ABRUPTO |
correio para
jppereira@gmail.com
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31.3.04
17:56
(JPP)
![]() H�, em termos filos�ficos, um �ltimo n�cleo interpretativo, uma ultima ratio, que separa a esquerda da direita: a quest�o do optimismo ou do pessimismo antropol�gico. Tudo o resto pode emanar da�. Mas, num certo sentido, tamb�m n�s optamos por um ou por outro. Escolhemos, como uma background assumption, o que desejamos, em fun��o das consequ�ncias previs�veis e da vis�o do mundo que transporta. Mas, nos dias de hoje, em que o mundo, duplamente criado pela revolu��o francesa e pela evolu��o industrial, est� ultrapassado, em que n�o � o lugar da produ��o que define o olhar sobre a sociedade, mas sim o lugar do consumo, em que as teleologias da hist�ria ( a Hist�ria hegeliana com H grande) perderam o sentido, o que significa a esquerda e a direita, para al�m de tudo isso? Significa, primeiro, um lugar afectivo, uma perten�a. A enuncia��o do "eu sou de ..." continua a ser poderosa. Entra-se numa fam�lia com sinais de reconhecimento. � talvez a mais forte sentido das palavras, uma escolha de perten�a. Mas perten�a a qu�? Aqui � mais complicado (hoje) manter a distin��o. Se se analisarem os issues, a distin��o perde toda a nitidez, e perder� cada vez mais. Entrei uma vez na Laissez Faire Books em Nova Iorque , onde Friedmann e Bakunine est�o nas mesmas estantes, como "libertarians", e percebe-se como se come�am a dissolver as barreiras tradicionais. Droga? H� gente � direita e � esquerda que defende a liberaliza��o ou a repress�o (� verdade, no entanto, que sempre se pode dizer que h� mais gente � esquerda a defender a liberaliza��o...). Aborto, a mesma coisa. O corporativismo? Ningu�m defende melhor o closed shop do que os sindicatos. Modelo econ�mico? O capitalismo, com mais ou menos adjectiva��o social, serve hoje a esquerda e a direita. Sensibilidade, as "pessoas" ? � pouco, e sobretudo n�o diz nada. (Continua)
09:26
(JPP)
sobre a execu��o israelita do dirigente do Hamas Yassin, foi aprovado por unanimidade. Como conhe�o a casa e sei que s� h� unanimidade quando qualquer voto ou resolu��o, seja qual for o acontecimento, tamb�m bate no lado de c� (nos EUA, ou em Israel, ou no liberalismo, no capitalismo, etc., etc.) ou, acima de tudo, quando bate no lado de c� - este "lado de c�" � para ser r�pido e toda a gente perceber - interessei-me em saber o que se passara. O reverso, anote-se, nunca � verdadeiro, nunca h� unanimidade quando se bate no "lado de l�", e � por isso que a Assembleia, mesmo com maiorias do PSD , votou sempre o pesar por dezenas de militantes comunistas e socialistas, e apenas por excep��o o fez em rela��o a quem n�o era nem da oposi��o, nem da ma�onaria. Para al�m da quest�o, j� de si um pouco bizarra, da Assembleia da Rep�blica aprovar um voto de pesar pela morte de um terrorista, quando n�o o faz pela morte de soldados dos pa�ses nossos aliados, a duplicidade de crit�rios � evidente no voto e na discuss�o. Nem queria acreditar ao ler a discuss�o e o voto, mas enquanto Israel e Sharon s�o nomeados explicitamente, nem uma �nica vez se pronunciou a palavra Hamas. Fala-se das v�timas civis israelitas, mas sem mencionar qualquer autoria dos atentados, como se elas fossem v�timas da atmosfera do M�dio oriente. Quanto a Yassin, o voto propriamente dito n�o o identifica como aquilo que ele foi, nem a sua responsabilidade na morte dessas mesmas v�timas civis. � por isso que eu desconfio sempre da unanimidade; prefiro que haja clareza pol�tica. * Que sentido far� proclamar um voto un�nime condenando a morte de um terrorista num �rg�o de soberania de um pa�s que nada tem que ver com a situa��o em causa? Por esta ordem de ideias, a partir de agora teria-se que se condenar a morte de um qualquer militar israelita ou de um qualquer civil, nacional ou estrangeiro, em territ�rio de Israel, com tamb�m uma qualquer v�tima palestiniana, nesta completa am�lgama de resposta e contra-resposta que � o conflito israelo-�rabe... Desta vez, a maioria foi atr�s do denominado politicamente correcto... (Pedro Peixoto)
08:22
(JPP)
Escolhido num hotel, escolhido num quarto de hotel. H�tels La chambre est veuve Chacun pour soi Pr�sence neuve On paye au mois Le patron doute Payera-t-on Je tourne en route Comme un toton Le bruit des fiacres Mon voisin laid Qui fume un �cre Tabac anglais � La Valli�re Qui boite et rit De mes pri�res Table de nuit Et tous ensemble Dans cet h�tel Savons la langue Comme � Babel Fermons nos Portes � double tour Chacun apporte Son seul amour (Guillaume Apollinaire) 30.3.04
10:41
(JPP)
Nota pr�via: utilizo as express�es "esquerda" e "direita" com aspas para precisar que as utilizo pelo seu uso corrente. Mais � frente falarei daquilo que me parecem ser as enormes ambiguidades do seu uso corrente na actualidade. Nunca como agora se tornou t�o habitual em Portugal o uso generalizado das classifica��es "esquerda" e "direita". Mais significativo ainda, o seu uso em auto-classifica��es, com muita gente a dizer "eu sou de direita", "eu sou de esquerda", e mais nada. Como temos pouca mem�ria, nem sequer nos lembramos de que este uso generalizado � relativamente recente. Nas duas �ltimas d�cadas do s�culo XX, as pessoas em Portugal identificavam-se politicamente pelas grandes correntes ideol�gicas e partid�rias: diziam-se "comunistas", "socialistas" , "centristas", "sociais-democratas". Utilizavam tamb�m designa��es qualificadoras da sua postura pol�tica: "reformistas", "independentes", "basistas", etc. . Foi uma vit�ria ideol�gica dos partidos extremistas � direita e � esquerda, do PP de Paulo Portas e do Bloco de Esquerda, o retorno a essas formas de designa��o. Os efeitos do seu uso s�o-lhes vantajosos porque ajudam a integrar esses pequenos grupos radicais no mainstream pol�tico: o PP na "direita", para onde empurra o PSD, para lhe fazer companhia; o BE na "esquerda", onde se acolhe do seu passado mao�sta e trotsquista, para fazer parte de um grupo respeit�vel, onde est� o PS. A designa��o serve igualmente o frentismo hist�rico do PCP. Devido � hist�ria portuguesa do s�culo XX e � longa ditadura, a auto-qualifica��o "eu sou de esquerda" era mais aceit�vel e diz�vel do que "eu sou de direita". Com um sistema pol�tico todo puxado � "esquerda", onde o partido mais � "direita" era do "centro", a legitima��o da "esquerda" era mais forte do que a da "direita". O problema da legitimidade � mais vasto e tem ra�zes no p�s-II Guerra, nos derrotados e nos vencedores. Essa situa��o criou uma assimetria de legitima��o que sempre permaneceu subjacente na vida pol�tica democr�tica: enquanto toda a gente � "esquerda" usava com � vontade o termo para se auto-classificar, a rela��o n�o era espelhar � "direita", onde dizer "eu sou de direita" significava quase sempre ser-se "muito" de "direita". (Continua)
10:35
(JPP)
Na Livraria Kleber, a livraria "institucional" de Estrasburgo, uma estante especial tem um cartaz "Os EUA, um modelo democr�tico?". Os livros respondem que n�o: panfletos franceses anti-americanos, do g�nero Bush de bra�o dado com Bin Laden, a obra completa de Michael Moore, o livro de Todd sobre a "decad�ncia americana", etc., etc. J� sabemos: os EUA n�o s�o uma democracia.
09:16
(JPP)
Les fian�ailles A Picasso Le printemps laisse errer les fianc�s parjures Et laisse feuilloler longtemps les plumes bleues Que secoue le cypr�s o� niche l'oiseau bleu Une Madone � l'aube a pris les �glantines Elle viendra demain cueillir les girofl�es Pour mettre aux nids des colombes qu'elle destine Au pigeon qui ce soir semblait le Paraclet Au petit bois de citronniers s'�namour�rent D'amour que nous aimons les derni�res venues Les villages lointains sont comme les paupi�res Et parmi les citrons leurs coeurs sont suspendus (Guillaume Apollinaire) * Bom dia! 29.3.04
07:49
(JPP)
Now the Lusty Spring NOW the lusty spring is seen; Golden hellow, gaudy blue, Daintily invite the view. Everywhere on every green, Roses blushing as they blow, And enticing men to pull, Lilies whiter than the snow, Woodbines of sweet honey full: All love's emblems, and all cry, "Ladies, if not plucked, we die." Yet the lusty spring hath stayed; Blushing red and purest white Daintily to love invite Every woman, every maid. Cherries kissing as they grow, And inviting men to taste, Apples even ripe below, Winding gently to the waist: All love's emblems, and all cry, "Ladies, if not plucked, we die." (John Fletcher) * Bom dia! 28.3.04
23:08
(JPP)
![]() ![]() Quatro livros entrados, tr�s lidos, um a ler-se. Dois quase nada t�m para ler - os dois da s�rie "Icon", da Taschen, excelentes exemplos da evolu��o da editora, cada vez mais criativa na produ��o de livros gr�ficos. O livro sobre o "design" da RDA � um retrato not�vel da mistifica��o do "socialismo real", que muita gente n�o quis ver mesmo quando entrava pelos olhos dentro. Foi preciso cair-lhes o muro em cima. A antologia de poesia da City Lights mostra como alguma poesia ligada � livraria de S. Francisco melhora com o tempo. V�m l� alguns magn�ficos poemas de Frank O'Hara. O livro que estou a ler, o Box of Matches de Nicholson Baker, � um bom exemplo de prosa de "early morning". Todos os textos come�am de madrugada. Voltarei a ele.
11:20
(JPP)
Hoje, h� setenta e quarto anos, o homem que mais mudou as coisas com leis, Mustaf� Kemal, dentro de uns anos conhecido como Ataturk, mudou o nome de uma pequena vila asi�tica, cheia de carneiros, de Angora para Ankara, e o nome de um dos centros do mundo, antigamente chamado de Constantinopla ou Biz�ncio, para Istambul. Hoje, h� setenta e tr�s anos, Virg�nia Woolf sentou-se para escrever o seu di�rio. Na noite passada morrera Arnold Bennett. Sobre ele escreve estas linhas terr�veis e contradit�rias: "A loveable genuine man; impeded, somehow a little awkward in life; well meaning; ponderous; kindly; coarse; knowing he was coarse; dimly floundering and feeling for something else; glutted with success; wounded in his feelings; avid; thicklipped; prosaic intolerably; rather dignified; set upon writing; yet always taken in; deluded by splendour and success; but na�ve; an old bore; an egotist; much at the mercy of life for all his competence; a shopkeeper's view of literature; yet with the rudiments, covered over with fat and prosperity and the desire for hideous Empire furniture, of sensibility, Some real understanding of power, as well as a gigantic absorbing power. � E continua: �I remember his determination to write 1000 words daily; and how he trotted off to do it that night, and feel some sorrow that now he will never sit down and begin methodically covering his regulation number of pages in his workmanlike beautiful but dull hand. Queer how one the dispersal of anybody who seemed - as I say - genuine: who had direct contact with life - for he abused me; and I yet rather wished him to go on abusing me; and me abusing him. An element in life - even in mine that was so remote - taken away. This is what one minds.�
10:44
(JPP)
Reconocimiento De La Vanidad Del Mundo En fin, en fin, tras tanto andar muriendo, tras tanto var�ar vida y destino, tras tanto de uno en otro desatino, pensar todo apretar, nada cogiendo; tras tanto ac� y all�, yendo y viniendo cual sin aliento, in�til peregrino; �oh Dios!, tras tanto error del buen camino yo mismo de mi mal ministro siendo, hallo, en fin, que ser muerto en la memoria del mundo es lo mejor que en �l se asconde, pues es la paga d�l muerte y olvido; y en un rinc�n vivir con la vitoria de s�, puesto el querer tan s�lo adonde es premio el mismo Dios de lo servido. (Francisco de Aldana) 27.3.04
09:49
(JPP)
![]() O s�tio da NASA das sondas marcianas parece uma montra de uma loja de gelados. Eu quero os "bolinhos napolitanos". Vale a pena ler o texto.
09:29
(JPP)
O croissant tamb�m foi usado em Portugal (horta, Faial, A�ores) nas comemora��es do dia de S.Marcos, tradicionalmente as freiras de um convento local enviavam tabuleiros de croissants aos frades de um convento perto no referido dia (25 de Abril).. visto que o dito santo � o protector dos... (Abel Santos) Em rela��o ao seu post A AREIA DA SERPENTE, gostaria s� de comentar a frase "Areia de Marte, partida nao se sabe porque, junta n�o se sabe como". Por acaso, at� se sabe. Em Marte os processos erosivos ve^em o seu peso relativo aumentado porque a tect�nica de placas h� muito que se extinguiu. Embora possa ainda existir vulcanismo e forma��o de crateras por impactos comet�rios, o principal processo de forma��o de estruturas geol�gicas est� morto. Com o passar do tempo, os ventos carregados de poeira v�o acabar por esbater o que resta das estruturas que outrora a agua e a rocha desenharam. Quanto � forma em serpente, os ventos incessantes � superf�cie, mesmo numa atmosfera pouco densa como a marciana, criam as mesmas estruturas ondulantes que na terra. (David Luz) N�o estou inteiramente de acordo com o que escreveu no seu recente texto sobre os conceitos de �esquerda� e �direita�, mas ao menos fiquei a saber de quem � o chav�o que mencionou. Sou da opini�o que, em pol�tica, h� posi��es de esquerda e posi��es de direita. N�o quero certamente dizer com isto que � tudo preto ou branco mas, como costumo dizer, n�o � l� porque existem o crep�sculo e o nascer do Sol que eu sou incapaz de distinguir o dia da noite. No entanto, o problema que vejo na dicotomia esquerda-direita n�o � a dicotomia em si mas sim a import�ncia excessiva que lhe � atribu�da. De facto, se nos cingirmos apenas a classifica��es bipolares com relev�ncia para a pol�tica, porque n�o considerarmos tamb�m, por exemplo, a classifica��o individualista-colectivista, a qual � totalmente independente da classifica��o esquerda-direita? Ou ent�o a classifica��o radical-moderado? De facto, a pr�pria import�ncia atribu�da �s classifica��es bipolares pelos seres humanos � bastante redutora e mesmo um tanto estranha. J� h� algum tempo que se estuda a possibilidade de essa tend�ncia estar de algum modo �programada� na estrutura dos nossos c�rebros. Falta saber qual a vantagem evolutiva de tal caracter�stica, caso exista de facto. (Jos� Carlos Santos)
09:18
(JPP)
Os Antigos Os antigos invocavam as Musas. N�s invocamo-nos a n�s mesmos. N�o sei se as Musas apareciam � Seria sem d�vida conforme o invocado e a invoca��o. � Mas sei que n�s n�o aparecemos. Quantas vezes me tenho debru�ado Sobre o po�o que me suponho E balido "Ah!" para ouvir um eco, E n�o tenho ouvido mais que o visto � O vago alvor escuro com que a �gua resplandece L� na inutilidade do fundo... Nenhum eco para mim... S� vagamente uma cara, Que deve ser a minha, por n�o poder ser de outro. E uma coisa quase invis�vel, Exceto como luminosamente vejo L� no fundo... No sil�ncio e na luz falsa do fundo... Que Musa! ... (�lvaro de Campos) 26.3.04
25.3.04
09:06
(JPP)
� medida que se vai avan�ando pela Europa, para o meio, para o Leste, os vesti�rios s�o cada vez mais uma parte importante dos edif�cios. Casacos longos, peles, mantas, cachec�is, guarda-chuvas, toda a parafern�lia do mau tempo, da chuva, do frio, fica a�. Uma multid�o de senhoras e, em menor quantidade, de homens vive dos vesti�rios, vive nos vesti�rios. Uma senhora do vesti�rio tinha uma toalha pousada em cima da mesa e secava os guarda-chuvas antes de os colocar no cabide. Civiliza��o. Pequenos gestos.
08:32
(JPP)
N�o h� nada como andar pelas fronteiras antigas da cristandade frente ao Turco, para aprender mil e um pequenos detalhes da guerra das civiliza��es. Um � o gentil croissant, que sempre pensei franc�s como o brioche, e verifico ser austro-h�ngaro e politicamente incorrecto nas suas origens: comemorar, comendo um �crescente�, a vit�ria vienense face aos turcos. O caf� tamb�m veio no mesmo pacote culin�rio � os turcos deixaram sacos e sacos de gr�os quando fugiram - mas o gr�o tem forma mais neutra. Pensando bem, est� na altura, para muitos na p�tria, de deixarem de beber caf� e de comer o humilhante (para os turcos, para os mu�ulmanos) �crescente�, em nome da solidariedade internacionalista.
08:24
(JPP)
Nunca se juntaram tantos quadros de Giorgione, o veneziano, como agora em Viena, no Kunsthistorische Museum. De Veneza sa�ram pela primeira vez La Tempesta e La Vecchia (voltaremos ao �col tempo� da velha). E, no entanto, se lermos as legendas, a maioria �-lhe apenas atribu�da, competindo nalguns casos com Ticiano pela autoria. Vasari, que escreveu algumas frases de absoluta admira��o por Giorgione, s� conhecia pinturas e frescos que entretanto desapareceram. Os que n�s conhecemos pertenciam a privados que Vasari n�o viu. Ambiguidades. 24.3.04
14:25
(JPP)
(Em breve, Giorgione, mais Mitteleuropa, mais "civiliza��o", mais dr. Freud no seu caf� e Trotsky no outro.) 23.3.04
16:18
(JPP)
�blogues de esquerda�, �blogues de direita�, � uma classifica��o que n�o me interessa e n�o me diz nada (j� sei, � por ser de direita, como diz o chav�o de Alain... ). As furiosas pol�micas classificativas tamb�m n�o me interessam um �tomo. N�o explicam nada, n�o elucidam nada, e s� por esquecimento da hist�ria � que se pode encontrar um sentido em algo que hoje dificilmente o tem. O caso de Israel e da Palestina dificilmente caberia nessa dan�a sem ser a martelo. Israel foi criado � esquerda e pela esquerda. O primeiro pa�s a reconhecer Israel foi a URSS de Staline. O Avante! saudou a vit�ria israelita na guerra imediatamente ap�s a independ�ncia, como uma �vit�ria contra as monarquias feudais e reaccion�rias� da regi�o. Anote-se que � nessa guerra que se d�o as grandes desloca��es de popula��o, que fazem hoje parte do caderno reivindicativo palestiniano. A maioria dos dirigentes religiosos mu�ulmanos da regi�o, como o Grande Mufti de Jerusal�m, colaborara com os nazis durante a guerra e n�o escondia a sua simpatia pelo holocausto. Cientistas nazis, ideologicamente motivados pelo seu �dio aos judeus, foram um pilar dos programas de armamento de pa�ses como o Egipto �socialista� de Nasser. Os exemplos podiam continuar.
