ABRUPTO

12.5.14


   
 O FUTEBOL COMO VÍRUS 

Falo com interesse próprio, visto que os programas de televisão em que participo regularmente, deixaram, devido ao futebol, de ter qualquer regularidade. Passam quando passam, chegam quando chegam, partem quando partem. À mesma hora, RTP, SIC, TVI, SICN, TVI24, RTP Informação, falam do mesmo: futebol. A televisão generalista e os canais de notícias tornam-se sem escolha. São o mesmo, falam do mesmo, discutem numa logomaquia infindável, o mesmo. Eu sei… as audiências. 

Porém, pensava eu, que a diferenciação dos canais no cabo entre canais noticiosos e canais desportivos, permitia que os noticiosos, dessem naturalmente as notícias do desporto e depois dessem notícias do resto do mundo. E garanto-vos que há muito mundo fora do futebol, mesmo depois de um jogo entre o Benfica e o Porto. 

A curto prazo, numa situação de quebra de receitas publicitárias, pode parecer vantajoso não perder um único telespectador com a dopagem obsessiva do futebol, mas, a prazo, a descaracterização dos canais noticiosos trará outros perigos. Eles podem competir entre si com o futebol, ou competir com os canais desportivos, numa gigantesca emissão em várias vozes sobre as escolhas dos treinadores, mas a evolução tecnológica acabará por favorecer a liberdade de quem vê televisão, que é o que está em causa com esta lavagem ao cérebro. É que nessas alturas até o Canal Panda ou a TPA, ou uma voz em gujarati ou em ucraniano, são escolhas de respiração.

(url)

© José Pacheco Pereira
Site Meter [Powered by Blogger]