ABRUPTO

3.1.14


ANO NOVO? 

 Será que vamos ter mesmo um ano “novo”? No plano político três coisas vão defini-lo: se haverá ou não resgate ou plano cautelar; quem e como vão ser ganhas as eleições europeias, e qual o grau do “consenso” entre PSD e PS. Cada uma delas actuará sobre o contexto actual, os protagonistas actuais, os partidos como eles estão e por isso serão conjunturais, mais do que estruturais. Se se combinarem para gerar uma “tempestade perfeita”, - como pode acontecer se for necessário um novo resgate, ou as condições “cautelares” forem muito pesadas, ou o PSD-CDS se sair bem das europeias, - por muita inércia que o sistema tenha, então a mudança pode ser de natureza estrutural e implicar um novo ciclo. Só eleições podem permitir e potenciar essa saída e por isso a possibilidade de eleições, indesejadas até ao limite pelo establishment, permanece em aberto. 

È também por isso que grandes manobras eleitorais são de prever, até porque PSD, CDS e o governo já estão em modo eleitoral. No plano económico, os dados estão lançados e não haverá grandes surpresas. Algumas estatísticas vão melhorar dentro de uma mediocridade geral de resultados. Outras vão piorar, e o governo fará sobre elas o silêncio total, para não estragar os “sinais”. Mas uma coisa não acontecerá, como aliás não aconteceu, nem haverá transformação estrutural da nossa economia, nem “milagre económico”. 

No plano social, não haverá ano “novo”. Será a mesma coisa, agravada pela passagem do tempo, ou seja, empobrecimento dinâmico. Desta situação social pode resultar uma subida de tom da conflitualidade, e não é possível saber se qualquer “centelha” incendeia a planície. O governo teme isso mais do que o admite em público, e tem razão em ter medo.

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© José Pacheco Pereira
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