15:39
(JPP)
H� cidades que s�o assim, um env�lucro, uma pele como aquelas que alguns animais deixam para tr�s, um cen�rio gigantestco, uma aldeia Potemkine verdadeira. Viena � assim: pal�cios, monumentalidade, �imp�rio� por todo o lado, em branco e dourado, os grandes nomes (Maria Theresa, Franz-Josef), poder, solidez, dinheiro, luxo, conforto e toda a beleza que vem em acrescento. �Grandeur�, mas falta qualquer coisa. Por muito que me esforce, nunca imagino os turcos � sua porta, mas estiveram. Por muito que mentalmente reveja o Terceiro Homem e saiba das ru�nas e das sombras, n�o as consigo ver.
14:00
(JPP)
Coisas que se pensavam s�lidas e estabelecidas, como seja o princ�pio de que n�o se negoceia com terroristas, conhece agora todas as nuances, todos os �sim, mas...�, todas as considera��es de circunst�ncia, "que, em determinadas condi��es�, etc, etc... Desse ponto de vista, m�rito a M�rio Soares que, pelos vistos, disse o que muitos pensavam mas n�o tinham a coragem de dizer. No dia dos atentados espanh�is era tudo firmeza; no dia seguinte come�ou o relativismo moral, no terceiro dia j� a excita��o espanhola soltava todas as l�nguas. Depois, Soares falou e so�obraram os �ltimos restos de vergonha. Todos os dias o retrato dos terroristas � mais am�vel e �explic�vel� e todos os dias se d� mais um passo para uma forma de derrotismo moderno, que se pagar� muito caro. E o dissolvente de tudo isto � s� um, o anti-americanismo, ou o anti-bushismo raivoso que campeia por todo o lado. � assim que � o pensamento d�bil, voa com o primeiro vento.
08:28
(JPP)
Daqui, para ali, para acol�, como bom cidad�o europeu (por vezes perdendo os acentos, logo que saio da p�tria), nem sequer o rumor long�nquo das coisas da terra ou�o. Suspeito que, nestes dias de excita��o, real e artificial, isso n�o fa�a muita falta.
08:19
(JPP)
Essa frase � como a outra "os guerreiros da Europa" (Miguel Portas). S�o sempre julgamentos pol�ticos disfar�ados de julgamentos morais. Mas o que mais me incomoda � o facto de os culpados serem sempre os mesmos: os americanos. Nunca essas pessoas condenam mais nada. (Ricardo Figueira) Exemplos sobre a manipula��o da informa��o s�o, parafraseando S�rgio Godinho, "aos montes, s�o �s serras, imposs�veis de escalar." Acredito, no entanto, que em alguns casos se trate de ingenuidade ou, sobretudo, de falta de prepara��o profissional. O jornalismo n�o falha apenas na linguagem (como o "bombardear" do P�blico que criticou na Quadratura do C�rculo deste fim de semana), falha tamb�m na imprepara��o dos profissionais, na pressa com que as not�cias t�m de sair, na falta de aprofundamento das quest�es, na prefer�ncia pelo tratamento dram�tico e subjectivo. Muitas vezes h� uma excessiva "democratiza��o" da opini�o, pois o mesmo peso � dado a fontes de credibilidade muito distinta. Claro que h� casos em que se torna dif�cil crer que aconte�am por ingenuidade ou incompet�ncia. H� alguns meses atr�s, quando saiu o relat�rio sobre as contas dos partidos, a tsf come�ou a not�cia dizendo que "todos os partidos" presentes no parlamento apresentavam irregularidades nas contas. E passou aos exemplos. Primeiro o PS (primazia por ser o que apresentava maiores irregularidades), depois os dois partidos da coliga��o governamental. Foi, ent�o, a vez da CDU que, para espanto da esta��o noticiosa, tamb�m n�o ficou manchada pela exist�ncia de irregularidades. E a partir daqui, o sil�ncio. Dos quatro partidos referidos, foram citados v�rios exemplos de irregularidade. Do Bloco, nem o nome foi pronunciado. Achei curiosa a omiss�o e, quando li os exemplos que tem citado, achei por bem contribuir com estas mem�rias. (Paulo Agostinho) Cibernauta amigo chamou a minha aten��o para o seu post de dia 20, no blog Abrupto, subordinado ao tema "MANIPULA��O DA INFORMA��O". Escreve o senhor: "Um exemplo: relato, hoje de manh� e pela TSF, da entrevista de ontem ao Primeiro-Ministro, na RTP1. Relato factual, relativamente neutro, com extractos das declara��es. De repente, chega � parte do Iraque, e o jornalista corta a palavra ao Primeiro-Ministro e acrescenta: "mas h� quem n�o pense assim, a engenheira Maria de Lurdes Pintasilgo ." Dado que estava, nessa manh�, com fun��es editoriais na TSF, permita-me colocar uma d�vida e fazer alguns sublinhados. D�vida : o que ser� um "relato relativamente neutro"? N�o o ser�o todos os relatos? Este seu relato no blog, acrescentando a palavra "relativamente" ao "relato factual" poder� ser interpretado como uma vontade relativamente objectiva de questionar a neutralidade do relato? Sublinhado: o senhor relata no seu blogue que "o jornalista corta a palavra ao Primeiro-Ministro...". Nota : o Primeiro-Ministro n�o estava em directo. Aquilo que foi colocado no ar foi um excerto da entrevista, correspondente a uma ideia com princ�pio, meio e fim. No fim desse excerto, o jornalista fez aquilo a que se chama na r�dio, um rodap�. Importa lembrar que, naquele excerto da entrevista, Dur�o Barroso falava no "problema de Espanha", a prop�sito da inten��o, expressa por Zapatero, de retirar do Iraque os soldados espanh�is. Ora, dava-se o caso de, na mesma noite dessa entrevista, a antiga PM Lurdes Pintassilgo ter expresso, numa confer�ncia p�blica, a ideia de que "o exemplo de Zapatero devia ser seguido por outros governantes". Quem l� o seu post fica a pensar que, depois de ter "cortado a palavra" ao PM, o malandro do jornalista tratou de deixar ali - a la Moura Guedes -, a sua opini�o sobre a mat�ria quando, na verdade, fez uma liga��o para um novo som que tinha uma evidente rela��o com o anterior. A manipula��o tem muitos matizes, como sabemos, mas quero crer que este seu relato pecou apenas por ligeireza, sem ponta de mal�cia. (Jo�o Paulo Baltazar) 22.3.04
10:23
(JPP)
N�o � a frase "eixo da mentira" (Francisco Lou��) da mesma natureza de "eixo do mal"? Ou seja, n�o � um julgamento pol�tico disfar�ado de julgamento moral?
06:20
(JPP)
Todos por Um A manh� est� t�o triste que os poetas rom�nticos de Lisboa morreram todos com certeza Santos M�rtires e Her�is Que mau tempo estar� a fazer no Porto? Manh� triste, pela certa. Oxal� que os poetas rom�nticos do Porto sejam compreensivos a pontos de deixarem uma nesgazinha de cemit�rio florido que � para os poetas rom�nticos de Lisboa n�o terem de recorrer � vala comum (M�rio Cesariny de Vasconcelos) * Bom dia! 21.3.04
20:47
(JPP)
Hoje, h� duzentos e cinquenta e sete anos, uma enorme tempestade amea�ava o navio negreiro de John Newton. No meio da afli��o, tentando endireitar o leme, vendo que o navio se ia afundar, Newton dirigiu-se a Deus: �Lord, have mercy upon us.�. O navio salvou-se e Newton convenceu-se da presen�a divina no seu grito de desespero. Falara a Deus e Deus salvara-o. Mudou a sua vida. Sob a influ�ncia da sua revela��o e convers�o escreveu alguns dos mais belos e conhecidos hinos na tradi��o anglo-sax�nica, o mais c�lebre dos quais, Amazing Grace, � autobiogr�fico: Amazing grace! (how sweet the sound) That sav'd a wretch like me! I once was lost, but now am found, Was blind, but now I see. 'Twas grace that taught my heart to fear, And grace my fears reliev'd; How precious did that grace appear, The hour I first believ'd! Thro' many dangers, toils and snares, I have already come; 'Tis grace has brought me safe thus far, And grace will lead me home. The Lord has promis'd good to me, His word my hope secures; He will my shield and portion be, As long as life endures. Yes, when this flesh and heart shall fail, And mortal life shall cease; I shall possess, within the veil, A life of joy and peace. The earth shall soon dissolve like snow, The sun forbear to shine; But God, who call'd me here below, Will be forever mine. * Interessante, ou talvez n�o: Amazing Grace foi musicado por Mike Oldfield no �lbum Millenium Bell, �lbum composto por alturas da passagem do mil�nio, no qual revisita alguns dos momentos mais marcantes dos �ltimos 2000 anos. O resultado de tal programa n�o � nada brilhante, mas curiosamente o tema Amazing Grace n�o � dos piores. (Paulo Carvalho)
13:25
(JPP)
Querem exemplos? Notici�rio da SIC das 13 horas � abertura : �200.000 pessoas passam fome em Portugal, s�o n�meros oficiais, mas pode chegar a um milh�o �. Ouvi bem? N�meros oficiais ou �a cifra (�) avan�ada por Alfredo Bruto da Costa�, na base de conjecturas estat�sticas, como diz o P�blico? NOTA: No notici�rio da noite, a SIC manteve a f�rmula dos "n�meros oficiais" e atribuiu-os ao Conselho Econ�mico e Social, de que Bruto da Costa faz parte, mas basta ler o trabalho publicado no P�blico para se perceber que os n�meros est�o longe de serem "oficiais", a n�o ser que o erro seja do P�blico; a TVI usou uma f�rmula mais prudente "o trabalho de um soci�logo e de uma economista".] �De Norte a Sul o pa�s saiu � rua a favor da paz� (Notici�rio da SIC , 13 horas) . Ouvi bem? O �pa�s�? No notici�rio da noite, a SIC teve o m�rito de passar um pe�a feita pelo autor de um celebre blogue iraquiano Salam Pax, que vem � completa revelia do que � habitual. A chave � uma frase dita por uma jornalista iraquiana "a liberdade tem um alto pre�o", e a conclus�o do autor do blogue "claro que valeu a pena".
10:02
(JPP)
![]() N�o tenho qualquer d�vida sobre a realidade e import�ncia da pobreza em Portugal. N�o tenho qualquer d�vida sobre o car�cter �escondido� de parte dessa pobreza, embora a maior parte dela esteja � vista de quem a quer ver. N�o tenho qualquer d�vida quanto ao agravamento dessa situa��o nos �ltimos anos, em particular pelo aumento do desemprego e do custo de vida. N�o tenho qualquer d�vida sobre a maior import�ncia que a pobreza tem que ter no discurso social e pol�tico, muitas vezes dominado por trivialidades secund�rias que nos escondem a realidade social do pa�s em que vivemos. Mas tenho todas as d�vidas sobre o n�mero de �200 mil pessoas a passar fome em Portugal� referido em t�tulos no P�blico de hoje. Fui procurar as fontes e encontrei conjecturas. �A cifra de 200 mil pessoas com fome � avan�ada por Alfredo Bruto da Costa, (�) Nestas contas entram realidades de pessoas apoiadas por institui��es como os bancos alimentares, a Miseric�rdia de Lisboa, os valores das pens�es de reforma ou o n�mero de sem-abrigo, entre outros. � Aqui misturam-se dados de car�cter absolutamente diferente, como � o caso dos �valores das pens�es de reforma� com o � n�mero de sem-abrigo�. Mas nem sequer ficamos pelos duzentos mil, chegamos ao milh�o. �O n�mero, coincidem investigadores e pessoas que trabalham no terreno, poder� ser muito superior e chegar a um milh�o, mas, � falta de estat�sticas, cruzam-se dados para poder tirar conclus�es sobre a realidade.� Um milh�o de pessoas com fome em Portugal. N�o � um milh�o de pobres, � um milh�o de pessoas com fome. Fome. Duvido que �coincidam investigadores e pessoas que trabalham no terreno� ; duvido do �cruzamento de dados�. Em todo o extenso dossier do P�blico procurei fontes precisas para o n�mero do t�tulo, que, como acontece muitas vezes nos jornais, � logo a seguir tomado como segur�ssimo, e inclu�do como constata��o de uma evid�ncia nos artigos auxiliares. N�o penso que este tipo de exageros favore�a o combate � mis�ria, tendo, bem pelo contr�rio, efeitos contraproducentes.
09:39
(JPP)
Este Seu Escasso Campo Este, seu �scasso campo ora lavrando, Ora solene, olhando-o com a vista De quem a um filho olha, goza incerto A n�o-pensada vida. Das fingidas fronteiras a mudan�a O arado lhe n�o tolhe, nem o empece Per que conc�lios se o destino rege Dos povos pacientes. Pouco mais no presente do futuro Que as ervas que arrancou, seguro vive A antiga vida que n�o torna, e fica, Filhos, diversa e sua. (Ricardo Reis) 20.3.04
17:00
(JPP)
O reverendo Kilvert, como todo o homem de ordem, dava-se mal com a Comuna de Paris. Ele n�o lhe chamava assim, mas sabia que algo de muito complicado estava a passar-se em Paris. Barricadas, confraterniza��o entre o povo e os revoltosos, dois generais mortos. Anotou no seu di�rio, hoje, h� cento e trinta e tr�s anos, a sua revolta contra os parisienses: �Those Parisians are the scum of the earth, and Paris is the crater of the volcano, France, and a bottomless pit of revolution and anarchy�
11:10
(JPP)
"Depois do rover da Lego, temos agora uma r�plica mais perfeita com uma base marciana. Est� � venda aqui por 170 d�lares. " Jos� Matos Paulo Salgado discorda da minha opini�o (sobre o Iraque, presumo) e envia este texto: ORDEM E SANIDADE NO GOVERNO DAS NA��ES �Os grandes antigos, quando queriam revelar e propagar as mais altas virtudes, punham seus estados em ordem. Antes de porem os seus estados em ordem punham em ordem as suas fam�lias. Antes de porem em ordem as sua fam�lias, punham em ordem a si pr�prios, aperfei�oavam suas almas. Antes de aperfei�oarem as suas almas, procuravam ser sinceros em seus pensamentos e ampliavam ao m�ximo os seus conhecimentos. Essa amplia��o de conhecimentos decorre da investiga��o das coisas, ou de v�-las como elas s�o. Quando as coisas s�o assim investigadas, o conhecimento torna-se completo. Quando os pensamentos s�o sinceros, a alma torna-se perfeita. Quando a alma se torna perfeita, o homem est� em ordem. Quando o homem est� em ordem, a sua fam�lia tamb�m fica em ordem. Quando a fam�lia est� em ordem, o estado que ele dirige tamb�m pode alcan�ar a ordem. E quando os estados alcan�am a ordem o mundo inteiro goza de paz e felicidade.� Texto atribu�do a CONF�CIO (Kung Fu-Tz�) , Os Grandes Pensadores, de Will Durant, Companhia Editora Nacional, S. Paulo, 1965 �1. Face a atentados terroristas h�, maioritariamente, duas tend�ncias na reac��o: a) explicativa (h�, bem , pois, isto acontece porque�); por vezes at� justificativa (os americanos, quem semeia �dios�); gradativa (h� uns mais fortes; outros mais fracos; alguns mais conden�veis do que outros, depende da organiza��o terrorista�) b) condenat�ria; n�o-justificativa; simplesmente condenat�ria; n�o h� justifica��o poss�vel para um atentado num pa�s democr�tico. 2. Por convic��es, medos ou ideias ing�nuas, a maioria dos Media e da �esquerda-flutuante� tende � primeira reac��o; 3. H�, nessa reac��o erros flagrantes de aprecia��o que � preciso gritar: A) A maior �misconception� � a de que os terroristas podem ser razo�veis; que basta sair do Iraque que eles param; � surpreendente que se possa acreditar nisto; primeiro porque n�o h�, obviamente, qualquer crit�rio de razoabilidade no terrorista; segundo porque, como tamb�m � evidente, o que est� em causa � a pura e simples imposi��o, pela for�a, de um ideal de vida � justamente contr�rio ao ideal democr�tico B) O segundo erro de aprecia��o � imaginar que uma posi��o que n�o seja absolutamente condenat�ria nos pode salvar de sofrer os mesmos atentados; aqui, uma vez mais, apela-se a uma esp�cie de compaix�o no terrorista; falha a percep��o de que n�o � poss�vel a coexist�ncia da ideia democr�tica com as ideias impostas pelos terroristas 4. Em raz�o da maioria em Espanha ter reagido mal e aderido � posi��o falaciosa � Aznar/apoiante dos Americanos/assassino/- traz uma consequ�ncia absolutamente nova para o mundo: o terrorismo triunfou; o terrorismo, a partir de agora, tem o poder de mudar governos. Isto sem falar na total aus�ncia de acento t�nico numa justificada retalia��o conta os terroristas. 5. � tempo de reflectir sobre o velho lema �liberdade ou morte�: � que n�o estamos mais livres - temos medo e acentuamos a nossa condi��o de ref�ns - e estamos mais pr�ximos de morrer - por cobardia, e n�o por estarmos a lutar justamente pela liberdade. � (Nuno Horta)
10:49
(JPP)
![]() Areia, o destino final das montanhas. Areia de Marte, partida n�o se sabe porqu�, junta n�o se sabe como, num pequeno montinho, a �Serpente�. Talvez tenha mem�ria da montanha que foi e tente sempre voltar � origem, imitar a grandeza inicial, organizar-se pela mem�ria numa pequena imita��o do seu passado. Areia.
