ABRUPTO |
correio para
jppereira@gmail.com
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31.12.04
19:34
(JPP)
BOM ANO
![]() To leave the old with a burst of song; To recall the right and forgive the wrong; To forget the things that bind you fast To the vain regrets of the year that's past. ![]()
11:15
(JPP)
Os Estudos sobre o Comunismo est�o em actualiza��o, em particular, a bibliografia de 2004.
08:55
(JPP)
O frio aperta. O sol brilha. Os montes t�m o recorte habitual. � faca. Primeira s�rie de colinas, segunda s�rie de montes. Depois o mar. Uma sirene toca ao longe. Aqui � um som rar�ssimo no Inverno. Uma segunda sirene. Sil�ncio. O som de algu�m que varre o ch�o. Alguma coisa de muito errado aconteceu. Ao longe.
08:50
(JPP)
In the Park You have forty-nine days between death and rebirth if you're a Buddhist. Even the smallest soul could swim the English Channel in that time or climb, like a ten-month-old child, every step of the Washington Monument to travel across, up, down, over or through --you won't know till you get there which to do. He laid on me for a few seconds said Roscoe Black, who lived to tell about his skirmish with a grizzly bear in Glacier Park. He laid on me not doing anything. I could feel his heart beating against my heart. Never mind lie and lay, the whole world confuses them. For Roscoe Black you might say all forty-nine days flew by. I was raised on the Old Testament. In it God talks to Moses, Noah, Samuel, and they answer. People confer with angels. Certain animals converse with humans. It's a simple world, full of crossovers. Heaven's an airy Somewhere, and God has a nasty temper when provoked, but if there's a Hell, little is made of it. No longtailed Devil, no eternal fire, and no choosing what to come back as. When the grizzly bear appears, he lies/lays down on atheist and zealot. In the pitch-dark each of us waits for him in Glacier Park. (Maxine Kumin) * Bom dia! 30.12.04
23:50
(JPP)
"Nada nos pertence (...), s� o tempo � mesmo nosso.A natureza concedeu-nos a posse desta coisa transit�ria e evanescente da qual quem quer que seja nos pode expulsar. � t�o grande a insensatez dos homens que aceitam prestar contas de tudo quanto - mau grado o seu valor m�nimo, ou nulo, e pelo menos certamente recuper�vel - lhes � emprestado, mas ningu�m se julga na obriga��o de justificar o tempo que recebeu, apesar de este ser o �nico bem que, por maior que seja a nossa gratid�o, nunca podemos restituir." L�cio Aneu S�neca , Cartas a Luc�lio (Carta 1), enviado por Jo�o Costa
23:31
(JPP)
"A mais poderosa inclina��o e o mais poderoso apetite do homem � desejar ser. Bem nos conhecia este natural o dem�nio, quando esta foi a primeira pedra sobre que fundou a ru�na a nossos primeiros pais. A primeira coisa que lhe disse e que lhe prometeu foi que seriam: Eritis (G�n. 3,5), e este eritis, este sereis foi o que destruiu o mundo. N�o est� o erro em desejarem os homens ser, mas est� em n�o desejarem ser o que importa. Uns desejam ser ricos, outros desejam ser nobres, outros desejam ser s�bios, outros desejam ser poderosos, outros desejam ser conhecidos e afamados, e quase todos desejam tudo isto, e todos erram. S� uma coisa devem os homens desejar ser, que � ser santos. Assim emendou Deus o sereis do dem�nio com outro sereis, dizendo: Sancti eritis, quia Ego sanctus sum . O dem�nio disse: Sereis como Deus, sendo s�bios; e Deus disse: Sereis como Deus, sendo santos. E vai tanto de um sereis a outro sereis, que o sereis do dem�nio n�o s� nos tirou o ser como Deus, mas tirou-nos tamb�m o ser, porque nos tirou o ser santos, e o sereis de Deus, exortando-nos a ser santos, como ele �, n�o s� nos restitui o ser como Deus, sen�o tamb�m o ser. Quando Mois�s perguntou a Deus o que era, respondeu Deus definindo-se: Ego sum qui sum (�x. 3,14): Eu sou o que sou � porque s� Deus tem por ess�ncia o ser. Agora diz a todos os homens por boca do mesmo Mois�s: Se sois t�o amigos e t�o ambiciosos de ser, sede santos, e sereis, porque tudo o que n�o � ser santo, � n�o ser. Sede rei, sede imperador, sede papa: se n�o sois santo, n�o sois nada. Pelo contr�rio, ainda que sejais a mais vil e mais desprezada criatura do mundo, se sois santo, sois tudo o que pode chegar a ser o maior e mais bem afortunado homem, porque sois como aquele que s� � e s� tem ser, que � Deus. Todo o outro ser, por maior que pare�a, n�o �, porque vem a parar em n�o ser. S� o ser santo � o verdadeiro ser, porque � o que s� �, e o que h� de permanecer por toda a eternidade."
11:05
(JPP)
![]() Felipe Fernandez Armesto, Ideas that changed the world, Londres, DK, 2004. A traduzir absolutamente.
10:57
(JPP)
(Por ordem alfab�tica) Paulo Ventura Ara�jo / Maria Pires de Carvalho / Manuela Delgado Le�o Ramos, � Sombra de �rvores com Hist�ria, Porto, Campo Aberto, 2004 (Um livro de amadores, no grande sentido da palavra, dos autores do blogue Dias com �rvores, para vermos as �rvores e o Porto.) Maria Jo�o Avillez, Conversas com �lvaro Cunhal e Outras Lembran�as, Lisboa, Temas e Debates, 2004 (As melhores entrevistas de Cunhal num jogo de sedu��o m�tua muito interessante de perceber.) Jos� Gil, Portugal Hoje. O Medo de Existir, Lisboa, Rel�gio de �gua, 2004 (Nota no Abrupto.) Fernando Lima, O Meu Tempo com Cavaco Silva, Lisboa, Bertrand Editora, 2004 (Podia ter sido escolhido o original, o segundo volume da autobiografia de Cavaco, mas sendo ambos, o de Lima e o de Cavaco muito stiff, o de Lima tem muita informa��o mesmo que tratada de forma oficiosa e �autorizada�.) Eduardo Louren�o, Destro�os. O Gib�o de Mestre Gil e Outros Ensaios, Lisboa, Gradiva, 2004 (Nota no Abrupto.) Frederico Louren�o, Gr�cia Revisitada, Livros Cotovia, 2004 (O autor tem sido, depois de Maria Helena Rocha Pereira, o grande portador do amor perplexo que todos temos com a Gr�cia.) Dalila Cabrita Mateus, A PIDE/DGS na Guerra Colonial 1961-1974, Lisboa, Terramar, 2004 (Sobre como os nossos brandos costumes eram ainda �mais� brandos nas col�nias, e como era a PIDE de l�, em guerra.) Rui Vieira Nery, Para uma Hist�ria do Fado, P�blico, 2004 (Obra revista e aumentada fundamental para nos conhecermos, o pa�s onde � f�cil fazer chorar as paredes e as pedras da cal�ada.) Leonor Curado Neves (Edi��o), Ant�nio Jos� Saraiva e �scar Lopes: Correspond�ncia , Lisboa, Gradiva, 2004 (Nota no Abrupto.) Alexandre Pomar, com a colabora��o de Nat�lia Vital e de Rosa Pomar, J�lio Pomar - Catalogue raisonn� I (1942-1968), Paris, Editions de la Diff�rence, 2004 (Nota nos Estudos sobre Comunismo.)
08:28
(JPP)
The Dover Bitch A Criticism of Life: for Andrews Wanning So there stood Matthew Arnold and this girl With the cliffs of England crumbling away behind them, And he said to her, 'Try to be true to me, And I'll do the same for you, for things are bad All over, etc., etc.' Well now, I knew this girl. It's true she had read Sophocles in a fairly good translation And caught that bitter allusion to the sea, But all the time he was talking she had in mind The notion of what his whiskers would feel like On the back of her neck. She told me later on That after a while she got to looking out At the lights across the channel, and really felt sad, Thinking of all the wine and enormous beds And blandishments in French and the perfumes. And then she got really angry. To have been brought All the way down from London, and then be addressed As a sort of mournful cosmic last resort Is really tough on a girl, and she was pretty. Anyway, she watched him pace the room And finger his watch-chain and seem to sweat a bit, And then she said one or two unprintable things. But you mustn't judge her by that. What I mean to say is, She's really all right. I still see her once in a while And she always treats me right. We have a drink And I give her a good time, and perhaps it's a year Before I see her again, but there she is, Running to fat, but dependable as they come. And sometimes I bring her a bottle of Nuit d' Amour. (Anthony Hecht) * Bom dia! 29.12.04
18:52
(JPP)
![]() ![]() ![]() "Last week I turned 82. 82! When I look in the mirror, the person staring back at me is a young boy, with a head and heart filled with dreams and excitement and unquenchable enthusiasm for life. Sure, he's got white hair -- so what! People often ask me how I stay so young, how I've kept such a "youthful" outlook. The answer is simple: Live a life in which you cram yourself with all kinds of metaphors, all kinds of activities, and all kinds of love. And take time to laugh -- find something that makes you truly happy -- every day of your life. That is what I have done, from my earliest days." (Ray Bradbury, "Happy Birthday to Me!") Em breve acrescentarei Autumn People, a primeira edi��o em quadradinhos da E.C. Comics, com o fabuloso "Touch and Go", uma hist�ria metaf�sica sobre a totalidade e a perfei��o.
18:23
(JPP)
este balan�o dos progressos cient�ficos mais significativos de 2004, para se perceber como em quase tudo o que � importante estamos num limiar, na porta, no momento de saltar para novos saberes e novas perguntas. As novas perguntas s�o mais importantes.
17:58
(JPP)
Colocados no VERITAS FILIA TEMPORIS a Lagartixa e o Jacar� 16 e 17, originalmente publicados na S�bado. Tratam da estrat�gia da coliga��o, do retorno do "Paulinho das Feiras", do Google e do pr�mio do Ponto M�dia. A n�mero 17 inclui a lista dos dez mais e menos nacionais de 2004.
16:29
(JPP)
A hip�tese pol�tica: Longe de ser um traidor, Judas ter-se-ia revelado o �nico que verdadeiramente cria no poder de Jesus Cristo. Anunciado como messias libertador e rei dos judeus, Jesus Cristo tardava em tomar a iniciativa de enfrentar o poderio romano e libertar o seu povo do jugo imperial. Perante a hesita��o de Jesus, Judas quis for��-Lo a agir, criando aquilo a que hoje chamar�amos um facto pol�tico. Vendo-se obrigado a enfrentar a autoridade romana, Jesus Cristo teria, por fim, que fazer apelo aos seus poderes sobrenaturais e expulsar o invasor, deixando os judeus tornarem-se senhores dos seus destinos. Teria, por fim, que se revelar como o Messias Libertador, como Judas acreditava que o era e o desejeva. O erro de Judas � o erro na an�lise da economia da reden��o; n�o � o erro da trai��o. De resto, a hip�tese da trai��o encaixa mal no relato b�blico. Com efeito, como explicar, que uma figura p�blica como Jesus, que era seguido nas ruas por um largo n�mero de devotos, que n�o estava escondido, precisasse de ser denunciado? Como explicar que, possu�do por Satan�s, recebidos os trinta dinheiros, Judas n�o os fosse gozar, mas, em vez disso, tivesse corrido a enforcar-se? Repito: o pecado de Judas n�o foi a trai��o; foi o ter querido conhecer e influenciar os insond�veis des�gnios da Provid�ncia. Fonte: Jorge Luis Borges - Tr�s vers�es de Judas. (Ant�nio Cardoso da Concei��o) * Ant�nio Cardoso da Concei��o deu-nos a conhecer o texto de Jorge Lu�s Borges - "Tr�s vers�es de Judas" mas n�o fez a liga��o que se impunha com o "Dilema do Prisioneiro". Pressinto que a explora��o deste tema por esse caminho pode trazer conclus�es interessantes. Haver� algu�m a� que queira fazer essa explora��o ? (Manuel Galv�o) 28.12.04
10:17
(JPP)
A Happy Birthday This evening, I sat by an open window and read till the light was gone and the book was no more than a part of the darkness. I could easily have switched on a lamp, but I wanted to ride this day down into night, to sit alone and smooth the unreadable page with the pale gray ghost of my hand. (Ted Kooser) * Bom dia! 27.12.04
22:15
(JPP)
Os que sabem, sabem que � nos detalhes que o dem�nio est�. Keats � um exemplo dessa aten��o. Descrevia-se a si pr�prio com detalhe � �The fire is at its last click - I am sitting here with my back to it with one foot rather askew upon the rug and the other with the heel a little elevated upon the carpet...� � e pedia aos amigos e familiares que, nas suas cartas, descrevessem com total rigor como estavam naquele preciso momento: est�s sentado(a), de p�, em que parte da sala, em que posi��o, etc. Keats vai mais longe e acredita que o conhecimento dos detalhes do momento concreto da cria��o s�o reveladores para a compreender: �Could I see the same thing done of any great Man long since dead it would be a great delight: as to know in what position Shakespeare sat when he began "To be or not to be". A materialidade da descri��o se levada longe � e os detalhes s�o insaci�veis - conduz a fala ou a escrita a tornarem-se quase inevitavelmente er�ticos. Vox de Nicholson Baker come�a assim �What are you wearing?" he asked.�, uma pergunta do mesmo tipo das de Keats, mesmo quando n�o parece.
18:43
(JPP)
![]() O ma Sophie, il me resterait donc un espoir de vous toucher, de vous sentir, de vous aimer, de vous chercher, de m'unir, de me confondre avec vous, quand nous ne serions plus. S'il y avait dans nos principes une loi d'affinit�, s'il nous �tait r�serv� de composer un �tre commun ; si je devais dans la suite des si�cles refaire un tout avec vous ; si les mol�cules de votre amant dissous venaient � s'agiter, � se mouvoir et � rechercher les v�tres �parses dans la nature ! Laissez-moi cette chim�re. Elle m'est douce. Elle m'assurerait l'�ternit� en vous et avec vous."
