunto desses preceitos s�o os alunos devidamente examinados nos liceus nacionais.

O mestre das maneiras portuguesas n�o � Talma, nem Madame de Girardin, nem Balzac, nem Emerson, nem Carlos Dickens. � simplesmente o Sr. Jo�o F�lix Pereira, m�dico, engenheiro civil e agr�nomo.


(continua)
 


AR PURO


Gainsborough

(Seguindo uma sugest�o de Pedro Burmester.)
 


EARLY MORNING BLOGS 420

The Meditation of the Old Fisherman


You waves, though you dance by my feet like children at play,
Though you glow and you glance, though you purr and you dart;
In the Junes that were warmer than these are, the waves were more gay,
When I was a boy with never a crack in my heart.

The herring are not in the tides as they were of old;
My sorrow! for many a creak gave the creel in the cart
That carried the take to Sligo town to be sold,
When I was a boy with never a crack in my heart.

And ah, you proud maiden, you are not so fair when his oar
Is heard on the water, as they were, the proud and apart,
Who paced in the eve by the nets on the pebbly shore,
When I was a boy with never a crack in my heart.


(Yeats)

*

Bom dia, with never a crack in my heart!
 


NOT�CIAS DO ABRUPTO

Hoje o Abrupto teve mais de 11000 "pageviews" (segundo o contador mais s�brio), com todos os outros indicadores mostrando uma aflu�ncia excepcional, acontecendo, variad�ssimas vezes ao dia, que mais de sete dezenas de leitores o consultavam simultaneamente em variados pa�ses, com relevo para Portugal e para os locais da di�spora portuguesa. N�o custa compreender que isto � um duplo reflexo das not�cias nos m�dia cl�ssicos a partir dos textos do blogue, e sinal da campanha eleitoral, mas revela tamb�m que o debate que aqui se trava n�o tem voz equivalente fora da blogosfera.

Muitas mensagens foram e continuam a ser recebidas com cabimento na correspond�ncia de leitores associada � "crise de representatividade". Como escreve uma militante do PSD, identificada e com n�mero de filiada, numa mensagem enviada ao Abrupto:

"A �nica coisa de reconfortante que verdadeiramente me aconteceu nestes �ltimos dias foi constatar que o universo de militantes e simpatizantes do PSD que partilham o meu desepero sobre a actual representa��o vai muito al�m do meu c�rculo de amigos."

Logo que possa prepararei uma segunda s�rie.

1.2.05
 


DRAMATIZA��O

Era o que o PS mais precisava para se aproximar da maioria absoluta e n�o tinha at� agora conseguido. A campanha do PSD do "colo" e do "sabemos quem � / n�o sabemos quem �" deu-a de m�o beijada ao PS.
 


UMA MEDIDA CORAJOSA

� a decis�o do Ministro das Finan�as de mandar executar as d�vidas ao fisco dos clubes de futebol em plena campanha eleitoral, se for mesmo para aplicar. J� n�o digo que seja uma medida do governo, porque tudo indica que cada ministro est� em roda livre.
 


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: C�NTIMO OU CENTAVO
Enviei, em tempos, email ao Banco de Portugal protestando contra a adop��o do termo
c�ntimo quando bem se poderia dizer, em Portugu�s, um Euro e cinquenta centavos (1,5 �). Note-se que o termo admite subm�ltiplos, mil avos, e que eu saiba n�o h� "mil�ntimos".

Junto envio (textualmente) a resposta do Banco de Portugal:

Ex.mo Senhor: Tem raz�o na observa��o que faz. De um ponto de vista da correcta utiliza��o da l�ngua portuguesa n�o estaria incorrecto e at� (eventualmente) estaria at� mais correcto. Acontece que, qui��, por uma quest�o de maior proximidade lingu�stica com as designa��es adoptadas nooutros pa�ses, optou-se em Portugal pela designa��o "c�ntimos".

O Regulamento (CE) n�974/98 do Conselho, de 3 de Maio de 1998, relativo � introdu��o do Euro afirma na sua al�nea (2): "...que a designa��o dada � moeda europeia ser� �euro�; que o euro, enquanto moeda dos Estados-membros participantes, ser� dividido em 100 subunidades designadas �cent�; que a defini��o da designa��o �cent� n�o impede a utiliza��o de variantes deste termo que sejam de uso comum nos Estados-membro...".