09:10
(JPP)
L'ang�lus du matin Fauve avec des tons d'�carlate, Une aurore de fin d'�t� Temp�tueusement �clate A l'horizon ensanglant�. La nuit r�veuse, bleue et bonne P�lit, scintille et fond dans l'air, Et l'ouest dans l'ombre qui frissonne Se teinte au bord de rose clair. La plaine brille au loin et fume. Un oblique rayon venu Du soleil surgissant allume Le fleuve comme un sabre nu. Le bruit des choses r�veill�es Se marie aux brouillards l�gers Que les herbes et les feuill�es Ont subitement d�gag�s. L'aspect vague du paysage S'accentue et change � foison. La silhouette d'un village Para�t. - Parfois une maison Illumine sa vitre et lance Un grand �clair qui va chercher L'ombre du bois plein de silence. �� et l� se dresse un clocher. Cependant, la lumi�re accrue Frappe dans les sillons les socs Et voici que claire, bourrue, Despotique, la voix des coqs Proclamant l'heure froide et grise Du pain mang� sans faim, des yeux Frott�s que flagelle la bise Et du grincement des moyeux, Fait sortir des toits la fum�e, Aboyer les chiens en fureur, Et par la pente accoutum�e, Descendre le lourd laboureur, Tandis qu'un choeur de cloches dures Dans le grandissement du jour Monte, aubade franche d'injures, A l'adresse du Dieu d'amour ! (Verlaine)
00:39
(JPP)
Est� tamb�m em pleno. Um exemplo: relato, hoje de manh� e pela TSF, da entrevista de ontem ao Primeiro-Ministro, na RTP1. Relato factual, relativamente neutro, com extractos das declara��es. De repente, chega � parte do Iraque, e o jornalista corta a palavra ao Primeiro-Ministro e acrescenta: �mas h� quem n�o pense assim, a engenheira Maria de Lurdes Pintasilgo ��. Outro exemplo: as declara��es de M�rio Soares sobre a negocia��o com os terroristas da Al Qaeda, que ele repete j� h� dois dias, acrescentando cada dia mais um pormenor absolutamente inaceit�vel, s�o tratadas com toda a complac�ncia. Para ir a outros exemplos recentes de declara��es inaceit�veis: as de Paulo Portas, sobre a emigra��o, conheceram uma chuva de protestos, editorais, brincadeiras, etc, o que contrasta com o sil�ncio ou o sottovoce sobre as de M�rio Soares. Outros exemplos seriam f�ceis de encontrar em praticamente todos os notici�rios sobre o Iraque, os quais s�o verdadeiras profiss�es de f� opinativas dos jornalistas, em todos os �rg�os de comunica��o social, quase sem excep��o, com destaque para a televis�o. Outros exemplos ainda: documentos sem d�vida importantes para um julgamento equilibrado (nada mais seria preciso) sobre quest�es pol�micas, s�o ,ou ignorados, ou tratados num contexto hostil. � o caso da sondagem feita no Iraque pelas grandes televis�es ocidentais e reconhecida como a mais fidedigna at� hoje realizada. Convenhamos que ela tem mais peso do que o senhor jornalista singular que diz que �os iraquianos com quem falei est�o todos revoltados��. Se calhar � verdade, mas talvez a sondagem tenha um pouco mais de for�a� O mesmo aconteceu com os documentos que o (ainda) governo de Aznar divulgou sobre as informa��es que recebia dos servi�os secretos sobre a investiga��o do atentado, para se defender da acusa��o de que manipulara os dados para deliberadamente enganar os espanh�is. A �nica vez que ouvi falar desses documentos numa televis�o (talvez n�o tenha sido o mesmo noutra), foi para ouvir uma cr�tica: o �governo espanhol estava a tentar escudar-se nos relat�rios dos servi�os secretos�� Ent�o n�o foi dito, por uma �fuga�, que esses servi�os j� sabiam na manh� do atentado que tinha sido a Al Qaeda? Ent�o n�o se quer esclarecer a verdade? Podia continuar por aqui adiante, porque a opera��o est� em pleno.
00:15
(JPP)
Numa sociedade democr�tica respeitam-se a lei e as autoridades. O Governo Civil de Lisboa n�o autorizou uma parte do trajecto da manifesta��o de amanh�, em si pouco importante na economia da manifesta��o, e para a qual os manifestantes podem sempre encontrar alternativa sem qualquer preju�zo. N�o est� em causa nada de relevante na visibilidade da manifesta��o, nem na sua liberdade. No entanto, os organizadores da manifesta��o j� disseram que n�o iam respeitar essa proibi��o. O objectivo � claro: provocar artificialmente incidentes. * O seu post sobre o Governo Civil e a manifesta��o � baseado em informa��o deficiente. A organiza��o comunicou o percurso da manifesta��o a 4 de Mar�o. No dia 18 de Mar�o �s 18 horas, a poucas horas do desfile, o Governo Civil enviou um fax afirmando que a manifesta��o n�o se podia realizar naquele percurso. No dia seguinte contactadas as autoridades, foi por elas dito que a passagem pela Rua do Arsenal e o final na Pra�a do Munic�pio punha em causa a seguran�a do Tribunal da Rela��o. Lembro-lhe que j� aconteceram inumeras concentra��es na Pra�a de Mun�cipio e que as manifesta��es "Pro-vida" e as marchas pacifistas de 15 de Fevereiro de 2003 passaram pela Rua do Arsenal. A proibi��o n�o tem qualquer sentido, n�o passa pela cabe�a de ningu�m atacar o tribunal. E pelo contr�rio, � vis�vel por parte do governador civil de Lisboa, a vontade de criar dificuldades aos organizadores. Por exemplo, depois de ter-se arranjado um palco para a Pra�a do Munic�pio � imposs�vel a menos de 24 horas, construir um palco muito maior no Rossio. Reconheco-lhe honestidade intelectual para perceber que se trata de uma estrat�gia anti-democr�tica que recorre a expedientes "espertalh�es", mas pouco inteligentes, contra opositores pol�ticos. Ali�s, na mesma direc��o que as democr�ticas censuras do PP espanhol na TVE, que t�o bons resultados deram. (Nuno Ramos de Almeida) 19.3.04
23:37
(JPP)
H� muito tempo que os orif�cios da esfera celeste, por onde se v� o fogo eterno, n�o estavam t�o vis�veis. � sempre o frio que os abre.
23:23
(JPP)
Hoje, h� setenta e tr�s anos, Gide est� com uma comich�o que n�o o deixa dormir. Como bom intelectual, relembra os precedentes duma hist�ria da comich�o: Job, procurando um fragmento de vidro para se co�ar, e Flaubert. Depois faz uma hierarquia das dores, chegando � conclus�o de que a comich�o n�o era certamente a mais nobre, mas uma �inconfess�vel , rid�cula doen�a�. Dez anos depois, outra doen�a aparecia no calend�rio anual. A Primavera come�ava a fazer os seus estragos. Camus escrevia hoje sobre a �floraison des filles sur les plages�: �Elles n�ont qu�une saison. L�ann�e d�apr�s, elles sont remplac�es par d�autres visages de fleurs qui, la saison d�avant, �taient encore des petites filles.� 18.3.04
08:27
(JPP)
� boa ! Se fossem malmequeres ! � boa ! Se fossem malmequeres ! E � uma papoula Sozinha, com esse ar de "queres?" Veludo da natureza tola. Coitada ! Por ela Sa� da marcha pela estrada. N�o a ponho na lapela. Oscila ao leve vento, muito Encarnada a arroxear. Deixei no ch�o o meu intuito. Caminharei sem regressar. (Fernando Pessoa) 17.3.04
21:53
(JPP)
Hoje , h� quarenta e um anos, John Fowles foi ver os �restos� que a tia Tots (Dorothy) lhe tinha deixado. A tia morrera h� uma semana, ap�s viver uma �pathetic life� � frente de um lar de velhos, com os seus c�es e gatos e a�sua mania por Dickens�. Fowles suspeitava que a tia era l�sbica. Os �restos� n�o eram maus de todo, alguma mob�lia boa. E um di�rio, no qual a tia escrevera �This damned diary is a hell of a nuisance�.
20:25
(JPP)
Gente que n�o � capaz de dizer a simples frase "a ETA � terrorista", usa de forma indigna o nome de "Basta Ya", a organiza��o m�rtir da luta contra a ETA, para convocar uma manifesta��o em Lisboa. 16.3.04
16:19
(JPP)
Hoje, h� cento e vinte e um anos, Beatrix Potter reflectia sobre a bomba que fora colocada ontem no Government Office em Parliament Street. Os danos n�o eram muitos, mas Beatrix, ent�o com dezasseis anos, espantava-se com o �poder extraordin�rio do dinamite� e anotava, com pavor, como era poss�vel a um tijolo voar tantos metros e perfurar uma parede. Parecia que o atentado era obra dos �irlandeses�, mas �Papa says it is Mr. Gladstone fault. He takeS the sides of these rogues and then, if they think is slackening, they frighten him a bit.� Ontem como hoje. A rapariguinha sensata ia mais longe. A continuar assim, �really we shall be as bad as France soon�.
10:44
(JPP)
![]() � beira desta cratera, o "Esp�rito" interroga-se. D�vidas: vou passear pela margem, vou descer, vou andar devagar, vou ser prudente, vou ser obediente. Ou vou-me passar, imagino-me radical, um skate marciano e vou por a� abaixo a abrir para ganhar for�a e, na rampa do outro lado, dar um salto mortal, um volteio. Regresso depois � minha margem pac�fica, e ligo de novo as comunica��es. Quando eles virem a cratera fotografada de cima, a meia d�zia de metros do solo, quem se ri sou eu. Desligo.
10:02
(JPP)
�If we don't hang together then we shall all hang separately� (Benjamin Franklin) Bastou que a primeira bomba explodisse na Europa para que todas as piores ideias viessem ainda mais claramente ao de cima. Elas j� estavam � superf�cie, mas estavam fragmentadas, dispersas, amolecidas pelo cansa�o dos �ltimos anos. Agora, sobre quase tudo o que verdadeiramente conta (a Europa, a Constitui��o, as rela��es transatl�nticas, o terrorismo, a guerra), vai-se assistir (est�-se j� a assistir) ao imp�rio de um derrotismo paralisante, de uma defesa do estado de coisas actual, favor�vel aos violentos, de um abandono de valores e de obriga��es, a favor da �paz�, a �paz� do nosso conforto e a �paz� das ideologias. A mensagem � s� uma: matem, mas l� longe, matem os vossos, como sempre mataram, porque isso n�o nos interessa. Matem os outros, mas deixem-nos a n�s em paz. Matem os outros, l� longe nesses s�tios intrat�veis, matem os israelitas, matem os americanos, mas deixem-nos sossegados. Tirem l� o alvo das nossas costas, que a gente vai correr com o Blair, com o Barroso, com os belicistas da �nova Europa�, e voltar, como disse Prodi, � diplomacia. Quem entende que se est� em guerra, quem sente que se est� em guerra, tem que ser agora mais firme do que nunca. * � tal e qual como diz, mas eu, pela minha parte, sendo um dos tais que me �sinto em guerra�, perante esta avalanche de pacifismo, sinto tamb�m que, para j�, n�o � vi�vel invert�-la. Por outro lado, vejo cada vez mais claro que houve por parte dos EUA tremendos erros t�cticos que est�o sendo determinantes � como se vai sair daquele atoleiro do Iraque? Vejo tamb�m nos seus aliados erros e mais erros. Dei por mim a rejubilar com o castigo eleitoral da estupidez autista de Aznar no p�s-atentado, como se o resultado desse facto n�o fosse, necessariamente, aturar o inomin�vel frouxismo deste Zapatero (horror dos horrores: homem sem v�cios e de um anunciado �politicamente correcto� que augura o pior). At� que ponto essa incapacidade do PP em gerir o p�s-atentado facilitou e magnificou o medo do eleitorado? Agora aqui temos o �anjo querubim� que se apressa a anunciar o regresso dos soldados espanh�is. � abjecta esta pressa, mas, ao fim e ao cabo, n�o se prepara Bush para fazer algo de equivalente em prol de interesses eleitorais? Enfim, inquieta��es e d�vidas sem fim e um mal-estar indiz�vel � o que sinto. (Edmundo Tavares) * O seu �TODAS AS PIORES IDEIAS� � pol�mico, diria um pouco radical. Diria quase em desespero de causa. A sua habitual pondera��o parece ter desaparecido. Concordo com a sua an�lise dos sinais que aparecem, agora mais que nunca, pela Europa. Mas a � guerra�? Ser� que elimina o problema? Foi ela que minimizou os problemas criados pelo IRA, pela ETA, pelos bombistas suicidas em nome da Palestina, pelas Brigadas Vermelhas, pelo grupo Baader Meinhof, pelas Al Qaida, etc? N�o ser� antes a intelig�ncia baseada numa nova diplomacia, no vigor e rigor das Institui��es Judiciais e policiais nacionais e internacionais? Ser� certamente pouco, dir-se-�. Ser� um processo lento, dir-se-�. � verdade, a morte anda � solta, gratuita, sem sentido, ontem ali, amanh� acol�. Mas n�o � a d�vida que agu�a o engenho? � for�a bruta, dura e crua, deve responder-se com rigor, intelig�ncia e arg�cia. A classe pol�tica dirigente, � escala planet�ria, deve, tem obriga��o de encontrar a solu��o. Para isso tiveram o nosso voto, j� que se dispuseram a faz�-lo e, portanto, dever�o ser de entre n�s os mais competentes e habilitados para o concretizar. (Rui Silva) * Este repentino frenesim com a seguran�a vem demonstrar que a maioria dos europeus n�o realizaram de facto o que foi o 9/11 e o que representou. Que as suas opini�es foram formadas no conforto dum sentimento de seguran�a e com o � vontade de quem admira uma imagem do deserto sem lhe sentir o calor. N�o admira por isso que considerem Israel uma das maiores amea�as � paz mundial. Nem admira que agora cidad�os reclamem medidas e que governantes se desmultipliquem em reuni�es de emerg�ncia como se tudo n�o devesse ter estado � muito acautelado. (Jo�o Santos Lima)
09:21
(JPP)
N�o Canto N�o canto a noite porque no meu canto O sol que canto acabara em noite. N�o ignoro o que esque�o. Canto por esquec�-lo. Pudesse eu suspender, inda que em sonho, O Apol�neo curso, e conhecer-me, Inda que louco, g�meo De uma hora imperec�vel! (Ricardo Reis) * Bom dia! 15.3.04
17:31
(JPP)
![]() Parece que estou sossegando Parece que estou sossegando 'Starei talvez para morrer. H� um cansa�o novo e brando De tudo quanto quis querer. H� uma surpresa de me achar T�o conformado com sentir. S�bito vejo um rio Entre arvoredo a luzir. E s�o uma presen�a certa O rio, as �rvores e a luz. (Fernando Pessoa)
17:30
(JPP)
"Concordo com sua "lembran�a", penso que a viragem pol�tica que ocorreu ontem em Espanha, com o regresso dos socialistas ao poder, s� poder� surpreender os mais distra�dos, depois de analisados friamente todos os acontecimentos ocorridos nos �ltimos tr�s dias, a contar desde o dia do terr�vel atentado que abalou Madrid e todo o mundo civilizado. A verdade � que este acto terrorista fez com que muitos milhares de espanh�is esquecessem os quatro anos de governa��o da direita em Espanha e centrassem toda a sua aten��o na forma poss�vel de exprimir o seu medo em rela��o ao terrorismo perpetrado por diversos grupos isl�micos, que lutam contra o mundo desenvolvido, democr�tico e livre. Esses espanh�is (calcula-se em mais de 2 milh�es) que estavam a pensar abster-se, por n�o terem prefer�ncia entre o PP e o PSOE, resolveram, a partir do dia do massacre, n�o ficar em casa e exercer o seu dever c�vico, mostrando um cart�o vermelho ao Governo que, segundo eles, "abriu" as fronteiras de Espanha aos grupos terroristas isl�micos... Claro que esta � uma vis�o muito redutora de como se combate o terrorismo, mas o povo � soberano e, s� � pena que, tal como acontece em Portugal, muitos cidad�os apenas se lembrem de exercer o seu dever democr�tico de eleger um Governo, quando o terror e o medo os aflige. Estas foram umas elei��es longe da normalidade, dominadas, n�o pela raz�o, mas sim pela emo��o e pelo medo. Desta vez, os terroristas ganharam a sua batalha e concretizaram, por agora, os seus objectivos. Mas, certamente, que ir�o perder a guerra que iniciaram contra os valores do mundo democr�tico e livre..." (Pedro Peixoto) "As sondagens anteriores n�o validam a pol�tica externa do PP. Havia, se bem me lembro, sondagens que mostravam que a maioria dos espanh�is estava contra a interven��o no Iraque. Sucede que o que os espanh�is aprovavam, na sua maioria, era a pol�tica interna do PP, que em duas legislaturas mudou a face de Espanha. E isso permitia que tolerassem o resto (o Prestige e a interven��o no Iraque) porque era a boa pol�tica interna que lhes punha na mesa o p�o e na alma o orgulho de, independentemente da na��o a pertencessem, comungarem da identidade de cidad�os do reino de Espanha. E � por isso tamb�m que a vit�ria do PSOE me enche de tristeza: ela prova como, em tr�s dias, a ced�ncia ao apelo da demagogia e do ilusionismo pol�tico pode malbaratar o patrim�nio de confian�a acumulado em duas legislaturas. Quando ouvi, na sexta-feira, que Ana de Pal�cio tinha enviado circulares aos embaixadores a atribuir a responsabilidade � ETA, fiquei perplexo. Quando ouvi Rajoy falar de convic��o moral da paternidade etarra dos atentados, temi o pior, pois a imputa��o de crimes depende de ju�zos sobre provas e n�o de convic��es morais. E ontem... Acho que em Portugal temos tamb�m de retirar algumas li��es do desastre eleitoral. O capital de prest�gio do governo reformista pode ser desperdi�ado se, em momentos cruciais, ele tamb�m ceder � tenta��o simplificadora. Tenho algum receio, confesso. " (Fazenda Martins) �A Al Qaida ontem, pela primeira vez, ganhou elei��es na Europa. Temo que n�o seja a �ltima. A cobardia pega-se; o sentimento de honra, tal como o de vergonha, n�o est� na moda; a maior parte da esquerda, especializada no apelo ao que de mais baixo e mesquinho existe na natureza humana, brilhantemente secundada, apoiada e distribu�da pela chamada comunica��o social, cria o ambiente �ptimo para a cultura e prolifera��o da bact�ria - se assim posso chamar a uma federa��o de grupos terroristas. As pessoas v�o acordar? A Europa vai acordar? Vamos proteger a nossa boa e velha civiliza��o europeia ou, tal como a Espanha fez ontem, pensando salvar a pele j� perdemos o instinto de sobreviv�ncia?� (Maria Helena Lares) �Para muitos Espanh�is foi-lhes imposs�vel suportar ao mesmo tempo um atentado terrorista e um governo mentiroso. Foi como se um m�dico lhes dissesse que afinal n�o iam morrer de cancro mas de neglig�ncia m�dica. Como muito bem diz, o povo vota, o povo decide, � simples. N�o percebo � que depois diga que outros olhos nos v�em. Parece que quer dizer que era simples o povo votar no PP mas � t�o burro que foi a correr a votar no PSOE. Por outro lado, e infelizmente, Jos� Luis Zapatero ao anunciar que a Espanha vai retirar do Iraque n�o podia come�ar da PIOR (n�o sei como hei-de escrever isto a piscar) maneira. � como se dissesse "Bin, tens raz�o. Ao contr�rio do que andei a dizer, a Espanha est� mesmo no Iraque para combater a Al-Qaeda, como dizia o Aznar e diz o Bush, mas n�o te preocupes que a gente vem j� embora". Se Aznar passou por mentiroso no fim, Zapatero come�a a passar por fraco logo no 1� dia.