18:05
(JPP)
1 Meus irm�os, n�o sejam muitos de voc�s mestres, pois voc�s sabem que n�s, os que ensinamos, seremos julgados com maior rigor. 2 Todos trope�amos de muitas maneiras. Se algu�m n�o trope�a no falar, tal homem � perfeito, sendo tamb�m capaz de dominar todo o seu corpo. 3 Quando colocamos freios na boca dos cavalos para que eles nos obede�am, podemos controlar o animal todo. 4 Tomem tamb�m como exemplo os navios; embora sejam t�o grandes e impelidos por fortes ventos, s�o dirigidos por um leme muito pequeno, conforme a vontade do piloto. 5 Semelhantemente, a l�ngua � um pequeno �rg�o do corpo, mas se vangloria de grandes coisas. Vejam como um grande bosque � incendiado por uma pequena fagulha. 6 Assim tamb�m, a l�ngua � um fogo; � um mundo de iniquidade. Colocada entre os membros do nosso corpo, contamina a pessoa por inteiro, incendeia todo o curso de sua vida, sendo ela mesma incendiada pelo inferno. 7 Toda esp�cie de animais, aves, r�pteis e criaturas do mar doma-se e � domada pela esp�cie humana; 8 a l�ngua, por�m, ningu�m consegue domar. Ela � um mal incontrol�vel, cheio de veneno mort�fero. 9 Com a l�ngua bendizemos ao Senhor e Pai, e com ela amaldi�oamos os homens, feitos � semelhan�a de Deus. 10 Da mesma boca procedem b�n��o e maldi��o. Meus irm�os, isto n�o pode ser assim! 11 Acaso pode de uma mesma fonte sair �gua doce e �gua amarga? 12 Meus irm�os, pode uma figueira produzir azeitonas ou uma videira, figos? Da mesma forma, uma fonte de �gua salgada n�o pode produzir �gua doce. 13 Quem � s�bio e tem entendimento entre voc�s? Que o demonstre por seu bom procedimento, mediante obras feitas com a humildade que prov�m da sabedoria. 14 Contudo, se voc�s abrigam no cora��o inveja amarga e ambi��o ego�sta, n�o se gloriem disso, nem neguem a verdade. 15 Esta "sabedoria" n�o vem do c�u, mas � terrena, n�o � espiritual e � demon�aca. 16 Pois onde h� inveja e ambi��o ego�sta, a� h� confus�o e toda esp�cie de males. 17 Mas a sabedoria que vem do alto � antes de tudo pura; depois, pac�fica, am�vel, compreensiva, cheia de miseric�rdia e de bons frutos, imparcial e sincera. 18 O fruto da justi�a semeia-se em paz para os pacificadores.
09:36
(JPP)
C'�tait sur un chemin crayeux C'�tait sur un chemin crayeux Trois ch�tes de Provence Qui s'en allaient d'un pas qui danse Le soleil dans les yeux. Une enseigne, au bord de la route, - Azur et jaune d'oeuf, - Annon�ait : Vin de Ch�teauneuf, Tonnelles, Casse-cro�te. Et, tandis que les suit trois fois Leur ombre violette, Noir pastou, sous la gloriette, Toi, tu t'en fous : tu bois... C'�tait trois ch�tes de Provence, Des oliviers poudreux, Et le mistral br�lant aux yeux Dans un azur immense. (Paul-Jean Toulet) * Bom dia! 26.12.04
22:30
(JPP)
"Quem n�o � d�cil, senhores, n�o pode ser douto; antes, a mesma docilidade � um sin�nimo da ci�ncia. Disse Deus a Salom�o que pedisse o que quisesse, porque tudo lhe concederia. O que pediu foi docilidade: Dabis servo tuo cor docile ; e o que o Senhor lhe concedeu foi a maior sabedoria que nunca teve, nem ter� outro homem: Dedi tibi cor sapiens, et intelligens in tantum, ut nullus ante te similis tui fuerit nec posto te surrecturus sit . Pois, se Deus tinha prometido a Salom�o que lhe daria o que pedisse, e ele pediu docilidade, como lhe deu ci�ncia? Por isso mesmo. Porque docilidade e ci�ncia s�o a mesma coisa, e n�o podia Deus, segundo a sua promessa, deixar de lhe dar ci�ncia, tendo ele pedido docilidade. Assim lho disse o mesmo Deus: Ecce leci tibi secundum sermones tuos . A ci�ncia nenhuma outra coisa � que o conhecimento claro de muitas verdades, umas em si, que s�o os princ�pios, e outras que delas se seguem, que s�o as conclus�es. E aqueles que n�o t�m docilidade, � como s�o os tenazes do pr�prio ju�zo, e ferrados � sua opini�o � ainda que a verdade se lhes represente, n�o s�o capazes de a receber. Por isso estes tais cada vez sabem menos, e todas as vezes que a opini�o passa a erro, perseveram nele. "
17:56
(JPP)
![]() Esta fotografia � a menos pretensiosa das fotografias. N�o tem vaidade, n�o tem soberba, n�o tem tumulto, n�o � cl�ssica, n�o � moderna, n�o tem cores. � o retrato de uma coisa com valor imenso: o retrato do gr�o de areia que se atirou para Tit�. Ele est� l�, brilhante, na parte de cima da fotografia, um ponto de nada, no meio do nada, uma pequena sonda errante, embrulhada em papel de prata dourado, parecendo vagamente um chap�u. L� vai, sem saber muito bem a qu�. Lan�ado pela esperan�a de saber, lan�ado pela nossa qualidade mais humana: curiosidade, curiosidade, perturbante curiosidade. Como �? De que � feito? Como respira? Pertencem-nos aqueles gases, aquele solo, aquela atmosfera, e, talvez, aquela vida? O meu gr�o de areia paga para ver. Sofrer� no caminho, pode destruir-se, pode durar pouco, mas n�o procura o conforto, nem a seguran�a, nem um pouso certo. Procura uma verdade mais pura que as outras, mais primitiva, menos polu�da. Valente ponto de luz, duro gr�o de areia, sinal da m�o que o deitou, t�o longe para o que n�o se conhece. O teu caminho � o meu. Nenhum outro.
09:40
(JPP)
Dark Matter Scientists at the University of Rome, according to the New York Times, may have finally detected dark matter, the stuff that roughly eighty percent of the universe may be made of. Like certain superheroes, particles of dark matter pass through other matter unimpeded. But anti-gravity, scientists explain, "still cannot be expected to reverse the course of a falling apple, or drive an inflating wedge of nothingness between lovers." Which may be why the hero works best alone. Pals and sidekicks can be helpful, but women are too curious, too quick to believe the men they're with must be, at heart, different men. Of course they're right. And the hero is in trouble if he doesn't keep his other self a secret. He wants to be in love, to offer all the confidences a lover should. But he has to save the world, again and again. Thus it seems true that a wedge of nothingness divides the man and the woman, but also that the falling of an apple is irreversible. The hero must expect evil to continue. He cannot afford to be surprised by strangeness. Or ever expect a life in which he could only be himself. (Lawrence Raab) * Bom dia!
09:14
(JPP)
esta frase, �N�o � f�cil perdoar, n�o � f�cil compreender quem tenha atitudes que n�s n�o tomar�amos, mas o Natal � isso mesmo tentar fazer o que n�o fazemos normalmente todos os dias�, mostra uma obsess�o. Nem numa mensagem, que � suposto ser proferida na maior das neutralidades e dist�ncia face � luta pol�tica, deixam de vir ao de cima a incubadora e as facadas. N�o h� em S. Bento um espelho que fale a verdade? 25.12.04
10:52
(JPP)
![]() Se n�s f�ssemos pessoas de medos, o medo estaria em toda esta imagem. H� ali uma dimens�o que n�o � a nossa. H� ali um frio que n�o � o nosso. H� ali uma for�a que n�o � a nossa. H� ali uma perfei��o que n�o � a nossa. Toda a estranheza do mundo est� ali. Olhando bem, tudo nos � alheio, tudo � inumano e o inumano � o que mais tememos. Medo primeiro, medo ancestral, medo geneticamente inscrito, medo do que n�o sabemos, do que n�o controlamos. N�s confiantes que controlamos, ou seja, possu�mos, a nossa pequena terra, que n�o h� mar, nem gelo, nem tempestade, nem rio, nem montanha que n�o possamos visitar, conquistar, domar com a vontade e a coragem, chegamos aqui e c�est toute une autre affaire! Claro que h� a beleza, que parece a mais humana de todas as sensa��es. Kant j� tinha percebido que n�o era bem assim, que h� beleza que n�o � humana, que h� beleza que infunde o terror. Ser� que queremos mesmo v�-la? Ser� que confrontados com este mundo, que � o mundo, que � o que est� l� fora, na esquina do nosso pequeno sistema solar, verdadeiramente queremos mais do que saber? Eu sei que sim. Queremos saber, mas vamos querer habitar. Talvez a nossa casa se fa�a sempre contra o medo. Talvez. (Da sonda Cassini muito longe, esta foto para o Natal dos terrestres.) 24.12.04
13:08
(JPP)
"Come�ando pelo amar e venera��o dos gentios, aquela estrela que trouxe os Magos a Cristo era uma figura celestial e muito ilustre dos pregadores da f�. Assim o diz S. Greg�rio, e os outros padres camumente mas a mesma estrela o disse ainda melhor. Que of�cio foi o daquela estrela? Alumiar, guiar e trazer homens a adorar a Cristo, e n�o outros homens, sen�o homens infi�is e id�latras, nascidos e criados nas trevas da gentilidade. Pois, esse mesmo � a of�cio e exerc�cio, n�o de quaisquer pregadores, sen�o daqueles pregadores de que falamos, e por isso propriamente estrelas de Cristo. Repara muito S. M�ximo, em que esta estrela, que guiou os magos, se chame particularmente estrela de Cristo: Stella ejus e arg�i assim: Todas as outras estrelas n�o s�o, tamb�m, estrelas de Cristo, que como Deus as criou? Sim, s�o. Pois, por que raz�o esta estrela, mais que as outras, se chama especialmente estrela sua: Stella ejus? Porque as outras estrelas foram geralmente criadas para tochas do c�u e do mundo: esta foi criada especialmente para pregadora de Cristo: Quia quamvis omnes ab eo creatae stellae ipsius sint, haec tamen propna Christi erat, quia specialiter Christi nuntiabat adventum. � Muitas outras estrelas h� naquele hemisf�rio muito claras nos resplendores e muita �teis nas influ�ncias, coma as do firmamento, mas estas de que falamos s�o pr�pria e especialmente de Cristo, n�o s� pelo nome de Jesus, com que se professam por suas, mas porque afim, a instituto e o of�cio para que foram criadas, � o mesmo que o da estrela dos Magos, para trazer infi�is e gentios � f� de Cristo. Ora, se estas estrelas fossem t�o diligentes, t�o sol�citas e t�o pontuais em acompanhar, e guiar, e servir aos gentios, como a que acompanhou, guiou e serviu aos Magos, n�o teriam os mesmos gentios muita raz�o de as quererem e estimarem, de sentirem muita sua falta, e de se alegrarem e consolarem muita com sua presen�a? Assim o fizeram os Magos, e assim o diz o evangelista, n�o acabando de encarecer este contentamento: Videntes autem stellam, gavisi sunt gaudio magno valde. Pois, vamos agora seguindo os passas daquela estrela, desde o oriente at� ao pres�pio, e veremos como as que hoje vemos t�o mal vistas e t�o perseguidas, n�o s� imitam e igualam em tudo a estrela dos Magos, mas em tudo a excedem com grandes vantagens."
09:51
(JPP)
Ladainha dos p�stumos natais H�-de vir um Natal e ser� o primeiro em que se veja � mesa o meu lugar vazio H�-de vir um Natal e ser� o primeiro em que h�o-de me lembrar de modo menos n�tido H�-de vir um Natal e ser� o primeiro em que s� uma voz me evoque a s�s consigo H�-de vir um Natal e ser� o primeiro em que n�o viva j� ningu�m meu conhecido H�-de vir um Natal e ser� o primeiro em que nem vivo esteja um verso deste livro H�-de vir um Natal e ser� o primeiro em que terei de novo o Nada a s�s comigo H�-de vir um Natal e ser� o primeiro em que nem o Natal ter� qualquer sentido H�-de vir um Natal e ser� o primeiro em que o Nada retome a cor do Infinito. (David Mour�o-Ferreira) * Bom dia! 23.12.04
15:40
(JPP)
"Se na considera��o do n�mero venceu Santa Catarina as Virgens s�bias do Evangelho, reduzindo ela s� a cinquenta, quando elas, sendo cinco, n�o puderam nem souberam reduzir a uma, n�o foi menos ilustre a sua vit�ria na considera��o do sexo. As virgens, sendo mulheres, n�o ensinaram a uma mulher; Catarina, sendo mulher, ensinou a cinquenta homens. O ap�stolo S�o Paulo fiou t�o pouco do g�nero feminino, que a todas as mulheres proibiu o ensinar: Docere autem mulieri non permitto. E que raz�o teve S�o Paulo para um preceito t�o universal e t�o odioso a metade do g�nero humano, e na parte mais sensitiva dele? A raz�o que teve foi a maior de todas as raz�es, que � a experi�ncia: Adam non est seductus, mulier autem seducta in praevaricatione fuit (1 Tim. 2,14): Em Ad�o e Eva � diz o Ap�stolo � se viu a diferen�a que h� entre o entendimento do homem e o da mulher � porque Eva foi enganada, Ad�o n�o. � Ensine logo Ad�o, ensine o homem; Eva e a mulher, n�o ensine. O que s� lhe conv�m, e o que lhe mando, � que aprenda e cale: Mulier in silentio discatt. Segundo este preceito, que mais parece natural que positivo, pois o Ap�stolo o deduz desde Ad�o e Eva, Catarina havia de aprender e calar, como mulher, e os fil�sofos ensinar, como homens, como fil�sofos, como graduados nas suas ci�ncias, e como os primeiros e mais insignes mestres delas. Mas que Catarina fale e os fil�sofos ou�am, que Catarina ensine e os fil�sofos aprendam, que Catarina n�o s� dispute, mas defina, n�o s� argumente, mas conclua, n�o s� impugne, mas ven�a, e tantos homens, e tais se reconhe�am e confessem vencidos, foi vit�ria que de sexo a sexo s� teve um exemplo, e de entendimento a entendimento nenhum."
15:33
(JPP)
![]() (A protec��o t�rmica da Opportunity, que a sonda voltou a encontrar ao inverter o caminho que a levou � cratera.) - Aqui estou, voltando a casa, pisando o mesmo caminho, vendo as mesmas coisas com os meus velhos olhos. - As mesmas? - N�o sei. As mesmas. A mudan�a � uma ilus�o. - Isso � um ilus�o ainda maior. Tudo muda. - Engano. Eu sou uma adepta tardia de Parm�nides, num mundo em que abundam os partid�rios daquele que fala do rio que corre. Em Marte a �gua j� se foi. - Tens a certeza? - Tenho. Nunca nada muda no tempo, as pessoas confundem mudan�a com destino. N�o h� destino, s� encontros. N�o h� tempo, s� h� momentos. N�o h� vento, s� pedras que rolam. - Para onde? - Para o seu s�tio. Para o Lugar Universal, para a gravidade. N�o sei. O meu � aqui.
11:12
(JPP)
![]() Leroy de Barde, Re�nions d'oiseaux �trangers plac�s dans les diff�rentes caisses 22.12.04
08:58
(JPP)
Saison fid�le aux coeurs qu'importune la joie Saison fid�le aux coeurs qu'importune la joie, Te voil�, ch�re Automne, encore de retour. La feuille quitte l'arbre, �clatante, et tournoie Dans les for�ts � jour. Les aboiements des chiens de chasse au loin d�chirent L'air inerte o� l'on sent l'odeur des champs mouill�s. Gonfl�s d'humidit�, les pr�s mornes soupirent En c�dant sous les pieds. Les oiseaux voyageurs, par bandes, dans les nues, Emigrent vers le Sud et les soleils plus chauds. Les laboureurs, pench�s sur les lentes charrues, Couronnent les coteaux. Le soir, � l'horizon, parfois le ciel est rose ; Des troupes de corbeaux traversent le couchant. Dans le creux des sillons de la plaine repose, Pensive, une eau d'argent. (Charles Gu�rin) * Bom dia, belo dia!
