ABRUPTO

12.5.14


   
TENTEM PERCEBER 


 Entre a torrente de fugas de informação orientadas, como as de Marques Mendes, as fugas de informação resultado da incompetência funcional dos ministérios, as fugas de informações deliberadas destinadas a “preparar” a opinião pública, as fugas de informação intencionais de membro de governo contra outro membro do governo, do CDS contra o PSD e vice-versa, das informações que são de “relatórios técnicos”, cuja autoria se confirma ou não, de “portarias” que pelos vistos são “indicativas”, as contradições entre declarações de governantes portugueses entre si, entre si e a troika, entre si e o FMI, entre versões do mesmo documento, umas preliminares, outras não aprovadas, outras que eram para ser aprovadas e acabaram por não ser quando o assunto veio a público, e mais mil e uma versões de medidas, medidas fantasmas, medidas ad terrorem, medidas para as quais se está a tentar arranjar um nome inócuo, medidas com altifalante e medidas com segredo, - tentem perceber. 

Ele percebe-se. Há muita incompetência e muito engano, mas acaba por perceber-se. Os portugueses acabam por ser geniais e usar uma lanterna poderosa sobre a nuvem confusa. Os portugueses percebem-nas aplicando uma regra simples: se a medida é má para o seu bolso tem alta probabilidade de ser verdadeira.

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© José Pacheco Pereira
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