� (M�rio Almeida) �O voto dos Espanh�is foi decepcionante e horrivel. Foi o mesmo que dizer - "N�o nos importa o que se passa no Mundo, desde que n�o nos caiam bombas em cima" - e isto depois de lhes ter acontecido isso mesmo! Deve ter sido a atitude mais ego�sta e fechada que se podia ter. � uma vis�o nacionalista (porque a guerra dos outros n�o nos interessa, e a culpa � do nosso governo que n�o nos manteve longe dela - como fez Salazar por aqui) e cega (porque ao mesmo tempo facilita o trabalho aos terroristas, e � o tipo de coisa que a continuar trar� mais viol�ncia e terror). A primeira ac��o do novo PM foi de retirar as tropas do Iraque, chamando � intervenc�o um "desastre" - que evidentemente se agravar� com atitudes destas, que enfraquecem a coliga��o e ironicamente v�o fazer a vida mais dif�cil �queles que a guerra visava proteger, os iraquianos (alem disso � uma vit�ria moral e total para os terroristas - n�o s� conseguem matar 200 pessoas como v�em a sua posi��o refor�ada). Um choque.� (Alexandre Gamelas) "Queremos saber a verdade!" exigiam os manifestantes espanh�is entrevistados em v�spera de elei��es. E quem n�o quereria? At� o pr�prio Governo PP, dir�amos. Mas analisando melhor, talvez a pergunta ocultasse uma outra subliminarmente mais aut�ntica e dram�tica: " Como nos pode acontecer isto?". Para esta quest�o, nem o Governo, nem a "media", nem os votos encontrar�o facilmente a resposta.� (FFMachado). �No post intitulado "Para combater a M� F�" (julgo que a de Sartre, via Fernando Gil) transfere - presumo que com boa f� - o �nus da prova em rela��o � autoria dos atentados de Madrid para o PSOE e para o novo Presidente do Governo, aproveitando a boleia para deixar mais algumas das suas habituais cr�ticas � meditatiza��o da pol�tica e ao papel dos meios de comunica��o social - v� l� que n�o chegou � hist�ria do empolamento da manifesta��o de S�bado � noite pelas c�maras de televis�o, como fizeram alguns. Parece uma m� estrat�gia argumentativa. Parece-me que a boa f� aconselharia a que procurasse as respostas �s interroga��es subjacentes na pr�pria conduta p�blica do Governo espanhol e do partido que o apoia. N�o � preciso irmos ao "como e quando foram decididas as confer�ncias de imprensa e outras declara��es de respons�veis governativos", basta que nos fiquemos pelo respectivo conte�do. N�o � preciso irmos ao "que instru��es foram dadas � investiga��o, que certezas ou incertezas foram transmitidas pelos servi�os de informa��o", basta que nos fiquemos pelas confer�ncias de imprensa do Ministro do Interior. A boa f�, caro JPP, � bem menos rebuscada do que o contr�rio da m� f�.� (Andr� Bradford) �� inacredit�vel! O que aconteceu em Espanha deixou-me verdadeiramente assustado. A Europa, que infantilmente pensa que est� fora do perigo terrorista, nem depois de um ataque como o de Madrid acorda e percebe que esta atitude reactiva � o convite para a repeti��o da matan�a dos inocentes. A minha pergunta � esta: quando o terror psicol�gico a que estamos cada vez mais sujeitos atingir os p�ncaros da loucura e do descontrolo, quando a vida se tornar verdadeiramente insustent�vel e insuport�vel pela press�o do medo, o que � que vai acontecer ao Mundo? Terceira Guerra Mundial? Mas contra quem? Aonde? Os terroristas n�o v�o parar. Os E.U.A n�o v�o parar. Enquanto isso pelo continente sul americano, africano e asi�tico a pobreza e a fome e a falta de motivos para se viver chicoteiam popula��es inteiras. Aonde � que tudo isto vai parar? Cada vez mais penso naquela que �, por ess�ncia, a quest�o derradeira da filosofia: (...) n�o h� sen�o um �nico problema filos�fico verdadeiramente s�rio: o problema do suic�dio. Julgar que a vida vale ou n�o vale a pena ser vivida, � responder � quest�o fundamental da filosofia. (Albert Camus, Le Mythe de Sisyphe, Paris, Galimard, 1942)� (Ivo Monteiro) �Agora sabemos que at� da valentia, bravado e orgulho espanh�is pode vir o voto do medo. Sim, eu ponho os vossos advers�rios na rua. Sim, eu saio j� do Iraque ou de outra qualquer justifica��o com que me ameacem. Sim, eu n�o me importo com o vosso ide�rio e pr�tica, desde que as ac��es pedag�gicas sejam feitas com os comboios de outros, n�o com os meus. E assim os Estados Unidos ficam mais isolados, at� na compreens�o dessa coisa b�sica de que � numa guerra que estamos. Europa cobarde. E assim apagadamente suicida.� (Jos� Mendon�a da Cruz) �Quando os americanos quiserem resolver o problema palestiniano a s�rio e n�o com falsas promessas. Quando acabar o fomento do �dio fundamentalista, haver� verdadeira luta ao terrorismo. Tudo o resto por muito que nos queiram �mentir� apenas fomenta cada vez mais �dio e terror. Julgo que os eleitores espanh�is ao derrotar o PP e a sua pol�tica de guerra, tamb�m querem uma pol�tica verdadeira, pela paz e n�o pela escalada do �dio e da viol�ncia. E isso � mais importante que os olhos da Al Qaida, pois que a luta contra aquela � com o afastamento dos motivos que leva os �rabes a acreditar naqueles fan�ticos.� (Carlos Teles) �Em rela��o �s elei��es espanholas, a TSF, com toda a imparcialidade, apresenta online o titulo "Rebeli�o Democr�tica". Mas a �nica rebeli�o que vi, foi a da inacredit�vel e provocadora manifesta��o ilegal � porta do PP em pleno dia de reflex�o. E que a ver pelos len�os se percebia perfeitamente de onde vinha. Democr�tica e com sentido de estado foi a atitude do governo de Aznar, que se limitou a conter uma manifesta��o ilegal e hostil em prejuizo do seu partido.� (Jo�o Santos Lima) �Desconhe�o, tal como JPP presumo, as "fontes cir�rgicas� da Cadena Ser, n�o defendo o recurso sistem�tico a fontes an�nimas, mas de algumas coisas sei, porque ouvi, li e vi durante os �ltimos dias: - O mesmo governo espanhol que desmentiu todas as informa��es avan�adas em primeira-m�o pela Cadena Ser foi o mesmo que, mais tarde e paradoxalmente, as confirmou nas confer�ncias de imprensa. - A Cadena Ser foi um dos poucos meios de comunica��o social espanh�is que foi isento na cobertura dos atentados porque nunca descartou nenhuma das duas hip�teses sobre a autoria dos atentados. Olhou sempre para os dois lados, nunca pendeu s� para a ETA ou s� para a Al-Qaeda. N�o foi perme�vel �s press�es e manipula��es do governo espanhol sobre os media espanh�is, preferiu transmitir os factos e recusou retransmitir a �verdade oficial� do governo espanhol que insistia na tese da ETA cego aos ind�cios e factos que, aos poucos, surgiam. Por tudo isto foi acusada de ser �suspeita�. A cobertura dos acontecimentos entre os canais que acompanhei � a p�blica e controlada TVE (TVE 1 e 2 e o Canal de informa��o 24 Horas), a privada e pr�xima do PP Antena 3 e o canal auton�mico Canal Sur - foi claramente tendenciosa relativamente � cobertura do jornal El Pais, da r�dio Cadena Ser e das televis�es Tele 5 e CNN+. O esfor�o de isen��o da Cadena Ser, e dos outros meios, deveria ser aplaudido por JPP que sempre olha com desconfian�a para os media e para os jornalistas. Ou ser� que a necessidade de �incuba��o� da informa��o deveria ter falado mais alto?� Ourives-da-coroa
17:28
(JPP)
Se a rejei��o da pol�tica externa espanhola de apoio � coliga��o no Iraque fosse determinante no sentido de voto, o PP n�o estaria � frente das sondagens, antes dos atentados.
13:11
(JPP)
![]() Nota de Afonso Neves em Raz�o das Coisas Artigo colocado no Estaleiro Miguel Alves aconselha artigo de Lu�s Meana �La furia de la Historia�, em La Opinion, A Coru�a Digital Nota de Luis Novais Weblog "Achei oportuno e interessante o excerto que publicou do livro "Impasses". Parece-me que descreve um sentimento, ou ser� mais correcto falar em atitude, subjacente � nossa vida no Ocidente e que n�o � f�cil nem de perceber nem de descrever. Ao tentar "agarr�-lo" levantam uma quest�o que deve j� estar (quanto mais n�o seja desde o 11 de Setembro) na cabe�a de algumas pessoas: avaliar-se-� o que significaria o Ocidente desaparecer?. Esta pergunta, face aos acontecimentos recentes em Madrid, e a todos os outros que o antecederam, merece aten��o e pondera��o. Ser� que o desaparecimento da nossa sociedade Ocidental �, a mais ou menos longo prazo, e sem que o desejemos, prov�vel ou poss�vel? S� perante uma s�ria reflex�o sobre as nossas fragilidades (que por vezes e paradoxalmente s�o tamb�m a nossa for�a) poderemos encontrar a garantia da sobreviv�ncia, a longo prazo, das democracias. H� quem considere que estamos em guerra. Uma guerra n�o convencional, que requer uma renova��o na forma de pensar, na estrat�gia, na forma��o e nos meios para defender e eventualmente atacar. O leitor Rui Silva (ver texto do post das 13h11m) consciente desta necessidade de reflex�o prop�e inteligencia, vigor e uma nova ideia de universalidade. Estes instrumentos, sem querer negar a sua import�ncia, parecem-me um pouco e dif�ceis de concretizar. O que ser� uma nova ideia de universalidade num mundo em que, e s� para dar um exemplo, A Declara��o Universal dos Direitos Humanos, est� longe de ser aceite no terreno, � contestada e posta em causa por se dizer servir os interesses do Ocidente? " (Joana Pereira de Castro) "Antes de mais, quero afirmar que tenho pelo JPP uma grande considera��o pessoal e intelectual. Dito isto, num recente artigo no Abrupto, JPP refere: �Mas h� outros olhos a ver o que aconteceu e esses olhos n�o v�em o mesmo que eu vejo. Esses olhos s�o os da Al Qaida, quer tenham sido eles a fazer o atentado ou n�o. E o que eles v�em � inquietante e perigoso. V�em a bomba ter resultados que lhes conv�m, v�em o terror a dar resultados pol�ticos. Eles n�o v�o fazer a distin��o entre as culpas do PP e os m�ritos da bomba. Eles s�o gente mais pragm�tica do que parece, ponderam as vantagens e inconvenientes de repetir a bomba, onde e como. � s� uma quest�o de tempo.� Sempre me ensinaram, que em Democracia, o povo tem sempre raz�o. N�o fica muito bem ao JPP arranjar desculpas. O que, ali�s, � contradit�rio com a sua escola de esquerda." (Humberto Coelho) "Se os espanhois votassem em massa no PP para contrariar aquilo que se pensa ser a vontade dos terroristas (e, consequentemente, para evitar que estes repitam a "f�rmula" por a acharem resultar), n�o seria tamb�m uma forma de condicionamento, de ced�ncia?; devemos votar � direita por, � partida, isso incomodar mais os terroristas? O dr. Pacheco Pereira denuncia muito a m� f� de alguma esquerda -- que concordo que existe --, mas, de caminho, vai colando todos os interesses terroristas a ela, insistindo em associ�-los, coment�rio ap�s coment�rio: n�o � tamb�m uma forma de m� f�? Assim de repente, vem-me � mem�ria a primeira elei��o do presidente Sampaio e as amea�as do dr Pacheco Pererira, durante a campanha: que, caso a esquerda ganhasse, seria a chegada da intoler�ncia, carregando em tom alarmista e tr�gico as suspeitas, como se o dr. Sampaio fosse algum desconhecido de curriculo sinistro, desviado e desviante -- at� os pol�ticos s�o pessoas e merecem ser tratados como tal. Ningu�m tem o monop�lio da m� f� nem da independ�ncia pol�tica; e o dr. Pacheco Pereira, naturalmente, apesar de ter um bocadinho de uma e doutra, tamb�m n�o." (Ant�nio G.) �A grande quest�o � a de saber se houve ou n�o manipula��o da informa��o, ou gest�o abusiva da mesma, por parte do PP. � que, se n�o houve, o poder de influenciar as elei��es n�o foi tanto das bombas mas sobretudo dos media que constru�ram e sustentaram essa ideia. E, sinceramente, n�o sei qual das hip�teses � a pior. J� se sabia que os media tinham o poder de influenciar o voto, mas, a ser falsa a ideia de manipula��o da informa��o, nunca at� ontem tinham ido t�o longe.� (Eduardo Nogueira Pinto) �Se percebo a l�gica da sua preocupa��o, em "Olhos", os eleitores deveriam ter votado maioritariamente no PP, de modo a que os resultados n�o tivessem sido os que a Al Qaeda pretendia. Bom, mas se tivessem votado no PP por esse motivo, n�o deixariam de ter tomado uma op��o condicionados pelos terroristas, n�o � verdade? Ou ser� que o �nico voto livre s� poderia ter sido no PP?� (Pedro Soares) �N�o�N�o.., � horr�vel e angustiante saber que os terroristas venceram e eles t�m consci�ncia disso e isto � realmente a bola de neve que lhe referi ontem. O problema central e mais pernicioso � a sede de poder, do governo espanhol, querer manter o poder, escondendo fontes e deu um atestado de infantilidade ao povo espanhol, j� o tinha feito com a Guerra do Iraque. Se fosse o governo espanhol que fosse para a guerra, �ptimo, eram eles que sofriam as consequ�ncias, mas � o povo que t�m que escolher se o governo vai para a guerra, porque s�o eles as vitimas dessa escolha. T�m de haver uni�o para combater o terrorismo, o jogo de poder, s� vem provocar mais sede de poder e esta sede doentia gera viol�ncia. Al�m disso, n�o haver� estrat�gias inteligentes de combater o terrorismo que n�o a guerra?!!!!... deve haver de certeza, quando os homens tiverem uma alma superior aos dos terroristas, e esquecerem a vit�ria como um fim em si mesmo, e se convencerem que o mais importante � ajudaram a criar um mundo melhor.� (Irene) �A prop�sito da afirma��o de Zapatero sobre a retirada de tropas espanholas do Iraque - Muito mais que o horror de 200 mortos e 1400 feridos assusta-me que a actua��o terrorista decida elei��es legislativas, op��es pol�ticas e decis�es estrat�gicas.� (Jo�o Melo) "O seu �posted� Olhos � muito curioso. � curioso porque deixa uma d�vida no ar. Como devem as Democracias do tipo Ocidental, representadas pelos Governos leg�timos, comportar-se na sua Gest�o da �coisa p�blica�? - Governar para evitar as �bombas�, cedendo nos seus declarados princ�pios, para n�o provocar a �ira� dos terroristas? - Governar para evitar as �bombas�, n�o cedendo nos seus declarados princ�pios, arriscando-se a provocar a �ira� dos terroristas? - Governar para evitar as �bombas�, analisando friamente todas as situa��es e procurando a melhor solu��o para o pa�s, esquecendo talvez, os restantes membros da comunidade internacional? O terrorismo est� a�, como de resto sempre esteve, tenham os seus autores o nome que tiverem. Agora talvez mais � escala planet�ria. Li, algures, que �Estamos em guerra� relativamente a esta dita nova situa��o. N�o concordo. A guerra, no seu aspecto b�lico de armas, movimenta��es maci�as de homens e materiais, num confronto entre estados parece, nada leva a lado nenhum. Estamos sim no in�cio dum grande per�odo de reflex�o universal (nomeadamente no Ocidente), de como fazer face a este problema. Se ser� com guerra, duvido. Mas ser�, isso sim, com intelig�ncia, com vigor e, mais importante com uma nova ideia de universalidade e, porque n�o de ecumenismo. Cumpre aos poderes institu�dos descobri-la. Este � o desafio �s sociedades modernas. Saberemos encontrar a resposta?" (Rui Silva) "A guerra civil espanhola, que antecedeu a II Guerra Mundial, foi utilizada por algumas das fac��es que viriam a estar em confronto - com grande destaque para a Alemanha - como um laborat�rio de ensaio para o confronto que se avizinhava. Nela, foram experimentadas algumas estrat�gias in�ditas na altura, como o bombardeamento massivo de cidades, de que Guernica foi um exemplo tristemente c�lebre imortalizado por uma obra-prima de Picasso. A vit�ria das tropas leais a Franco, fortemente apoiadas por for�as a�rea alem�s, serviu para aumentar a moral dos ex�rcitos desse pa�s, em v�speras de se lan�arem num conflito em grande escala. A Al-Qaida, ao que tudo indica, executou um espectacular atentado em Madrid em v�speras de elei��es, do qual resultaram 200 mortos. Dias depois, a popula��o acorreu em massa �s urnas, tendo derrotado o partido do governo (que sempre teve um discurso duro perante o terrorismo) e elegendo um partido com uma postura mais branda. Numa primeira leitura, � compreens�vel esta atitude da popula��o. H� a percep��o de que, quanto maior a firmeza demonstrada, mais facilmente nos convertemos em alvo. E ningu�m gosta de ser alvo do terrorismo. O problema � que n�o estamos nesta guerra porque queremos. N�o fomos n�s que a come�amos. Veio ter connosco. E tenho d�vidas de que a possamos evitar, ignorando-a. Passe as dist�ncias, e as diferen�as entre os tipos de conflito, faz lembrar os anos que antecederam a segunda guerra mundial. Quando ningu�m se preocupava muito por Hitler estar a armar-se at� aos dentes e a opini�o p�blica inglesa considerava Churchill um perigoso militarista. E quando Chamberlain assinava acordos de paz com Hitler, que garantiam a "paz no nosso tempo". Foi o que se viu. Desta vez, com um brutal atentado realizado em v�speras de elei��es, poderemos ser levados a pensar que a Al-Qaida influenciou o seu resultado, dando a vit�ria a uma for�a pol�tica que lhe � menos hostil. Fica-se, desde logo, a recear o pior para as elei��es presidenciais americanas, que ter�o lugar no final do ano. E a sensa��o de que as elei��es em Espanha marcaram um ponto de viragem na guerra contra o terrorismo, de consequ�ncias imprevis�veis." (Ricardo Prata)
12:12
(JPP)
Seria bom que o novo governo do PSOE, ou o novo parlamento, esclarecesse a sequ�ncia fidedigna de informa��es que chegavam ao governo, se houve ou n�o raz�es operacionais para n�o divulgar algumas, se houve ou n�o manipula��o pol�tica na utiliza��o ou sonega��o de dados pelo governo, que informa��es foram dadas e em que tempo real ao l�der da oposi��o, qual o grau de consultas m�tuas, como e quando foram decididas as confer�ncias de imprensa e outras declara��es de respons�veis governativos, que instru��es foram dadas � investiga��o, que certezas ou incertezas foram transmitidas pelos servi�os de informa��o e pela pol�cia ao governo. Se n�o, ficamos com as "fontes" cir�rgicas da Cadena Ser, ou com a sensa��o de manipula��o do PP. Esclarecer, para o ar ficar mais limpo.