07:53
(JPP)
Why It Often Rains in the Movies Because so much consequential thinking happens in the rain. A steady mist to recall departures, a bitter downpour for betrayal. As if the first thing a man wants to do when he learns his wife is sleeping with his best friend, and has been for years, the very first thing is not to make a drink, and drink it, and make another, but to walk outside into bad weather. It's true that the way we look doesn't always reveal our feelings. Which is a problem for the movies. And why somebody has to smash a mirror, for example, to show he's angry and full of self-hate, whereas actual people rarely do this. And rarely sit on benches in the pouring rain to weep. Is he wondering why he didn't see it long ago? Is he wondering if in fact he did, and lied to himself? And perhaps she also saw the many ways he'd allowed himself to be deceived. In this city it will rain all night. So the three of them return to their houses, and the wife and her lover go upstairs to bed while the husband takes a small black pistol from a drawer, turns it over in his hands, then puts it back. Thus demonstrating his inability to respond to passion with passion. But we don't want him to shoot his wife, or his friend, or himself. And we've begun to suspect that none of this is going to work out, that we'll leave the theater feeling vaguely cheated, just as the movie, turning away from the husband's sorrow, leaves him to be a man who must continue, day after day, to walk outside into the rain, outside and back again, since now there can be nowhere in this world for him to rest. (Lawrence Raab) 21.12.04
23:36
(JPP)
� a palavra "pat�tica" para designar a confer�ncia do almo�o. J� fez o seu caminho. Outro "meme" que caminhou bastante foi a fotografia de Ant�nio Pedro Ferreira, publicada no Expresso.
20:50
(JPP)
![]() W.G.Sebald, After Nature, New York, Modern Library, 2002 ...et iam summa procul villarum culmina fumant maioresque cadunt de montibus umbrae. Virg�lio
13:22
(JPP)
desesperada. A justifica��o do que se passa com recortes de jornais estrangeiros, com as faltas dos outros. E depois aquele sorriso que emerge no Primeiro-ministro sempre que fala dos "outros", dos "alguns", como se viesse l� do fundo um prazer da vitimiza��o e de culpa alheia. Onde Bag�o Felix se zanga, Santana Lopes sorri quando ataca os advers�rios reais e imaginados. (O inadmiss�vel corte da transmiss�o directa da confer�ncia de imprensa pela RTP, antes de se saber qual era a solu��o do problema do d�fice� Servi�o p�blico.) Nota suplementar: a RTP n�o podia saber que afinal nada de concreto ia ser anunciado quando interrompeu a emiss�o, portanto fez mal. Se o soubesse isso poderia justificar n�o s� o corte, como at� a n�o-transmiss�o. N�o tendo objecto que n�o fosse o governo exercer o "contradit�rio" face aos seus cr�ticos, ou seja Santana Lopes e Bag�o Felix balbuciarem umas desculpas - e eu garanto-vos que n�o gosto de usar a palavra pejorativa "balbuciar" se n�o fosse mesmo assim - e dizerem que o governo portugu�s faz os mesmos truques or�amentais dos outros, a confer�ncia torna-se ainda mais penosa. Est� de facto a bater-se num fundo muito fundo.
13:03
(JPP)
Em muitos castelos h� portas da trai��o. Todas t�m uma lenda, uma hist�ria de trai��o. Ficamos a saber assim que as portas s�o dadas a estas actividades e ficam por isso malditas. Quem as atravessa sente, sente que � s� uma quest�o de tempo at� que des�a o traidor com as chaves da confian�a e suba o furtivo para, conquistando, acabar por desprezar o traidor. Foi sempre assim, ser� sempre assim. A trai��o � a actividade que mais corr�i.
11:50
(JPP)
O mesmo. A magn�fica Frehel, a bela Pervenche, retratada por Colette, seduzida por Roberty (estes nomes...), prematuramente envelhecida, ganhando a sua "gueule de m�re maquerelle" , que morreu, miser�vel e esquecida, cheia de bebida e drogas num hotel de Pigalle, a cantar antes da "excep��o cultural": Y'en a qui vous parlent de l'Am�rique Ils ont des visions de cin�ma Ils vous disent " quel pays magnifique " Notre Paris n'est rien aupr�s d'�a Ces boniments-l� rendent moins timide, Bref, l'on y part, un jour de cafard... �a fera un de plus qui, le ventre vide Le soir � New-York cherchera un dollar Au milieu des gueus's, des proscrits, Des �migrants aux c�urs meurtris; Il pensera, regrettant Paris O� est-il mon moulin de la Place Blanche ? Mon tabac et mon bistrot du coin ? Tous les jours �taient pour moi Dimanche ! O� sont-ils les amis les copains ? O� sont-ils tous mes vieux bals musette ? Leurs javas au son de l'accord�on O� sont-ils tous mes repas sans galette ? Avec un cornet de frites � dix ronds O� sont-ils donc ? D'autres croyant gagner davantage Font des r�ves d'or encore plus beaux Pourquoi risquer un si long voyage Puisque Paris est plein de gogos? On monte une affaire colossale, Avec l'argent du bon populo, Mais un jour, crac... c'est le gros scandale : Monsieur courra ce soir au d�p�t ! Et demain on le conduira Pour dix ann�es � Noum�a. Encore un de plus qui dira : O� est-il mon moulin de la Place Blanche ? Mon tabac et mon bistrot du coin ? Tous les jours �taient pour moi Dimanche ! O� sont-ils les amis les copains ? O� sont-ils tous mes vieux bals musette ? Leurs javas au son de l'accord�on O� sont-ils tous mes repas sans galette ? Avec un cornet de frites � dix ronds O� sont-ils donc ? Mais Montmartre semble dispara�tre Car h�las de saison en saison Des Abbesses � la Place du Tertre, On d�molit nos vieilles maisons. Sur les terrains vagues de la butte De grandes banques na�tront bient�t, O� ferez-vous alors vos culbutes, Vous, les pauvres gosses � Poulbot ? En regrettant le temps jadis Nous chanterons, songeant � Salis, Montmartre ton " De Profundis ! " O� est-il mon moulin de la Place Blanche ? Mon tabac et mon bistrot du coin ? Tous les jours �taient pour moi Dimanche ! O� sont-ils les amis les copains ? O� sont-ils tous mes vieux bals musette ? Leurs javas au son de l'accord�on O� sont-ils tous mes repas sans galette ? Avec un cornet de frites � dix ronds O� sont-ils donc ?
11:14
(JPP)
![]() A Fran�a deveria ser completamente insuport�vel nos anos trinta, mas fazia bom cinema e boas can��es. Vento fresco? Aqui est�: a Arletty a cantar "J'enleve ma liguette", Chevalier o "Chapeau de Zozo", Ray Ventura "Tout va tr�s bien madame la marquise" (que devia ser o hino do sindicato das empregadas dom�sticas) e Jean Murat "Les gars de la Marine" do filme Le Capitaine Craddock (1931). Tudo mais extinto que os dinossauros. Les gars de la Marine Quand on est matelot On est toujours sur l'eau. On visite le monde, C'est l'm�tier le plus beau ! Du P�l' Sud au P�l' Nord, Dans chaque petit port, Plus d'une fille blonde Nous garde ses tr�sors. Pas besoin de pognon. Mais comm' compensation, � toutes nous donnons Un p'tit morceau d'nos pompons ! {Refrain:} Voil� les gars de la marine, Quand on est dans les cols bleus On n'a jamais froid aux yeux. Partout du Chili jusqu'en Chine, On les r'�oit � bras ouverts, Les vieux loups d' mer. Quand une fille les chagrine Ils se consol'nt avec la mer ! Voil� les gars de la marine, Du plus p'tit jusqu'au plus grand, Du moussaillon au commandant. Les amours d'un col bleu, �a n'dur' qu'un jour ou deux. � pein' le temps d'se plaire Et de se dire adieu ! On a un peu d'chagrin ! �a passe comme un grain ! Les plaisirs de la terre... C'est pas pour les marins ! Nous n'avons pas le droit De vivre sous un toit, Pourquoi une moiti� ? Quand on a le monde entier ! {au Refrain}
11:02
(JPP)
Hoje, h� cento e cinquenta e quatro anos, Tolstoy escreveu no seu di�rio: �n�o devo ler romances�. Fez-lhe bem, conseguiu escrever alguns. Oitenta e nove anos mais tarde, tamb�m hoje, Cesare Pavese escrevia: �o amor � a forma mais barata de religi�o�. Deve haver por isso um esp�rito do dia. Tolstoy amava a �humanidade� o que significava que n�o amava ningu�m, e talvez por isso foi capaz de escrever verdadeiras hist�rias de amor como esta.
09:24
(JPP)
La destruction Sans cesse � mes c�t�s s'agite le D�mon ; Il nage autour de moi comme un air impalpable ; Je l'avale et le sens qui br�le mon poumon Et l'emplit d'un d�sir �ternel et coupable. Parfois il prend, sachant mon grand amour de l'Art, La forme de la plus s�duisante des femmes, Et, sous de sp�cieux pr�textes de cafard, Accoutume ma l�vre � des philtres inf�mes. Il me conduit ainsi, loin du regard de Dieu, Haletant et bris� de fatigue, au milieu Des plaines de l'Ennui, profondes et d�sertes, Et jette dans mes yeux pleins de confusion Des v�tements souill�s, des blessures ouvertes, Et l'appareil sanglant de la Destruction ! (Baudelaire) * Bom dia!
01:36
(JPP)
�21 Tendo Jesus dito isto, turbou-se em esp�rito, e afirmou, dizendo: Na verdade, na verdade vos digo que um de v�s me h� de trair. 22 Ent�o os disc�pulos olhavam uns para os outros, duvidando de quem ele falava. 23 Ora, um de seus disc�pulos, aquele a quem Jesus amava, estava reclinado no seio de Jesus. 24 Ent�o Sim�o Pedro fez sinal a este, para que perguntasse quem era aquele de quem ele falava. 25 E, inclinando-se ele sobre o peito de Jesus, disse-lhe: Senhor, quem �? 26 Jesus respondeu: � aquele a quem eu der o bocado molhado. E, molhando o bocado, o deu a Judas Iscariotes, filho de Sim�o. 27 E, ap�s o bocado, entrou nele Satan�s. Disse, pois, Jesus: O que fazes, faze-lo depressa. 28 E nenhum dos que estavam assentados � mesa compreendeu a que prop�sito lhe dissera isto. 29 Porque, como Judas tinha a bolsa, pensavam alguns que Jesus lhe tinha dito: Compra o que nos � necess�rio para a festa; ou que desse alguma coisa aos pobres. 30 E, tendo Judas tomado o bocado, saiu logo. E era j� noite.� ![]() Este fragmento do Evangelho de S. Jo�o � um dos grandes textos sobre a trai��o. A sequ�ncia dram�tica est� toda feita sobre a mentira, o mal-entendido, o engano. Jesus anuncia a trai��o aos ap�stolos, mas n�o diz quem o traiu. Estes ficam curiosos, mas n�o perguntam. Para eles a ideia de trai��o era t�o insuport�vel que temiam falar dela. Fosse qual fosse o traidor, era um deles, um amigo, um companheiro. A trai��o, rompendo a identidade de um dos que comiam � mesma mesa, conspurcava tudo � volta. Quando ganham coragem para perguntar, fazem-no t�o a medo e de forma t�o amb�gua, que n�o percebem o sentido da resposta. Levantaram-se da mesa convencidos que n�o era bem aquilo que tinham ouvido. Jesus deu o p�o a Judas, mas o p�o vinha molhado, como se o dem�nio estivesse nessa humidade. �Ap�s o bocado, entrou nele Satan�s�, porque este bocado de p�o era o contr�rio do p�o sacramental que Jesus ensinara os disc�pulos a tomar. No P�o estava Deus, no p�o molhado estava Satan�s. O p�o tamb�m era capaz de trair. Ent�o Jesus diz palavras ainda mais enigm�ticas: �o que fazes, faze-lo depressa�. Porque � que Jesus disse isto a Judas? Porque para Jesus tamb�m era insuport�vel o espect�culo da trai��o. Se trais, trai j�, exerce j� o of�cio da trai��o, porque, mesmo para Jesus, a presen�a do traidor e a vis�o do acto da trai��o perturbam. Quando Judas saiu, com Satan�s dentro dele, era noite. Fez-se noite. 20.12.04
21:59
(JPP)
![]() O �ltimo n�mero da Granta tem um ensaio sobre "The Collector", neste caso Joseph Mitchell. Mitchell, depois de escrever Joe Goulds's Secret, pouco mais escreveu e menos publicou. Dedicava-se a andar pelos pr�dios abandonados ou em demoli��o do sul de Manhattan a recolher pregos, bocados de estuque, placas de ferro forjado, velhas tabuletas, n�meros de portas. Recolhia-os e depois classificava-os como um taxidermista. H� fotografias das pe�as e dos r�tulos. Uma forma de loucura mansa, que os coleccionadores conhecem. * "Acho que est� a confundir taxidermia (arte de preparar cad�veres para os conservar...) com taxinomia (arte de classificar)." A.M.R. * Obrigado pela precis�o. Neste caso era intencional. Podia ser "abria-os como um taxidermista e classificava-os como um taxinomista", mas n�o sei como se abre um prego.
21:41
(JPP)
O �ndice do livro Barnab�, que antologia os textos do blogue, � um retrato muito curioso do mundo dos seus autores. Um dos mais loquazes protagonistas da pol�tica portuguesa, Francisco Lou�a, n�o tem uma entrada sequer. Nem Fernando Rosas, Lu�s Fazenda, Ana Drago, merecem uma palavra. A excep��o s�o duas escassas entradas para Miguel Portas. Assim � f�cil. Mas h� mais: as duas pessoas mais citadas s�o George Bush e eu. Estranho mundo o deles. Onde ser�?