Em resposta a este Regulamento, foi respondido: "...in conformity with Council Regulation 974/98, national legislation has already adopted the parallel use of the words c�ntimo/c�ntimos as the Portuguese terms corresponding to cent/cents(the latter being spelled out as abbreviated
forms of the first ones). (...) We would therefore encourage the Commission services to follow this route."

Com os nossos melhores cumprimentos,

Banco de Portugal - Gabinete de Informa��o sobre o Euro
(Ant�nio de Melo)


*
(...) tamb�m em tempos pugnei (creio que junto do Minist�rio das Finan�as ou Secretaria de Estado do Tesouro) pela adop��o da nossa express�o "centavo" em vez de "c�ntimo"

na altura havia o argumento da conveni�ncia de distin��o entre a frac��o do escudo e a frac��o do euro, relevante para o �xito do processo de transi��o e para evitar maiores confus�es na fase cr�tica de adapta��o � nova moeda

tanto mais que o c�ntimo foi a verdadeira unidade que substituiu o escudo, pela proximidade de valor, e n�o o euro, de moeda com o valor muito superior de 200 escudos, rectius 200$482

essa preocupa��o � agora relativa e na linguagem corrente refiro-me com frequ�ncia a centavos, com boa receptividade por parte dos interlocutores - por c�, pois no estrangeiro s�o mesmo c�ntimos!

E vou acreditando que, a generalizar-se o uso corrente de "centavo", poder�amos recuperar esta nossa express�o por direito consuetudin�rio, enfim, pela tradi��o e for�a da linguagem popular

ali�s, de h� muito me intriga o facto de ainda n�o haver uma denomina��o popular para o euro, como para a antiga moeda havia "coroas", "paus", etc., sinal talvez de que o euro ainda est� na fase da implanta��o oficial e n�o conquistou ainda o goto do povo
(antonio)


*
N�o entendo a oportunidade do problema. Consulta-se o dicion�rio e encontra-se :

Centavo - s. m., cent�sima parte de um escudo (moeda); cent�simo.

C�ntimo - do Fr. Centime, s. m., cent�sima parte da unidade monet�ria de diversos pa�ses.

Se podemos distinguir de uma forma t�o simples as cent�simas partes da anterior e actual moeda, por que n�o adoptar o termo c�ntimo para o caso do euro?
(Jorge Oliveira)

*
Um destes dias a minha mulher (que � brasileira) passou um cheque de tantos euros e tantos centavos. Resultado, n�o quiseram aceitar o cheque. Eu l� expliquei aos senhores que a subdivis�o do euro era o "cent" e que este poderia ser declinado conforme cada idioma e pa�s achassem melhor (em Espanha, salvo, fala-se de centavos de euro). E que em Portugal sempre houve centavos e nunca c�ntimos. O senhor do balc�o resmungou mas aceitou o cheque. E eu agora descubro, com muita tristeza, que quem estava errado era eu, e que "c�ntimo" � mesmo a designa��o oficial da subdivis�o do euro em Portugal.

Ao contr�rio de outro leitor, n�o me preocupa o ainda n�o ter aparecido o equivalente � "c'roa" ou ao "pau" com o euro. � s� uma quest�o de tempo (e, lembro-me agora, at� j� h� quem fale em "euricos", o que � divertido). Mas chateia-me que, de forma ignorante, Portugal tenha adoptado o termo "c�ntimo" (que � um galicismo) quando nada nos obrigava a isso, perdendo o que era talvez a nossa �ltima oportunidade de recuperar o belo termo "centavo".
(Rui T.)
 


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: O ASSESSOR E O COVEIRO
Sabem qual � a diferen�a entre a carreira de Assessor no Instituto Portugu�s da Juventude (IPJ) e a carreira de Coveiro na C�mara Municipal de Lisboa...? Ora atentai l� nesta coisa vinda no Di�rio da Rep�blica n� 285 de 6 de Dezembro de 2004:

No aviso n� 11 466/2004 (2� S�rie), declara-se aberto concurso no I.P.J. para um cargo de "ASSESSOR", cujo vencimento anda � roda de 2500 EUR (500 contos).