12:03
(JPP)
Por raz�es que facilmente se compreendem, estou a receber muitos textos para publica��o. � minha inten��o faz�-lo, com ampla variedade de pontos de vista, com o crit�rio habitual: ajudarem � discuss�o. Mas, quanto mais curtos os textos, mais prov�vel � a publica��o.
11:15
(JPP)
Aos meus olhos, as elei��es espanholas s�o elei��es, momentos em que se materializa a vontade �ltima de quem manda em democracia. Mandaram embora o PP, deram a vit�ria ao PSOE, penalizaram o que quiseram penalizar, premiaram o que quiseram premiar. Essa vontade �, para um democrata, sempre impoluta, desde que haja liberdade nas elei��es, como houve. ![]() Mas h� outros olhos a ver o que aconteceu, e esses olhos n�o v�em o mesmo que eu vejo. Esses olhos s�o os da Al Qaida, quer tenham sido eles a fazer o atentado ou n�o. E o que eles v�em � inquietante e perigoso. V�em a bomba ter resultados que lhes conv�m, v�em o terror a dar resultados pol�ticos. Eles n�o v�o fazer a distin��o entre as culpas do PP e os m�ritos da bomba. Eles s�o gente mais pragm�tica do que parece, ponderam as vantagens e inconvenientes de repetir a bomba, onde e como. � s� uma quest�o de tempo.
10:55
(JPP)
Hoje, h� dois mil e quarenta e oito anos, cumpriram-se os Idos de Mar�o. Os conspiradores, dirigidos por Marcus Junius Brutus, Caius Cassius Longinus, Publius Servilius Casca e Lucius Tillius Cimber, mataram � punhalada Caius Julius C�sar. Supostamente um crime de estado, pelo estado, contra o ditador. ![]() A um deles, seu dilecto, C�sar, caindo, falou em grego: �Tamb�m tu�. Tamb�m ele.
10:52
(JPP)
"o povo � quem mais ordena. � t�o simples como isto e, antes de ficar complicado, deve continuar assim simples." Mas n�o � assim t�o simples. A n�o ser num estado permanentemente revolucion�rio. Porque a democracia n�o � a vontade das massas, antes o voto de todos os cidad�os. A vontade expressa, para ser soberana, tem de ter regras, que nos livrem dos populismos de extrema-direita e extrema-esquerda. Sem essas regras porque n�o governar por sondagens, ou pela for�a de manifesta��es de rua? O voto foi feito e o novo governo eleito. Tudo legitimamente. Mas n�o foi simples, nem sequer normal. DBH (No Quinto dos Imp�rios) A inesperada vit�ria do PSOE foi, em certa medida, um facto bom para Democracia. J� dizia, salvo erro, Salazar: em pol�tica o que parece �. Ora, o que pareceu no p�s-atentado � que houve uma �gest�o dos mortos� por parte do PP. Certamente isto � muito injusto, pelo menos, para muitos dos seus dirigentes. Mas foi o que efectivamente pareceu. Se num primeir�ssimo momento era l�gica a pista ETA, insistir nela, nos moldes em que foi feito desde ent�o, at� pareceu um �acto falhado� da express�o de um inconfess�vel desejo m�rbido (passe o terr�vel exagero�). S� que, perante a selvagem trag�dia, as gentes perceberam que uma coisa era a amea�a do �terrorismo paroquial� etarra, outra a amea�a do �mega-terrorismo� global da Al-Qaeda. Instintivamente, saber esta verdade tornou-se-lhes crucial. Preso aos seus inimigos de estima��o, o PP n�o soube ter o rasgo estrat�gico: detectar a nova amea�a e dispor-se na primeira linha para o combate � era, ali�s, quem estava em melhores condi��es para o fazer! (� nestas e noutras que se notam ainda alguns tiques de lastro �franquista�). Sob este ponto de vista, o castigo eleitoral a que acabou por ser submetido � uma vit�ria da cidadania e da viv�ncia democr�tica � se quem nos poderia garantir mais seguran�a perante esta amea�a, cobardemente, n�o a reconhece, nem a assume, pois, vamos dar oportunidade a quem nos diz ter podido evit�-la. Por�m, o poder nas m�os da esquerda, sobretudo, desta esquerda �dialogante� e politicamente correcta � assustador por muitas raz�es � a come�ar pela economia. L� vem a �marcha � r� num saud�vel e equilibrado processo de liberaliza��o e competitividade. Para o mundo � p�ssimo. Retirados os soldados espanh�is do Iraque, fica dada o mote � para o resto da Europa. Em vez da mobiliza��o para a guerra ao mega-terrorismo, o que temos, � a ign�bil cobardia. Os �barbudos � de Carachi e quejandos anotar�o devidamente o �xito da coisa, ou seja, do �xito da chantagem do terror e o crescente isolamento dos EUA. O eleitorado espanhol imagina, por agora, que uma inflex�o pacifista pode evitar futuras barb�ries. Deus queira que esteja certo, embora a Hist�ria nos diga que n�o. (Edmundo Tavares) O resultado das elei��es em Espanha vieram demonstrar o perigo que h� em p�r no mesmo plano o combate pol�tico interno nas democr�ticas e a discuss�o sobre como melhor combater o fen�meno do terrorismo a n�vel global. Assiste-se assim a uma estranha e involunt�ria alian�a entre correntes pol�ticas de matriz Marxista que persistem numa boa parte da esquerda, e o fundamentalismo Isl�mico. Segundo a doutrina Marxista, uma vis�o do homem assente na ideia de que � nascen�a arrancamos dum zero, sendo por isso ele essencialmente um produto da sociedade � aliada � ideia de que o mundo p�s revolu��o francesa se divide basicamente entre exploradores e explorados, assumindo como verdade �cientifica� que se h� pobres e fracos, � por culpa de haver outros que s�o ricos e fortes, conduz logicamente � conclus�o de que se h� males no mundo � e nisso todos estamos de acordo � eles s�o uma consequ�ncia directa do sistema pol�tico em vigor. O que actualmente e � escala global significa a total responsabilidade dos pa�ses ricos, com os EU � cabe�a, perante as desgra�as do mundo. � neste contexto que a referida esquerda, mesmo condenando o m�todo terrorista, a entende como uma reac��o desesperada de pobres e oprimidos contra os seus exploradores. E � neste contexto que essa esquerda entende uma pol�tica activa em rela��o ao terrorismo como uma manifesta��o oportunista do �explorador�. Bin-Laden n�o � um desesperado. Bin-Laden, lucidamente procura for�ar o devir do �seu� mundo, independentemente da vontade daqueles que diz representar e legitimando-se na mis�ria do �seu� povo e na sua natural aspira��o a uma exist�ncia digna. E nesta �ltima parte encontra resson�ncia no sentimento da referida esquerda. Por outro lado, supondo que ainda est� no prazo a profecia marxista, a esquerda em quest�o n�o pode deixar de ver no fen�meno Al-Qaeda um agente da Hist�ria, gerado pelo pr�prio Capitalismo e conducente � sua auto-destrui��o tal como estava escrito. N�o estou a sugerir de forma alguma a exist�ncia de uma qualquer estrat�gia concertada entre a esquerda e o fundamentalismo isl�mico. Mas n�o tenho d�vida que ambos beneficiam com as ac��es um do outro, pela simples raz�o de que o inimigo � em muitos aspectos o mesmo. E se no caso da esquerda acredito que a coisa seja puramente acidental, j� no caso dos fundamentalistas desconfio fazer parte de uma estrat�gia que instrumentaliza esta esquerda, como parece indicar o timing do atentado de Madrid. Em termos operacionais, uma retira espanhola do Iraque n�o tem qualquer peso. O perigo aqui � que os terroristas se conven�am de que com outros 3/11 conseguem determinar decis�es pol�ticas em benef�cio pr�prio. Ou seja, que o terrorismo funciona, e que a esquerda na sua obsess�o anti-capitalista e anti-americana ajude � festa. (Jo�o Santos Lima)
09:01
(JPP)
Poucos poemas v�o mais longe na vis�o, no sentido divinat�rio de um mundo dominado pelas trevas, as trevas ancestrais, as trevas da morte. Foi-me sugerido por Jo�o Costa, na sequ�ncia do terror espanhol, e eu hesitei em public�-lo, quer pela sua extens�o, quer pelo facto de estar em ingl�s. N�o sei se existe uma tradu��o portuguesa, mas tentarei encontrar uma, ou procurar que haja uma, para quem n�o l� ingl�s. Mas, ao rel�-lo outra vez, no seu f�lego quase metaf�sico, pareceu-me imposs�vel n�o o publicar: �Darkness had no need / Of aid from them--She was the Universe.� Darkness I had a dream, which was not all a dream. The bright sun was extinguish'd, and the stars Did wander darkling in the eternal space, Rayless, and pathless, and the icy earth Swung blind and blackening in the moonless air; Morn came and went--and came, and brought no day, And men forgot their passions in the dread Of this their desolation; and all hearts Were chill'd into a selfish prayer for light: And they did live by watchfires--and the thrones, The palaces of crowned kings--the huts, The habitations of all things which dwell, Were burnt for beacons; cities were consum'd, And men were gather'd round their blazing homes To look once more into each other's face; Happy were those who dwelt within the eye Of the volcanos, and their mountain-torch: A fearful hope was all the world contain'd; Forests were set on fire--but hour by hour They fell and faded--and the crackling trunks Extinguish'd with a crash--and all was black. The brows of men by the despairing light Wore an unearthly aspect, as by fits The flashes fell upon them; some lay down And hid their eyes and wept; and some did rest Their chins upon their clenched hands, and smil'd; And others hurried to and fro, and fed Their funeral piles with fuel, and look'd up With mad disquietude on the dull sky, The pall of a past world; and then again With curses cast them down upon the dust, And gnash'd their teeth and howl'd: the wild birds shriek'd And, terrified, did flutter on the ground, And flap their useless wings; the wildest brutes Came tame and tremulous; and vipers crawl'd And twin'd themselves among the multitude, Hissing, but stingless--they were slain for food. And War, which for a moment was no more, Did glut himself again: a meal was bought With blood, and each sate sullenly apart Gorging himself in gloom: no love was left; All earth was but one thought--and that was death Immediate and inglorious; and the pang Of famine fed upon all entrails--men Died, and their bones were tombless as their flesh; The meagre by the meagre were devour'd, Even dogs assail'd their masters, all save one, And he was faithful to a corse, and kept The birds and beasts and famish'd men at bay, Till hunger clung them, or the dropping dead Lur'd their lank jaws; himself sought out no food, But with a piteous and perpetual moan, And a quick desolate cry, licking the hand Which answer'd not with a caress--he died. The crowd was famish'd by degrees; but two Of an enormous city did survive, And they were enemies: they met beside The dying embers of an altar-place Where had been heap'd a mass of holy things For an unholy usage; they rak'd up, And shivering scrap'd with their cold skeleton hands The feeble ashes, and their feeble breath Blew for a little life, and made a flame Which was a mockery; then they lifted up Their eyes as it grew lighter, and beheld Each other's aspects--saw, and shriek'd, and died-- Even of their mutual hideousness they died, Unknowing who he was upon whose brow Famine had written Fiend. The world was void, The populous and the powerful was a lump, Seasonless, herbless, treeless, manless, lifeless-- A lump of death--a chaos of hard clay. The rivers, lakes and ocean all stood still, And nothing stirr'd within their silent depths; Ships sailorless lay rotting on the sea, And their masts fell down piecemeal: as they dropp'd They slept on the abyss without a surge-- The waves were dead; the tides were in their grave, The moon, their mistress, had expir'd before; The winds were wither'd in the stagnant air, And the clouds perish'd; Darkness had no need Of aid from them--She was the Universe. (George Gordon, Lord Byron)
08:48
(JPP)
o povo � quem mais ordena. � t�o simples como isto e, antes de ficar complicado, deve continuar assim simples. 14.3.04
09:47
(JPP)
Hoje, h� oitenta e tr�s anos, Virg�nia Woolf acordava com a mesma d�vida de ontem: tornar-se-ia Eliot, T.S. ,�Tom�, uma figura amig�vel e familiar? Jantara com ele na v�spera e Eliot estava sozinho porque a sua mulher estava doente. �O que � que acontece com as amizades iniciadas aos quarenta anos? Ser� que se desenvolvem e duram? � Talvez. Ela tinha uma �good mind� e �Tom� tamb�m. Mas �Tom� n�o gostava do que ela escrevia. �Damn him�. Nada que duas colunas laudat�rias sobre The Years no Observer n�o curassem. (Continua)
09:21
(JPP)
Epitalamio B�rbaro A Lugones. El alba a�n no aparece en su gloria de oro. Canta el mar con la m�sica de sus ninfas en coro y el aliento del campo se va cuajando en bruma. Teje la n�yade el encaje de su espuma y el bosque inicia el himno de sus flautas de pluma. Es el momento en que el salvaje caballero se ve pasar. La tribu a�lla y el ligero caballo es un rel�mpago, veloz como una idea. A su paso, asustada, se para la marea. La n�yade interrumpe la labor que ejecuta y el director del bosque detiene la batuta. ��Qu� pasa?�desde el lecho pregunta Venus bella. Y Apolo: �Es Sagitario que ha robado una estrella. (Rub�n Dar�o) * Bom dia! 13.3.04
17:11
(JPP)
O facto de ser a Al-Qaeda �, em termos de c�lculo pol�tico imediato, embara�oso para o PP. Contudo, s� lhe vem dar raz�o quanto a uma corajosa op��o estrat�gica, em contra-corrente com o sentir da opini�o p�blica: a de se ter posto decididamente ao lado dos EUA. Ali�s, mesmo, em rela��o � ETA, ao fim e ao cabo, ningu�m poder� negar a validade e consist�ncia da pol�tica que o PP tem sustentado, pelos resultados que est�o � vista (desarticula��o e crescente inoper�ncia). Mas o que agora se apresenta como dado pol�tico relevante transcende a Espanha e diz respeito tamb�m a todos n�s: a confirma��o da (inc�moda) evid�ncia de que �Estamos em Guerra!� (naturalmente, um diferente tipo de guerra). Isto � o essencial � tudo o mais � acess�rio. Ou seja, se posso ter (e tenho� e tenho!) diverg�ncias t�cticas em rela��o � �Opera��o Iraque�, n�o tenho diverg�ncias em rela��o � op��o estrat�gica. Os EUA e o mundo democr�tico est�o em guerra com �Eles�, quer queiramos ou n�o�. Pelo menos �Eles � est�o em guerra connosco e, pelo menos tamb�m, os EUA j� perceberam que est�o em guerra� Esta barb�rie de Madrid vai fazer sentir, finalmente, este dilema � Europa. (Edmundo Tavares)
12:59
(JPP)
![]() �O livro que aqui chega ao fim respondeu a um sentimento de pasmo e exaspera��o, provocado pela m�-f� e a sem cerim�nia com a verdade que nos � dado presenciar desde o 11 de Setembro e singularmente a prop�sito da guerra do Iraque. Com relentos de fealdades que se poderia esperar estarem definitivamente para tr�s de n�s, tal um requentado anti-semitismo popular cujas ra�zes v�o ate a Idade Media cat�lica. Foi-nos dado perceber que o judeu ainda � o povo deicida, os deuses � que mudaram. Julgamos compreender tamb�m que as reac��es epid�rmicas a actualidade encobrem outras coisas, ou uma s� coisa, que Nietzsche diagnosticou com o nome de niilismo, e que temos chamado falta de confian�a. A nossa convic��o � de que o niilismo e seus efeitos letais n�o t�m raz�o de ser. Uma personalidade medi�tica p�de anunciar, lemo-lo, que o mundo est� farto do Ocidente e, pior, o Ocidente est� farto de si. A defini��o do niilismo � isto mesmo. Ao escrever este livro, damo-nos conta de que esta proposi��o � meio-errada, meio-verdadeira. E certo que uma parte da intelligentzia europeia e suas rel�s rnedi�ticas, e alguma juventude, est�o fatigadas, n�o se sabe bem de qu� (avaliar-se-� o que significaria o Ocidente desaparecer?), nem porqu� (conhece-se melhor?). N�o se percebe sequer o que se tem em vista (que � estar farto?). Mas, seja como for, est�o cansadas, manifestamente. Felizmente, um abismo separa o discurso medi�tico do homem da rua, que nao � o manifestante pacifista, e do planeta, que quer sobreviver e desenvolver-se. �
10:17
(JPP)