16:08
(JPP)
"Toda a santidade e toda a virtude deste mundo, bem considerada, � temor. A maior e mais qualificada fa�anha que neste mundo se fez por Deus foi a de Abra�o. Leva Abra�o seu filho Isac ao monte, ata-o sobre a lenha do sacrif�cio, tira pela espada para lhe cortar a cabe�a; manda-lhe Deus suspender o golpe, e diz estas palavras: Nunc cognovi quod times Deum (G�n. 22, 12): Agora conhe�o, Abra�o, que temes a Deus. � Que temes a Deus? Pois, como assim? Quando Abra�o por amor de Deus sacrifica seu pr�prio filho, quando Abra�o por amor de Deus corta as esperan�as de sua casa, quando Abra�o por amor de Deus mata a seu mesmo amor, parece que ent�o havia de dizer Deus: Agora, Abra�o, conheci que me amas. Mas: agora conheci que me temes? Sim, porque, bem considerada aquela fa�anha de Abra�o, e vista por dentro, como Deus a via, teve mais de temor que de amor. Bem via Abra�o que matar a Isac era matar-se a si mesmo, mas via tamb�m que se o n�o matava, desobedecia, que se desobedecia, ofendia a Deus, que se ofendia a Deus, condenava-se, e este temor de se n�o condenar o pai, foi o que p�s a espada na garganta ao filho. Quando o pai e o filho iam caminhando para o sacrif�cio, diz o texto que levava Abra�o em uma m�o a espada, e na outra o fogo: Ipse vero portabat in manibus ignem et gladium (G�n. 22,6). Oh! que bons dois espelhos para aquela ocasi�o! Na m�o da espada ia a morte do filho; na m�o do fogo ia o inferno do pai. Se obedeces, h�s de matar; se desobedeces, h�s de arder. O amor via-se ao espelho da espada, o temor via-se ao espelho do fogo. � � poss�vel, pai, que h�s de matar o teu filho �nico e amado? E que a vida e o sangue que lhe deste a h�s de derramar com tuas pr�prias m�os? N�o h� de ser assim: viva Isac, e caia rendido o bra�o da espada. Mas, se n�o morrer Isac � replicava o temor � se Isac sacrificado se n�o abrasa neste fogo, h� de ir Abra�o, por desobediente, arder no do inferno. Ou arder Abra�o, ou morrer Isac. Oh! que cruel dilema para um pai! Mas, passar a espada pela garganta de Isac, � um momento � instava o temor � e arder Abra�o no inferno, � uma eternidade: pois, pade�a um instante o filho, para que n�o pene eternamente o pai. Torne-se a levantar o bra�o da espada; e j� ia descarregando resolutamente o golpe, mas acudiu Deus. E como toda esta resolu��o de tirar Abra�o a vida a seu filho foi por temor de n�o ofender a Deus e se condenar, por isso Deus n�o disse: � Agora conheci, Abra�o, que me amas, sen�o, agora conheci que me temes: Nunc cognovi quod times Deum."
09:37
(JPP)
SOME TREES These are amazing: each Joining a neighbor, as though speech Were a still performance. Arranging by chance To meet as far this morning From the world as agreeing With it, you and I Are suddenly what the trees try To tell us we are: That their merely being there Means something; that soon We may touch, love, explain. And glad not to have invented Some comeliness, we are surrounded: A silence already filled with noises, A canvas on which emerges A chorus of smiles, a winter morning. Place in a puzzling light, and moving, Our days put on such reticence These accents seem their own defense. (John Ashbery) * Bom dia!
01:46
(JPP)
Frederico Louren�o, Amar N�o Acaba, Livros Cotovia, 2004 ![]() O relato de Frederico Louren�o � umas vezes franco, outras vezes bizarro, pela densidade cultural que parece sempre excessiva. Pode-se viver assim? Pode-se viver sempre dentro do texto dos outros? Pode-se viver sempre dentro dos gestos do bailado, das palavras dos lied, do universo total e absoluto de Wagner? Pode-se viver, amar, face a presen�as t�o intensas e t�o inequ�vocas como as da grande arte? Pode-se viver no meio da beleza transmitida pelas obras de arte sem que estas preencham todo o espa�o do sentimento? O que � que sobra? Pode-se ser feliz num universo t�o povoado de sentido? Duvido, mas tamb�m este livro n�o � sobre a felicidade, mas sim sobre o deslumbramento. 19.12.04
19:01
(JPP)
"Os fil�sofos antigos chamaram ao homem mundo pequeno; por�m, S. Greg�rio Nazianzeno, melhor fil�sofo que todos eles, e por excel�ncia o Te�logo, disse que o mundo comparado com o homem � o pequeno, e o homem, em compara��o do mundo, o mundo grande: Mundum in parvo, magnum. � N�o � o homem um mundo pequeno que est� dentro do mundo grande, mas � um mundo, e s�o muitos mundos grandes, que est�o dentro do pequeno. Baste por prova o cora��o humano, que, sendo uma pequena parte do homem, excede na capacidade a toda a grandeza e redondeza do mundo. Pois, se nenhum homem pode ser capaz de governar toda esta maquina do mundo, que dificuldade ser� haver de governar tantos homens, cada um maior que o mesmo mundo, e mais dificultoso de temperar que todo ele? A demonstra��o � manifesta. Porque nesta m�quina do mundo, entrando tamb�m nela o c�u, as estrelas tem seu curso ordenado, que n�o pervertem jamais; o sol tem seus limites e tr�picos, fora dos quais n�o passa; o mar, com ser um monstro ind�mito, em chegando �s areias p�ra; as �rvores, onde as p�em, n�o se mudam; os peixes contentam-se com o mar, as aves com o ar, os outros animais com a terra. Pelo contr�rio, o homem, monstro ou quimera de todos os elementos, em nenhum lugar p�ra, com nenhuma fortuna se contenta, nenhuma ambi��o nem apetite o farta: tudo perturba, tudo perverte, tudo excede, tudo confunde e, como � maior que o mundo, n�o cabe nele. "
14:20
(JPP)
Um dirigente pol�tico que se quer afirmar sabe que nem sempre lhe passam � frente oportunidades de mostrar a diferen�a. A S�crates surgiu uma e ele deitou-a fora: deveria demarcar-se de forma inteiramente clara das manig�ncias, ali�s j� contumazes, do PS Porto, uma das organiza��es mais aparelh�sticas de qualquer partido portugu�s, de usar Pinto da Costa como trunfo eleitoral contra Rui Rio. Pinto da Costa n�o est� em posi��o diferente da do antigo deputado do PSD, Cruz Silva, e ,por ser uma personagem de maior relevo social, ainda mais rigor teria que haver. S�crates calou-se para n�o perder os votos dos Super Drag�es, ou pior ainda. Revelou-se.
10:10
(JPP)
De novo, as IND�STRIAS CULTURAIS, um bom exemplo de jornalismo especializado que complementa em tempo �til (uma forma "�til" do tempo real) o que (n�o) vem nos jornais. Alguns textos de Luis Rainha no Blogue de Esquerda. Louvor � imensa utilidade dos Frescos, mesmo quando n�o funcionam bem e est�o pouco frescos. A p�gina do Clube dos Jornalistas. Pesem todas as objec��es, o Clube dos Jornalistas tem realizado um trabalho de auto-reflex�o sobre o jornalismo que nunca tinha sido feito com esta amplitude e variedade.
09:03
(JPP)
Ici de mille fards la tra�son se d�guise Ici de mille fards la tra�son se d�guise, Ici mille forfaits pullulent � foison, Ici ne se punit l'homicide ou poison, Et la richesse ici par usure est acquise Ici les grands maisons viennent de b�tardise, Ici ne se croit rien sans humaine raison, Ici la volupt� est toujours de saison, Et d'autant plus y pla�t que moins elle est permise. Pense le demeurant. Si est-ce toutefois Qu'on garde encore ici quelque forme de lois, Et n'en est point du tout la justice bannie. Ici le grand seigneur n'ach�te l'action, Et pour priver autrui de sa possession N'arme son mauvais droit de force et tyrannie. (Joachim du Bellay) * Bom dia! 18.12.04
22:53
(JPP)
![]() Cores, um andar acima, outras cores, outro andar acima, novas cores. O que � que se respira nessas cores? Que atmosfera pertence a estas cores? Em Janeiro, quando descermos em Tit�, vamos respirar este ar.
13:48
(JPP)
Efialtes � nome de dem�nio e de gigante. O meu � um homem. Borges escreveu sobre o dem�nio �Siempre es la pesadilla. / Su horror no es de este mundo." Mas n�o � este o meu traidor. O pesadelo n�o trai quem n�o sonha. O traidor � outro: Efialtes, natural da Tess�lia, traiu os 300 espartanos no desfiladeiro das Term�pilas por ouro. Os 300 espartanos eram �iguais�, Efialtes era diferente. Ensinou a Xerxes um caminho que levava os persas � retaguarda da defesa grega. O traidor n�o recebeu a sua paga, porque Xerxes entretanto viu a sua frota destru�da em Salamina. Xerxes mandou chicotear o mar, mas o mar n�o tinha costas. Como muitos traidores n�o pagou o pre�o da sua trai��o, embora pagasse com a vida uma querela menor com Atenades da Tr�cia. Mas um traidor est� sempre morto antes de morrer. A trai��o � uma morte. (A seguir: Judas)
13:38
(JPP)
![]() Esta fotografia de Ant�nio Pedro Ferreira, publicada no Expresso da semana passada, � o melhor retrato do poder que temos. Tudo est� certo, tudo bate certo. Escrevo sobre ela, considerando-a a melhor foto da semana, na S�bado.
13:13
(JPP)
Sweet is the swamp with its secrets Sweet is the swamp with its secrets, Until we meet a snake; 'Tis then we sigh for houses, And our departure take At that enthralling gallop That only childhood knows. A snake is summer's treason, And guile is where it goes. (Emily Dickinson)
11:55
(JPP)
"Duas coisas prega hoje a Igreja a todos os mortais, ambas grandes, ambas tristes, ambas temerosas, ambas certas. Mas uma de tal maneira certa e evidente, que n�o � necess�rio entendimento para crer: outra de tal maneira certa e dificultosa, que nenhum entendimento basta para a alcan�ar. Uma � presente, outra futura, mas a futura v�em-na os olhos, a presente n�o a alcan�a o entendimento. E que duas coisas enigm�ticas s�o estas? Pulvis es, tu in pulverem reverteris: Sois p�, e em p� vos haveis de converter. - Sois p�, � a presente; em p� vos haveis de converter, � a futura. O p� futuro, o p� em que nos havemos de converter, v�em-no os olhos; o p� presente, o p� que somos, nem os olhos o v�em, nem o entendimento o alcan�a. Que me diga a Igreja que hei de ser p�: In pulverem reverteris, n�o � necess�rio f� nem entendimento para o crer. Naquelas sepulturas, ou abertas ou cerradas, o est�o vendo os olhos. Que dizem aquelas letras? Que cobrem aquelas pedras? As letras dizem p�, as pedras cobrem p�, e tudo o que ali h� � o nada que havemos de ser: tudo p�. Vamos, para maior exemplo e maior horror, a �sses sepulcros recentes do Vaticano. Se perguntardes de quem s�o p� aquelas cinzas, responder-vos-�o os epit�fios, que s� as distinguem: Aqu�le p� foi Urbano, aqu�le p� foi Inoc�ncio, aqu�le p� foi Alexandre, e �ste que ainda n�o est� de todo desfeito, foi Clemente. De sorte que para eu crer que hei de ser p�, n�o � necess�rio f�, nem entendimento, basta a vista. Mas que me diga e me pregue hoje a mesma Igreja, regra da f� e da verdade, que n�o s� hei de ser p� de futuro, sen�o que j� sou p� de presente: Pulvis es? Como o pode alcan�ar o entendimento, se os olhos est�o vendo o contr�rio? � poss�vel que �stes olhos que v�em, �stes ouvidos que ouvem, esta l�ngua que fala, estas m�os e �stes bra�os que se movem, �stes p�s que andam e pisam, tudo isto, j� hoje � p�: Pulvis es? Argumento � Igreja com a mesma Igreja: Memento homo. A Igreja diz-me, e sup�e que sou homem: logo n�o sou p�. O homem � uma subst�ncia vivente, sentitiva, racional. O p� vive? N�o. Pois como � p� o vivente? O p� sente? N�o. Pois como � p� o sensitivo? O p� entende e discorre? N�o. Pois como � p� o racional? Enfim, se me concedem que sou homem: Memento homo, como me pregam que sou p�: Quia pulvis es? Nenhuma coisa nos podia estar melhor que n�o ter resposta nem solu��o esta d�vida. Mas a resposta e a solu��o dela ser� a mat�ria do nosso discurso. Para que eu acerte a declarar esta dificultosa verdade, e todos n�s saibamos aproveitar d�ste t�o importante desengano, pe�amos �quela Senhora, que s� foi exce��o d�ste p�, se digne de nos alcan�ar gra�a. Ave Maria. "
09:11
(JPP)
Mutability We are as clouds that veil the midnight moon; How restlessly they speed, and gleam, and quiver, Streaking the darkness radiantly! -yet soon Night closes round, and they are lost for ever: Or like forgotten lyres, whose dissonant strings Give various response to each varying blast, To whose frail frame no second motion brings One mood or modulation like the last. We rest. -- A dream has power to poison sleep; We rise. -- One wandering thought pollutes the day; We feel, conceive or reason, laugh or weep; Embrace fond woe, or cast our cares away: It is the same! -- For, be it joy or sorrow, The path of its departure still is free: Man's yesterday may ne'er be like his morrow; Nought may endure but Mutablilty. (Percy Bysshe Shelley) * Bom dia! 17.12.04
21:26
(JPP)
No Jaquinzinhos As Not�cias que Nunca Saem na Primeira P�gina. Est� longe de ser caso �nico. P�ginas sobre Orlando Ribeiro.
19:09
(JPP)
![]() Dione passa em frente de Saturno como uma p�rola intoc�vel, intang�vel. "Noli me tangere" diz, numa l�ngua antiga. "� para mim que olhas, e n�o para a vastid�o que est� atr�s de mim".
08:20
(JPP)
Delight in Disorder A sweet disorder in the dress Kindles in clothes a wantonness. A lawn about the shoulders thrown Into a fair distraction; An erring lace which here and there Enthralls the crimson stomacher; A cuff neglectful, and thereby Ribbons to flow confusedly; A winning wave, deserving note, In the tempestuous petticoat; A careless shoestring, in whose tie I see a wild civility; Do more bewitch me than when art Is too precise in every part. (Robert Herrick) * Bom dia!
01:24
(JPP)
Por que n�o fazer com os poemas de Ros�lia o que habitualmente se faz com os cl�ssicos portugueses, a come�ar por Cam�es? Isto �: "actualizar" a grafia... Por exemplo, (escrevo em MAI�SCULO a "actualiza��o") de autoria do Prof. Dr. Ant�nio Gil Hernandez, (...) que � um dos mais l�cidos intelectuais da lusofonia na Galiza que j� conheci. Essa actualiza��o de grafia foi publicada no grupo "Galiza", no yahoo: - CantaM os galos p'ra o dIa Ergue-te, meu beM, e vai-te. COmo me hei-de ir, cOmo me hei-de ir e deixar-te? - DeSes teus olHiNHos negros como doas relumbrantes, AT� �s noSsas m�Os unidas as b�goas ardentes caeM. COmo me hei-de ir sE c'a l�ngua me desVotas e c'o cora��O me atraIs? NuM corruncho do teu leito cariNHosa me abrigaSTE; c'o teu manso caloriNHo os frIos p�s me quentaste; e de aquI Juntos miramos por Entre o verde ramaGeM QUAl �a correndo a lUa por enriba dos pinHares. COmo queres que te deixe? COmo, que de ti me aparte sE mAis que O mel �S e mAis que as fLoRes sUave? - MeiguiNH, meiguiNHo, meigo, meigo que me namoraste, vai-te de onda miM, meiguiNHo, antes que o sol se levante. - Ainda dorme, queridiNHa, Entre as ondiNHas do mare; dorme porque me acariNHes e porque amante me chames, que S� onda ti, meniNHa, poSSo contento folgare. - J� cantaM os paSSariNHos. Ergue-te, meu beM, que � tarde. - Deixa que canteM, Marica; Marica, deixa que canteM... SE tU sEntes que me v�, eu relouco por quedar-me. - Comigo, meu queridiNHo, mitAD' da noite pasSaSTE. - Mais eM tanto tU dormIas, contentEi-me coM mirar-te, que aSSIM, sorrindo entre soNHos cUidaVa que eras uM �nGel', e n�O coM tanta pureza AO p� duM �nGel' velaSse. - ASSIM te quero, meu beM, como uM santo dos altares; mas fuGe..., que o sol dourado por riba dos montes saie. - IrEi; mas d�-me uM biquiNHo antes que de ti me aparte, que eSses labiNHos de rosa inda n�O sei cOmo sabeM. - CoM mil amores cho dera; mas teNHo que confeSsar-me, e mUita vergonHa fora ter uM pecado t�O grande. - Pois confEsSa-te, Marica, que, QUando casar nos casen, n�O che h�O-de valer, meniNHa, nEM confesSores nEM frades. AdEUs, cariNHa de rosa! - Raparigo, DEUs te gUarde! ... Houve tantas mudan�as? (Pedro Santos) 16.12.04
17:28
(JPP)
![]() ![]() Esta foi a minha primeira edi��o do Capital e estava na biblioteca familiar no "Inferno", no arm�rio dos livros proibidos. Antes do 25 de Abril era um livro perigoso. A edi��o n�o era a da obra completa, mas sim a antologia de Lafargue, e fazia parte de uma colec��o francesa "Petite Biblioth�que �conomique" editada na d�cada de noventa do s�culo XIX. O Pref�cio era de Vilfredo Pareto. Tem os meus sublinhados a l�pis muito leve porque n�o se estragava um livro antigo. Um marcador de p�gina, perdido l� dentro, � um quarto de papel dos boletins de voto da Oposi��o do Porto de 1969, rasgado em quatro e que me servia de ficha. Quando acabou o per�odo eleitoral permitido, e antes de fecharem as instala��es do Oposi��o, numa garagem junto do Mercado do Bom Sucesso, fui l� e trouxe alguns milhares de votos sobrantes - era a oposi��o que imprimia os seus pr�prios votos - para servirem de papel e fichas.
