ABRUPTO

18.7.13


O NAVIO FANTASMA (17)

Quer haja, quer não haja acordo, o verdadeiro perdedor será sempre o PS. Se houver acordo, quem sai sempre reforçado é o governo, que verá as suas políticas caucionadas pelo PS, seja o acordo concreto, seja vago e genérico. Se o PS pensa que vai obter ganho de causa por poder acenar com uma ou outra concessão (IVA da restauração, moderação da "reforma do estado", etc.) como sendo resultado da sua negociação, tire daí o sentido. Essas medidas serão implementadas pelo governo Passos-Portas que não terá dificuldade em dizer que já estavam previstas, ou que foi a sua gestão nos dois primeiros anos que o permitiu, ou que foram os "sinais" de uma  "inversão" da situação económica, que abriram esse caminho. A linguagem do poder será sempre mais forte, e depois o tempo apagará as circunstâncias.

Se não houver acordo, o culpado desta crise passa a ser o PS. Na percepção dos portugueses, até este momento, são Portas e depois Passos Coelho e as suas guerras que deram origem  à crise. Ao falhar a "salvação nacional", será sempre mais fácil culpar o PS desse falhanço e passará a ser o PS o mau da fita. O governo terá um novo fôlego.

Claro que a retórica de que quem "ganha" ou quem "perde" "são os portugueses" é apenas pura retórica. Na verdade, quem ganha ou quem perde são os portugueses, mas por outras razões. A começar por se ter adiado a única solução capaz de desbloquear o impasse político actual: novas eleições.

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© José Pacheco Pereira
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