![]() Na conclus�o da pe�a, e apesar das afirma��es dos populares, o jornalista conclui que era importante para o resultado das elei��es de Domingo saber se o atentado tinha sido perpetrado pela ETA ou pela Al-Qaida, supostamente em retalia��o da participa��o espanhola na guerra contra o terror ao lado de George W. Bush. Infelizmente - segundo afirmou com uma certa ironia -, provavelmente n�o se saber� a resposta a esta quest�o antes das elei��es. S� fico satisfeito por os resultados das elei��es espanholas, ou noutros cantos do globo, n�o serem decididas pelos jornalistas portugueses... (Ricardo Prata) N�o me deixa de parecer incr�vel toda a politiza��o que se seguiu ao atentado entre ETA vs Al Qaeda e PP vs PSOE, como se de um jogo de futebol se tratasse, sem que haja uma clara objectividade na an�lise dos factos. (o que desde j� lhe felicito por ter sido dos �nicos a t�-la e ter criticado um pseudo terrorismo de primeira e um de segunda, um aceit�vel e outro n�o aceit�vel) Factos: 1) Neste �ltimos 4 meses a ETA tentou provocar 2 atentados em Madrid; no dia 24 de Dezembro a policia espanhola interceptou um etarra que entrava num comboio com destino a Madrid com 25kg de explosivos; logo ap�s um segundo etarra foi preso por ter deixado 20kg de explosivos no mesmo comboio (ambas preparadas para serem detonadas 20 minutos ap�s a chegada do comboio) 2) No dia 26 de Dezembro, 2 bombas foram descobertas em linhas-f�rreas gra�as a deten��o de �susper�, um dos l�deres da organiza��o. 3) Em Fevereiro de 2004 uma camioneta com 500kg de clorato, 50kg de dinamite e 90 metros de cabo detonador foi encontrada a 200km de Madrid; Dias antes outra camioneta com 35 kg de explosivos e v�rios detonadores foi encontrada no sul de Fran�a juntamente com dois �prestigiosos� etarras. 4) 13 de Maio atentado em Casablanca provoca 41 mortos, um dos alvos principais � a prestigiada casa de espa�a. Especialistas dos servi�os de intelig�ncia Francesa e Espanhola declararam que um atentado em Marrocos teria por significado que a Europa estaria na primeira linha de um pr�ximo atentado. 5) O CESID (equivalente ao nosso SIEDM) da conta da infiltra��o de v�rios grupos islamicos em Espanha, que beneficiam da especial aten��o dada a ETA, para prosperarem e criarem extruturas na �rea da pequena criminalidade, propaganda e recrutamento. 6) Em alguns textos amea�adores atr�buidos a Al-Qaeda a Espanha fora citada, tal como outros aliados dos Estados Unidos da America. 7) O canal TF1, no jornal da noite ap�s o atentado, d� como noticia a exist�ncia de contactos nos ultimos dois anos entre a Al-Qaeda, a ETA e o IRA. Especula��o? Possivel realidade? (Philippe Raingeard de La Bl�ti�re) O caso de Madrid, o drama terr�vel vivido, tem suscitado um debate apaixonado mas n�o isento dum certo ar tendencioso. Sobre quem foi o autor(s) ou organiza��o(s) do hediondo acto tem, naturalmente, interesse para a investiga��o e, eventuais tomadas de medidas que permitam punir e prevenir repeti��es, se tal for poss�vel. Contudo, extrapolar essa especula��o para considerandos pol�ticos, parece-me, um desrespeito completo pelas consequ�ncias do acto. Estamos a falar de pessoas, que morreram ou ficaram feridos, sem saber porqu�, sem descortinarem o motivo porque foram t�o barbaramente punidos. Aqui e agora, como no 11 de Setembro de Nova Iorque, como nos ataques suicidas em Jerusal�m ou em Telavive, como no Holocausto, como no Qu�nia, como em Moscovo, como em qualquer outro lado. A morte parece ser, nestes casos um acto gratuito, sem consequ�ncias que n�o sejam a dor de quem os sofre. Fale-se, isso sim, das pessoas que foram vitimas, do que est� e vai ser feito em rela��o a elas. (Rui Silva)
09:17
(JPP)
Pirata Pirata de mar y cielo, si no fui ya, lo ser�. Si no rob� la aurora de los mares, si no la rob�, ya la robar�. Pirata de cielo y mar, sobre un cazatorpederos, con seis fuertes marineros, alternos, de tres en tres. Si no rob� la aurora de los cielos, si no la rob�, ya la robar�. (Rafael Alberti) * Bom dia! 12.3.04
07:55
(JPP)
![]() �� certo que se fala cada vez mais num processo de degenera��o e descaracteriza��o da ETA, por via da crescente desarticula��o de comandos operacionais e decapita��o dos mentores pol�ticos. Assim jovens descontrolados e impreparados teriam sido largados num contexto em que imperava t�o-s� a �nsia de assinalar que a organiza��o ainda vive e� mata muito. Tal facto faria luz sobre a declara��o de tr�gua � Catalunha. Por�m� este atentado n�o cola com nenhum estilo etarra. Nem sequer se imagina que o caldo de cultura da �kale barroka� (agita��o juvenil das ruas das cidades bascas num contexto de uma cultura esquerdista tradicional), facilmente produziria jovens que se dispusessem a matar cegamente prolet�rios de sub�rbio, muitos deles imigrantes �sudacas� ou do �leste�, nem mesmo no maior desespero. Muito menos se imagina que dos velhos feudos irredut�veis do nacionalismo basco radical (ruralidade do leste de Vizcaya, de Guip�zcoa e Norte de Navarra, terras de arraigado �jesuitismo� e ultra-tradicionalismo) emergissem agora operacionais desligados de todos os sinais reconhec�veis da velha identidade. � claro que o �timing� (v�spera de elei��es gerais) � tipicamente etarra, mas h� tamb�m um outro �timing� sinistramente sugestivo: 11 de Mar�o (2 anos e meio ap�s o 11 de Setembro). Sim, se fosse mesmo a Al-Qaeda? O car�cter aleat�rio dos massivos danos humanos tem a marca apocal�tica do �terror puro� t�o cara aos fan�ticos wahabitas. Matar muito como o Deus irado do Velho Testamento com a devassid�o da modernidade debochada deste mundo que, definitivamente, se est� nas tintas para a virtude� em NY como em Madrid� (Sodoma e Gomorra). Ao contr�rio da hip�tese ETA, isto retiraria dividendos pol�ticos ao PP. A generalidade da popula��o espanhola � anti-americana e n�o viu com nenhuma simpatia a activa atitude pr�-americana de Aznar. Ou seja, a hip�tese ETA garante maioria absoluta para o PP e uma maior capacidade pol�tica para lidar com os crescentes desafios do nacionalismos catal�o e basco. Se foi a Al-Qaeda isso � uma m� not�cia para o Partido Popular. A Espanha profunda mobiliza-se contra a ETA, mas fica aturdida, desconcertada frente � Al-Qaeda.� 2� e-mail �� importante saber se foi a ETA ou a Al-Qaeda. � evidente que ambas s�o coisas abomin�veis � todo o terrorismo deve ser implacavelmente perseguido, sem tr�guas nem ced�ncias. Contudo, para a efic�cia dessa luta e defesa � fundamental compreender o que move cada tipo concreto de irracionalidade terrorista, o que pretende estrategicamente. � certo que h�, cada vez mais, uma esp�cie de nebulosa global de terrorismo � escala planet�ria que partilha m�todos e t�cnicas, directa e indirectamente, quanto mais n�o seja por emula��o de efeitos de magnitude (infla��o da escala de danos), Contudo, essa nebulosa comp�e-se de gente que, por diferentes raz�es e motiva��es, chegaram at� l�. � crucial entender essas raz�es e motiva��es. N�o � indiferente saber se as bombas foram levados por: - a) algu�m que se disp�s a morrer como m�rtir, depois de ter ouvido, com a necess�rio esp�rito piedoso, cita��es do Cor�o numa cassette : - b) algu�m que deixou uma bomba nos carris e um dia destes, numa aldeia do Pa�s Basco franc�s, se refastelar� pantagruelicamente entre copos de �txacoli� e �bacalao al pil pil�. (Edmundo Tavares) "Apesar de concordar com a maior parte do que escreveu esta manha sobre o Pais Basco, leio nas entrelinhas e no tom dos seus textos alguma animosidade endemica contra os Bascos. Nomeadamente quando escreve o seguinte: "uma lingua (o basco) que em muitos sitios do pais basco tinha praticamente desaparecido" Qual e' que e' o problema de o basco ter sido reabilitado em regioes em que praticamente tinha desaparecido? Obviamente que podemos discordar em relacao aos metodos utilizados, mas da maneira como o escreveu deixa a entender que seria positivo o basco desaparecer como lingua dominante desses sitios. Eu acho triste e' o desaparecimento de linguas regionais, nao e' a sua reabilitacao. Por exemplo, acho triste que na Alsacia, o alsaciano esteja a desaparecer a uma velocidade vertiginosa. Os jovens que conheci em Estrasburgo tinham vergonha de falar alsaciano, porque achavam que era uma lingua de velhos. E' isso que queria para o Pais Basco? E' que eu nao estou a ver uma pessoa universalista como o Bernard-Henri Levy a assinar um manifesto a pensar que o basco nao deveria ser reabilitado nos sitios em que o basco tinha praticamente desaparecido. Da mesma maneira que nem ele nem eu ficariamos contentes se o hebreu deixasse de ter expressao nos inumeros sitios de Israel onde o hebreu desapareceu em tempos. Num dos foruns da TSF em que se abordou o tema das reservas ecologicas, um ouvinte manifestava-se com alguma violencia contra as reservas, dizendo que so havia la passaros daqueles que ninguem nunca viu. O mesmo argumento ja foi utilizado em Portugal contra o patrimonio historico. Esta' degradado? E' pequeno? Sao poucos? Nao se ve? Entao manda-se tudo abaixo e constroi-se um predio com marquises de aluminio. Seguindo a mesma logica: os bascos sao poucos e chatos, o melhor e' por tudo a falar castelhano. E' ate' aqui que pode derrapar a sua argumentacao. Ou sera que interpretei mal a sua frase?" (Rui Curado Silva)
07:49
(JPP)
Aqui vai, cortesia de Rita Maltez, um fragmento do �Caderno de Caligraphia. Pertencente � menina Margarida Vict�ria q. lhe oferece o victorino nem�sio�, ao "rasgar da Bela Aurora" : �Tal o vigia de alba Soprando o corno medievo Avisa a malmaridada De regresso � decep��o, Entretendo a ins�nia, escrevo O poema que lhe devo Plo que os seus olhos me d�o. � alta a Torre sem sono Na Cidade polu�da, E eu penso que sou o dono Dos passos da escada alu�da. Ah! Quantos ter�o tocado Nela, na c�tara, aqui, Ao rasgar da Bela Aurora, Como eu, sequiosos de ti? Mas, de repente reparo Na escada inteira, ___ e ao dativo, A �ti� pergunto quem �s, Varrendo-te co a lanterna Da cabe�a at� aos p�s: Mulher? a Torre? O pronome De algu�m na morte? Ou sou eu O p�lido cavaleiro Que arranca longe, de l� De onde ningu�m tem not�cia, E sobe � Torre Onde morre A dona, e a car�cia De pai � essa a que faz? Mas n�o. Tudo isto � poesia E amor bem nosso, bem meus Os versos, e teus os bra�os Em que o cavaleiro jaz. Quanto � escada da Torre ____ Abateu: N�o mais C�r de Alba ou Vigia, Que o Cavaleiro sou eu.� (Victorino Nem�sio) 11.3.04
21:18
(JPP)
![]() a cratera onde o "Esp�rito" chegou. Em sua honra, cortesia de Paulo Agostinho, este Life On Mars? de David Bowie It's a god-awful small affair To the girl with the mousy hair But her mummy is yelling "No" And her daddy has told her to go But her friend is nowhere to be seen Now she walks through her sunken dream To the seat with the clearest view And she's hooked to the silver screen But the film is a saddening bore For she's lived it ten times or more She could spit in the eyes of fools As they ask her to focus on Sailors fighting in the dance hall Oh man! Look at those cavemen go It's the freakiest show Take a look at the Lawman Beating up the wrong guy Oh man! Wonder if he'll ever know He's in the best selling show Is there life on Mars? It's on Amerika's tortured brow That Mickey Mouse has grown up a cow Now the workers have struck for fame 'Cause Lennon's on sale again See the mice in their million hordes From Ibeza to the Norfolk Broads Rule Britannia is out of bounds To my mother, my dog, and clowns But the film is a saddening bore 'Cause I wrote it ten times or more It's about to be writ again As I ask you to focus on Sailors fighting in the dance hall Oh man! Look at those cavemen go It's the freakiest show Take a look at the Lawman Beating up the wrong guy Oh man! Wonder if he'll ever know He's in the best selling show Is there life on Mars?
18:24
(JPP)
![]() � o porta-voz do extinto Harri Batasuna, o bra�o legal da ETA, que atribuiu os atentados a grupos isl�micos. Este seria terrorismo �mau�, dos �rabes; o da ETA � que o Batasuna n�o condena � � bom. Ou seja, podem-se matar vinte, mas quase duzentos j� nos divide. S� por curiosidade, o porta-voz identificava-se como falando em nome da �Esquerda abertzale�, que a SIC Not�cias traduzia erradamente como �esquerda radical�. N�o cred�vel, como de costume, � o governo espanhol que aponta para a culpabilidade da ETA. Se calhar at� foi ele que fez o atentado para o PP ganhar as elei��es. (Pensam que inventei esta, ou a �forcei�? V�rios intervenientes no programa �Opini�o P�blica� na SIC Not�cias telefonaram para l� a dizer isso mesmo, e outras coisas t�picas da �m� f� que existe hoje no pensamento , denunciada, por exemplo, por Fernando Gil. Quase todos tamb�m estavam muito indignados por se dizer que a responsabilidade era da ETA. Interessante analisar porqu� este af� de desresponsabiliza��o.)
18:11
(JPP)
� da participa��o espanhola na coliga��o no Iraque. J� l� vamos chegar aos americanos.
16:19
(JPP)
O comunicado do BE tem tamb�m as mesmas ambiguidades das declara��es de Lou��: �o Bloco de Esquerda condena este acto criminoso e fascizante�. Ser� que um atentado do Hamas tamb�m � �fascizante�? E porque raz�o se acentua a ignor�ncia da autoria, sem nunca se mencionar, pelo menos, que este era o atentado que a ETA andava a tentar fazer, de h� umas semanas para c�? E porque raz�o nunca se fala da ETA? Ser� que o BE seria t�o cuidadoso com a autoria se o atentado parecesse ter origem em grupos neofascistas? * Queria que, se poss�vel, divulgasse o que se passou hoje no site do Bloco: segui o seu link para o indiz�vel comunicado do BE e fiz um coment�rio - nada de muito profundo ou pensado, apenas um desabafo. Era isto: "O Bloco continua na senda da vergonhosa justifica��o dos actos terroristas da ETA, do Hamas e companhia. A express�o fascizante apenas demonstra uma indescrit�vel hipocrisia ideol�gica." Minutos depois reparei que j� l� n�o estava. Apenas restavam uns coment�rios in�quos. Insisti. Voltei a inserir o meu texto e logo me retiravam do site. Escrevi depois coment�rios como: "n�o ser� esta uma atitude fascizante?"; "que tal um pouco de liberdade de express�o de esquerda" ou; "isto faz-me lembrar a censura pidesca, e a voc�s?". Instei-os inclusivamente a me responderem para o email pessoal que indiquei, algo que ainda n�o fizeram. (Gon�alo Mendes da Maia) * Fui verificar se de facto havia censura no site do Bloco por causa deste coment�rio que estava no Abrupto. N�o simpatizo com o Bloco mas censura tamb�m me parecia de mais e preparava-me para experimentar eu pr�prio. ;-) Mas afinal o tal coment�rio est� l�, em in�meras c�pias. Ser� que tinham retirado e voltaram a colocar? Ou foi apenas o leitor que n�o percebeu que havia v�rias p�ginas? (Tiago Azevedo Fernandes) NOTA : eu pr�prio estava a consultar o endere�o do BE quando li o coment�rio de GMM e pouco tempo depois vi que desaparecera. Por isso, n�o tienho d�vidas sobre esse facto. Depois a mensagem de GMM apareceu repetida at� � exaust�o, como se tivesse a ser enviada autom�ticamente. As raz�es porque isso se passa desconhe�o. mas a censura inicial existiu.
16:17
(JPP)
Foi ou n�o a ETA? Se calhar n�o foi. Se calhar foi uma �resist�ncia isl�mica�, um ramo da Al Qaida� Dej� vu. Come�ou, como nos dias a seguir ao 11 de Setembro, quando os americanos identificaram a Al Qaida como respons�vel. A discuss�o sobre se foi ou n�o a ETA tem dois aspectos: um operacional, muito importante, mas que n�o penso ser o que preocupa os que dizem que n�o foi a ETA; e um pol�tico. O pol�tico � muito simples. Se n�o foi a ETA, podia ter sido. Nos �ltimos meses, era exactamente um atentado deste tipo que a ETA tentava fazer. Grandes cargas explosivas, comboios. O que n�o se pode � transformar esta discuss�o numa esp�cie de desculpa da ETA, pensando: assim, com tantos mortos, indiscriminados, n�o podia ser a ETA, que tem objectivos pol�ticos e s� mata representantes do �estado espanhol�. Nada disto � verdade: a ETA j� fez atentados deste tipo. N�o foi a ETA, foi a Al Qaida. Bom, se n�o foi a ETA a respons�vel por este atentado, sublinho, ESTE atentado, ent�o estamos a entrar num dom�nio ainda mais perigoso: o do in�cio de atentados indiscriminados contra civis na Europa dos fundamentalistas mu�ulmanos.
15:33
(JPP)
Tinha que ser assim. Lou��, na Assembleia da Rep�blica, tinha que usar todos os exemplos errados, todos os exemplos com mensagem pol�tica expl�cita, no limite dizendo �vejam l� como a direita tamb�m faz disto�. Exemplos: Millan Astray e o �viva la muerte �, e o atentado de Bolonha atribu�do a neofascistas. Basta ver estes exemplos (nem um vindo do �outro lado�), para se perceber de onde � que Lou�� suspeita que o atentado veio. Os exemplos, as �nicas coisas materiais da sua interven��o, destinam-se exclusivamente a fazer passar a mensagem: �vejam l� que os culpados n�o est�o s� deste lado, mas de todos os lados�. Se calhar em lado nenhum.
12:23
(JPP)
![]() Insisto: era inevit�vel. A antropomorfiza��o das sondas marcianas continua a bom ritmo. Veja-se este fragmento do texto oficial da NASA: �But ignorance is bliss, and while Opportunity�s wheels had a hard time gaining traction on the sandy surface, the rover�s brain (or computer) had a hard time grasping that it hadn�t successfully made it to its target. The little rover didn�t have to encourage itself to make it up the crater slope later by chanting, �I think I can, I think I can,� because the little rover thought it actually did make it up the slope the first time. � �The little rover�, n�o �? Depois n�o digam que n�o h� ternura com as m�quinas. V�o ver, quando elas morrerem, ou melhor para o nosso desejo de imortalidade, quando invernarem, a tristeza que ir� por a�, e por aqui.
10:40
(JPP)
Amavelmente Foi ach�-la na pista e noutros bra�os... Mas, j� batido e sem escabrear-se, rosnou ao passar�o: "Pode raspar-se, que o homem n�o tem culpa nestes passos." E ap�s ficar a s�s com a garina, as sapatilhas pede e, pronto, nisto lhe diz como se nada houvesse visto: "vai tratar-me do mate, Catarina". A fulana l� vai e se acaga�a, e o m�nfio, saboreia uma fuma�a, e segue-a com gra�olas excitadas ... E logo, a beijocar-lhe a testa, rente, muito tranquilo, muito amavelmente, coseu-a a trinta e quatro punhaladas. (Iv�n Diez) (Tradu��o feita para o Abrupto. O original em castelhano, dobrado de argentinismos, est� no Abrupto de 9 de Mar�o, com o m�rito � divulgadora original do tango.)