13:52
(JPP)
Um aspecto, que tem sido bastante silenciado da quest�o da coliga��o, para o qual o Abrupto chamou a aten��o � que, concorrendo os dois partidos separados, e n�o havendo uma maioria absoluta de parlamentares dos dois, h� que garantir que o PSD seja o partido mais votado para que o �esquema� de casamento ex post facto da coliga��o tenha viabilidade pol�tica � suscitou o coment�rio do dr. Portas. O dr. Portas claramente n�o acredita que o PSD seja o partido mais votado, sen�o n�o falava disto. Face � probabilidade, em que acredita, que o PS possa ser o partido mais votado, resolveu teorizar uma situa��o em que a coliga��o deva ter prioridade na escolha presidencial para formar governo ap�s as elei��es. � um argumento de mera propaganda, porque n�o � l�quido que o PS , partido mais votado, n�o possa dar origem a um governo minorit�rio, como os de Guterres que duraram legislatura e meia, que subsista com os votos da esquerda parlamentar, nem que consiga a posteriori qualquer coliga��o com o BE ou o PCP, o que o coloca nos mesmos termos da coliga��o PSD-PP. Acresce que seria interessante ver, o que � poss�vel, a coliga��o a governar com o PS, o partido mais votado, afastado do poder. Tal � poss�vel formalmente, mas criaria um problema de legitimidade pol�tica gerador de instabilidade. Tudo isto s�o problemas mais que conhecidos, gerados pelo elevado limiar eleitoral necess�rio para se obterem solu��es est�veis de governabilidade. Mas a verdade � que todos se queixam e ningu�m quer alterar a lei eleitoral. Houve v�rias tentativas durante as maiorias de Cavaco para baixar o n�vel de governabilidade solit�ria para cerca de 38% dos votos, mas o PS, raciocinando a curt�ssimo prazo, recusou-o, gerando este problema que era evidente acabaria por lhe bater � porta.
13:26
(JPP)
diz o dr. Portas que eu sou. Infelizmente os exemplos que citou, incluindo o meu, s�o de atiradores de primeira linha, bem pouco furtivos. Furtivas s�o as "fontes an�nimas", furtivos s�o os que "passam" not�cias para os jornais, furtivos s�o os que, apoiados em aparelhos de imprensa pagos pelo Estado, os usam para promover e despromover quem lhes conv�m. Esta � uma especialidade que ele conhece bem, como produtor e receptador, n�o � a minha. Dito isto, bem pobre � a acusa��o a quatro homens, s� com o poder da palavra, da opini�o e do argumento, para os culpar de t�o grandes coisas: a queda de um governo e uma maioria e o fim de uma coliga��o que tinha jurado existir at� 2014.
11:02
(JPP)
Nature's Questioning WHEN I look forth at dawning, pool, Field, flock, and lonely tree, All seem to look at me Like chastened children sitting silent in a school; Their faces dulled, constrained, and worn, As though the master's ways Through the long teaching days Their first terrestrial zest had chilled and overborne. And on them stirs, in lippings mere (As if once clear in call, But now scarce breathed at all)-- "We wonder, ever wonder, why we find us here! "Has some Vast Imbecility, Mighty to build and blend, But impotent to tend, Framed us in jest, and left us now to hazardry? "Or come we of an Automaton Unconscious of our pains?... Or are we live remains Of Godhead dying downwards, brain and eye now gone? "Or is it that some high Plan betides, As yet not understood, Of Evil stormed by Good, We the Forlorn Hope over which Achievement strides?" Thus things around. No answerer I.... Meanwhile the winds, and rains, And Earth's old glooms and pains Are still the same, and gladdest Life Death neighbors nigh. (Thomas Hardy) (Filipe V. Castro lembra este poema a prop�sito do texto de Verg�lio Ferreira publicado no Abrupto)
10:57
(JPP)
"(...) as declara��es de Paulo Portas sobre a apresenta��o dos dois partidos em listas separadas. Dizia mais ou menos isto: sempre tinha sido a favor da bipolariza��o, isto � dois p�los, um do centro (!) para a direita, outro da esquerda, mas contra o bipartidismo (sic), ou seja, sempre defendeu liberdade de escolha dos eleitores em cada p�lo. � �bvio que a segunda asser��o representa o oposto da primeira: com fragmenta��o partid�ria dentro dos p�los n�o h� bipolariza��o. Mas parece que n�o importa: o populismo rompe com as barreiras da linguagem e da l�gica. Nada mais interessa que o articulado formal das palavras, desde que soe bem. Vale tudo." (Fazenda Martins)
10:23
(JPP)
(Enviado por Von) Como a foto n�o � verdadeira, o passado j� n�o � o que era.
09:40
(JPP)
![]() Ontem, l� estava, com uma ainda quase inexistente cabeleira, no s�tio devido. Que aug�rio nos trazes, vagabundo?
09:35
(JPP)
�pitaphe d'un paresseux Jean s'en alla comme il �tait venu, Mangea le fonds avec le revenu, Tint les tr�sors chose peu n�cessaire. Quant � son temps, bien le sut dispenser : Deux parts en fit, dont il soulait passer L'une � dormir et l'autre � ne rien faire. (La Fontaine) * Bom dia! 15.12.04
01:34
(JPP)
o que escrevi a 3 de Dezembro: J� SE PERCEBEU como uma parte da campanha de Santana Lopes ser� feita: o governo caiu porque os grandes interesses econ�micos n�o queriam o OE, as suas medidas de combate � fraude fiscal, e de imposi��o de impostos � banca. � h�bil, apela ao populismo, e aos amadores das teorias da conspira��o, mas n�o � verdade.
01:16
(JPP)
Dois debates entre parlamentares na SIC Not�cias e na RTP2: o grau zero do debate e uma completa incapacidade de ouvir, com destaque para uns jovens parlamentares do PP que falam, falam, falam, sem pararem um minuto para ouvir quanto mais para pensar.(J� n�o falo do cinzentismo do PS, cada vez mais habitual, como se tentassem esconder-se na paisagem ...) 14.12.04
15:43
(JPP)
Esta precis�o do Clube dos Jornalistas sobre as circunst�ncias em que foi feita a entrevista de Morais Sarmento ao Di�rio Econ�mico. Acrescento: algu�m ouviu a primeira pergunta que foi feita ao mesmo ministro, no Telejornal das 13 horas de hoje, sobre o novo Media Parque a criar no Monte da Virgem? Qualquer coisa do g�nero, dito logo � cabe�a pelo jornalista, "h� um ano o Monte da Virgem era a imagem perfeita da desola��o e agora � o que se v� (ainda n�o se v�...mas n�o tem import�ncia), como � que foi poss�vel?". A seguir, o ministro brilha. Estava tudo dito na pergunta. Dizer tudo na pergunta � extremamente eficaz. Outro acrescento: espero que uma atitude de den�ncia resoluta deste tipo de promiscuidades continue caso o PS ganhe as elei��es. Poucas vezes me lembra de ter visto uma maior circula��o de "influ�ncias" entre o governo e as redac��es do que nos governos Guterres, tanto mais eficaz quanto n�o denunciada. Se o caminho dos dias de hoje de aten��o cr�tica n�o � apenas um epifen�meno suscitado pelas in�pcias actuais, (a que n�o � alheia a composi��o pol�tica da �classe�) pode-se melhorar o ar que se respira na comunica��o social .
11:41
(JPP)
"...N�s n�o pensamos o tempo em que n�o havia tempo por n�o haver homens que o instaurassem, pela ideia oculta e impens�vel de n�o haver um Universo que se n�o orientasse para a exist�ncia humana. E todavia sabemos que o acaso governou essa orienta��o. N�s n�o conseguimos pensar esse Universo para antes de haver homens e ser impens�vel que se pensasse a quest�o do seu sentido. Mas n�o abdicamos por isso de lho querer encontrar, agora que o homem existe para a tudo questionar. Assim � dificilmente pens�vel o Mundo para l� da esp�cie que � a nossa e se alinha entre as m�ltiplas esp�cies que se v�o extinguindo. Mas � s� pensando como disse, o vazio do Universo sem ningu�m que o consciencialize, que o problema do sentido se pode p�r. N�o h� sentido nenhum, h� s� a obtusidade de tudo estar a�. � preciso repeti-lo, Mas como � amir�vel pensar que num instante fugitivo dos bili�es e bili�es de anos estelares, uma esp�cie apareceu e gritou � solid�o dos espa�os a sua vinda no que lhe foi dado criar, para imediatamente o Universo inteiro recair na estupidez do seu sil�ncio eterno. Perante quem ou qu� isto tem significado? Porque o n�o tem perante nada. Foi um grito de louco no seu infinitesimal instante de loucura. Esp�cies que findam, estrelas que se apagam, vazio inerte pela exterioridade do sem-fim. Mas houve um momento em que tudo isso existiu s� por haver a mente humana que a fez existir...." Verg�lio Ferreira, Conta-Corrente, nova s�rie, IV (Enviado por Ant�nio Ferreirinho)
10:39
(JPP)
![]() Xenofonte estava atr�s e ouviu os gritos. Bom militar, pensou que mais uma vez tinha inimigos pela frente num terreno hostil. A retaguarda come�ou a correr na direc��o dos gritos. Mais gritos. Xenofonte montou a cavalo pensando que �alguma coisa de extraordin�rio tinha acontecido� e, � frente da cavalaria, correu a socorrer os seus homens. Ent�o viu e percebeu. Ouviu: "Thalassa! Thalassa!�. O mar. Havia �gua a perder de vista. O mar. Os gregos encontravam o mar que tinham de h� muito perdido. A sua casa. Voltavam. Mais provas de que houve �gua em Marte. Houve mar.
10:25
(JPP)
Ponho a nu, salvo seja, o meu computador: o sistema � o Windows XP Professional, os programas b�sicos s�o os da Microsoft Office, mas verdadeiramente usados s� Word, o Access, o Outlook. O browser � o Mozilla Firefox j� na vers�o 1.0. Depois h� o Scansoft Paperport 9.0, um programa para mim indispens�vel e merecedor de todos os elogios, e que uso desde pelo menos a vers�o 5.0. Para al�m disso, uso o Copernic Desktop Search, (e o Copernic Agent Professional,) tendo experimentado o X1 e o Google Desktop, sem nenhum me satisfazer tanto como o Lotus Magellan num passado long�nquo. Uso extensivamente o Access, cada vez mais preocupado com o limite das bases de dados de 2 GB, sem total satisfa��o. J� experimentei o AskSam, com interesse para as suas vantagens, embora o tenha abandonado pelo Access. De novo, vem-me � mem�ria algumas funcionalidades do Lotus Agenda nunca conseguidas de forma simples no Access, embora suspeite que se conhecesse melhor a programa��o pudesse constru�-las no Access. Depois, o tradicional Norton System Works, e blindagem diversa contra a intrus�o e a malvadez. Parafraseando, para que o computador n�o se tome a s�rio, � suposto que o computador esteja defendido de tudo , menos de mim pr�prio.
09:31
(JPP)
Under Saturn Do not because this day I have grown saturnine Imagine that lost love, inseparable from my thought Because I have no other youth, can make me pine; For how should I forget the wisdom that you brought, The comfort that you made? Although my wits have gone On a fantastic ride, my horse's flanks are spurred By childish memories of an old cross Pollexfen, And of a Middleton, whose name you never heard, And of a red-haired Yeats whose looks, although he died Before my time, seem like a vivid memory. You heard that labouring man who had served my people. He said Upon the open road, near to the Sligo quay - No, no, not said, but cried it out - 'You have come again, And surely after twenty years it was time to come.' I am thinking of a child's vow sworn in vain Never to leave that valley his fathers called their home. (William Butler Yeats) * Bom dia!
01:25
(JPP)
"A ordem hier�rquica da provid�ncia divina, no governo de suas criaturas, � governar superiores e s�bditos, mas os s�bditos por meio dos superiores, e os superiores imediatamente por si mesmo. Uma e outra coisa temos nas chaves e nas cadeias de Pedro. Em todo o mundo crist�o n�o h� mais que um superior e um s�bdito, um Pedro e uma Igreja; e este superior e este s�bdito, este Pedro e esta Igreja, quem os governa? A Igreja governa-a a provid�ncia de Pedro, que tem o poder das chaves: Tibi dabo claves regni caelorum; a Pedro governa-o a provid�ncia de Cristo, que o livrou das cadeias de Herodes: Ceciderunt catenae de manibus ejus. Este � o desenho alt�ssimo, e esta a f�brica segur�ssima da suprema provid�ncia. A Igreja segura na provid�ncia de Pedro, e Pedro seguro na provid�ncia de Cristo. Caso foi verdadeiramente admir�vel, e por isso notado e advertido pelo mesmo historiador sagrado, que cercado S. Pedro de guardas, e atado a duas cadeias, na mesma noite daquele dia em que havia de sair a morrer, como homem sem nenhum temor nem cuidado, estivesse dormindo: In ipsa nocte erat Petrus dormiens. E se passarmos da terra ao mar, n�o � caso menos digno de admira��o que, correndo fortuna a barca de Pedro com uma terr�vel tempestade, Cristo, que ia na mesma barca, tamb�m estivesse dormindo: Ipse vero dormiebat. Cristo e o Vig�rio de Cristo, ambos dormindo? Cristo dormindo no meio da tempestade, e Pedro dormindo no meio das guardas e das cadeias, e ambos com a morte � vista, sem nenhum cuidado? Sim. Na tempestade dorme Cristo, porque a barca est� segura na provid�ncia de Pedro; e nas cadeias dorme Pedro, porque Pedro est� seguro na provid�ncia de Cristo. Debaixo da provid�ncia de Cristo dorme Pedro ao som das cadeias, e debaixo da provid�ncia de Pedro dorme Cristo ao som da tempestade e das ondas. " 13.12.04
23:58
(JPP)
Hoje, h� cento e quarenta e nove anos, Thoreau preparava-se para o Inverno. �Agrad�vel�, escreveu, �estar preparado�, ter lenha, batatas, ma��s, na cave. Esperar que a neve descesse e cobrisse a terra de branco. Esperar que os flocos de neve se �entretecessem como uma teia no ar�, esperar por esse mundo de sil�ncio e paz. Esperar, fun��o do Inverno. * "A prop�sito do sil�ncio e paz invernais, que vieram por sua vez a prop�sito do Thoreau, lembrei-me dos sil�ncios do Livro das Melancolias do Paulo Mantegazza, resgatado do s�t�o de casa dos meus pais (...) �Mais que os sil�ncios do homem, eu amo, por�m, os da natureza. Nos bosques de abetos da Noruega, eu bebi os sil�ncios daquela fria e casta natureza nos longos dias que duram meses. Nenhuma ave cantava, nenhum insecto estridulava, nenhuma fera rugia, e at� os meus passos sobre a macia e profunda almofada de brancos l�quenes n�o faziam rumor. Naqueles lugares, o sil�ncio dormia eternamente o seu sono, e eu julgar-me-ia morto, se n�o tivesse tido os olhos abertos para ver, para saborear toda aquela paz tranquila duma vida verde, que vivia sem fazer rumor." (R.M.)
