ABRUPTO

28.6.14


   O PAÍS A SER ENFORCADO E A GNR NÃO ACTUA 


 Um jovem “artista” fez uma “escultura”, ou uma performance ou seja lá o que for, num campo algarvio representando uma forca exercendo as suas funções em relação a uma bandeira nacional. Ou seja, enforcando a bandeira. A pátria, representada por zelosas entidades como a GNR, desmantelou a “instalação” e levou o “artista” a Tribunal. De facto, nem o artista é “artista” a julgar pela pouca imaginação do acto, nem a “escultura” ou “instalação” como agora se chama, tem alguma coisa a ver com arte. Um pouco por todo o mundo há centenas de exemplos de actos deste género. Mas, se não se trata de arte, pode tratar-se de um protesto e, mais grave ainda, de um exercício de liberdade de expressão. E isso é que não pode ser perseguido e tratado como um crime. 

 A GNR justifica a sua actuação porque houve uma queixa. Fraca justificação, porque uma coisa é haver queixa, ou até ofensa sentida por um cidadão, e outra é ir lá desmantelar a coisa e levar o “artista” a Tribunal. Ora eu também me ofendo com muita coisa que há pelas ruas, desde a bandeira portuguesa futebolística com pagodes em vez de castelos, até à propaganda governamental de um país que não existe e passa por Portugal. E se é pela ofensa à pátria, ou aquilo que antigamente se chamava traição, eu então quero que a GNR vá prender aquele antigo Ministro de Negócios Estrangeiros, actual Vice-Primeiro Ministro, que classificou o seu país de “protectorado”, ou aqueles que para atacar o Tribunal Constitucional consideram que a Constituição Portuguesa se deve subordinar à legislação europeia corrente, ou que permitiram que o parlamento português deixasse de ter autoridade para decidir o nosso orçamento sem visto prévio da burocracia de Bruxelas. Querem que continue? Olhem que a GNR vai ter muito trabalho.

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© José Pacheco Pereira
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