Na al�nea 7:..." M�todo de selec��o a utilizar � o concurso de prova p�blica que consiste na ...aprecia��o e discuss�o do curr�culo profissional do candidato."

Em contrapartida...

No Aviso simples da p�g. 26922, a C�mara Municipal de Lisboa lan�a concurso externo de ingresso para COVEIRO, cujo vencimento anda � roda de 350EUR (70
contos) mensais. "... M�todo de selec��o:

Prova de conhecimentos globais de natureza te�rica e escrita com a dura��o de 90 minutos. A prova consiste no seguinte:
1. - Direitos e Deveres da Fun��o P�blica e Deontologia Profissional; 2. - Regime de F�rias, Faltas e Licen�as; 3. - Estatuto Disciplinar dos Funcion�rios P�blicos.
Depois vem a prova de conhecimentos t�cnicos:
- Inuma��es, crema��es, exuma��es, traslada��es, oss�rios, jazigos, columb�rios ou cendr�rios.

Por fim, o homem tem que perceber de transporte e remo��o de restos mortais. Os cemit�rios fornecem documenta��o para estudo.

Para rematar:
Se o candidato tiver:
- A escolaridade obrigat�ria somar� + 16 valores;
- O 11� ano de escolaridade somar� + 18 valores;
- O 12� ano de escolaridade somar� + 20 valores.

No final haver� um exame m�dico para aferimento das capacidades f�sicas e ps�quicas do candidato. ISTO TUDO PARA UM VENCIMENTO DE 70 CONTOS MENSAIS!
Enquanto o outro, com 500, s� precisa de uma cunha e de uma breve conversa...!!

(Jos� P� Vinho)

Se isto � verdade, muita coisa se explica na fun��o p�blica, e ser� interessante ver quem � o assessor escolhido.

Nota: v�rios amigos de outros blogues disseram-me que o texto circulava na rede e j� tinha sido previamente publicado noutros s�tios. N�o importa, se for verdadeiro, e tudo indica que �, vale a pena divulga-lo.

*
A prop�sito do coment�rio que acabei de ver no Abrupto (O Assessor e o Coveiro) s� quero dizer que n�o me surpreendeu.
Isso � de facto assim h� j� muitos anos na administra��o p�blica. Comparem-se as exig�ncias das provas para a categoria de Assistente Administrativo e as de T�cnico Superior de 2� Classe. O que mostra, em minha opini�o, que nem todas as responsabilidades do estado da A.P. cabe em exclusividade aos governos. Cabe, sim, aos "dirigentes" que t�m o poder e que nunca foram responsabilizados pelas asneiras. Seria curioso fazer-se um levantamento, que n�o precisaria de ser muito exaustivo, sobre os avisos de concursos no Di�rio da Rep�blica da 2� s�rie para nos apercebermos das manig�ncias que se fazem para conseguir meter A, B ou C na Administra��o P�blica.
E o que dizer, por exemplo,daquele concurso para um lugar de T�cnico de um Centro Regional da Seguran�a Social situado no norte que exigia como requisito que os candidatos tivessem 36 ou mais anos de idade?
O que se faz para meter algu�m com forte cunha!!
(Anibal Barca)

*
Achei estranha a compara��o e a coincid�ncia das datas, pelo que decidi procurar no site do Di�rio da Rep�blica (DR) se o que circulava era, de facto, verdade.

Depois de encontrados estes dois endere�os:
http://dre.pt/pdfgratis3s/2004/12/2004D283S000.pdf
http://dre.pt/pdfgratis2s/2004/12/2S285A0000S00.pdf , posso dizer o
seguinte:

O senhor Jos� P� Vinho esqueceu-se de transcrever algumas partes do citado aviso do DR, que me parecem importantes:

"Concurso interno de acesso geral para a categoria de t�cnico de 1� classe - �rea funcional de engenharia civil."
<- N�o se trata de um concurso para assessor, mas sim para t�cnico de 1� classe ->

