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(JPP)
O NAVIO FANTASMA (18)
De um artigo que publiquei hoje no Público e que transcreverei amanhã na íntegra:
Mas a crise não vai passar e irá piorar se não houver eleições. Queira o
Presidente ou não, se dá ao Governo a remodelação que ele deseja — ela
própria a melhor garantia de que vai continuar a haver instabilidade
governativa —, e os dois anos até 2015, reforça a arrogância que Passos
Coelho já mostrou na crise ao afrontá-lo na Assembleia. O Presidente
volta ao contexto do seu discurso de 25 de Abril, mas numa situação
muito mais frágil. É só uma questão de tempo até toda a gente perguntar
se era para isto, por que perdeu todos estes dias? É que o argumento dos
mercados não serve só para aterrorizar os indígenas com as eleições,
serve também para Portas, Passos e Cavaco.
Mas há uma razão ainda
mais funda, estrutural, para que a crise não se vá embora e ela
traduziu-se na grande omissão destes dias, no enorme silêncio absurdo e
cego com que se discute tudo e três tostões como se as pessoas comuns
fossem mera paisagem, os portugueses súbditos sem voz, — as eleições não
servem para nada, dizem-lhes —, e colonizados pelos colaboradores dos
“credores” de um protectorado consentido sem revolta. Se nada disto
mudar, é só esperar pelos próximos episódios.