ABRUPTO

19.4.13


OS ENORMES ESTRAGOS FEITOS AO PSD (3)


 As excepções a este processo de aparelhização, umas indo mais longe, outras não, foram Marcelo, Marques Mendes e Manuela Ferreira Leite. De todos eles, foi Marcelo que tomou as medidas mais profundas, permitindo e incentivando a "refiliação" conduzida por Rio. Este processo foi o único momento na história partidária dos últimos vinte anos em Portugal em que, de forma consciente e deliberada, se tentou pôr termo ao processo de aparelhização dos partidos, cujos efeitos perversos para a democracia estão hoje à vista de todos. Marcelo acabou por ceder às pressões de Menezes e Valentim Loureiro, e dos seus aliados no interior do PSD e, pouco a pouco, todas as medidas de moralização partidária e de "verdade" interna, acabaram por ser travadas e depois diluídas, delas nada restando. 

Marques Mendes, que vinha do aparelho e o conhecia muito bem, também compreendeu que o caminho que o PSD estava a tomar o afastaria da sociedade e sabia que a sucessão de casos de corrupção, principalmente a nível autárquico, eram devastadoras para a imagem nacional do PSD. O autarca X ou Y podia ganhar todas as eleições possíveis, mas fazia enormes danos à credibilidade nacional do partido e fazia-o perder muito mais votos a nível nacional. Mesmo que fosse apenas por um cálculo político de perdas e vantagens, - e não foi, - Mendes não agravou a situação, bem pelo contrário. Acabou por cair, pelas mãos de Menezes, que foi o desastre de todos conhecido, e o verdadeiro símbolo da "honra perdida" do PSD. 

Manuela Ferreira Leite não foi, em matéria partidária, reformista, não só porque teve pouco tempo, estava cercada por uma fracção organizada por Menezes, Relvas e Passos Coelho mas também porque tinha o seu aparelho manchado de vícios de aparelhismo. Mas Manuela Ferreira Leite supriu essa limitação por um discurso nacional corajoso, anti-situacionista e que "deu razão" ao PSD no plano político.

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© José Pacheco Pereira
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