"2 - �rea funcional - competem ao t�cnio de 1.� classe fun��es t�cnico-consultivas de natureza cient�fica e t�cnica, exigindo alto grau de qualifica��o, responsabilidade, autonomia e alto dom�nio da sua �rea de especializa��o e uma vis�o global de administra��o, tendo em vista a prepara��o de tomada de decis�o na �rea da engenharia civil."
<- A pessoa a contratar ter� que ser qualificada e com forma��o superior ->

"7 - M�todo de selec��o - os m�todos de selec��o a utilizar s�o os de avalia��o curricular e entrevista profissional de selec��o.
7.1 - Os crit�rios de aprecia��o e pondera��o da avalia��o curricular e da entrevista profissional de selec��o, bem como o sistema de classifica��o final, incluindo respectiva f�rmula classificativa, constar�o das actas de reuni�es do j�ri do concurso, sendo as mesmas facultadas aos candidatos sempre que solicitadas."
<- Como se pode ver, o crit�rio de selec��o est� definido e pode ser visto pelos candidatos ao lugar. ->

O concurso para coveiro, publicado no DR de 03 de Dezembro de 2004, �, obviamente, uma situa��o diferente.
N�o tem sequer cabimento a compara��o.
Parece-me que o artigo (publicado em diversos blogues e at� no P�blico) tem deturpa��es em rela��o � realidade.
(Jean)

*
Os casos dos �concursos� hoje referidos no Abrupto (que assim, e por motivos alheios � ger�ncia, fica mais Absurdo do que Abrupto) parecem-me um bom pretexto para recordarmos que a Justi�a, ou a falta dela, n�o passa s� pelos Tribunais ao contr�rio do que os muito propalados �casos medi�ticos� levam a pensar. Quem � exclu�do num concurso, quem passa horas � espera numa Reparti��o para lhe passarem em triplicado uma guia para pagar uma taxa, quem encontrou um papel colado na porta a notific�-lo para se dirigir com urg�ncia � Reparti��o de Finan�as para tratar de assunto do seu interesse quando nada deve, ou quem quer instalar um neg�cio e se v� afogado em burocracias irracionais e desnecess�rias, sabe bem do que falo.
(RM)
 


INTEND�NCIA

Actualizada a nota CRISE DE REPRESENTA��O (3). Cada vez recebo mais correspond�ncia no sentido daquela que tem vindo aqui a ser publicada. Concordo e discordo com algumas afirma��es dos leitores do Abrupto, mas n�o � isso que para mim � relevante. As cartas que selecciono s�o aquelas em que o voto e a vida se misturam, ou que enunciam raz�es que s�o vivas no debate p�blico dos dias de hoje. A sua publica��o n�o significa mais do que dar express�o p�blica (e informa��o p�blica) sobre preocupa��es partilhadas por muita gente e contribuirem para o debate eleitoral. Cada um forme depois a sua opini�o.

Colocado no VERITAS FILIA TEMPORIS um texto, Antes e Depois, de Junho de 1994, sobre o golpe de estado na Arg�lia destinado a impedir que os fundamentalistas, que tinham ganho as elei��es, assumissem o poder. Penso que o texto , feito em pol�mica com Jo�o Carlos Espada, tem a ver com os mesmos argumentos que hoje se usam para atacar as elei��es iraquianas e a possibilidade de darem origem a uma maioria religiosa xiita. O argumento hoje tem muita m� f�, porque � um suced�neo do argumento contra as elei��es "patrocinadas pelo ocupante", e, levado aos seus limites, � hostil ao princ�pio democr�tico. No entanto, � semelhante ao que levou muitos pa�ses ocidentais, com relevo para a Fran�a, a aplaudirem o golpe argelino.

Continuo por isso a achar que "aprende-se mais sobre a democracia com Weber e Nietszche do que com Popper".
 


O 31 DE JANEIRO NO PORTO, DO PORTO

A ler o texto de joaomacdonald sobre o 31 de Janeiro no Barnab�.