14:22
(JPP)
- Cantan os galos pra o d�a �rguete, meu ben, e vaite. - �C�mo me hei de ir, c�mo me hei de ir e deixarte? - Deses teus olli�os negros como doas relumbrantes, hastra as nosas maus unidas as b�goas ardentes caen. �C�mo me hei de ir si ca lengua me desbotas e co coras�n me atraes? Nun corruncho do teu leito cari�osa me abrigaches; co teu manso calori�o os fr�os pes me quentastes; e de aqu� xuntos miramos por antre o verde ramaxe c�l iba correndo a l�a por enriba dos pinares. �C�mo queres que te deixe? �C�mo, que de ti me aparte si m�is que a mel eres e m�is que as froles soave? - Meigui�o, meigui�o, meigo, meigo que me namoraste, vaite de onda min, meigui�o, antes que o sol se levante. - Ainda dorme, queridi�a, antre as ondi�as do mare; dorme porque me acari�es e porque amante me chames, que s�lo onda ti, meni�a, podo contento folgare. - Xa cantan os paxari�os. �rguete, meu ben, que � tarde. - Deixa que canten, Marica; Marica, deixa que canten... Si ti sintes que me vaia, eu relouco por quedarme. - Conmigo, meu queridi�o, mit� da noite pasaches. - Mais en tanto ti dorm�as, content�ime con mirarte, que as�, sorrindo entre so�os coidaba que eras un �nxel, e non con tanta purea e non con tanta pureza � pe dun �nxel velase. - As� te quero, meu ben, como un santo dos altares; mais fuxe..., que o sol dourado por riba dos montes saie. - Ir�i; mais dame un biqui�o antes que de ti me aparte, que eses labi�os de rosa inda non sei c�mo saben. - Con mil amores cho dera; mais te�o que cofesarme, e moita vergonza fora ter un pecado tan grande. - Pois conf�sate, Marica, que, cando casar nos casen, non che han de valer, meni�a, nin confesores nin frades. �Adi�s, cari�a de rosa! - �Raparigo, Dios te garde!
13:41
(JPP)
![]() O cometa C/2004 Q2 Machholz j� ultrapassou o limiar da visibilidade a olho nu. As nuvens continuam, mas vou-te apanhar. Se n�o, fa�o de v�tima, que � o que est� na moda.
13:04
(JPP)
Colocado no VERITAS FILIA TEMPORIS o JACAR� E A LAGARTIXA 14 sobre como o "santanismo gostaria de ser um guterrismo", sobre o processo da Casa Pia, sobre Lu�s Delgado como o "melhor crente", e um elogio da Taschen.
11:12
(JPP)
![]() ![]() * "Tal como a blusa patri�tica da primeira dama na final do euro, creio que ningu�m ficou indiferente ao cat�logo fornecido gratuitamente (!!!) com os jornais de fim-de-semana, pelo museu da Presid�ncia da Rep�blica. O que mais me marcou no boneco foi o seu ar infeliz. Pudera t�o pequenino e j� republicano, socialista, ma�on, laico e muito provavelmente ateu� At� para um boneco � demais!" (J.)
11:07
(JPP)
uma nota minha do g�nero dos NOVOS DESCOBRIMENTOS intitulada "Pequena Pedra do Medo".
10:03
(JPP)
Eu n�o quero o PSD coligado com o PP, mas � por raz�es de fundo, as mesmas porque eu penso que � suicid�rio o curso actual do partido. Como j� se viu e se ver�, mas nessa altura pode j� ser tarde. N�o se diga que n�o foram prevenidos. Mas �-me incompreens�vel porque raz�o um homem, que sempre defendeu as virtualidades da coliga��o e � ideologicamente mais pr�ximo do PP de Portas do que do PSD de S� Carneiro, acabou , pelo caos habitual, por estrag�-la ou torn�-la desvantajosa para o PP. Imaginem como as coisas devem estar (ou v�o estar) para que o PP pense que � melhor concorrer sozinho. Pensem um pouco sobre isso. A ideia (suportada no argumento dos argumentos, as sondagens), que � melhor concorrerem os partidos separados, significa que o PSD n�o consegue o efeito de bipolariza��o, o que mostra a hegemonia das expectativas no PS. Porque, � obvio, que, se as elei��es forem polarizadas (e eu penso que v�o ser), o PP para garantir o seu espa�o precisa de atacar o PSD, e o PSD, para obter o efeito de �ou n�s ou eles� e mobilizar o seu eleitorado, tem que sacudir a perturba��o do PP. Por isso, as propostas id�licas de uma campanha n�o agressiva s� teriam sentido se o caminho para a vit�ria fosse radioso, ou todos achassem que n�o vale a pena fazer nada porque a derrota est� garantida. Inclino-me para a segunda hip�tese. H� tamb�m outra coisa que � esquecida, e tamb�m esquecida pela comunica��o social e comentadores, que � a circunst�ncia que este esquema �sozinhos agora, coligados depois�, s� funciona de o PSD for o partido mais votado. Porque quem o Presidente chama para fazer governo, � o l�der do partido mais votado e se o PS n�o tiver maioria absoluta, arranja-a, aliando-se com quem for preciso, liderando S�crates uma coliga��o p�s-eleitoral. Ou pensam que n�o?
10:00
(JPP)
No P�blico, de Gra�a Franco "Deus, L�ngua e Integra��o". A "Maioria" no Portugal dos Pequeninos.
08:40
(JPP)
The Moon and the Yew tree This is the light of the mind, cold and planetary. The trees of the mind are black. The light is blue. The grasses unload their griefs at my feet as if I were God, Prickling my ankles and murmuring of their humility. Fumy spiritious mists inhabit this place Separated from my house by a row of headstones. I simply cannot see where there is to get to. The moon is no door. It is a face in its own right, White as a knuckle and terribly upset. It drags the sea after it like a dark crime; it is quiet With the O-gape of complete despair. I live here. Twice on Sunday, the bells startle the sky - Eight great tongues affirming the Resurrection. At the end, they soberly bong out their names. The yew tree points up. It has a Gothic shape. The eyes lift after it and find the moon. The moon is my mother. She is not sweet like Mary. Her blue garments unloose small bats and owls. How I would like to believe in tenderness - The face of the effigy, gentled by candles, Bending, on me in particular, its mild eyes. I have fallen a long way. Clouds are flowering Blue and mystical over the face of the stars. Inside the church, the saints will be all blue, Floating on their delicate feet over cold pews, Their hands and faces stiff with holiness. The moon sees nothing of this. She is bald and wild. And the message of the yew tree is blackness - blackness and silence. (Sylvia Plath) * Bom dia!
01:14
(JPP)
"O primeiro motivo e mui principal por que Deus costuma revelar as cousas futuras (ou sejam benef�cios ou castigos) muito tempo antes de sucederem, � para que conhe�am clara e firmemente os homens, que todas v�m dispensadas por sua m�o. Arma-se assim a sabedoria eterna contra a natureza humana, sempre soberba, rebelde e ingrata, ou porque se n�o levante a maiores com os benef�cios divinos, e se beije as m�os a si mesma, como dizia Job, ou porque n�o atribua a cousas naturais (e muito menos ao caso) os efeitos que v�m sentenciados como castigo por sua justi�a, ou ordenados para mais altos e ocultos fins por sua provid�ncia. Foram mostradas ao Fara� em sonhos as sete espigas gradas e as sete falidas, as sete vacas fracas e as sete robustas, e logo ordenou a Provid�ncia divina que estivesse em Egipto um Jos� (posto que vendido e desterrado), que lhe declarasse o mist�rio dos sete anos da fartura e sete de fome, para que conhecesse o b�rbaro que Deus, e n�o o seu adorado Nilo, era o autor da abund�ncia e da esterilidade, e que a ele havia de agradecer no benef�cio dos sete anos o rem�dio dos catorze. Como na terra do Egipto n�o chove jamais e se regam e fertilizam os campos com as inunda��es do rio Nilo, disse discretamente Pl�nio que s� os Eg�pcios n�o olhavam para o c�u, porque n�o esperavam de l� o sustento, como as outras na��es. Oh quantos crist�os h� eg�pcios, que nem esperando, nem temendo, levantam os olhos ao C�u, e em lugar de reverenciarem em, todos os sucessos a primeira causa, s� adoram as segundas! Por isso mostra Deus ao Fara�, tantos anos antes, quais h�o-de ser os da fome e quais os da fartura; para que conhe�a a ignorante sabedoria do Egipto que os meios da conserva��o ou ru�na dos reinos, a m�o omnipotente de Deus � a que os distribui, quando s�o, pois s� ele os pode determinar antes que sejam. " 12.12.04
19:03
(JPP)
![]() (foto portuguesa aqui) Preparado para o frio, bin�culo em punho, terras altas numa serra a preceito, mapa das estrelas com a traject�ria do C/2002 Q2 Machholz laboriosamente anotada e ... nada. Umas nuvens persistentes e miser�veis resolveram estabelecer-se quando nada o previa e o cometa ficou atr�s delas.
09:47
(JPP)
The Soul unto itself The Soul unto itself Is an imperial friend -- Or the most agonizing Spy -- An Enemy -- could send -- Secure against its own -- No treason it can fear -- Itself -- its Sovereign -- of itself The Soul should stand in Awe -- (Emily Dickinson) * Bom dia! 11.12.04
16:47
(JPP)
"Queixa-se finalmente a discri��o � que sempre a discri��o � a �ltima em queixar-se � e tomara eu que ela tivera melhor int�rprete para declarar com quanto fundamento se queixa. O maior inimigo da vida quem vos parece que ser�? O maior inimigo da vida � o entendimento. T�o madrasta se houve com o homem a natureza que produzindo tantos ant�dotos nas entranhas dos animais, dentro na alma do homem lhe criou o maior veneno. Se buscarmos a primeira origem da morte, na �rvore da Ci�ncia p�s Deus o fruto da mortalidade: por onde os homens quiseram ser mais entendidos, por ali come�aram a ser mortais. At� no mesmo Deus teve lugar esta terr�vel conseq��ncia. Houve de encarnar e morrer uma das Pessoas divinas, e porque mais o Filho, que alguma das outras? A verdadeira raz�o sabe-a Deus. Eu s� sei que � Pessoa do Filho se atribui o entendimento, e que � Pessoa do Filho se uniu a mortalidade. Como o Verbo ab aeterno procedeu por entendimento, ab aeterno propendeu para mortal. Se isto foi em Deus, que ser� nos homens? Todos os homens s�o mortais, mas o mais entendido, mais mortal que todos. Naquela par�bola das dez virgens, as bodas significam a morte, e � muito de notar que, sendo cinco as entendidas, e cinco as n�scias, todas as cinco entendidas morreram primeiro. Entender muito e viver muito, ou no entendimento � engano, ou na vida milagre. A raz�o disto a meu ju�zo deve ser porque cada um sente como entende. Quem entende muito n�o pode sentir pouco, e quem sente muito n�o pode viver muito. O homem � vivente, sensitivo e racional: o racional apura o sensitivo, e o sensitivo apurado destr�i o vivente." 9.12.04
18:37
(JPP)
Mais uma s�rie de vilas que passam a cidades. Desde in�cio, toda a hist�ria das viaturas blindadas na Bombardier, apresentado num an�ncio propagand�stico pelo Ministro Portas, me pareceu esquisita. Qual era a solidez e o grau de concretiza��o do acordo sobre a Bombardier? E quanto � que ele custava (porque desde que o estado esteja disposto a gastar dinheiro, todos os acordos s�o poss�veis, at� nacionalizar a empresa)? Como � que podia ter havido um acordo sem a administra��o da Bombardier saber de nada? Afinal parece que n�o sou s� eu que acho tudo muito esquisito, tamb�m o Ministro �lvaro Barreto desmentiu que houvesse qualquer acordo. (Posteriormente "esclareceu" que n�o tinha sido bem isso que tinha dito, numa pr�tica habitual neste governo de fazer de contradit�rio de si mesmo. A n�o ser que o P�blico tenha inventado.) Numa �ltima r�stia de vagu�ssima esperan�a, ainda se pensa que n�o � poss�vel ir-se t�o longe. Engano. � at� onde for preciso.
16:36
(JPP)
![]() Este � um grande livro, uma obra �mpar no meio das centenas de inutilidades que se publicam todos os meses. Dois amigos para a vida toda, que come�am o seu trabalho intelectual na patrulha ortodoxa da dissid�ncia na V�rtice dos anos cinquenta, contra M�rio Dion�sio e Cochofel (veja-se o meu artigo sobre Lyon de Castro), escrevendo a Hist�ria da Literatura Portuguesa a duas m�os e depois trocando cartas num di�logo intelectual sem par no s�culo XX. Saraiva foi-se afastando do marxismo e saiu do PCP, Lopes ficou fiel ao PCP, mas ambos discutem o trajecto pol�tico e ideol�gico do seu tempo, � medida que acontece o Maio de 68, e a crise da URSS, ao mesmo tempo que toda a hist�ria da cultura portuguesa, Cam�es, Fern�o Lopes, Bernardim, Oliveira Martins, Pessoa, Agustina, tudo. Acontecimentos como esta correspond�ncia s�o �nicos na nossa vida intelectual.