10:23
(JPP)
![]() Dos arquivos do Abrupto, onde h� v�rias notas sobre a ETA, desde Maio de 2003, estas lembran�as. O manifesto que aqui se publica, apesar da not�ria apet�ncia dos intelectuais portugueses para assinar tudo, apesar de algumas tentativas para obter assinaturas portuguesas, apesar de apelos para protestos, aqui na blogosfera e na atmosfera, foi recebido com toda a indiferen�a. 1. Aunque Aunque los europeos ejercen el derecho constitucional de votar con saludable rutina democr�tica pocos imaginan que en un rinc�n de Europa el miedo y la verg�enza oprimen a los ciudadanos. Aunque la memoria del Holocausto sea honrada en Europa por el deseo de rehabilitar a las v�ctimas de la barbarie e impedir que el horror vuelva a cometerse, pocos europeos saben que hoy mismo en el Pa�s Vasco ciudadanos libres son injuriados y asesinados. Aunque parezca mentira: hoy los candidatos de los ciudadanos libres del Pa�s Vasco est�n condenados a muerte por los mercenarios de ETA y condenados a la humillaci�n por sus c�mplices nacionalistas. Aunque ciudadanos del Pa�s Vasco sean asesinados por sus ideas, y miles hayan sido mutilados o trastornados, los atentados se realizan y celebran en una penosa atm�sfera de impunidad moral propiciada por las instituciones nacionalistas y por la jerarqu�a cat�lica vasca. Aunque los partidos nacionalistas aprovechan las garant�as constitucionales de la democracia espa�ola, ciudadanos libres del Pa�s Vasco deben esconderse, disimular sus costumbres, omitir la direcci�n de su domicilio, pedir la protecci�n de escoltas y temer constantemente por su vida y la de sus familiares. Aunque sea frecuente la tentaci�n de ignorar lo que sucede, pedimos a los ciudadanos europeos que el pr�ximo 25 de mayo (d�a de las elecciones municipales en Espa�a) declaren el estado de indignaci�n general: en memoria de las v�ctimas que en el Pa�s Vasco mueren por la libertad, en honor de los que hoy mismo la defienden con el coraje que en un d�a no muy lejano conmover� a Europa. (los abajo firmantes) FIRMAS: Fernando Arrabal, Alfredo Bryce Echenique, Michael Burleigh, Paolo Flores d�Arcais, Jorge Edwards, Carlos Fuentes, Nadine Gordimer, G�nter Grass, Juan Goytisolo, Carlos Monsivais, Bernard- Henri L�vy, Paul Preston, Mario Vargas Llosa, Gianni Vattimo 2. De Maio 2003 PA�S BASCO Queria voltar � quest�o do Pa�s Basco. N�s estamos sempre prontos a apoiar as mais long�nquas das causas, particularmente as que s�o politicamente mais fortes e conhecidas e esquecemo-nos de que aqui perto h� uma parte de Espanha onde existe terror puro, viola��o das liberdades, opress�o violenta sobre algumas opini�es, uma sociedade que alguns partidos est�o a criar como opressiva. O problema n�o � apenas o terrorismo da ETA � o comportamento dos nacionalistas bascos que s�o maiorit�rios, controlam o sistema escolar, a administra��o, a televis�o e os �rg�os de comunica��o e usam-nos para manter um clima de intimida��o sobre os que consideram �espanholistas�. H� mil e uma formas como essa intimida��o funciona: afastando de cargos os que n�o sabem basco � uma l�ngua que em muitos s�tios do pa�s basco tinha praticamente desaparecido - , obrigando ilegalmente os eleitores a apresentarem um �cart�o de identidade basco�, identificando-os assim politicamente e intimidando quem vota, amea�ando comerciantes a pagar um �imposto�, usando as escolas para ensinar uma variante extremista e n�o rigorosa da �hist�ria basca� , etc., etc.. Eu participei por solidariedade nas ultimas elei��es bascas , onde pude testemunhar qual era a realidade da vida infernal dos meus colegas do Parlamento Europeu a terem que andar sempre com guarda-costas atr�s , sorte que partilhavam com muitos outros militantes e eleitos do PP e do PSOE , apenas por delito de opini�o pol�tica . E pude imaginar o que � l� viver quando as paredes est�o cheias de inscri��es como esta que fotografei ent�o em Gernika : " ..... el seguiente vas a ser tu " .
10:12
(JPP)
Para come�ar bem, hoje , h� vinte e seis anos, Andy Warhol anotava no seu di�rio: "I had a lot of dates, but I decided to stay home and dye my eyebrows". � de homem! 10.3.04
09:34
(JPP)
![]() Os espelhos venezianos s�o os �nicos espelhos que se olham a si pr�prios. Espelhos dentro dos espelhos. S�o tamb�m os �nicos que nos d�o sempre uma imagem diferente de n�s pr�prios, inclinada, para nos ensinar que aos olhos do mundo n�o parecemos o que somos, ou n�o somos o que parecemos.
07:54
(JPP)
Sobre AS FORMAS ANTIGAS DE SENSIBILIDADE: QUENTINHO A vaidade de hoje � o "esp�rito luciferino" : n�o � o Homem que � feito � imagem e semelhan�a de Deus, mas o contr�rio. Cristo no Evangelho n�o deixou de nos recordar que o �nico pecado que n�o tinha perd�o aos olhos de Deus era o pecado contra o Esp�rito. Quem sabe, nos dias de hoje, interpretar correctamente essa passagem? (FFMachado)
07:45
(JPP)
Aubade chant�e � Laetare l'an pass� C'est le printemps viens-t'en P�quette Te promener au bois joli Les poules dans la cour caqu�tent L'aube au ciel fait de roses plis L'amour chemine � ta conqu�te Mars et V�nus sont revenus Ils s'embrassent � bouches folles Devant des sites ing�nus O� sous les roses qui feuillolent De beaux dieux roses dansent nus Viens ma tendresse est la r�gente De la floraison qui para�t La nature est belle et touchante Pan sifflote dans la for�t Les grenouilles humides chantent (Guillaume Apolinaire) 9.3.04
18:45
(JPP)
Parab�ns � Carla pelos tangos. N�o resisto a citar a letra de Iv�n Diez, de Amablemente La encontr� en el bul�n y en otros brazos... Sin embargo, canchero y sin cabrearse, le dijo al gavil�n: "Puede rajarse; el hombre no es culpable en estos casos." Y al encontarse solo con la mina, pidi� las zapatillas y ya listo, le dijo cual si nada hubiera visto: "Cebame un par de mates, Catalina." La mina, jaboneada, le hizo caso y el var�n, sabore�ndose un buen faso, la sigui� chamuyando de pavadas... Y luego, besuque�ndole la frente, con gran tranquilidad, amablemente, le faj� treinta y cuatro pu�aladas.
18:13
(JPP)
De uma nota do Realista Antigo: "Nada do que digo tem a ver com a psicologia. A psicologia �-me totalmente alheia. N�o a percebo. Sou um bruto afectivo. "
10:29
(JPP)
![]() "It is not the tempest, nor the earthquake, nor the fire, but the still small voice of the Spirit that carries on the glorious work of saving souls.". Agora precisava ainda mais de acreditar, � medida que o seu corpo so�obrava, � medida que crescia uma "vast howling wilderness". Hoje escreveu numa carta: 'You will never find Jesus so precious as when the world is one vast howling wilderness. Then he is like a rose blooming in the midst of the desolation, a rock rising above the storm.' Vai morrer daqui a quinze dias. � tido na sua par�quia e na Esc�cia como um santo . Dizem que o seu t�mulo exala uma frag�ncia muito agrad�vel. ![]() Hoje, h� dez anos, Charles Bukowsky morreu. J� estava doente h� muito tempo, doente dos seus excessos, doente de se vender pelos seus excessos. N�o escrevia particularmente bem, mas tinha humor sobre si pr�prio. Parece que a mulher, toda New Age, se dedicou a cur�-lo das m�ltiplas doen�as "impuras". Bukowski escreveu: sitting naked behind the house, 8 a.m., spreading sesame seed oil over my body, jesus, have I come to this? "Have I come to this?". Parece que sim, sempre � a Calif�rnia, que tem sol a mais. Pouco antes de morrer, achava que estava a escrever melhor que nunca. No seu t�mulo est� escrito "Don�t try".
10:07
(JPP)
Os Antigos achavam que conheciam bem a vaidade. Acha o Realista Antigo que at� sabiam que a linha de fractura que os ia tornar antigos, se faria pela vaidade. Exagera, porque n�o � verdade. A vis�o antiga da vaidade � a que est� nas f�bulas de Esopo, em que a vaidade � essencialmente uma aprecia��o errada de si pr�prio. A r� quer ser do tamanho do boi - est� tudo dito. A vaidade que os antigos conheciam bem era de natureza diferente da que hoje se identifica com a palavra. Era vaidade pelo poder, pela honra, pelos feitos militares. Era uma vaidade �pica, que vem na Il�ada. Vaidade que em Roma quebrava a virtude, que matou imperadores e atirou generais uns contra os outros. A vaidade moderna, diz o Realista Antigo, surgida no romantismo, � outra coisa. � a cren�a na omnisci�ncia do eu, na intangibilidade da vontade individual, dos seus desejos , apetites e puls�es. � uma vaidade sem Deus. Est� cheia de met�foras prometaicas - e como o Realista Antigo abominava as met�foras prometaicas! � mais uma massagem do eu, ou um conforto quente. - "Quentinho", dizia com desprezo o Realista. - "Mas, o que � que tu queres? A vida � s� uma. Carpe diem. Tamb�m vem nos cl�ssicos..." -" Mas eu n�o falo sobre os cl�ssicos. Tudo o que eu digo � fic��o. Antiga."
09:56
(JPP)
Serve para a manh�, mas serve tamb�m para as perip�cias do Realista Antigo sobre as sensibilidades, o tempo e a sua efemeridade. "N�o mudou desde Cecrops". A Abelha A abelha que, voando, freme sobre A colorida flor, e pousa, quase Sem diferen�a dela � vista que n�o olha, N�o mudou desde Cecrops. S� quem vive Uma vida com ser que se conhece Envelhece, distinto Da esp�cie de que vive. Ela � a mesma que outra que n�o ela. S� n�s � � tempo, � alma, � vida, � morte! � Mortalmente compramos Ter mais vida que a vida. (Ricardo Reis) 8.3.04
19:40
(JPP)
O Realista Antigo considera que devia ser proibido aos modernos usar palavras como "sempre", "nunca", "jamais", "ningu�m". Os modernos n�o est�o � altura dessas palavras. - "E depois como � que falamos?" - "Sem elas. N�o precisas delas a n�o ser uma vez. Ditas uma vez, valem. Duas j� n�o valem nada. Renegadas, s�o lama. Falas com a tua voz, mas sai lama." -"N�o tens o ju�zo todo." - "N�o se chama ju�zo ao que eu tenho." - "� pior, � obsess�o, o mundo n�o � assim. Felizmente que n�o � assim." - "Tu saber�s."
11:33
(JPP)
A mais importante marca moderna da sensibilidade, vista pelos olhos do Realista Antigo, � a efemeridade. A linguagem da efemeridade � o relativismo: tudo depende do momento, tudo depende do movimento da vida, tudo depende da vontade de mudar, tudo se pode olhar de duas maneiras (e porque n�o de vinte?), conforme conv�m. Nada dura, nada � firme. Aos Antigos, e muito mais ao Realista Antigo, um Antigo moderno, esta cacofonia n�o surpreende, mas entristece. Entristece ver a cada vez maior dist�ncia entre o upgrade das palavras, e o downgrade da vida. Grandes palavras, pequeno valor, conveni�ncias, confortos, espelhos, vaidades. Para os antigos, durar � que valia, mudar n�o; talvez por isso eles sejam avaros de palavras. Talvez por isso � que a �pica ainda era poss�vel, talvez por isso � que, pouco a pouco, a arte est� a acabar e ningu�m d� por isso. Dizia, a quem o n�o ouvia, o Realista Antigo, uma pat�tica figura dos tempos modernos.
06:34
(JPP)
O espantoso ardor desta mulher que dizia �eu sou a manh�, fica para hoje, para esta manh� (cortesia de Ir). Supremo Enleio Quanta mulher no teu passado Tanta sombra em redor! Mas que me importa? Se delas veio o sonho que conforta, A sua vinda foi tr�s vezes santa! Erva do ch�o que a m�o de Deus levanta, Folhas murchas de rojo � tua porta� Quando eu for uma pobre coisa morta, Quanta mulher ainda! Quanta! Quanta! Mas eu sou a manh�: apago estrelas! H�s-de ver-me, beijar-me em todas elas, Mesmo na boca da que for mais linda! E quando a derradeira, enfim, vier, Nesse corpo vibrante de mulher Ser� o meu que h�s-de encontrar ainda�. (Florbela Espanca) * Bom dia!
02:29
(JPP)
Aos antigos repudiava a mem�ria mentirosa, a falsa mem�ria, a mem�ria que serve para desculpar. Quintiliano escreveu �mendacem memorem esse oportere (o mentiroso precisa de ter mem�ria). Esta forma de mem�ria reduz o passado �s necessidades do presente, reduz a verdade do que se passou aos restos que s�o �teis para a fic��o de identidade no presente. A mem�ria viva nunca quer ser mem�ria, quer ser presente. � a fraqueza, a cobardia, que a reduz � mem�ria do mentiroso. O mentiroso � infiel a si pr�prio. Como Midas, tudo o que toca se vai gastando, trocando o desejo da vida pela justifica��o da vida. Todos os dias a mentira, tantas vezes suportada pela mem�ria mentirosa, penetra em cada gesto, em cada palavra, e rouba o sentido. Fica tudo uma pasta cinzenta, sem brilho. Sem brilho. Depois o h�bito faz o resto. Facilis descensus Averno. 7.3.04
23:32
(JPP)
![]() N�o sei se o czar lan�ou um �ltimo olhar �s est�tuas do jardim, aos lagos, �s grutas, aos pavilh�es que os seus predecessores tinham constru�do, � sala de �mbar, aos estuques azuis e brancos do pal�cio italiano. Devia haver neve, fazendo absurdos chap�us �s divindades das est�tuas que Catarina mandou fazer (e que mais tarde o olhar de Akhmatova tamb�m amou). O czar partia e as portas das f�bricas metal�rgicas Putilov em Petrogrado, a meia d�zia de quil�metros do pal�cio, encerravam. A �revolu��o de Fevereiro� (Fevereiro no calend�rio juliano, Mar�o no actual) come�ar� amanh�.
17:40
(JPP)
Para os bibli�filos, Ina Ferris, "Romantic Libraries - Bibliographical Romance: Bibliophilia and the Book-Object ", e Deidre Lynch, "Romantic Libraries - "Wedded to Books": Bibliomania and the Romantic Essayists ".
12:17
(JPP)
Hoje, h� setenta e um anos, Elizabeth Smart passeava num parque. Olhava as pessoas: "Why do people when they go for a walk look at each other?�. N�o sabia, mas incomodava-a. Fugiu do olhar, encontrava pares de namorados. Incomodavam-na. Os pardais �were making so much spring noise�. Incomodavam-na. Mais namorados, que pensavam estar sozinhos, debaixo de uma grande �rvore, e deparavam com Elizabeth: "I had to walk all across that long bare path trying to think of other directions to look in besides theirs. Even painful things pass and that did. It was not that they embarrassed me - I was afraid of embarrassing them and having them send unpleasant thought waves after me. `Why did she have to come along them?' `Why can't she get a lover of her own?' Very disconcerting.� De facto.
10:27
(JPP)
Em breve: outra vez Elizabeth Smart, o czar, e o mais que adiante se ver�.
10:18
(JPP)
Sobre POEIRA de 6 de Mar�o (...) Isto a prop�sito do Texas, a bandeira do estado do Texas � a �nica das 50 bandeiras dos estados que constituem a Uni�o (Estados Unidos) que pode figurar ao mesmo n�vel que a bandeira dos Estados Unidos. Assim num mastro podemos ver no topo a bandeiras do pa�s e a bandeira do Texas, e a um n�vel inferior a bandeira do estado da California por exemplo. Foi uma das condi��es que os texanos impuseram para que o pa�s independente Texas (o �nico) se integrasse nos Estados Unidos. e os texanos gostam de cultivar este esp�rito de diferen�a. Por c� � comum a bandeira da empresa e do concelho estar ao mesmo n�vel, ou acima da do pa�s. (Carlos Pereira da Cruz) Sobre AS FORMAS ANTIGAS DE SENSIBILIDADE (...) Ligada a este aspecto mais consumista da cultura est� uma mentalidade consumista em rela��o � pr�pria Vida. Faz parte da cultura popular e atinge transversalmente toda a nossa sociedade ocidental. Antes de continuar, quero s� deixar claro que sou uma feroz defensora dos Direitos Humanos e dos princ�pios da igualdade de oportunidades, mas n�o � isso que aqui estar� em causa. No entanto, creio que, a esta Declara��o de Direitos Humanos que sustenta ideologicamente as democracias actuais, seguem atrelados toda uma s�rie de �direitos� reivindicados por todas as pessoas de todos os quadrantes da nossa sociedade moderna. Um dos direitos que eu acho mais interessante, extraordin�rio e o mais abrangente � o �Direito � Felicidade� que, sem nunca se saber exactamente o que �, se invoca com uma frequ�ncia atordoante. Mas ainda h� outros, muitos, sem conta: o direito a viver, o direito a morrer, o direito a ter filhos, o direito � contracep��o, o direito a abortar, o direito a ser amado, o direito � educa��o, o direito � sa�de, o direito a ser informado, o direito a ser diferente, o direito a ser famoso e, para n�o tornar a lista cansativa, termino aqui sem deixar de referir o meu preferido neste caso: o direito � opini�o (!). Todos estes �direitos� t�m servido de justifica��o a diferentes e por vezes bizarros comportamentos, porque nos tempos actuais tudo pode ser esperado e nos � devido, e s�o eles muitas vezes reveladores daquilo a que JPP tem chamado de sensibilidade moderna que est� centrada no indiv�duo, na sua realiza��o e satisfa��o pessoais e, de prefer�ncia, de imediato. Esta atitude consumista e urgente face � Vida, � essencialmente egoc�ntrica e ego�sta, perdendo-se o seu car�cter transcendental e sagrado que se dilui na correria ao �Direito � Felicidade� (que cont�m em si todos os outros direitos). Se para a sensibilidade antiga a Vida era parte integrante de um cosmos e fonte de mist�rio, gra�a, admira��o, revolta, resigna��o, mas tamb�m humildade, pois era sens�vel �s limita��es humanas que respeitava, e �s que a natureza impunha, hoje, humildade � um conceito em desuso e o que n�o � dominado, tem que ser alterado, procurando ultrapassar sem questionar, qualquer limite, no frenesim consumista que parece ter-se apoderado da sociedade. N�o imagino Churchil ou Estaline a reivindicarem o �Direito � Felicidade�. Parece-me pois ser uma no��o relativamente recente, dos finais do s�culo XX (ser� que o existencialismo teve alguma coisa a ver com isto?). Creio que �, no entanto, um dos grandes motores da sensibilidade popular moderna tal como a sentimos nos dias de hoje. (Joana Pereira de Castro) Sobre POEIRA de 2 de Mar�o �Tall, bronzed by the Sun, wearing Khaki shorts and tunic, marvellously good-looking� I stood and watched him, spellbound�. Imaginem o resto. N�o consigo! A vida dos snobs ingleses � um mist�rio para mim. Ser� que eles tem orgasmos? N�o ser�o os orgasmos vistos como uma coisa de falta de disciplina, uma concess�o aos instintos? Olhando para a Margaret Thatcher n�o se consegue imaginar coisas er�ticas, posi��es implaus�veis, corpos suados, etc., pois n�o? Ou sou s� eu? E a rainha, com aqueles sapatos que parecem uns cacilheiros... (Filipe Vieira de Castro) Sobre VER A NOITE Em Abril/Maio talvez tenhamos direito a um espect�culo �nico de dois cometas em simult�neo, embora ainda seja cedo para determinar se o brilho dos mesmos ser� suficiente para tamanho show. Esta � a fonte. (Albano Ferreira)
09:18
(JPP)
Desde que viene la rosada Aurora hasta que el viejo Atlante esconde el d�a, lloran mis ojos con igual porf�a su claro sol que otras monta�as dora; y desde que del caos adonde mora sale la noche perezosa y fr�a, hasta que a Venus otra vez env�a, vuelvo a llorar vuestro rigor, se�ora. As� que ni la noche me socorre, ni el d�a me sosiega y entretiene, ni hallo medio en extremos tan extra�os. Mi vida va volando, el tiempo corre, y mientras mi esperanza con vos viene, callando pasan los ligeros a�os. (Lope de Vega) * Bom dia!