A rua foi sempre para muitos portuenses �31 de Janeiro� quando se chamava �S. Ant�nio�. Acrescento � parte hist�rica do texto que, durante os anos da ditadura, a oposi��o tentava fazer manifesta��es na rua com a mesma cegueira militar dos revoltosos republicanos de 1891. A rua era a menos apropriada para estas exibi��es de coragem: �ngreme, pouco larga e prop�cia a ser varrida pela metralha de cima (como em 1891) e pela pancada da pol�cia de baixo. Os raros com�cios da oposi��o permitidos no Porto eram no Coliseu ou no Ol�mpia, e a manifesta��o, que invariavelmente se formava � sa�da, tentava chegar � Avenida dos Aliados, para o que s� tinha ruas com desn�vel. Resultado era ser �dispersada�, como se dizia, logo a seguir a meia d�zia de �desacatos�, como tamb�m se dizia na l�ngua de pau salazarista. Como tamb�m l� andei aos "desacatos", n�o me esque�o.

A favor da rua diga-se que tinha (tem) uma livraria em cima, outra no meio (que eram duas coladas) e outra no fim, e, nos anos sessenta e setenta, duas das melhores lojas de discos da cidade.

*
Se n�o estou em erro, o local de onde os revoltosos foram metralhados em 1891 era mais amplo na altura do que � actualmente. Actualmente, aquela plataforma de onde se avista toda a rua 31 de Janeiro (bem como a dos cl�rigos) termina aproximadamente no prolongamento do eixo central da rua.

Quanto � cegueira dos revoltosos de 1891, creio que se pode explicar, pelo menos em parte, pelo boato que se espalhou entre eles de que tinham o apoio do oficial (cujo nome me escapa neste momento) que comandava ent�o os militares que foram destacados para os enfrentar.

Quanto �s casas de discos, creio que se est� a referir � Discoteca Santo Ant�nio e � Valentim de Carvalho. Efectivamente, eram muito boas, mas o que � espantoso para uma rua daquele tamanho � que nos anos oitenta e noventa havia l� ainda mais duas casas de discos, na parte de baixo.
(Jos� Carlos Santos)
 


COISAS SIMPLES


Vuillard
 


EARLY MORNING BLOGS 419

A concha


A minha casa � concha. Como os bichos
Segreguei-a de mim com paci�ncia:
Fechada de mar�s, a sonhos e a lixos,
O horto e os muros s� areia e aus�ncia.

Minha casa sou eu e os meus caprichos.
O orgulho carregado de inoc�ncia
Se �s vezes d� uma varanda, vence-a
O sal que os santos esboroou nos nichos.

E telhadosa de vidro, e escadarias
Fr�geis, cobertas de hera, oh bronze falso!
Lareira aberta pelo vento, as salas frias.

A minha casa... Mas � outra a hist�ria:
Sou eu ao vento e � chuva, aqui descal�o,
Sentado numa pedra de mem�ria.


(Vitorino Nem�sio)

*


Bom dia!
 


APRENDAMOS COM E�A DE QUEIROZ SOBRE O DIABO

Conhecem o Diabo?

N�o serei eu quem lhes conte a vida dele. E, todavia, sei de cor a sua legenda tr�gica, luminosa, celeste, grotesca e suave!

O Diabo � a figura mais dram�tica da Hist�ria da Alma. A sua vida � a grande aventura do Mal. Foi ele que inventou os enfeites que enlanguescem a alma, e as armas que ensanguentam o corpo. E todavia, em certos momentos da hist�ria, o Diabo � o representante imenso do direito humano. Quer a liberdade, a fecundidade, a for�a, a lei. � ent�o uma esp�cie de P� sinistro, onde rugem as fundas rebeli�es da Natureza. Combate o sacerd�cio e a virgindade; aconselha a Cristo que viva, e aos m�sticos que entrem na humanidade.

� incompreens�vel: tortura os santos e defende a Igreja. No s�culo 16 � o maior zelador da colheita dos d�zimos.

� envenenador e estrangulador. � impostor, tirano, vaidoso e traidor. Todavia, conspira contra os imperadores da Alemanha; consulta Arist�teles e Santo Agostinho, e suplicia Judas que vendeu Cristo e Bruto que apunhalou C�sar.

O Diabo ao mesmo tempo tem uma tristeza imensa e doce. Tem talvez nostalgia do C�u!

� Jos� Pacheco Pereira
In�cio
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