16:04
(JPP)
"A hist�ria mais antiga come�a no princ�pio do Mundo; a mais estendida e continuada acaba nos tempos em que foi escrita. Esta nossa come�a no tempo em que se escreve, continua por toda a dura��o do Mundo e acaba com o fim dele. Mede os tempos vindouros antes de virem, conta os sucessos futuros antes de sucederem, e descreve feitos her�icos e famosos, antes de a fama os publicar e de serem feitos. O tempo, como o Mundo, tem dois hemisf�rios: um superior e vis�vel, que � o passado, outro inferior e invis�vel, que � o futuro. No meio de um e outro hemisf�rio ficam os horizontes do tempo, que s�o estes instantes do presente que imos vivendo, onde o passado se termina e o futuro come�a. Desde este ponto toma seu princ�pio a nossa Hist�ria, a qual nos ir� descobrindo as novas regi�es e os novos habitadores deste segundo hemisf�rio do tempo, que s�o os ant�podas do passado. Oh que de cousas grandes e raras haver� que ver neste novo descobrimento! "
11:18
(JPP)
![]() Dois muito interessantes livros de ensaios. Louren�o, nos Destro�os, editado pela Gradiva, na melhor tradi��o da Heterodoxia, desmontando a leitura marxista-racionalista de Gil Vicente feita por Ant�nio Jos� Saraiva. Um outro ensaio sobre o "adolescentismo" na literatura portuguesa, mais actual que nunca. E depois mais uma s�rie de textos pol�micos de antes de 25 de Abril. O livro de Jos� Gil, Portugal, Hoje. O Medo de Existir, editado pela Rel�gio de �gua, � um ensaio muito interessante sobre Portugal, �s vezes obscuro e dispersivo, como acontece com outros textos de Gil. Termina com um texto, "O trauma portugu�s e o clima actual", sobre os dias de Santana Lopes. Leram bem, sobre os dias de Santana Lopes, com uma reflex�o sobre a mediatiza��o e uma ou duas p�ginas sobre o "descaramento" e o "despudor" muito interessantes.
08:38
(JPP)
The Room Through that window--all else being extinct Except itself and me--I saw the struggle Of darkness against darkness. Within the room It turned and turned, dived downward. Then I saw How order might--if chaos wished--become: And saw the darkness crush upon itself, Contracting powerfully; it was as if It killed itself: slowly: and with much pain. Pain. The scene was pain, and nothing but pain. What else, when chaos draws all forces inward To shape a single leaf?. . . For the leaf came, Alone and shining in the empty room; After a while the twig shot downward from it; And from the twig a bough; and then the trunk, Massive and coarse; and last the one black root. The black root cracked the walls. Boughs burst the window: The great tree took possession. Tree of trees! Remember (when time comes) how chaos died To shape the shining leaf. Then turn, have courage, Wrap arms and roots together, be convulsed With grief, and bring back chaos out of shape. I will be watching then as I watch now. I will praise darkness now, but then the leaf. (Conrad Aiken) * Bom dia!
01:39
(JPP)
come�o, pouco a pouco, a empurrar para o esquecimento a imagem soberba de Saturno. � da natureza do tempo, � da natureza dos blogues. 8.12.04
16:55
(JPP)
![]() Formas puras, geometria pura, movimento puro, sil�ncio puro. Se cada detalhe se abrisse, tudo seria impuro: perturba��es, viol�ncias, rel�mpagos, tempestades, for�as poderosas a arrastar tudo, gigantescas nuvens, gelos perfeitos, rios de pedras e detritos, gases voando a milhares de quil�metros, sombras feitas de nada avan�ando. Aqui est� ele, Cronos, o deus do tempo, o romano Saturno. Dele dizia Plutarco �Pit�goras, quando perguntado sobre o que era o tempo, respondeu que era a alma dos c�us. Porque o tempo n�o � um atributo, ou um acidente, ou um movimento ocasional, mas a causa e a pot�ncia e o princ�pio que mant�m juntas todas as coisas que acederam � exist�ncia.� E ele est� ali. Na sombra. Existindo.
10:09
(JPP)
Supply & Demand for billie holiday you left metropolitan hospital in my fourteenth year ten blocks from those city projects dangling on the lip of the east river & the sadness we saw from a distance was your constant thing disguised in lenient poppies. had i known you were so close you might have borrowed the filters we wore the fine mesh screens laid lightly on callow eyes because sadness is demanding it hangs on walls in east village apartments ingesting music from voices mirrored in the air. sad songs are necessary they supply melodious demands on sophisticated ladies crushed between white gardenias & exonerated bibles chivalrous demands on discourteous death for failing to return a lady to her seat silent demands in frigid vestibules recurrent genuflections of someone in need & because you sang the end of a love affair in tones that escaped your throat like the ghost of original sin going home after an eternity of all night jam sessions then walked away only half a mile from my ignorance i hung the song sheet beneath the mirror. are you trying to tell me something? my woman asked. no i replied i just like sad songs. (Stewart Brisby) * Bom dia! 7.12.04
17:28
(JPP)
Colocados no VERITAS FILIA TEMPORIS a LAGARTIXA E O JACAR� 12 e 13, de Novembro de 2004. A primeira � sobre a Constitui��o Europeia, Arafat e a carta (nunca enviada) pelo Primeiro-ministro aos portugueses; e a segunda sobre os blogues pol�ticos.
14:29
(JPP)
Parab�ns, do seu amigo, admirador, algumas vezes companheiro e algumas vezes advers�rio. Sem reservas para a pessoa, e sem reservas para a parte do pol�tico que o far� estar na hist�ria, o pol�tico a quem devo parte da minha liberdade. Mas n�o estarei no seu jantar, porque, nos dias de hoje, ele tem um significado pol�tico para al�m do pessoal. Do mesmo modo que eu n�o desejo que o meu partido proponha ao pa�s um mau candidato a primeiro-ministro, estou longe de pensar que os socialistas sejam alternativa. Considero at�, blasf�mia!, que um dos crimes maiores dos �meus� � estarem a criar condi��es para a chegada ao poder dos �seus�. N�o irei, se quiser, por raz�es de �lealdade org�nica�, que o meu amigo sabe o que �, embora quem a levante como uma bandeira deseje apenas obedi�ncia �s pessoas e n�o fidelidade aos princ�pios, sem saber que o substantivo � mais importante do que o adjectivo.
10:01
(JPP)
![]() Levitan * � dia de S. Nicolau. O tal que com o seu ajudante Knecht Ruprecht oferece doces �s crian�as bem comportadas e promete castigos aos irrequietos. Est� tudo cheio de gelo matinal por esta zona. Uma pequena recompensa para a neve cuja falta sinto muito. (MKL)
09:54
(JPP)
Light breaks where no sun shines Light breaks where no sun shines; Where no sea runs, the waters of the heart Push in their tides; And, broken ghosts with glow-worms in their heads, The things of light File through the flesh where no flesh decks the bones. A candle in the thighs Warms youth and seed and burns the seeds of age; Where no seed stirs, The fruit of man unwrinkles in the stars, Bright as a fig; Where no wax is, the candle shows its hairs. Dawn breaks behind the eyes; From poles of skull and toe the windy blood Slides like a sea; Nor fenced, nor staked, the gushers of the sky Spout to the rod Divining in a smile the oil of tears. Night in the sockets rounds, Like some pitch moon, the limit of the globes; Day lights the bone; Where no cold is, the skinning gales unpin The winter's robes; The film of spring is hanging from the lids. Light breaks on secret lots, On tips of thought where thoughts smell in the rain; When logics dies, The secret of the soil grows through the eye, And blood jumps in the sun; Above the waste allotments the dawn halts. (Dylan Thomas) * Bom dia! 6.12.04
01:44
(JPP)
Sobre a reviravolta previs�vel a prop�sito da coliga��o PSD-PP, escrevi, quando do Congresso e quando quase todos diziam que ela n�o ia existir, o seguinte: "Tenho a convic��o que, pese tudo o que pesar contra ela, a coliga��o ser� inevit�vel nas pr�ximas elei��es legislativas. Raz�o? A constata��o de necessidades prementes: ambos os partidos precisam desesperadamente um do outro para ser vagamente cred�vel que podem ganhar as elei��es e governar, o que hoje s� em conjunto acontece. O cen�rio de concorrerem separados para depois se unirem � te�rico: o PP, sob pena de desaparecer, n�o pode ir sozinho a elei��es sem fazer campanha contra o PSD e demarcar-se do governo de que fez parte; o PSD n�o est� em condi��es para ter que se defender, � esquerda e � direita, de uma experi�ncia governativa de que ser� sempre o grande respons�vel. Este princ�pio de necessidade s� n�o funcionar� � se n�o houver necessidade." Como a necessidade quase ro�a o desespero, apesar de escondido, l� a teremos. S� que a um pre�o mais alto para o PSD, resultado, tamb�m aqui, de uma lideran�a err�tica, que soma erros sobre erros. N�o tendo estrat�gia fora da coliga��o, a direc��o do PSD permitiu que ela fosse minada. Deixou margem de manobra para o PP pensar duas coisas: uma, que as elei��es podiam n�o gerar bipolariza��o devido � fragilidade do PSD face ao PS, e assim dar espa�o de respira��o para o PP (e para o BE e o PCP...); outra, a convic��o que o PS poderia ganhar sem maioria absoluta e precisar de um acordo com o PP.
01:01
(JPP)
As estruturas regionais e locais do PSD sabem muito bem que est�o a permitir e caucionar um curso suicid�rio para o partido, mas, em v�speras de elabora��o de listas, n�o se arriscam a p�r em causa os lugares dos seus dirigentes na Assembleia. Quando come�arem a fazer as contas � acomoda��o, em lugares eleg�veis, de catorze deputados do PP, eventualmente um ou dois do PPM, e os provindos dos v�rios "portugais", o Compromisso, a Miss�o, o Positivo, ent�o come�ar�o s�rios problemas. Est�reis, ali�s. Bibliografia aqui. 5.12.04
19:36
(JPP)
![]() em flagrante delito. A NASA, com o humor habitual, escreve: "Lua de Saturno apanhada com a m�o na massa. Roubar � crime na terra, mas em Saturno aparentemente � uma rotina". A foto constitui a prova: a lua Prometeu apanhada a roubar part�culas dos an�is de Saturno. Para dar a quem?
16:42
(JPP)
![]() ![]() ![]() Por muito que se arrumem pap�is h� sempre umas coisas que s�o imposs�veis de arrumar. Acumulam-se em montes que passam de uma casa para outra, de uma vida para outra, numa biblioteca e arquivo que n�o tem a categoria de �v�rios�, que ambiciona ordenar tudo. A simples categoria de �v�rios�, o que �?. Como esta capa de livro, desenhada com umas t�nues flores por uma �Maria Vit�ria�, em oito de Junho de 1937. Ou uma ilustra��o da �miraculada de Balazar� no seu leito de dor, olhando confiante. Ou o calend�rio da Camisaria Moderna de 1960, que encontrei num caderno escolar, e que tinha a mat�ria dos sonhos: a hora do resto do mundo. Que nos ensinava, com aquele pequeno computador rodante, que Lisboa, Dakar e Monr�via tinham a mesma hora. Quem � que queria ir a Monr�via? E, de passagem, dizia-nos que a Camisaria Moderna anunciava que �se notar alguma defici�ncia ao vestir as nossas camisas, faremos por medida sem aumento do pre�o�.
16:30
(JPP)
Mas que direi das ci�ncias ou ignor�ncias das artes ou supersti��es que os homens inventaram desde a terra at� o c�u, levados deste apetite? Sobre os quatro elementos assentaram quatro artes de adivinhar os futuros, que tomaram os nomes dos seus pr�prios sujeitos: agromancia, que ensina a adivinhar pelas cousas da terra; a hidromancia, pelas da �gua; a aeromancia, pelas do ar, e a piromancia, pelas do fogo. T�o cegos seus autores no apetite v�o daquela curiosidade, que, tendo-se perdido na terra os vest�gios de tantas cousas passadas, cuidaram que na �gua, no ar e no fogo os podiam achar das futuras. No mesmo homem descobriram os homens dois livros sempre abertos e patentes, em que lessem ou soletrassem esta ci�ncia. A fisionomia, nas fei��es do rosto; a quiromancia, nas raias da m�o. Em um mapa t�o pequeno, t�o plano e t�o liso como a palma da m�o de um homem, inventaram os quiromantes n�o s� linhas e caracteres distintos, sen�o montes levantados e divididos, e ali descrita a ordem e sucess�o da vida e casos dela, os anos, as doen�as e os perigos, os casamentos, as guerras, as dignidades, e todos os outros futuros pr�speros ou adversos; arte certamente merecedora de ser verdadeira pois punha a nossa fortuna nas nossas m�os. (...) A este fim excogitaram tantos g�neros de sortil�gios, como se na conting�ncia da sorte se houvesse de achar a certeza; a este fim observaram os sonhos como se soubesse mais um homem dormindo do que sabia acordado; a este sentido consultavam as entranhas palpitantes dos animais, como se um bruto morto pudesse ensinar a tantos homens vivos. Com o mesmo apetite pediam respostas �s fontes, aos rios, aos bosques e �s penhas; com o mesmo inquiriam os cantos e v�os das aves, os mugidos dos animais, as folhas e movimentos das �rvores, com o mesmo interpretavam os n�meros, os nomes e as letras, os dias e os fumos, as sombras e as cores e n�o havia cousa t�o baixa e t�o mi�da por onde os homens n�o imaginassem que podiam alcan�ar aquele segredo que Deus n�o quis que eles soubessem. O ranger da porta, o estalar do vidro, o cintilar da candeia, o topar do p�, o sacudir dos sapatos, tudo notavam como avisos da Providencia e temiam como press�gios do futuro. Falo da cegueira e desatino dos tempos passados, por n�o envergonhar a nobreza da nossa F� com a supersti��o dos presentes.
10:56
(JPP)
�Otra vez!, tras la lucha que rinde y la incertidumbre amarga del viajero que errante no sabe d�nde dormir� ma�ana, en sus lares primitivos halla un breve descanso mi alma. Algo tiene este blando reposo de sombr�o y de halag�e�o, cual lo tiene, en la noche callada, de un ser amado el recuerdo, que de negras traiciones y dichas inmensas, nos habla a un tiempo. Ya no lloro..., y no obstante, agobiado y afligido mi esp�ritu, apenas de su c�rcel estrecha y sombr�a osa dejar las tinieblas para ba�arse en las ondas de luz que el espacio llenan. Cual si en suelo extranjero me hallase, t�mida y hosca, contemplo desde lejos los bosques y alturas y los floridos senderos donde en cada rinc�n me aguardaba la esperanza sonriendo. (Rosalia de Castro) * Bom dia! 4.12.04
22:40
(JPP)
"Como � inclina��o natural no homem apetecer o proibido e anelar ao negado, sempre o apetite e curiosidade humana est� batendo �s portas deste segredo, ignorando sem mol�stia muitas cousas das que s�o, e afetando impaciente a ci�ncia das que h�o de ser. Por este meio veio o Dem�nio a conseguir que o homem lhe desse falsamente a divindade, que o mesmo dem�nio com igual falsidade lhe tinha prometido. E sen�o, pergunto: Quem foi o que introduziu no Mundo, sem algum medo, mas antes com aplauso, a adora��o do Dem�nio? Quem fez que fosse t�o frequentado e consultado o �dolo de Apolo em Delfos? O de J�piter em Babil�nia? O de Juno em Cartago? O de V�nus no Egito? O de Dafne em Antioquia? O de Orfeu em Lesbo? O de Fauno em It�lia? O de H�rcules em Espanha, e infinitos outros em muitas partes? N�o h� d�vida que o desejo insaci�vel que os homens sempre tiveram de saber os futuros, e a falsa opini�o dos or�culos com que o Dem�nio respondia naquelas est�tuas, foram os que todo este culto lhe granjearam, sendo certo que, se Deus, vindo ao Mundo, n�o emudecera (como emudeceu) os or�culos da Gentilidade, grande parte do que hoje � f�, fora ainda idolatria. T�o mal sofreram os homens que Deus reservasse para si a ci�ncia dos futuros, que chegaram a dar �s pedras a divindade pr�pria de Deus, s� porque Deus fizera pr�pria da divindade esta ci�ncia: antes queriam uma est�tua que lhes dissesse os futuros, que um Deus que lhos encobria."
