ABRUPTO

30.8.13


O NAVIO FANTASMA (34): O NADA (GOVERNAÇÃO) E O TUDO (INTERESSES)

O governo que está em férias,- coisa que toda a gente acha normal mesmo em plena crise,- usa as férias do Tribunal Constitucional para acicatar o revanchismo social e vingar-se da decisão sobre os despedimentos da função pública. (Sim eu recuso chamar "requalificação" ou "reforma do estado" a um programa de despedimentos, que colocaria os trabalhadores da função pública numa situação sem quaisquer direitos, nem sequer os que têm qualquer trabalhador privado.)  

As férias do governo estão bem patentes nos comunicados do Conselho de Ministros, onde o nada convive com coisa nenhuma ( no último aprovou-se  o "regime jurídico das medidas necessárias para garantir o bom estado ambiental do meio marinho até 2020, transpondo uma diretiva comunitária (a diretiva-quadro«Estratégia marinha»), que estabelece o quadro de ação no domínio da política para o meio marinho"; delegou-se ." no Ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia a competência para executar os atos necessários a realização da despesa, já autorizada, com a aquisição de serviços de remoção de resíduos perigosos depositados nas escombreiras das antigas minas de carvão de São Pedro da Cova, em Gondomar" e "aprovou as nomeações do diretor clínico na área hospitalar, do diretor clínico na área dos cuidados de saúde primários e de um vogal executivo para o conselho de administração da Unidade Local de Saúde de Castelo Branco, E.P.E." Há depois uma medida de conjuntura, que tem a ver com os bombeiros, e que nunca esteve pensada e preparada como se percebe se não fossem os fogos e as mortes. E a abertura de "um procedimento extraordinário de realização do estágio e do exame para o acesso à atividade de administrador judicial", o que tem a ver com o número de falências em curso.


E quando não é assim, é pior. Nos processos de privatização cuidadosamente entregues à partida às mãos seguras dos "amigos", consultoras financeiras, escritórios de advogados, "comissões de acompanhamento", num terreno fechado em que ninguém de fora entra, Onde há dinheiro para ganhar, todo o terreno está marcado  com antecedência, para "sempre os mesmos", alguns dos quais são dos mais activos defensores do governo na televisão. Pode haver concursos, pode haver consultas, pode haver tudo. Nos "meios", todos sabem com antecedência para onde vão as coisas. A isso se chama, em doubletalk, "transparência".

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© José Pacheco Pereira
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