01:03
(JPP)
Para uma antologia de textos antigos sobre a trai��o: As Aves e o Morcego Havia guerra travada entre as Aves e outros animais, que, como eram fortes, andavam as Aves maltratadas e vencidas. Temeroso disto, o Morcego passou-se do bando contr�rio e voava por cima dos animais de quatro p�s, posto j� de sua parte. Sobreveio a �guia em favor das Aves, e alcan�aram vit�ria. E tomando o Morcego, em castigo de trai��o, lhe mandaram que andasse sempre pelado e �s escuras. (Esopo, tradu��o de Manuel Mendes)
00:25
(JPP)
Olho para Marte. Nesta altura, crep�sculo em Gusev, madrugada em Meridiani. 6.3.04
22:50
(JPP)
Se puderem v�o l� fora e vejam a Lua magn�fica com um planeta em cima. Vale a pena. Agora.
17:09
(JPP)
![]() �To the People of Texas and all Americans in the World-- Fellow Citizens and Compatriots I am besieged by a thousand or more of the Mexicans under Santa Anna--I have sustained a continual Bombardment and cannonade for 24 hours and have not lost a man--The enemy has demanded a surrender at discretion, otherwise the garrison are to be put to the sword, if the fort is taken--I have answered the demand with a cannon shot, and our flag still waves proudly from the walls--I shall never surrender or retreat. Then, I call on you in the name of Liberty, of patriotism and everything dear to the American character, to come to our aid with all despatch--The enemy is receiving reinforcements daily and will no doubt increase to three or four thousand in four or five days. If this call is neglected, I am determined to sustain myself as long as possible and die like a soldier who never forgets what is due to his own honor and that of his country--Victory or Death.� Dentro do forte, na lista dos mortos, est� toda a Am�rica das fronteiras. Estava Davy Crockett, estavam os aventureiros que viviam da ca�a, das peles, de guiar os comboios de pioneiros. Estavam os pais dos soldados da guerra civil, dos sulistas de Lee, dos yankees de Grant. Estava a Am�rica. A poeira que caiu, caiu tamb�m sobre mim. O fio dessa hist�ria foi obviamente o filme de John Wayne, com a ajuda discreta de John Ford. Eu queria ser como eles, como Davy Crockett e os seus Tennessee Mounted Volunteers, queria ser Jim Bowie, queria ser todos os personagens do filme. Tamb�m queria ter morrido com um sorriso nos l�bios em �lamo, grande como aquelas figuras da �pica. N�o sei se depois cresci. � suposto.
16:36
(JPP)
A prop�sito da sua "POEIRA" de 6/03, referente a Mendele�ev e � tabela peri�dica, veio-me � mem�ria uma passagem de um livro do qu�mico Peter Atkins , Galileo's Finger: The Ten Great Ideas of Science, da Oxford University Press, que li recentemente e que transcrevo: "... the periodic table is a portrayal of the solutions of Schr�dinger's equation.", p�g. 161. � esta a melhor s�ntese do significado da tabela. No entanto, n�o deixa de curioso (tanto como recorrente na hist�ria da ci�ncia?), o facto da descoberta do "retrato" ter precedido, em mais de meio s�culo, a descoberta do objecto retratado. ![]() P�gina do Jornal de Qu�mica (Zeitschrift f�r Chemie) onde em 1869 Mendele�ev publicou a sua tabela. (Filipe Medeiros Rosas)
13:08
(JPP)
Hoje, h� cento e trinta e cinco anos, Dimitri Ivanovich Mendele�ev, ent�o com trinta e cinco anos, fez uma confer�ncia na Sociedade Qu�mica russa. Redigida numa letra firme e com os arabescos da caligrafia do s�culo, apresentou uma bela imagem da ordem poss�vel do mundo. Mais tarde percebeu que a ordem tinha hiatos e sil�ncios, lugares vazios na arquitectura das coisas. Refez a sua tabela com esses lugares. Mesmo com alguns desses lugares hoje ocupados, esta � uma das maravilhas do nosso escasso conhecimento das coisas. ![]() Hoje, h� cinquenta e nove anos, um ingl�s de mau feitio, Evelyn Waugh, anotava no seu di�rio, a prop�sito de uma carta �ofensiva� escrita por uma mulher cat�lica americana: � I returned it to her husband with the note; `I shall be grateful if you will use whatever disciplinary means are customary in your country to restrain your wife from writing impertinent letters to men she does not know.'
09:48
(JPP)
As coisas que fazemos bem , mesmo quando s�o simples, escassas de meios, mas no bom sentido, t�m uma elevada mortalidade. A r�dio Luna, a �r�dio calma�, que trazia a Lisboa, � volta de Lisboa, o som mais puro da m�sica cl�ssica, vai acabar. Tantas vezes alternativa � excessiva loquacidade da Antena 2 � tanto se fala naquela r�dio! � desaparece sem se perceber com que proveito ou vantagem, a n�o ser para o neg�cio das frequ�ncias.
09:24
(JPP)
Agora con la aurora se levanta mi Luz; agora coge en rico nudo el hermoso cabello; agora el crudo pecho ci�e con oro, y la garganta; agora vuelta al cielo, pura y santa, las manos y ojos bellos alza, y pudo dolerse agora de mi mal agudo; agora incomparable ta�e y canta. Ans� digo y, del dulce error llevado, presente ante mis ojos la imagino, y lleno de humildad y amor la adoro; mas luego vuelve en s� el enga�ado �nimo, y conociendo el desatino, la rienda suelta largamente al lloro. (Atribu�do a Frei Luis de Le�n) * Bom dia!
01:07
(JPP)
A Lua brilha com uma luz amea�adora de n�on. De repente, sem prevenir, o damasqueiro est� coberto de flores brancas. Vai come�ar a feira das vaidades da natureza. Os tempos perturbantes. 5.3.04
23:52
(JPP)
Hoje, h� cento e sessenta e cinco anos, Charlotte Bront� escreveu ao Reverendo Henry Nussey, informando-o de que n�o aceitava casar com ele. Na carta dizia ao Reverendo que "I am not the serious, grave, cool-hearted individual you suppose; you would think me romantic and eccentric." Ou seja, n�o servia para o Reverendo. Na verdade, achava-o muito aborrecido. Aborrecida n�o era certamente Ana�s Nin. Hoje, h� setenta e dois anos, Henry Miller escrevia a Ana�s Nin, de uma mesa do Caf� Chez les Vikings: "I love you....I am in a fever." Acabara de a conhecer. Hoje, h� cinquenta e oito anos, um antigo primeiro-ministro ingl�s, que ganhara a guerra e perdera as elei��es, faz um discurso no Westminster College em Fulton. O velho pol�tico, Winston Churchill, partiu uma loi�a que ningu�m queria ent�o partir. Depois de ter elogiado o �valente povo russo� e afirmado a sua �admira��o� pelo �seu camarada da guerra Marechal Staline�, afirmou que iria falar por dever ("It is my duty, however, to place before you certain facts about the present position in Europe.�). Que factos eram esses? Que �de Stettin no B�ltico a Trieste no Adri�tico uma cortina de ferro desceu sobre o continente�. Atr�s dela tinha ficado Vars�via, Berlim, Praga, Viena, Budapeste, Belgrado, Bucareste e Sofia. As reac��es ao discurso foram frias. Churchill voltava a ser visto, � semelhan�a de 1939, como um belicista incorrig�vel. 4.3.04
09:03
(JPP)
Apressados, mas dedicados. �cole de guerre Que la vie est ennuyeuse � cinq heures et demie de ce petit matin en berne Les dianes contagieuses se propagent dans les casernes comme une douce �pid�mie Dieu que ce coq de cuivre est triste l'ange cycliste sort de la cr�che pour envoyer mille d�p�ches La pauvre Diane s'enroue dans cette �norme b�timent R�veillez-vous frileusement voyageurs de la Grande Roue (Jean Cocteau) * Bom dia!
07:24
(JPP)
Recebi muita correspond�ncia sobre a troca dos nomes dos avi�es, incluindo esclarecimentos da TAP sobre um novo avi�o, um A310 que voar� nas linhas fora da Europa, que receber� o nome de "Viana da Motta". Estou a organizar esse grupo de correspond�ncia, para o publicar. 3.3.04
23:54
(JPP)
Agora que come�o de novo o que nunca acabo: The Passionate Man's Pilgrimage Give me my scallop-shell of quiet, My staff of faith to walk upon, My scrip of joy, immortal diet, My bottle of salvation, My gown of glory, hope's true gage, And thus I'll make my pilgrimage. (Walter Raleigh)
16:50
(JPP)
O pior no epis�dio Ferreira Torres, repetindo o que se passou com uma agress�o de Jo�o Pinto, com a destrui��o do balne�rio em Fran�a, e com mil e um incidentes deste g�nero, nem � o que se passa nos campos, exemplos menores, amplificados por terem sido filmados, de uma viol�ncia habitual. S�o as desculpas, � a nuvem de desculpas vindas sempre da mesma gente, pol�ticos, dirigentes desportivos e populares, que s�o socialmente mais perniciosas do que os actos. A justifica��o da viol�ncia dessas desculpas comunica com a aceita��o de outras viol�ncias: a viol�ncia contra as mulheres, a viol�ncia racista, a viol�ncia familiar. Elas s�o parte do mesmo pacote de atitudes sociais.
16:38
(JPP)
Hoje, h� trezentos e quarenta e tr�s anos, .Samuel Pepys depois de jantar resolveu ir ao teatro. Em Londres funcionavam v�rios, pelo que ele tinha escolha. Eram pouco mais que pardieiros, sujos, mal iluminados, e nalguns casos, era dif�cil sequer ver o que se passava no palco. O primeiro a que foi tinha pouca gente, e desistiu suspeitando que a pe�a n�o seria muito boa. O segundo, Salsbury Court, estava cheio. Representava-se �The Queen�s Maske�, uma com�dia (?) sobre a guerra de Tr�ia. Pepys anotou no di�rio "a good jeer to the old story of the Siege of Troy, making it to be a common country tale." Mas o que verdadeiramente o espantou foi um rapazinho que fazia de Cupido e que era "muito novo". Quanto, n�o sabemos. "Then home and to bed." Prazeres simples? Tamb�m n�o sabemos. 2.3.04
10:49
(JPP)
Hoje, h� sessenta e quatro anos, Hermione, Condessa de Ranfurly, uma t�pica aristocrata aventureira, estava na Palestina. A Condessa era uma rec�m-casada quando a guerra rebentou. Quando soube do in�cio da guerra, estava a Condessa com o marido, Dan, e o mordomo-criado-cozinheiro Whitaker, e travaram este di�logo absolutamente ingl�s: Whitaker - 'To the war my Lord?' Dan - 'Yes'. Whitaker - 'Very good, my Lord.� �Como se Dan tivesse pedido um caf��, comentou a Condessa no seu di�rio. Hermione seguiu o seu marido para a Palestina, o que n�o era muito comum para as mulheres de oficiais, e s� se conseguia for�ando as autoridades militares. A Condessa fez tudo para l� chegar, e hoje chegou. De repente, quando menos esperava, v� o marido e n�o poupa as palavras: �Tall, bronzed by the Sun, wearing Khaki shorts and tunic, marvellously good-looking� I stood and watched him, spellbound�. Imaginem o resto.
06:45
(JPP)
Me dijo un alba de la primavera: Yo florec� en tu coraz�n sombr�o ha muchos a�os, caminante viejo que no cortas las flores del camino. Tu coraz�n de sombra, �acaso guarda el viejo aroma de mis viejos lirios? �Perfuman a�n mis rosas la alba frente del hada de tu sue�o adamantino? Respond� a la ma�ana: S�lo tienen cristal los sue�os m�os. Yo no conozco el hada de mis sue�os; ni s� si est� mi coraz�n florido. Pero si aguardas la ma�ana pura que ha de romper el vaso cristalino, quiz�s el hada te dar� tus rosas, mi coraz�n tus lirios. (Antonio Machado) * Bom dia!
01:41
(JPP)
N�o sabia, vim agora a saber por uma refer�ncia de Medeiros Ferreira, que o avi�o da TAP que tinha o nome de �Viana da Motta� foi rebaptizado �Eus�bio�. J� n�o h� vergonha nenhuma, ou est� tudo doido? Eu bem sei que neste pa�s de trituradora j� ningu�m sabe quem foi Viana da Motta, um dos �ltimos alunos de Liszt, grande pianista e razo�vel compositor, que marcou como �mestre� na sua arte toda uma gera��o de m�sicos portugueses. Como muitos grandes pianistas anteriores �s t�cnicas modernas de grava��o, a qualidade da sua execu��o s� existe na mem�ria dos testemunhos e relatos da �poca, mas o homem existiu, n�o existiu? A Lu�sa Todi tamb�m existiu, n�o existiu? Pobre pa�s que n�o se respeita a si pr�prio.
00:32
(JPP)
Est� uma noite muito fria, e o frio tem uma transpar�ncia essencial. A Lua j� manda em tudo, com um brilho de n�on. Contei cerca de 100 estrelas vis�veis em tr�s quartos de horizonte. Muito pouco. Alguns planetas muito brilhantes. Mas talvez o cat�logo das constela��es tenha sido feito num c�u destes e n�o no esplendor dos milhares de luzes, porque as constela��es est�o reduzidas ao essencial, � sua forma, � sua simplicidade. Escorpi�o, Orionte, a Ursa Maior, rodam pouco a pouco na sua fic��o de movimento. Por onde come�o? Por onde acabo? 1.3.04
12:28
(JPP)
Muita poeira, muito gesto perdido, muita palavra completamente gasta, muita insensata convic��o ad�mica. Tolstoy, por exemplo, hoje, h� cento e cinquenta e tr�s anos, escreveu no seu di�rio: �Regra. Em circunst�ncias dif�ceis, actuar sempre com base nas primeiras impress�es.� Nunca actuou. Era ing�nuo e calculista, uma mistura complicada. Melhor fez, hoje, h� setenta e nove anos, em Paris, Ana�s Nin. Ana�s passeava com Hugh Guiller no Bois. Come�ou a chover. M�es, criancinhas, criadas, amas, namorados, tudo fugiu. Hugh disse-lhe: �I�m Scottish, I love to walk in the rain�. Ana�s disse: �Tamb�m eu.� Continuou a chover e parou de chover, caiu uma neblina. Alugaram um barco e foram ao pequeno restaurante da ilha, que est� no meio do lago. Pediram chocolate e bolos. �Before us stretched brilliant wet grass and mist-enveloped trees, from which come the cooing and twittering of birds.� Choveu outra vez, a �gua do lago ficou negra, atravessada apenas pela brancura dos cisnes. �We dreamed together�.
11:44
(JPP)
Porque � que um arruaceiro e um hooligan que faz as coisas que Ferreira Torres, presidente da CM do Marco e membro do Senado do PP (o �rg�o apresentado com pompa no �ltimo Congresso, para as autoridades �morais� do partido), fez diante de toda a gente, incluindo agress�es f�sicas a pessoas, tentativa de destrui��o de bens, etc., em p�blico, resistindo � autoridade, n�o foi imediatamente preso pelos guardas que o agarraram? Aqui est� uma pergunta a fazer ao MAI. � um bom teste sobre a bondade da atitude dura do Governo face � viol�ncia no desporto.
11:32
(JPP)
Foi ainda com alguma surpresa � a gente mant�m um resto de ingenuidade que se recusa a ir embora - que pude ver no disco comemorativo dos 16 anos da TSF, ontem distribu�do pelo Di�rio de Not�cias, que o Flashback, desaparecera do mapa. H� uma faixa 13 com o t�tulo �TSF: Cadeia Nacional, Flashback, Exame, Grande J�ri, F�rum�, cujo t�tulo � enganador. A n�o ser que o meu disco esteja estragado, do Flashback h� um excerto da introdu��o sonora sem uma palavra sequer acerca do que se trata, contrastando como o spot seguinte sobre Marcelo. A sistem�tica omiss�o da hist�ria da TSF de tudo o que de significativo diga respeito a Carlos Andrade � tamb�m reveladora duma infinita pequenez.
08:14
(JPP)
Quando o mundo era simples, falava-se assim, pela manh� : Al alba venid, buen amigo, al alba venid. Amigo el que yo m�s quer�a, venid al alba del d�a. Amigo el que yo m�s amaba, venid a la luz del alba. Venid a la luz del d�a, non traig�is compa��a. Venid a la luz del alba, non traig�is gran compa�a. * Bom dia!
� Jos� Pacheco Pereira
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