21:17
(JPP)
Depois de ver um homem, que tinha acabado de ser constitu�do arguido, acusado de crimes de corrup��o desportiva, a ser recebido com palmas por 25000 pessoas num est�dio onde se dava uma competi��o desportiva, d� para acreditar nas conversas indignadas dos portugueses contra os corruptos ?
10:46
(JPP)
Walkers With The Dawn Being walkers with the dawn and morning, Walkers with the sun and morning, We are not afraid of night, Nor days of gloom, Nor darkness-- Being walkers with the sun and morning. (Langston Hughes) * Bom dia! 3.12.04
13:14
(JPP)
como uma parte da campanha de Santana Lopes ser� feita: o governo caiu porque os grandes interesses econ�micos n�o queriam o OE, as suas medidas de combate � fraude fiscal, e de imposi��o de impostos � banca. � h�bil, apela ao populismo, e aos amadores das teorias da conspira��o, mas n�o � verdade.
10:51
(JPP)
Nenhuma cousa se pode prometer � natureza humana mais conforme ao seu maior apetite, nem mais superior a toda a sua capacidade, que a not�cia dos tempos e sucessos futuros; e isto � o que oferece a Portugal, � Europa e ao Mundo esta nova e nunca vista hist�ria. As outras hist�rias contam as cousas passadas, esta promete dizer as que est�o por vir; as outras trazem � mem�ria aqueles sucessos p�blicos que viu o Mundo; esta intenta manifestar ao Mundo aqueles segredos ocultos e escur�ssimos que n�o chega a penetrar o entendimento. Levanta-se este assunto sobre toda a esfera da capacidade humana, porque Deus, que � a fonte de toda a sabedoria, posto que repartiu os tesouros dela t�o liberalmente com os homens, e muito mais com o primeiro, sempre reservou para si a ci�ncia dos futuros, como regalia pr�pria da divindade. Como Deus por natureza seja eterno, � excel�ncia gloriosa, n�o tanto de sua sabedoria, quanto de sua eternidade, que todos os futuros lhe sejam presentes; o homem, filho do tempo, reparte com o mesmo a sua ci�ncia ou a sua ignor�ncia; do presente sabe pouco, do passado menos e do futuro nada. A ci�ncia dos futuros � disse Plat�o � � a que distingue os deuses dos homens, e daqui lhes veio sem d�vida aquele antiqu�ssimo apetite de serem como deuses. Aos primeiros homens, a quem Deus tinha infundido todas as ci�ncias, nenhuma lhes faltava sen�o a dos futuros, e esta lhes prometeu o Dem�nio com a divindade, quando lhes disse: Eritis sicut Dii, scientes bonum et malum. Mas ainda que experimentaram o engano, n�o perderam o apetite. Esta foi a heran�a que nos ficou do Para�so, este o fruto daquela �rvore fatal, bem vedado e mal apetecido, mas por isso mais apetecido, porque vedado.
10:46
(JPP)
� muito simples perceber a diferen�a entre l�gicas pessoais e partid�rias e o interesse nacional. Aqueles que esperam (mais do que isso, desejam) que Santana Lopes concorra a elei��es, as perca e depois, vulner�vel, possa perder o partido, seguem uma estrita l�gica pessoal e de grupo partid�rio. A esses pouco importa que S�crates e o PS possam governar quatro anos, ou que Santana Lopes ferido possa arrastar o PSD para uma vendetta colectiva. Quem pensa na situa��o nacional tem urg�ncia.
09:38
(JPP)
Waiting Today I will let the old boat stand Where the sweep of the harbor tide comes in To the pulse of a far, deep-steady sway. And I will rest and dream and sit on the deck Watching the world go by And take my pay for many hard days gone I remember. I will choose what clouds I like In the great white fleets that wander the blue As I lie on my back or loaf at the rail. And I will listen as the veering winds kiss me and fold me And put on my brow the touch of the world's great will. Daybreak will hear the heart of the boat beat, Engine throb and piston play In the quiver and leap at call of life. To-morrow we move in the gaps and heights On changing floors of unlevel seas And no man shall stop us and no man follow For ours is the quest of an unknown shore And we are husky and lusty and shouting-gay. (Carl Sandburg) * Bom dia! 2.12.04
16:09
(JPP)
![]() Temos pois aqui uma jovem gal�xia, fulgurante nos seus apenas 500 milh�es de anos, fotografada por esse velho telesc�pio Hubble um pouco voyeur. O azul � novo, o vermelho � velho.
13:45
(JPP)
A mim da pol�tica interessam-me as reformas. Nem sequer � preciso dizer quais s�o, toda a gente sabe quais s�o, ou, pelo menos, o sentido que devem ter. Sei tamb�m que tudo est� organizado para que n�o se fa�am. Partidos, sindicatos, corpora��es n�o querem que se mexa nem um �tomo nos seus pequenos poderes. Uma popula��o com fracos recursos, com uma mem�ria pr�xima da pobreza, com baixos n�veis de literacia, adormecida pelo garantismo do estado e por uma sociedade dominada por mecanismos de cunha e patrocinato, tamb�m n�o se mobiliza facilmente para a mudan�a. O estado � uma poderosa m�quina de gera��o e manuten��o da mediocridade e pesa sobre todos, distribuindo os m�nimos e castrando o m�rito e a diferen�a, favorecendo a depend�ncia subsidiada. Os governos preferem ter este estado, com os seus in�meros cordelinhos e fios de poder, e n�o querem perder nem um s� deles, mesmo que tudo seja fr�gil. A in�rcia � muita. S� h� tr�s ant�dotos a esta situa��o: poder forte, com a for�a dos votos, autoridade que vem da credibilidade, e vontade de mudan�a. A conjuga��o � rar�ssima, mas existe.
13:32
(JPP)
O nosso caminho n�o � a mis�ria. Disso estamos mais ou menos protegidos pela UE. � a mediocridade, e a mediocridade implica a mis�ria para alguns, o remediamento sem folga para uma vasta maioria, e o remediamento com folga para a classe m�dia. Quanto aos ricos, esses defendem-se sempre bem. S�o internacionalistas e por isso podem viver em Portugal, com mudan�as, ou sem elas. O nosso atraso e mediocridade est�o-se a agravar e v�o continuar a agravar-se. Esta situa��o � particularmente grave (e vergonhosa) porque isto ocorre ao fim de milh�es e milh�es de contos de apoios comunit�rios que n�o se repetir�o. � um lugar comum dizer que temos uma �ltima oportunidade numa ecologia ainda n�o inteiramente desfavor�vel, antes da UE ou implodir ou realmente se voltar a Leste. Talvez tenhamos mais ��ltimas oportunidades�, mas desconfio que n�o abundem.
10:04
(JPP)
N�o me importava que houvesse um governo minimalista que tocasse o samba de uma reforma s�. Que dissesse: vou gerir tudo como � habitual os governos gerirem, com compet�ncia, mas sem veleidades de mudar nada. No entanto, reformarei de fundo um aspecto da vida p�blica. Vou, por exemplo, desburocratizar. Onde s�o precisos cem pap�is ficar�o um ou dois. Onde demora um ano, vai demorar uma semana. E todas as pedras necess�rias ser�o viradas. E durante quatro anos serei julgado por objectivos, como agora se diz. Talvez alguma coisa mudasse.
09:37
(JPP)
Nas crises o que mais discutimos � a parte da economia que depende do estado, por singular coincid�ncia a �rea da pol�tica onde os governos t�m menos margem de manobra e o comando � de Bruxelas e da globaliza��o. A parte da pol�tica onde o comando nacional � quase total e que � mais importante para nos arrancar da mediocridade � como por exemplo a educa��o e a forma��o profissional � nunca � discutida. Ouvimos economistas e empres�rios sobre a crise e nunca professores, estudantes ou oper�rios.
08:59
(JPP)
Parlez-Vous Francais? Caesar, the amplifier voice, announces Crime and reparation. In the barber shop Recumbent men attend, while absently The barber doffs the naked face with cream. Caesar proposes, Caesar promises Pride, justice, and the sun Brilliant and strong on everyone, Speeding one hundred miles an hour across the land: Caesar declares the will. The barber firmly Planes the stubble with a steady hand, While all in barber chairs reclining, In wet white faces, fully understand Good and evil, who is Gentile, weakness and command. And now who enters quietly? Who is this one Shy, pale, and quite abstracted? Who is he? It is the writer merely, with a three-day beard, His tiredness not evident. He wears no tie. And now he hears his enemy and trembles, Resolving, speaks: "Ecoutez! La plupart des hommes Vivent des vies de desespoir silenciuex, Victimes des intentions innombrables. Et ca Cet homme sait bien. Les mots de cette voix sont Des songes et des mensonges. Il prend choix, Il prend la volonte, il porte la fin d'ete. La guerre. Ecoutez-moi! Il porte la mort." He stands there speaking and they laugh to hear Rage and excitement from the foreigner. (Delmore Schwartz) * Bom dia!
01:06
(JPP)
Sem luz, porque caiu a rede el�ctrica. Com esta Lua brilhante, iluminando as nuvens por detr�s, com as nuvens escuras da chuva, est� uma luz esbranqui�ada que se espalha por tudo. Parece o ambiente do "Noivado do Sepulcro". 1.12.04
13:48
(JPP)
enquanto escrevo sobre a crise da incubadora. Apropriado. N�o tenho a letra, mas seria uma boa contribui��o para o debate da "excep��o cultural" a Chanson Anglaise de 1948. Mas fica agora a Tactique du Gendarme do filme Le Roi Pandore de 1949 Un gendarme doit avoir de tr�s bons pieds. Mais c'est pas tout Mais c'est pas tout. Il lui faut aussi de la sagacit�. Mais c'est pas tout Mais c'est pas tout. Car ce qu'il doit avoir et surtout C'est d'la tactiqu', De la tactiqu', dans la pratiqu' Comm' la montre a son tic tac Le gendarme a sa tactiqu'. Attendez un peu que j'vous expliqu' La taca taca tac tac tiqu' Du gendarme C'est de bien observer Sans se fair' remarquer. La taca taca tac tac tiqu' Du gendarme C'est d'avoir avant tout Les yeux en fac' des trous. Contravention Allez, allez, Pas d'discussion Allez, allez, Ex�cution Allez, allez, J'connais l'm�tier La taca taca tac tac tiqu', Du gendarme C'est de verbaliser Avec autorit�. Il y a ceux qui n'ont pas d'plaque � leur v�lo. Mais c'est pas tout Mais c'est pas tout. Faut courir apr�s tous les voleurs d'autos. Mais c'est pas tout Mais c'est pas tout. Les gens disent oh les gendarmes quand on a Besoin d'eux, ils ne sont jamais l�. Je r�ponds du tac au tac Car pensez j'ai ma tactiqu', Attendez un peu que j'vous expliqu' Refrain La taca taca tac tac tiqu', Du gendarme C'est d'�tre toujours l� Quand on ne l'attend pas. La taca taca tac tac tiqu', Du gendarme C'est d'�tre perspicac' Sous un p'tit air bonnac' Contravention Allez, allez, Pas d'discussion Allez, allez, Ex�cution Allez, allez, J'connais l'm�tier La taca taca tac tac tiqu', Du gendarme C'est d'�tre constamment A ch'val sur l'r�glement.
10:57
(JPP)
Assisti a uma s�rie de debates sobre a situa��o pol�tica com alguns dos mais importantes jornalistas portugueses na SIC Not�cias. S�o pessoas bem informadas, conhecedoras e quase todas capazes na sua dif�cil profiss�o. S�o jornalistas do topo da profiss�o. Muito do que discutiram foi sensato, mas falta qualquer coisa, em grande parte porque abunda outra: o cinismo. A forma peculiar do cinismo dos jornalistas que comunica mas n�o � semelhante � descren�a dos portugueses com os pol�ticos. Talvez do longo conv�vio com os pol�ticos � estes jornalistas fazem parte de uma pequena minoria dos portugueses (os outros s�o os pol�ticos) que passam o dia inteiro a falar de pol�tica � nas�a uma parte importante desse cinismo. Desconto j� os seus posicionamentos pol�ticos, que se percebem com clareza. N�o � da� que vem o mal. � do cinismo. O cinismo gera um grande conservadorismo nas an�lises. O cinismo leva-os a valorizar a continuidade, a esbater as diferen�as e o resultado � que as suas an�lises resultam pouco din�micas. Existe a tend�ncia para enunciar aquilo que chamei no passado o argumento hegeliano: o que est� tem muita for�a. (Seria ali�s interessante ouvir o que os mesmos jornalistas disseram quando se constituiu o governo Santana Lopes para ver como o que previram esteve longe de acontecer. Uma das linhas de racioc�nio foi �v�o ver como Santana Lopes vai ser diferente do que foi at� agora�� Viu-se.) Um exemplo que me parece t�pico foi a forma abstracta como analisaram a pr�xima campanha eleitoral, com PSD e PP a concorrerem separados, como se fosse poss�vel faz�-lo sem acrim�nia ou conflito, uma impossibilidade pr�tica a n�o ser que o PP se queira suicidar, o que � improv�vel. Os efeitos da bipolariza��o, inevit�vel em campanha, estiveram tamb�m em grande parte ausentes da an�lise. O papel dos conflitos internos dentro dos partidos igualmente. Por exemplo, n�o disseram uma linha sobre aquilo que hoje est� na cabe�a dos dirigentes dos aparelhos partid�rios, dos deputados, que n�o s�o grandes an�lises, nem � sequer ganhar as elei��es, mas fazer as listas de deputados. Os factores de perturba��o internos para uma direc��o como a de Santana Lopes s�o consider�veis, at� porque nunca assumiu esta fun��o e � visto dentro do partido como um chefe de fac��o. (Continua)
09:35
(JPP)
Dream Song 29 There sat down, once, a thing on Henry's heart s� heavy, if he had a hundred years & more, & weeping, sleepless, in all them time Henry could not make good. Starts again always in Henry's ears the little cough somewhere, an odour, a chime. And there is another thing he has in mind like a grave Sienese face a thousand years would fail to blur the still profiled reproach of. Ghastly, with open eyes, he attends, blind. All the bells say: too late. This is not for tears; thinking. But never did Henry, as he thought he did, end anyone and hacks her body up and hide the pieces, where they may be found. He knows: he went over everyone, & nobody's missing. Often he reckons, in the dawn, them up. Nobody is ever missing. (John Berryman) * Bom dia!
� Jos� Pacheco Pereira
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