ABRUPTO

8.8.14


O NAVIO FANTASMA: COMO ISTO ESTÁ - OS MESMOS EM TODO O LADO 
(ENVIADO POR UM LEITOR)

Para além do "(des)governo do governo" descrito pelo leitor cujo mail foi transcrito, merecem neste caso atenção outros detalhes que, todos juntos, mostram a falta de cuidado, rigor e independência que um processo com a delicadeza e complexidade deste devia exigir. Veja-se, por exemplo, a presença da mesma empresa de auditoria, a PWC, na auditoria forense a ser feita pelo Banco de Portugal, no Conselho Fiscal do "Novo Banco" e, agora, na auditoria interna que a PT decidiu fazer aos negócios com o Grupo Espírito Santo. O mais elementar bom senso devia tornar evidente o conflito que o desempenho simultâneo de tais funções representa. Por muito independente e isenta que a PWC possa ser, por muitas "chinese walls" que se possam construir, este é um daqueles casos em que a suspeita de que possa haver transmissão de informações sensíveis e de que a condução das auditorias, bem como as medidas a tomar após a sua conclusão, sejam influenciadas por essa troca de informações é impossível de afastar (em especial nas auditorias ao GES e à PT a coincidência do auditor é absolutamente incompreensível). 

 Recordo, a este propósito, a referência que o Governador do Banco de Portugal fez na sua entrevista de ontem à necessidade de se melhorarem os modelos de governo e os procedimentos de governance. Não me parece que sejam os modelos que tenham que mudar, são as pessoas e a forma como as pessoas - as que decidem, mas também as outras - actuam que têm que mudar.

(C.G.)

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© José Pacheco Pereira
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